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Fase ii Indicadores desportivos do sector federado

3. Modalidades de apoio às associações desportivas

3.2 Subvenções públicas ordinárias

Com uma periodicidade regular, e com um atraso de aproximadamente seis meses, o IDRAM concede um apoio financeiro designado por subvenção pública ordinária e que se destina ao funcionamento estrutural e ao desenvolvimento das actividades das AD’s. Este tipo de subvenção, embora não esteja publicado, obedece, segundo o Presidente do IDRAM, a critérios objectivos e determinados pela orientação da política desportiva regional:

“Os critérios não estão publicados, mas são basicamente três: um tem a ver com o pagamento da renda ou da prestação de aquisição do imóvel; outro tem a ver com o pessoal administrativo e por último o número de praticantes. Dentro deste, o apoio a conceder está escalonado de acordo com o seguinte critério: até 200 atletas, tem um valor per capita; entre 200 e 400, tem outro valor e, a partir deste indicador, à medida que o número de praticantes vai aumentando, o apoio vai sendo menor, dado que, entendemos que a base está conseguida ou sustentada entre os 200 a 400 e que se prende com a estrutura do pessoal administrativo, da própria AD e com os custos do imóvel.”

O principal critério para beneficiar do apoio da APR é o número de atletas federados que são publicados na época seguinte através da edição da Demografia Federada e do documento relatório apresentado ao IDRAM. No entanto, conforme conseguimos apurar através da entrevista ao Presidente do mesmo Instituto, as AD’s têm de apresentar e fundamentar o seu orçamento em formulário próprio, baseado nos indicadores referidos (custos relacionados com a sede, pessoal administrativo e outros). Retomando o critério número de atletas federados, há que ter em conta que, segundo a matriz definida pelo próprio IDRAM, as AD’s que apresentarem números de atletas muito elevados, em geral superior a

800, os valores a apoiar começam a ser proporcionalmente menores, não havendo inclusivamente, quaisquer subsídios para as despesas administrativas e capital.

Quadro 30 - Matriz de capitação do subsídio anual a atribuir às associações desportivas

Demografia federada Despesas administrativas a) Actividade a) Capital a)

< 200 32,32 € 107,74 € 16,16 € 201 - 400 19,39 € 64,64 € 9,70 € 401 - 600 11,64 € 38,79 € 5,82 € 601 - 800 6,98 € 23,27 € 3,49 € 801 - 1000 - 13,96 € - > 1000 - 8,37 € - Fonte: IDRAM (2004).

a) O valor a atribuir é multiplicado pelo número de atletas federados reportados à época anterior.

Ao analisarmos os valores do quadro, e se compararmos os indicadores per capita em cada uma das categorias da demografia federada, constatamos que as AD’s de menor dimensão (até 200 e entre 200a 400 atletas), têm um apoio substancial e proporcionalmente maior do que as de maior dimensão. Atentemos a dois casos: em 2001/2002 a AD de ginástica registou 244 atletas federados e recebeu, em 2003, uma subvenção pública ordinária de 35.368,12 €, enquanto a AD de ténis de mesa, com 1542 atletas federados (6,3 vezes mais), recebeu uma subvenção de 75.316,5458 €, ou seja, apenas o dobro do apoio da primeira.

No sentido de dispormos de dados mais objectivos e específicos de cada uma das modalidades, procuramos descrever as subvenções ordinárias referentes às AD’s que se apresentam no quadro em baixo. Esta análise descritiva é essencial para podermos compreender, a posteriori, o comportamento e as comentários dos dirigentes associativos, no que se reporta aos critérios de apoio da APR em relação às modalidades desportivas.

Quadro 31 - Subvenções públicas ordinárias atribuídas às seis associações desportivas - ano de 2003

Pessoal a) Associações 2001/2002 Atletas Subvenção (€) Renda (€)

N.º Valor (€) Outros (€) b) Total (€) Ténis de Mesa 1542 75.316,54 - 8 35.235,22 36.597,35 b1) 147.149,11 Basquetebol 950 70.082,01 8.681,51 3 25.511,22 7.740,98 b2) 112.015,72 Atletismo 860 68.825,60 - 2 16.590,56 - 85.416,16 Voleibol 712 65.018,07 25.775,76 2 18.108,09 3.740,98 b3) 112643,71

58 Nesta comparação excluímos os valores da renda, do pessoal e de outros apoios extraordinários que possam

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Quadro 31 (continuação)

Ginástica 244 35.368,12 3.591,34 3 41.084,27 3.838,39 b4) 83.882,12

Canoagem 134 20.933,48 7.459,20 1 11.303,67 - 39.696,35

Fonte: IDRAM e AD’s (2004).

a) Vinculado ou contratualmente ligado à AD, excepto os professores ou dirigentes destacados.

b) Apoios destinados a suportar as despesas de determinadas actividades e equipamentos, justificadas no plano orçamental da AD e relatadas ao IDRAM:

b1) Centro de treino de alto rendimento, empréstimo para construção de sede, obras na sede e AVASAD; b2) Campo de férias e AVASAD;

b3) Actividade do mini voleibol; b4) Equipamento desportivo.

