PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Juliano Chagas
Jornal Nacional: os avanços tecnológicos e o telejornalismo 1.5
MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Juliano Chagas
Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Comunicação e Semiótica, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Arlindo Ribeiro Machado Neto
MESTRADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA
Resumo
O projeto de pesquisa Jornal Nacional: os avanços tecnológicos e o telejornalismo 1.5 tem como objetivo analisar o telejornal Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão do ponto de vista de suas relações com os avanços tecnológicos e com as mídias digitais, aí incluídas as redes sociais. Perguntamo-nos pelo grau de entrosamento do JN com os avanços tecnológicos das últimas décadas; com as novas formas de comunicação e pelos seus eventuais efeitos sobre os conteúdos informativos do telejornal. Outra questão é saber se tal interação estaria democratizando o telejornal, por atrair-lhe, ou não, mais telespectadores. Para tanto, compararemos os comportamentos do JN e seus congêneres no ciberespaço. O corpus da pesquisa é constituído por registros do telejornal Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão e suas extensões nas mídias digitais a saber, seu website e suas redes sociais. Serão selecionadas e analisadas 4 edições do telejornal Jornal Nacional, a serem comparadas, tendo como ponto de partida uma edição da década de 1980, uma da década de 1990, uma do ano 2000 e finalmente a última do ano de 2013. Nessa em particular, analisaremos sua interação com as mídias digitais. Os referenciais teóricos compreendem obras de estudiosos da sociedade em rede e as consequências de uma cultura da virtualidade real como Manuel Castells e a cibercultura de Pierre Lévy; da cultura da convergência e suas novas ações participativas à uma teoria crítica das novas mídias, como Henry Jenkins e Dominique Wolton; obras que darão conta de analisar a linguagem da televisão e suas transformações tecnológicas como as de Arlindo Machado e Newton Cannito; autores e obras que destaquem a linguagem do telejornalismo como Beatriz Becker e Guilherme Jorge de Rezende, entre outros. Trabalhamos com a hipótese de que, apesar do impacto atual das mídias digitais, a televisão brasileira, e em particular o telejornalismo brasileiro, mantêm-se conservadores em matéria de adesão à interatividade, com consequências sobre o seu conteúdo. A relevância da pesquisa está na importância do Jornal Nacional, ainda ser a grande fonte de informação audiovisual do brasileiro, aferido pelos grandes índices de audiência.
Palavras-chave: Televisão, Telejornalismo, Jornal Nacional, Mídias Digitais, Redes Sociais.
Abstract
The objective of the research project Jornal Nacional: technology advances and telejournalism 1.5 is to analyze the newscast Jornal Nacional of Globo Television Network from the point of view of its relations with technology advances and digital media, including social networks. We wonder how connected Jornal Nacional is with the technology advances of recent decades, with new forms of communication and their possible effects on the information content of the newscast. Another question is whether this connection would be democratizing the news, drawing more viewers. In order to answer these questions, we will compare the behavior of JN and their counterparts in cyberspace. The research corpus consists of records of the newscast Jornal Nacional of Globo Television Network and its extensions in the digital media: its website and its social networks. Four editions of the newscast Jornal Nacional will be selected, analyzed and compared, taking as its starting point an edition of the 1980s, an edition of the 1990s, an edition of the decade of 2000 and finally the last one, an edition of this year 2013. In this particular one, we will analyze its interaction with the digital media. The theoretical references consist of network literature written by scholars from our society and the consequences of a culture of real virtuality such as Manuel Castells' and Pierre Lévy's Cyberculture; the convergence culture and its new participatory actions in a critical theory of the new media, like Henry Jenkins's and Dominique Wolton's; pieces of work that will analyze the television language and its technological transformations such as Arlindo Machado's and Newton Cannito's; authors and works that emphasize the television journalism language such as Beatriz Becker and Guilherme Jorge de Rezende, among others. We suppose that, despite the current impact of digital media, the Brazilian television, and in particular the Brazilian television journalism remains conservative in what regards to interactivity, with consequences on its content. The relevance of the research is the importance of the national news Jornal Nacional, still a great source of Brazilian audiovisual information, measured by high ratings of audience.
