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Antes de analisarmos quais os novos desafios impostos à televisão e ao telejornalismo na contemporaneidade é preciso compreender quais as características dessa nova sociedade globalizada e ao mesmo tempo individualista; consumidora e produtora de conteúdos audiovisuais.

Gilles Lipovetsky e Jean Serroy47 compreendem essa nova ordem mundial através do surgimento de uma hipercultura, onde a cultura e a economia constituem-se de maneira inseparável. O hipercapitalismo representado pelas transnacionais serve de modelo e referencia para essa nova cultura que se forma da própria base desse novo capitalismo e ao qual os autores denominaram e a definiram como: cultura-mundo.

Ela se define em primeiro lugar pelo fim da separação entre cultura e economia, em segundo lugar pelo significativo desenvolvimento da esfera cultural, em terceiro lugar pela absorção dela pela ordem mercantil. A cultura que caracteriza a época hipermoderna não é mais o conjunto das normas sociais herdadas do passado e da tradição (a cultura no sentido antropológico), nem mesmo o “pequeno mundo” das artes e das letras (a alta cultura), ela se tornou um setor econômico em plena expansão , a tal ponto considerável que se chega a falar, não sem razão, de “capitalismo- cultural” A cultura-mundo designa o sistema econômico-cultural do hipercapitalismo globalizado. (LIPOVETSKY E SERROY, 2011: pág. 68)

Inserido nesta nova ordem, a televisão e o telejornalismo também veem sofrendo mudanças em seus paradigmas: como já abordamos no primeiro capítulo, essa nova sociedade em rede global proporcionou a criação de conglomerados de mídias e os avanços da tecnologia permitiram que o conteúdo televisivo e do telejornal rompesse o espectro limitado do aparelho de televisão,                                                                                                                

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LIPOVETSKY, Gilles e SERROY, Jean. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade

alcançando assim outras mídias como os websites, as redes sociais e as plataformas de exibição de conteúdos, como o YouTube.

Lipovetsky e Serroy destacaram ainda as características da televisão nas décadas de 1960 e 1970, a denominada Aldeia Global, onde a linguagem da televisão impôs o reino da imagem direta, do ao vivo, estabelecendo o triunfo do instantâneo, da fragmentação, do entretenimento e da publicidade.

Desde os anos 1960-1970, a televisão se impõe como modelo dominante das mídias de massa, comunicando a um conjunto indiferenciado de indivíduos os mesmos conteúdos recebidos no mesmo instante. Simultaneamente, a nova mídia transforma o próprio mundo em informação: daí em diante, é pela imagem na tela que o mundo existe e que os homens o conhecem como ele se dá a ver, como visão, a hierarquia, a forma, a força que a imagem lhe confere. A televisão transforma o mundo: o mundo político, a comunidade política, a publicidade, os lazeres, o mundo da cultura.... Daí em diante, existe apenas o que é visto na tevê, da imagem e de seus poderes: a televisão aberta para o mundo e que, distante da oralidade primitiva e da cultura escrita, o enquadra e o molda pelo ângulo da visão radicalmente inédita, ao mesmo tempo sedutora e uniformizadora, que ele oferece. (LIPOVETSKY E SERROY, 2011: pág. 76)

Os autores acima, destacam, ainda, que desde os anos 1980-90 o mundo da tela global tornou-se hipermundo: das imagens da grande tela do cinema para a televisão e para a pequena tela dos computadores portáteis e mais recentemente dos celulares e tabletes . Essa tela global, com a revolução conquistada pelas novas tecnologias, tendo em seu expoente maior a internet, disseminou essas imagens no mundo da teia global.

Um neologismo que descreveria essa nova realidade seria o da tela-teia: é através dela que as pessoas, mais do que se comunicariam, compartilhariam a própria vida numa espécie de second life.

