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Tecendo histórias, tecendo memórias: apresentando os militantes estudantis

No documento gisleneedwigesdelacerda (páginas 30-37)

A história que apresento nesta dissertação é tecida a partir de vários fios: documentos escritos, jornais, fotografias e memórias. Neste subitem, apresento os fios de memória que nortearam este trabalho. Cada entrevistado torna-se, nesta pesquisa, um fio de memória e parte essencial para o trabalho de tecer histórias e memórias.

Assim, selecionei para esta pesquisa, ex-universitários que tiveram participação no movimento estudantil na cidade de Juiz de Fora/MG, no período de 1974 a 1984. Busquei que as três tendências estudantis de esquerda atuantes no período3 estivessem presentes, assim como expoentes dos dez anos em que esta pesquisa está inserida fossem representados. Dessa forma, atendendo a estes quesitos, selecionamos os sujeitos que desempenharam uma atuação mais expressiva dentro de suas tendências e dentro do ME como um todo, mesmo que estes não tenham chegado à diretoria do DCE.

Destarte, os fios de memória que agora apresento, são sujeitos que foram selecionados com o objetivo de contemplar os quesitos supracitados. Foram realizadas dez entrevistas para esta pesquisa, abrangendo os dez anos pesquisados. Contudo, muitos militantes foram contemporâneos no ME, o que nos permite confrontar as memórias ao construir esta história. A agulha que tece os fios de memória que a constrói é o trabalho de historiador, que me permite buscar, nestes fragmentos de memória, elementos essenciais para esta pesquisa.

É fato que muitos outros fios fazem parte de todo este processo e poderiam contribuir para este tecer de uma forma ainda mais completa4. No entanto, a seleção foi inevitável, devido aos limites da pesquisa. Sinalizo que muito ainda se poderá fazer com estes fios que usei, além do emprego de novos fios, para compor esta história do Movimento Estudantil juizforano.

Um deles é Ivan Barbosa. Nascido em 1949 na cidade de Juiz de Fora, hoje aposentado, graduou-se em Direito na UFJF sem ter até então se envolvido com a política.

3 Estratégia, Ação e Unidade que congregava MR-8, PCB e PC do B, e LIBELU.

4 Entre nomes de sujeitos de destaque neste período que poderiam ter sido entrevistados nesta pesquisa, destaco:

Odilon Barbosa, Jorge Pantera, Sabato Girardi, Carlos Alberto Pavan, Raquel Scarlateri, Fatima Ramos de Castro, Consuelo, entre outros.

Porém, após uma viagem ao exterior tomou ciência da realidade brasileira dos anos 70 e, ao regressar ao país, retornou também à vida universitária, para cursar História, na mesma instituição, em 1974, momento no qual ingressou na política estudantil.

Eu me formei em Direito em 1971. Quando eu fazia Direito eu só queria saber de boate, estava em outro esquema, depois fiquei dois anos fora viajando, fui pra Europa, foi lá na Europa que eu descobri que a barra tava pesada aqui. Eu não tinha noção do que estava acontecendo no Brasil. Depois viajei pela América Latina. Me formei com 22 anos na época... não sabia... sabia mas não tinha noção da gravidade. Aí voltei e fui estudar história e me chamaram pra entrar pro DCE e eu entrei pro DCE. (Ivan Barbosa, entrevista de pesquisa).

O destaque dado ao apresentar Ivan Barbosa deve-se ao fato do mesmo ser visto por seus contemporâneos sempre como o precursor desta trajetória do Movimento Estudantil, iniciada com a gestão da qual foi presidente do DCE-UFJF em 1974. Este marco, percebido em muitas falas dos ex-militantes entrevistados, chama a atenção, pois Ivan Barbosa era vinculado a um grupo denominado genericamente por Marxistas e que já estava na direção do DCE desde anos anteriores. Dessa forma, a entrada de Ivan Barbosa na presidência do DCE não simboliza uma mudança radical na direção da entidade, já que o mesmo permaneceu com pessoas ligadas ao grupo já no poder antes de sua vitória. Contudo, a gestão de Ivan Barbosa, como veremos no capítulo três desta dissertação, foi marcada por ações mais visíveis do ME na cidade, como a aquisição, pelo DCE, de uma gráfica, que lhes proporcionou facilidade na divulgação de materiais com suas ideias e cultura; o início do Som Aberto, ligado a um movimento cultural que envolveu também a divulgação de poesias e outros eventos musicais; a realização dos jogos universitários; o retorno dos Diretórios Acadêmicos e a extinção dos Diretórios Setoriais, entre outros fatos.