Sumário
Introdução...
1.0 Da sociedade em rede às redes sociais e a convergência midiática.
...
1.1Sociedade em rede...
1.2O ciberespaço...
1.3A realidade virtual...
1.4Espaços híbridos...
1.5As rede sociais...
1.5.1 O Facebook...
1.5.2 O Twitter...
1.5.3 O YouTube... 1.6 A Cultura da Convergência...
2.0 O telejornalismo na era Digital...
2.1 Televisão e telejornalismo: espelhos da conteporaniedade
...
2.2 Telejornalismo: a formação do gênero televisual ...
2.3 Telejornalismo e linguagem...
2.4 O telejornalismo no ambiente digital: a TV 1.5 ou 2.0....
2.5 O telejornalismo colaborativo e a audiência participativa...
...
3.0 Jornal Nacional do analógico ao digital...
3.1 Os avanços tecnológicos e o aperfeiçoamento da
linguagem do Jornal Nacional...
3.2 Jornal Nacional: uma análise de suas edições na TV e nas
Introdução
Para analisar um telejornal complexo como o Jornal Nacional é
necessário investigar o telejornal enquanto gênero. Investigar as características
das linguagens sincréticas que compõem esse gênero. Conhecer em detalhes os
avanços tecnológicos que possibilitam a evolução e o aperfeiçoamento da
linguagem do telejornalismo. Compreender ainda, como o conceito de Cultura
da Convergência vem transformando a linguagem desse telejornal.
Conhecer e entender estas referências é fundamental à compreensão das
transformações que o Jornal Nacional, sofreu e vem sofrendo, ao longo de suas
cinco décadas de existência. Nenhum outro telejornal no Brasil, está a tanto
tempo no ar, na grade de programação de uma emissora. Nenhum outro
telejornal no Brasil, é líder de audiência por décadas e serve de referência para
outros telejornais.
A análise de um telejornal como o Jornal Nacional pode ser realizada por
diferentes abordagens. Pode-se fazer uma análise comparativa desse telejornal
com outros telejornais. Verificar o telejornal enquanto programa televisivo
dentro da grade de programação de uma emissora. Também há a possibilidade de
isolar uma única caraterística presente nesse telejornal e utilizá-la como mote de
uma pesquisa mais específica.
Este estudo, no entanto, pretende analisar a evolução desse telejornal
enquanto linguagem e gênero ao longo de suas décadas de existência. Diante
dessa proposta, compreendemos que o corpus de análise dessa dissertação seria exclusivamente o telejornal, Jornal Nacional e suas extensões nas mídias digitais.
Optamos ainda em dividir esse estudo em três capítulos para que possamos
realizar essa análise de forma metodológica e organizada.
O primeiro capítulo traz a evolução da denominada sociedade em rede às
redes sociais. Desenvolveremos os conceitos de Sociedade em Rede, de
Ciberespaço, de Realidade Virtual, de Espaços Híbridos até o conceito de
Cultura da Convergência. Pretendemos assim, apontar como esses novos
conceitos estão transformando os processos de comunicação e as novas mídias
O segundo capítulo tem como tema central o telejornalismo na era digital.
Serão analisados a televisão e o telejornalismo diante dessas transformações
tecnológicas. O telejornalismo enquanto gênero televisual, as características de
sua linguagem, sua imersão no ambiente digital e os conceitos de telejornalismo
colaborativo e audiência participativa.