A era cem por cento tela não revela apenas uma quantidade ilimitada de imagens e de informações contínuas em uma multidão de novos suportes, ela vem acompanhada por uma comunicação interativa e produzida pelos próprios indivíduos. O ato I das telas era a das mass media, da comunicação unilateral e centralizada; o ato II é o da self media das trocas interpessoais e comunitárias, o modelo virtual da cultura midiática é

simultaneamente um modelo horizontal, de uma cultura do todos para todos. (LIPOVETSKY E SERROY, 2011: pág. 78)

Guy Debord48 também teorizou o conceito de hipercultura a partir da espetacularização da mercadoria, que segundo o autor, ocupou totalmente a vida social. Debord destacou que a produção econômica moderna transformou a mercadoria numa ilusão efetivamente real, tornando o consumidor real, num consumidor de ilusões. A ilusão pela qual o autor definiu a mercadoria tem como base a imagem. Para o autor, o conjunto de imagens criadas principalmente pela publicidade, serviu como forma de mediação social entre as pessoas.

O espetáculo que inverte o real é efetivamente um produto. Ao mesmo tempo, a realidade vivida é materialmente invadida pela contemplação do espetáculo e retoma em si a ordem espetacular à qual adere de forma positiva. A realidade objetiva está presente dos dois lados. Assim estabelecida, cada noção só se fundamenta em sua passagem para o oposto: a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real. Essa alienação recíproca é a essência e a base da sociedade existente. (DEBORD, 1997: PÁG. 15)

Os meios de comunicação de massa, e em particular a televisão, foram fundamentais no processo de espetacularização da mercadoria e na construção de uma realidade imagética.

Essa realidade imagética, ao contrário do que aponta Debord, não nos parece uma falsa realidade ou o sonho mau da sociedade moderna aprisionada, como enfatiza o autor, mas a construção simbólica de uma realidade produzida por interesses econômicos, sociais e políticos, muito bem definidos.

O desenvolvimento tecnológico tem cumprido um papel determinante na comunicação de massa e na construção dos diferentes bens simbólicos. Como ainda veremos nesta dissertação, a popularização do acesso às tecnologias digitais, não mudou e não mudará a característica fundamental da televisão de produzir espetáculo e entretenimento; o que mudou e continuará mudando com as novas tecnologias digitais é a possibilidade da a introdução de um novo agente                                                                                                                

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DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. 1˚ edição. Trad. Estela dos Santos Abreu – Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

no processo de comunicação de massa, o consumidor cidadão, ativo e participativo.

Os avanços tecnológicos e o surgimento de uma televisão digital reafirmam a importância que este veículo de massa, a TV, vem desempenhando na cultura social desde seu surgimento até os dias atuais. A televisão está inscrita em nossa sociedade e é nela que nos vemos e nos constituímos enquanto sujeitos, numa espécie de espelho eletrônico. Dominique Wolton em muitas de suas obras destacou a importância deste veículo, e em uma de suas mais recentes obras,

Internet, e depois? – Uma Teoria crítica das novas mídias, já citada neste

trabalho, afirmou que apesar dos avanços tecnológicos que possibilitaram uma televisão múltipla e desigual (a televisão generalista, que atinge a grande parte dos telespectadores, o serviço a cabo e a multimídia), a televisão continua sendo o espelho de nossa sociedade.

A televisão é o principal espelho de nossa sociedade: é essencial, para a coesão social, que os componentes sociais e culturais da sociedade possam se ver e se referenciar na principal mídia. Tudo isso supõe, como foi visto, uma melhora substancial na qualidade da oferta, que evidentemente é a chave dessa teoria da televisão. (WOLTON, 2007: pág. 69)

Para Wolton a televisão, depois de meio século de história prodigiosa, é confrontada por duas ameaças ideológicas: a ideologia do mercado e a tecnológica. Na ideologia do mercado, Wolton observa que esta ideologia vê nas regulamentações, em particular nas TVs Públicas, uma forma arcaica de preservar uma programação que já não é compatível com a demanda do espectador. Para esta ideologia, o espectador é o melhor programador da TV na contemporaneidade. Já a ideologia das novas tecnologias da comunicação garante que as técnicas seriam o fator determinante para uma nova televisão, menos generalista, sem a obrigação de atingir o grande público e mais individualizada.

Wolton afirma ainda que nesse novo universo sem fronteiras pela qual a comunicação esta inserida, a TV não deve ficar à revelia das leis de mercado e das tecnologias.