Porém, não se pode deixar de mencionar que neste mesmo ano tem início, com o governo Geisel, um processo de abertura política, caracterizado como uma distensão política “lenta, gradual e segura”. Compreendo que o movimento estudantil assumiu novas atitudes em Juiz de Fora paralelamente à abertura iniciada pelo governo, como uma resposta às medidas que tiveram início no referido ano e que começavam a “afrouxar” o regime, numa dialética de Estado e Oposição, conforme trabalha a autora Maria Helena Alves em bibliografia que abordaremos no próximo ítem deste capítulo de forma mais detalhada.

Percebemos, pelas fontes, que as ações estudantis em 1974 não eram de grande mobilização política, como as que vão reaparecer nos idos de 1977 na USP e influenciar o ME em Juiz de Fora. Contudo, a ações desenvolvidas na cidade em 1974, já são sinais de um ME que começa a renascer e se reorganizar lentamente. Assim, a opção por iniciar esta

pesquisa no ano de 1974 se dá pelo contexto nacional, marcado pelo início do governo de Geisel, mas também com base na realidade local, como um ponto de referência, definido pelos próprios entrevistados, que colocam na gestão de Ivan Barbosa, o marco da “reorganização” do movimento estudantil na cidade. Assim, a entrevista de Ivan Barbosa, compartilhada ainda com marcas de silêncio, constitui-se um fio desta memória.

Reginaldo Arcuri também é fio de memória. Juizforano, nascido em 1955, justifica seu interesse por política à herança familiar.

O meu avô materno foi um político importante no período da República Velha e principalmente na transição da República Velha para o período que começou com a Revolução de 1930. O nome dele era Odilon Duarte Braga (...). Então a coisa da política sempre foi algo que a gente dividia um pouco na mesa. O meu pai Tizo era um líder empresarial importante aqui em Juiz de Fora e uma pessoa que me abriu muito as portas para participar das conversas, pois ele tinha muitas amizades, enfim, deputados, prefeitos, gente da política. Isso também é uma espécie de, digamos, treinamento para a convivência com esse ambiente político. (Reginaldo Arcuri, Entrevista de pesquisa).

Reginaldo Arcuri, professor licenciado do Departamento de História da UFJF, hoje presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), entrou na universidade em 1973, se ligando ao grupo dos “Marxistas”. Por influência de dois amigos, que já participavam do DA de Direito, iniciou suas atividades no mesmo ano no Movimento Estudantil e em 1975 foi presidente do DCE da UFJF.

José Pimenta é um dos entrevistados desta pesquisa e um dos fios que ajudam a tecer esta história. Filho de professores, nasceu em Juiz de Fora no ano de 1956 em uma família de sete irmãos. O entrevistado dividiu sua memória e sua satisfação pelo seu próprio histórico de intensa participação política que considera ter herdado de sua família e ter-se iniciado ainda no ensino secundarista.

A minha família tinha muito envolvimento com os Padres Dominicanos, que na época da luta contra a ditadura tiveram um papel importante. E esses padres mais progressistas aqui da cidade, os que realmente tiveram envolvidos com o Movimento Social, tinham uma freqüência muito grande lá em casa, assim como os sindicalistas, por exemplo, o Clodesmith Riani, que foi presidente do CGT, ele era amicíssimo do meu pai, o período que ele tava preso a gente visitava a casa dele com o meu pai, levava coisas. Assim, tinha um contato muito grande com a família dele, do Landau, que era uma grande liderança do Movimento Operário aqui em Juiz de Fora. Então, tudo isso foi contribuindo pra nossa formação, essas participações, o envolvimento social, dos padres dominicanos, do passado de PTB do meu pai, daquele PTB antigo. Aí, esse envolvimento com o Movimento Estudantil, na verdade ele é até anterior a universidade. Eu fui presidente do (...) grêmio do Stella Matutina. (José Pimenta, entrevista de pesquisa).