O terceiro e último capítulo procurará realizar uma análise mais
específica sobre este telejornal, o Jornal Nacional, através de um recorte
diacrônico de quatro edições do telejornal que representará um universo de
transformações tanto na linguagem, quanto nos aspectos tecnológicos em suas
décadas de existência. A análise inicia pela decupagem do conteúdo dessas
edições e a apresentação de suas principais características. Porém, à medida que
essas características são reveladas e analisadas há a possibilidade de aprofundar a
verificação de aspectos marcantes de todo esse processo de desenvolvimento e
convergência pela qual passa o telejornal.
A analise e a comparação dessas diferentes edições evidenciará a
evolução do Jornal Nacional até alcançar suas mídias digitais.
Essa dissertação não é um estudo sobre o telejornalismo brasileiro, mas
um estudo sobre um telejornal específico que possui inúmeras particularidades e
que serve de referencia para a compreensão do desenvolvimento da linguagem
1.0
Da sociedade em rede às redes sociais e a convergência
midiática.
1.1
Sociedade em rede
O conceito de sociedade em rede não se inicia com os avanços
tecnológicos, com o surgimento da internet e do ciberespaço. Sociedades em
redes são antes de tudo, estruturas sociais abertas capazes de se expandirem de
forma ilimitada. A morfologia dessa estrutura foi analisada e apresentada pelo
professor e teórico Manuel Castells em sua obra A sociedade em Rede1. Para Castells, as características dessas redes são fundamentais para descreve-las e
explica-las.
Rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto onde uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó depende do tipo de redes concretas de que falamos. São mercados de bolsas de valores e suas centrais de serviços auxiliares avançados na rede de fluxos financeiros globais. São conselhos nacionais de ministros e comissários europeus da rede política que governa a União Européia. São campos de coca e papoula, laboratórios clandestinos, pistas de aterrisagem secretas, gangues de ruas e instituições financeiras para lavagem de dinheiro na rede de tráfico de drogas que invade as economias, sociedade e Estados, no mundo inteiro. São sistemas de televisão, estúdios de entretenimento, meios de computação gráfica equipes para coberturas jornalística e equipamentos móveis gerando, transmitindo e recebendo sinais na rede global da nova mídia no âmago de expressão cultural e da opinião pública, na era da informação. (CASTELLS, 1999: pág. 566)
Castells afirma ainda que a criação das redes enquanto estruturas sociais
possibilitou uma concentração descentralizada, ou seja, ao mesmo tempo em que
o capital financeiro ou a comunicação é centralizada em grandes conglomerados,
essas empresas descentralizaram seu fluxo de capital, sua produção e seu
conteúdo. Com os avanços tecnológicos, econômicos e sociais, nossa sociedade
contemporânea vem redesenhando sua própria estrutura social.
1
Quando analisamos de forma específica, a comunicação em rede, objeto
de estudo desta pesquisa, fica evidente as transformações sociais que as novas
tecnologias de comunicação criaram. A News Corporation2, do polêmico Rupert
Murdoch é um bom exemplo dessa nova dimensão em que os conglomerados de
comunicação se transformaram. O império de comunicação de Murdoch3 possuia
US$ 60 bilhões em ativos e um volume de negócios anual de US$ 33 bilhões no
exercício encerrado no fim de junho de 2011.
A News Corporation possui 175 títulos, entre jornais, tabloides e revistas,
como The Sun, The Times, TVs a cabo nos Estados Unidos como a Fox News,
na Europa como a italiana SKY, BSkyB na Grã-Bretanha, além de estúdios de
cinema como a Twentieth Century Fox.
Castells descreve esse novo fenômeno de comunicação, gerador de uma
nova cultura, como a cultura da virtualidade real, uma cultura mediada por interesses sociais, políticas governamentais e estratégias de negócios.
Com a criação desse modelo de sociedade em rede e com os avanços
tecnológicos, foi possível estabelecer um novo modelo de comunicação baseado
no compartilhamento e na mobilidade de dados e informações. Mas para tanto
era preciso que esses dados e essas informações fossem disponibilizados em um
ambiente comum a muitos usuários, ambiente que só foi possível com a criação
do ciberespaço.