Estas duas ideologias supervalorizam a dimensão individual da televisão, em detrimento da dimensão coletiva. Mas a força e a originalidade da televisão residem no fato de ser uma atividade ao mesmo tempo individual e coletiva. E ambas são indissociáveis. A multiplicação de suportes e programas, a internacionalização dos mercados, assim com a segmentação dos púbicos, exigem mais do que uma política do audiovisual. E, consequentemente, escolhas e orientações. Isto é fundamental para as televisões nacionais, para a televisão na Europa; e por mais razão ainda para a televisão de países em desenvolvimento, ameaçada mais do que qualquer outro risco de perder sua identidade, de uma submissão ao mercado e às tecnologias. (WOLTON, 2007: pág. 79)

Dominique Wolton ressalta a importância da televisão enquanto construtora de uma identidade social. E esta identidade social só pode ser construída e preservada através de uma experiência coletiva e não individual.

As leis, das ideologias de mercado e das tecnologias, inegavelmente, vem modificando o processo de comunicação da televisão: basta nos atermos aos índices de audiência que ano a ano vem caindo; mas por mais segmentada que a televisão possa parecer hoje, graças aos recursos tecnológicos, a experiência coletiva ainda se impõe. Este fato nos parece claro quando nos atentamos para a programação das grandes redes de televisão no Brasil que continua preservando uma grade que destaca a experiência coletiva, através de uma telenovela, de um jogo de futebol, de um telejornal ou de um programa de entretenimento.

A Rede Globo de Televisão, por exemplo, vem mantendo sua grade de programação, na TV aberta, com a mesma estrutura por décadas. Exemplo notório dessa realidade na televisão brasileira é o programa Big Brother Brasil da Globo: ano a ano o programa de entretenimento vem perdendo audiência na TV aberta, como informa o portal UOL de notícias49, mas nem por isso ele se transformou num grande problema para a emissora, ao contrário, a criação de um canal pay-per-view, vinte quatro horas no ar, a exibição de parte de seu conteúdo em outros canais da Globosat, como o canal Multishow, permitiram que o programa atingisse um público segmentado e mais, preservou seu potencial mercadológico.

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http://natelinha.uol.com.br/noticias/2012/03/30/big-brother-brasil-termina-com-pior-audiencia- de-sua-historia-114433.php

O reality show vem mantendo uma receita média nas últimas edições de aproximadamente 400 milhões de reais, segundo notícia do portal de informações da Record, o R750. Nesta última edição, segundo ainda o portal R7, apesar da queda de anunciantes que migraram para outros programas da própria TV Globo, houve um aumento na tabela de preços do BBB 12 de 20%. Neste caso em específico tanto o mercado quanto os recursos tecnológicos (as votações para a eliminação ou permanência dos participantes são realizadas tanto por telefone quanto pelo site do programa) garantiram que a televisão se adaptasse a essas novas tecnologias, sem deixar de ser generalista, uma vez que o programa Big Brother Brasil, está na TV aberta.

Imagem 9: página do site do BBB12 -http://tvg.globo.com/bbb/bbb12/index.html

Em sua obra Brasil em tempo de TV51 Eugênio Bucci destaca dois aspectos importantes da televisão brasileira, ainda em sua fase analógica: em primeiro lugar a televisão no Brasil monopolizou o debate público, devido aos grandes índices de audiência; pelo fato do Brasil ser um país de iletrados e portanto, a linguagem audiovisual vem cobrir essa lacuna, até então exclusiva do                                                                                                                

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http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/2012/03/08/bbb-12-perde-merchandising-mas- mantem-receita-de-r-400-milhoes/

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rádio, de informar a população e em segundo lugar, o declínio lento das grandes redes mesmo diante da evolução tecnológica e da modificação do hábito dos telespectadores no Brasil e em todo mundo.