José Pimenta, vinculado na política estudantil ao grupo “Ação e Unidade” e posteriormente ao MR-8, hoje empresário, assim como alguns dos sujeitos desta pesquisa,

atribui à sua trajetória familiar anterior à entrada na Universidade, o impulso para sua participação no Movimento Estudantil, bem como a de seus irmãos. José Pimenta entrou na UFJF no ano de 1976 e foi presidente do DCE no ano seguinte, em 1977, numa gestão muito recorrente na memória dos ex-militantes. O ano de 1977 é visto pelos entrevistados como um novo marco, já que, inspirados pelas manifestações ocorridas em São Paulo, os estudantes de Juiz de Fora teriam se unido para que José Pimenta liderasse o Diretório Central dos Estudantes, retirando uma gestão de Direita que estava no poder, e colocando o ME juizforano numa postura mais combativa ao regime, com ações de mobilização e luta.

Outro de nossos fios de memória é Ignacio Delgado. Nascido em 1958, na cidade de Lima Duarte/MG, filho de juiz, o entrevistado é hoje professor do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a mesma em que se graduou. Ao trazer à tona suas lembranças da juventude, resgatou sua história de vida permeada pela política, desde os primeiros anos escolares. Como aluno da 5ª série, no colégio de aplicação João XXIII, viveu uma de suas primeiras experiências.

Foi uma experiência muito legal, porque talvez tenha sido o primeiro momento em que eu, de alguma forma, tenha participado de algum tipo de iniciativa com um propósito mais político. Nós organizamos lá um jornal que se chamava pomposamente “A Razão”, que tinha como objetivo de debater alguns temas de literatura. Era algo ainda muito primário, sem grandes pretensões. Ou melhor, talvez grandes pretensões, mas poucas coisas efetivas. (Ignacio Delgado, entrevista de pesquisa).

Ignacio Delgado, o oitavo filho de uma família de onze, quando cursava o ensino médio, ouvia as conversas políticas entre seus irmãos; dois, destacadamente, que já atuavam diretamente no Movimento Estudantil e que, sob sua ótica, tiveram importante papel em seu despertar político na Universidade. Sua participação política estudantil se deu tão logo seu ingresso na UFJF em 1977. Foi membro do DA do ICHL e concorreu em chapas para o DCE da UFJF. A partir disso, este ex-militante que pertencia à tendência denominada Estratégia dentro do ME, partilhou sua memória, resgatando emoções, lutas e convicções políticas, e ainda suas reformulações ao longo dos anos.

Outro fio desta história é Jorge Sanglard, ex-militante estudantil vinculado à tendência Estratégia. Juizforano, nascido em 1954, hoje jornalista, cursou Mineralogia na cidade de Ouro Preto por alguns anos, onde teve acesso a jornais da Imprensa Alternativa que o despertaram para um envolvimento político. Definindo-se sem vocação para a área que estudava, regressou a Juiz de Fora com o objetivo de entrar no curso de Jornalismo da UFJF.

Jorge Sanglard, atualmente jornalista, tem sua vida marcada pelo movimento cultural desde sua entrada na Universidade em 1976. Sua atuação no ME sempre foi pautada na

articulação do movimento cultural e da política estudantil. Dentro do ME foi membro do DA de comunicação e diretor de cultura do DCE.

Flávio Cheker, também ex-militante da Estratégia, foi presidente do DCE da UFJF em 1979 e foi um dos entrevistados desta pesquisa, constituindo-se mais um dos fios desta memória. Nascido em 1959, ingressou na UFJF em 1978, no curso de Letras. Flávio Cheker já manifestava interesse pela política desde a adolescência, envolvendo-se em campanhas do MDB, partido de oposição atuante na Ditadura Militar.