A análise comparativa dos indicadores apresentados no quadro permite-nos tirar as seguintes ilações:

a) confirmou-se que os valores das subvenções públicas às AD’s que têm uma população federada superior a 800 atletas não eram apoiados com a mesma ponderação ou majoração que mereciam as AD’s situadas entre os 200 e os 600 atletas59;

b) Constatou-se uma discrepância entre as AD’s no que se reporta aos valores dos custos com o pessoal. Embora não estejamos a considerar outras variáveis que possam, eventualmente, justificar os indicadores apurados, verificou-se, por exemplo, que a AD que maior expensas tinha com o pessoal era uma das que apresentavam menor número de atletas federados, contabilizando um total de três funcionários para um universo de 244 atletas, enquanto outra AD dispunha de dois funcionários para um total de 860 atletas60;

c) no que respeita às despesas relacionadas com a sede da AD, as possibilidades de apoios eram também distintas: enquanto havia AD’s que optaram por comprar ou construir o prédio onde funcionam através de empréstimo bancário, com a comparticipação natural da APR, outras adoptaram a modalidade de arrendamento. Havia ainda a possibilidade da AD não ter despesas com a renda mensal, pela simples razão de utilizar uma instalação que pertencia ao erário público e cuja administração era da responsabilidade do Governo Regional;

d) verificou-se ainda que as AD’s tinham a possibilidade de serem apoiadas em relação a determinados projectos suplementares que viessem a ser equacionados

59 Talvez seja esta a razão que leva a que alguns dirigentes associativos reclamem de que não vale a pena ter

muitos atletas inscritos, e explique também, a não adopção de estratégias de crescimento em algumas AD’s.

através do seu plano orçamental. Referimo-nos a certas actividades que precisavam de apoios extraordinários mas que não se enquadravam na regulamentação das subvenções públicas. Como exemplos, temos os casos da AD de ténis de mesa, que necessitou de apoio para obras de manutenção das suas instalações desportivas e da sua sede, e o da AD de voleibol, que lançou um projecto específico de desenvolvimento do mini voleibol.

3.3 Subvenções públicas à participação dos clubes regionais nas competições

O Governo Regional, através da Resolução n.º 1220/2000, de 9 de Agosto61, aprovou o

regulamento para atribuição de subvenções públicas aos clubes regionais que participaram em competições regionais, nacionais e internacionais para o Ciclo Olímpico 2004. Este normativo definia o quadro de apoio financeiro a conceder pelo IDRAM aos clubes desportivos regionais, e as normas que deveriam reger as propostas de contrato programa de desenvolvimento desportivo, exceptuando a participação nas ligas profissionais e nos campeonatos nacionais através de SAD’s62. Não sendo nosso objectivo analisar e

pormenorizar os conteúdos deste diploma regulamentar, limitamo-nos a destacar alguns dados que evidenciam a supremacia do futebol em relação às restantes modalidades colectivas e individuais. Assim, a título demonstrativo, o quadro seguinte ilustra-nos a importância dos clubes que tinham equipas de futebol na 2ª divisão nacional, na medida em que beneficiavam de um índice padrão de 374.098,42 €, enquanto os clubes com equipas de outros desportos colectivos na 1ª divisão nacional, beneficiavam de um índice padrão de 124.899,47 €.

Estes valores diziam respeito apenas às equipas que permanecessem pelo menos quatro anos na divisão mais elevada (não profissional) e, segundo a nota nove do ponto 2.1 do anexo da referida Resolução, nas modalidades em que existia competição nacional profissional ao mais alto escalão federativo, seria aplicado um valor base correspondente a 60% do índice padrão, com as variações resultantes da aplicação das cláusulas referidas nos pontos anteriores do mesmo regulamento. Por outro lado, existia uma majoração dos apoios com valores percentuais que iam desde os 15% até aos 50% do índice padrão, consoante as equipas dos respectivos clubes conseguissem alcançar resultados ao mais alto nível. A título

61 Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira (JORAM) N.º 72 I Série, pp. 8-12. Alterações ao regulamento

com as Resoluções n.º 46/2001 de 16 de Janeiro e n.º 1122/2001 de 17 de Agosto.

62 Estes casos são objecto de regulamentação específica, aprovada anualmente, e referem-se aos apoios das

equipas do C.S. Marítimo (SAD), C.D. Nacional, C.F. União (SAD), das duas equipas de Andebol (SAD’s) e da equipa do C.A. do Basquete (SAD), cujos apoios são de valor muito mais elevado do que estes.

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de exemplo, se uma equipa conquistasse o direito de acesso à competição europeia poderia ter um acréscimo de 50% sobre o valor índice padrão. Nesta Resolução, encontram-se definidos ainda os apoios a conceder no âmbito dos transportes aéreos, marítimos ou terrestres, por cada uma das modalidades desportivas.