O que define esse ritmo diferenciado não é somente o mercado, que aqui também é bastante diferente. É sabido que a competição e a concorrência por aqui são mais viciadas do que propriamente livres, seja pela forte influência ou presença do Estado (principalmente nessa área), seja pelas condições desiguais em que as empresas “competem” ( a influência do estado nessa área, por sinal, contribuiu historicamente para o favorecimento da desigualdade do mercado) – mas aos motivos mais fortes para que as grandes redes resistam são motivos de fundo político. Não basta, portanto, anunciar o fim da era das grandes redes. É necessário entender como e por que elas se figuram tão fortes no Brasil e de que modo o seu prestígio se transporta para dentro da TV por assinatura. (BUCCI, 1997: pág. 18)

No Brasil, tanto o mercado, o Estado, enquanto regulador de concessões, e as novas tecnologias não foram suficientes para mudar a estrutura e as características da televisão brasileira: a de ser uma TV generalista por excelência. Segundo Bucci, a entrada da TV paga, a cabo ou por satélite no Brasil, não mudou o cenário da concentração de canais de televisão pelas grandes redes, ao contrário, consolidou essa estrutura. O maior exemplo desse monopólio no Brasil é a Globosat, das Organizações Globo. Com o início de suas atividades em 1991, ela foi a primeira programadora de TV por assinatura no Brasil. Segundo informação da própria Globosat52 a empresa é a maior programadora de TV por assinatura da América Latina e a líder de mercado no Brasil.

Não é objeto deste trabalho analisar a concentração das empresas de comunicação no mercado brasileiro de televisão, mas devemos observar que o modelo de concessão, financiamento e produção de conteúdo dessas empresas no Brasil, na TV aberta e por assinatura, foram os principais fatores para a criação de uma TV generalista, fundamentalmente na TV aberta, mas também na TV por assinatura, a cabo ou por satélite.

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A criação de uma linguagem televisiva uniforme, na TV brasileira, produzida para atingir o grande público: independente de sua posição social e regional, foi outro fator determinante para a criação deste modelo generalista de TV. Passadas algumas décadas, nem mesmo os avanços tecnológicos foram capazes de inovar na linguagem televisiva brasileira. É explícito que houve um ganho de qualidade técnica que a TV em Alta Definição, HDTV, (High-

Definition Television) trouxe, assim como algumas inovações bem sucedidas na

linguagem televisiva brasileira em programas como Olho Mágico – Ernesto Varella em Serra Pelada53, mas os modelos consolidados pela linguagem de um telejornal ou de uma telenovela ainda imperam sobre qualquer avanço tecnológico e sustentam os formatos tradicionais do gêneros televisivos.

Newton Cannito destaca em sua obra A televisão na era digital:

interatividade, convergência e novos modelos de negócio54 que a televisão digital rompeu uma falsa dicotomia, entre ser uma televisão generalista e ser uma TV com conteúdo todo individual. Para o autor a tendência é a construção de novas comunidades: o público generalista indefinido ou definido pelo um modelo de programação imposto por uma emissora, agora se organiza em comunidades onde cada indivíduo entra por livre escolha e compartilha experiências com outras comunidades. Há uma decisão coletiva, uma coletividade de indivíduos que desejam diferentes modelos de programação.

O que está em crise, portanto, não é o modelo de TV genérica, e sim até que ponto ela é genérica. Está em crise o modelo antigo de coletivo, ou a comunidade imaginada nos anos 1970: a comunidade de “todos os brasileiros.” Nessa utopia maluca, todos os brasileiros assistiriam ao mesmo conteúdo. Essa proposta não se sustenta mais. Hoje se percebe que as comunidades não desapareceram, apenas são menores e mais segmentadas. Em outras palavras, o foco deve ser a segmentação das comunidades que constituem o público, não a individualização e a customização dos conteúdos de televisão. (CANNITO, 2010: pág. 21 )

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MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. 4a Ed. São Paulo: Editora Senac, 2005. 54

CANNITO Newton. A televisão na era digital: interatividade, convergência e novos modelos de negócio. São Paulo: Summus, 2010.

Newton Cannito ressalta ainda em sua obra que assistir à televisão nunca deixou de ser uma experiência coletiva, a experiência de construção de uma esfera pública, possibilitando assim interação e debates em comunidade.