Eu, enquanto adolescente, cheguei a participar de algumas manifestações do então MDB, fiz campanha pra alguns candidatos do MDB, e na universidade, mais formalmente, eu me vinculei ao Diretório Acadêmico do ICHL e depois no ME tive uma atividade muito grande, e tanto no DA do ICHL quanto no DCE. (Flávio Cheker, entrevista de pesquisa).

Flávio Cheker, nascido em Juiz de Fora e hoje vereador na cidade pelo Partido dos Trabalhadores, manteve sua atuação política ligada ao PT, em especial, após sua saída da UFJF, estando presente em sua fundação nacional e local. Cheker enriqueceu esta pesquisa ao partilhar da memória daqueles anos de sua vida e de sua atuação político-estudantil.

Outro fio de memória é Beatriz Helena Domingues, nascida em 1958 na cidade de Juiz de Fora, onde passou toda sua infância, adolescência e juventude. Estudou os anos escolares iniciais em colégios tradicionais religiosos na cidade e atribuiu seu interesse político à influência de sua família, além daquela recebida no colégio onde cursou o ensino médio.

Meu pai foi sempre uma pessoa muito politizada, minha casa sempre foi muito bem servida de jornais e revistas e da parte dele muita conversa sobre política. Meu pai, ele próprio tinha sido um militante do PCB na década de 1950 (...). Quando eu tinha uns dezessete anos meu pai me deu de presente um livro do John Green, 100 dias que abalaram o mundo, e ele era todo entusiasmado que eu gostasse de política. Esse livro foi a primeira coisa que eu li sobre a revolução Russa no tempo (...) Eu estudei meu segundo grau no Magister, e o Magister era um colégio disparadamente o mais liberal de Juiz de Fora (...) Eu me lembro de prova minha no Magister, que era assim, analise a música “Apesar de você” do Chico Buarque, ver o que está falando. Então eu tive uma formação bastante crítica no segundo grau que me fez gostar de política. (Beatriz Domingues, entrevista de pesquisa).

Beatriz Domingues, hoje professora do departamento de História da UFJF, cursou paralelamente as faculdades de História na UFJF e Psicologia no CES, vivendo assim uma dupla participação na militância estudantil. Partilhou de seus interesses políticos com Flávio Bitarello, resultando na vinculação de ambos ao grupo chamado Liberdade e Luta, a LIBELU. Beatriz, que ingressou na universidade em 1977 e permaneceu até 1981, foi membro do DA do ICHL e chegou a disputar o cargo de presidente do DCE em vários anos. No entanto, seu grupo não chegou à direção da entidade.

Flávio Bitarello, nascido em Juiz de Fora em 1953, mudou-se no início da juventude para o Rio de Janeiro, onde, por influências familiares, começou seus primeiros estudos marxistas.

Morei algum tempo no Rio, período que eu parei de estudar, no início dos anos 1970. E foi no Rio de Janeiro que eu comecei a me interessar mais por política, ainda no governo Médici, (...) por volta de 1974, por conhecidos. Meu primo, meu cunhado que eram militantes, que tinha sido preso naquele período, início dos anos 1970 e pertenciam a organizações de esquerda. E foi com eles que eu comecei a fazer meus primeiros estudos do marxismo. (...) Posteriormente, quando eu saí do Rio, eu fiz uma viagem meio exploratória, meio aventureira, eu passei pela Bolívia, Peru, Chile, aí levei um choque no regime da ditadura do Pinochet, que era muito mais violento do que era no Brasil, dando toque de recolher, silêncio absoluto. Depois passei pela Argentina, quando eu tava saindo da Argentina, na véspera do golpe militar de 1976 na Argentina, ali eu tive também uma experiência interessante de ver o clima de terror que estava se preparando (...). Quando eu voltei pro Brasil, eu voltei a Juiz de Fora, e aí resolvi voltar a estudar. Aí, foi quando eu entro na universidade, no curso de Ciências Sociais. (Flávio Bitarello, entrevista de pesquisa).