Quadro 32 - Índice padrão das subvenções aos clubes de competição nacional, por modalidade

Modalidades Divisão Índice padrão (€)

Futebol 2ª divisão B 374.098,42 Colectivas 1ª divisão 124.699,47 Individuais a) 1ª divisão 37.409,84

a) Exceptuando o atletismo, a que é aplicado um índice padrão de 49.879,79 €

De realçar que os pontos 2.3, 2.4 e 2.5 estabeleciam as regras relacionadas com a participação de atletas na competição regional, nomeadamente medidas de protecção dos escalões de formação e de protecção ao atleta regional. Estas medidas regulamentares procuravam salvaguardar, por um lado o equilíbrio entre os quadros competitivos regionais e a representação nacional e, por outro, a participação das equipas que tinham representação nacional nos quadros competitivos das respectivas AD’s. Assim, por exemplo, o n.º 1 do 2.4 do mesmo diploma, salvaguardava que:

“Os clubes participantes na competição nacional ficam obrigados a participar no quadro competitivo associativo, com uma equipa em, pelo menos três dos escalões de formação existentes (infantis, iniciados, juvenis ou juniores ou equivalentes e do mesmo sector - masculino ou feminino), em que se verifica a participação nacional” (p. 12).

É possível que a salvaguarda da protecção dos atletas e das equipas na competição regional estivesse relacionada com as dificuldades e insuficiências dos clubes desportivos que participavam na competição a nível nacional e internacional. Talvez houvesse uma relação muito fraca entre o processo de formação que se desenvolve nos escalões de iniciados e juvenis e o trabalho que se realiza ao nível do alto rendimento, na medida em que, regra geral, tem decrescido o número de atletas madeirenses a representar as equipas seniores da RAM e tem aumentado o recurso aos atletas não regionais63. Será que clubes e respectivos dirigentes

preferem apostar e valorizar a competição nacional porque lhes proporciona maiores fontes de

63Os dados da Demografia Federada 2003 evidenciam que 274 atletas (1,9% do total dos atletas federados) são

oriundos do território nacional e estrangeiro, com destaque para a modalidade de futebol (138), atletismo (31), andebol (21) e hóquei em patins (20).

apoios públicos e também porque esta proporciona uma maior visibilidade e reconhecimento social?

Reconhecemos que estas reflexões críticas merecem ser estudadas e aprofundadas no sentido de aferir os resultados dos clubes na formação e na projecção dos atletas madeirenses na competição nacional. Este é, seguramente, um dos estudos mais pertinentes que devem ser realizados, se quisermos avaliar os resultados da política desportiva de apoio aos clubes que têm participações nacionais, numa perspectiva de longo prazo.

3.4 Plano estratégico de apoio à formação - Ciclo Olímpico 2004

O plano estratégico de apoio à formação foi concebido pelo IDRAM para enquadrar e definir os critérios de apoio aos agentes desportivos para o ciclo olímpico de então, constituído por vários programas, designadamente: Inovar - programa de apoio à formação dos dirigentes desportivos; Formação Séc. XX - programa de apoio à formação dos treinadores desportivos; Ordem desportiva - programa de apoio à formação dos árbitros e juízes desportivos; Formação integral - programa de apoio à formação dos praticantes desportivos; Polar - programa de apoio à formação dos recursos humanos relacionados com o desporto. Cada um dos programas é constituído por várias componentes, nomeadamente: destinatários, objectivos, medidas, critérios, apoios previstos e procedimentos de candidatura64.

Por outro lado, o mesmo Instituto, através de iniciativas próprias e com a parceria de várias organizações, entre as quais a Universidade da Madeira, tem proporcionado cursos de formação aos principais agentes desportivos. Face ao tema da investigação, destacamos o programa que estava ligado à formação dos dirigentes desportivos e ao curso permanente de dirigentes. Acrescente-se ainda que no mesmo ciclo olímpico o IDRAM levou a cabo algumas iniciativas que visavam a dinamização do dirigente desportivo associativo, entre as quais a que deu origem à novel Associação de Dirigentes Desportivos da RAM (fundada no ano de 2003). Esperamos que, com o crescimento e desenvolvimento sustentado desta associação e consequentemente com o contributo activo do seu dirigente na construção e consolidação do seu próprio estatuto65, esta organização possa assumir um novo papel no processo de

64 Para mais informações, sugerimos a consulta ao site do IDRAM: http://www.idram.pt.

65 Decreto Legislativo Regional n.º 19/2002/M, de 16 de Novembro. Estabelece o estatuto do dirigente

desportivo, consagrando algumas vantagens: flexibilidade no horário de serviço, dispensa parcial da actividade profissional, apoio à formação, possibilidade de requisição, entre outros direitos.

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formação, em colaboração com as instituições de ensino e formação, vocacionadas para a formação dos quadros desportivos.