Já para o professor Arlindo Machado, existem muitas teorias sobre o que é e o que pode ser a televisão. Machado destaca que algumas teorias associam a TV diretamente à vida cotidiana (Visible Fictions de John Ellis), outras à cultura popular (Television Culture de John Fiske), outras ao espaço público (Éloge du grand publipe: une théorie critique de la télévision de Dominique

Wolton), outras ainda a mecanismos de mediação entre emissores e receptores

(De los médios a las mediaciones de Jésus Martín-Barbero). Segundo Machado essas teorias citadas pretendem teorizar a TV por diferentes aspectos criando um rico mosaico teórico, diferentemente das últimas discussões sobre televisão, principalmente no Brasil, que segundo Machado, acabaram criando um subsociologismo, através de chavões que muitas vezes tentam associar o bom ou mau conteúdo da TV às mazelas sociais.

Para Machado a televisão é e será o que os produtores, consumidores, críticos e formadores, entre outros, fizerem dela.

Nem ela, nem qualquer outro meio, estão predestinados a ser qualquer coisa fixa. Ao decidir o que vamos ver ou fazer na televisão, ao eleger as experiências que vão merecer a nossa atenção e o nosso esforço de interpretação, ao discutir, apoiar ou rejeitar determinadas políticas de comunicação, estamos, na verdade, contribuindo para a construção de um conceito e uma prática de televisão. O que esse meio é ou deixa ser não é, portanto, uma questão indiferente às nossas atitudes com relação a ele. (MACHADO, 2005: pág.12)

A TV no Brasil vem se adaptando aos avanços tecnológicos, mas sem sofrer significativas rupturas no conteúdo e em sua linguagem. É importante lembramos que no Brasil, por exemplo, há um predomínio do modelo privado de TV, em comparação com algumas poucas TVs públicas e estatais. Nesse modelo privado de TV, com ênfase no mercado publicitário, portanto com objetivos bem definidos em relação aos índices de audiência que garantem um potencial mercado consumidor, só há espaços para mudanças no conteúdo das

programações, se essa mudança vier acompanhada de bons índices de audiência e de um mercado publicitário que custeie esse novo produto-conteúdo.

Segundo matéria da página F555 do portal UOL, a TV aberta no Brasil ainda concentra 63% dos investimentos publicitários no país. A matéria ressalta ainda, que segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, as redes de TV no Brasil dão bônus para que as agências de publicidade direcionem anúncios para seus canais. A Globo Comunicação e Participações, que inclui outras empresas, como a Globosat obteve um crescimento, medido até setembro de 2011, de 11% e a publicidade responde por 70% dessa receita.

Apesar do crescimento acelerado da TV paga no Brasil56 (segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel - o Brasil fechou 2011 com 12,744 milhões de unidades com TV por assinatura, aumento de 30,45% em relação a 2010) a TV aberta ainda concentra grande parte do mercado publicitário do país. Portanto, é fundamental para as redes de TV no Brasil que a audiência e o mercado publicitário continuem na TV aberta , o que ressalta a importância de manter uma programação que abranja o maior número de telespectadores possíveis, consolidando assim, um conteúdo já aprovado pelo grande público.

O telejornalismo, desde a implantação da televisão no Brasil, ainda na década de 1950, ganhou destaque na programação das emissoras. Esse novo gênero, com os avanços tecnológicos, criou uma linguagem própria, até então muito semelhante ao jornalismo radiofônico, e se tornou protagonista, juntamente com as telenovelas, da programação da televisiva brasileira.

A Rede Globo de Televisão, inaugurada em 1965, também apostou no telejornalismo para construir sua grade de programação. Já no dia da inauguração da Globo foi ao ar o Tele Globo, primeiro noticiário da emissora, depois vieram o Ultranotícias, o Jornal da Globo e em 1969 o primeiro telejornal transmitido em rede nacional, o Jornal Nacional. O que é esse gênero televisual e quais as principais características de sua linguagem? É o que veremos nesse próximo capítulo.                                                                                                                 55 http://f5.folha.uol.com.br/televisao/1028785-globo-fecha-ano-com-faturamento-em-alta-e- ibope-em-queda.shtml 56 http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/02/tv-por-assinatura-deve-dobrar-no-brasil-em- cinco-anos-diz-anatel.html