Flávio Bitarello ao regressar a Juiz de Fora, ingressou no curso de ciências sociais na UFJF no ano de 1977, quando iniciou sua vida na política estudantil. Toda sua vivência anterior à entrada na Universidade influenciou sua atuação no Movimento Estudantil. Após um período de observação dos grupos existentes, vinculou-se à tendência nacional chamada LIBELU, conforme foi dito. O entrevistado foi membro do DA do ICHL e concorreu em chapas para a direção do DCE, não chegando, contudo, a ocupar cargos na entidade. Hoje Flávio Bitarello é professor e militante do Movimento Sindical, atuando como diretor do sindicato dos professores de Juiz de Fora, no qual mantém sua militância política.

Memória que também se apresentou como um fio deste trabalho foi a de Marcus Vinicius Caetano Pestana da Silva. Nascido em 1960, na cidade de Juiz de Fora, onde passou sua infância e juventude até mudar-se para Belo Horizonte, em 1995. Possuindo uma formação do primário ao Ensino Médio em Escolas católicas da cidade, Marcus Pestana apresenta uma base cristã a partir da qual se envolveu politicamente, e uma propensão à liderança percebida desde a infância.

Estudei o primário no colégio Santo Anjos. (...) Depois, a partir da 5ª série eu fui pra Academia de Comércio, onde eu fiz o Ensino Médio (...). E foi aí que eu comecei a militância (...). Em 1976, eu era ligado aos movimentos carismáticos da igreja. E um movimento muito forte por si, de jornada cristã. E nós tínhamos um grupo na Academia chamado MOCAM, Movimento Cristão de Amor Maior. Então era uma orientação mais conservadora. (...) Antes eu sempre tive impulso de liderança, a minha turma da Academia de 7ª série tinha um jornalzinho escrito, (...) diagramava, fazia no mimeógrafo a álcool, escrevia as principais matérias, mobilizava a turma, era a única turma que tinha jornalzinho, era a única turma que tinha uniforme próprio de esporte, fruto de rifas e festas organizadas. Então sempre houve uma coisa natural de liderança (...). Aí, eu fui presidente desse grupo, MOCAM, e houve uma medida que a gente discordou da direção do colégio, uma demissão que foi feita que nós não concordamos,

e eu e um amigo meu, na época, lideramos a maior passeata e a primeira greve pós 1968 em Juiz de Fora, no ano de 1976. Mas era uma greve nada política, era afetiva, nós tínhamos uma ligação afetiva com a pessoa que tava sendo demitida, e nós paramos, eu escrevi uma carta, a noite nós pregamos no colégio inteiro, manifesto, uma carta protestando, e no dia seguinte parou o colégio, fizemos a passeata e paramos. A partir daí, embora não seja a vontade inicial no momento, o movimento se politizou, porque eu e esse amigo meu fomos ameaçados de enquadramento 477 (...). E aquele movimento foi se politizando e o pessoal mais de esquerda na universidade levou susto, “ué, de onde que surgiu isso, quem tá no meio disso”. Aí vieram atrás de mim, comecei a conhecer pessoas, ao mesmo tempo os instrumentos do regime militar ameaçando. (...) E aí nessa crise toda lá na Academia, onde eu liderei a movimentação, eu me aproximei daquelas que foram os interventores, uma parte do grupo rejeitou os interventores, eu ao contrário me aproximei, virei amigo dos interventores, que eram de orientação de esquerda, ligados a teologia da libertação. Então eu faço a minha trajetória, o conjunto é esse, começou na igreja carismática, da igreja carismática pra teologia da libertação, da teologia da libertação pro Partido Comunista do Brasil, depois do Partido Comunista do Brasil uma passagem pelo pensamento eurocomunista, (...) daí migrei pra uma posição de não ter vínculo com correntes organizadas, mas sim, já no PMDB, quando eu me elejo vereador, eu já não sou mais ligado ao PC do B, eu já sou da esquerda independente. (Marcus Pestana, entrevista de pesquisa).

Marcus Pestana, hoje economista e Secretário de Saúde do Governo de Minas Gerais, membro do PSDB, iniciou uma trajetória política, ainda como secundarista, que o

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