1.2 O ciberespaço
O ciberespaço, segundo Pierre Levy4, é um dispositivo de comunicação
interativo e comunitário e se apresenta como um instrumento privilegiado da
inteligência coletiva5. Para Levy, esse novo espaço virtual através da produção
de técnicas condiciona uma maior interação entre os agentes participantes desse
processo de comunicação.
2
http://www.newscorp.com/ 3
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/news+corp+imperio+midiatico+de+rupert+murdoch/n15 97069414911.htm
4
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. São Paulo:. Editora 34, 1999. 5
Eu defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela intercomunicação mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas), na mediada que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluído, calculável, com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo, e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me, a marca distinta do ciberespaço. (LÉVY, 1999: pág. 92)
Já para o sociólogo francês Dominique Wolton6, a “revolução da
internet” possui muitos nuances que devem ser observados e questionados antes
de afirmarmos que a sociedade do futuro passa necessariamente pelo teclado.
Wolton observa que apesar do crescimento significativo de usuários da internet,
a televisão, assim como outras mídias tradicionais, ainda possui um número
maior de espectadores ou telespectadores e consequentemente uma influência
maior na vida da população.
Dominique Wolton vai mais além, o sociólogo aponta que um sistema de
informação não é sempre uma mídia. As mídias tradicionais, como a televisão e
o rádio se caracterizam como mídias por apresentarem uma morfologia já
definida: a existência de uma legislação que as regulamentem, as tradições
culturais presentes nelas, suas inserções na sociedade.
Para Dominique Wolton mídias como a TV, o rádio e o cinema, já
definiram suas inscrições culturais e sociais, diferentemente das novas
tecnologias e em específico a Internet, que para o autor, não é uma mídia, mas
um sistema de transmissão e acesso a um número surpreendente de informações.
O rádio e a televisão foram vistos instantaneamente como mídias como um projeto de comunicação visando a um público, enquanto que a NET, é considerada hoje primeiro em relação às suas capacidades técnicas de transmissão. A existência de uma mídia remete sempre à existência de uma comunidade, a uma visão das relações entre escala individual e escala coletiva e a uma determinada representação dos públicos... Quanto ao que é essencial a Net não é uma mídia. É um formidável sistema de transmissão e de acesso a um número incalculável de informações. Não só é preciso mudar rapidamente a maneira de encarar a Net, como também é preciso
6
dar-se conta de que, se a esmagadora maioria das atividades não diz respeito a comunicação, isso também requer regulamentação. (WOLTON, 2007: pág. 102.)
Essa diferença apontada por Dominique Wolton, entre o que é mídia e o
que é um sistema de informação é fundamental para compreendermos que o
ciberespaço é um sistema de informação, onde conteúdos podem ser produzidos,
armazenados e compartilhados através de um fluxo permanente e constante de
dados.
No ciberespaço podemos encontrar também mídias como os portais de
notícias, os websites, que quando criados por empresas de comunicações ou
jornalistas responsáveis são inscritos com os mesmos critérios éticos e de
responsabilidades sociais que as mídias tradicionais. A dificuldade está na
regulamentação de websites, blogs, redes sociais criados por quaisquer pessoas
sem compromisso algum com critérios jornalísticos ou até mesmo éticos e
morais.
Os fatores tecnológicos e econômicos ainda são as grandes barreiras para
o cidadão se integrar ao ciberespaço. Segundo dados do Ibope Nielsen Online,
divulgados pelo portal de notícias G17 das Organizações Globo, em setembro de
2011, o total de brasileiros com acesso à internet em qualquer ambiente chegou
a 77,8 milhões no segundo trimestre de 2011, número significativo, mas que
poderia ser ainda maior.
Estudo da UNCTAD(Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento), da ONU(Organização das Nações Unidas), divulgado pela
página Convergência Digital8 do portal UOL, afirma que o Brasil tem a banda
larga mais cara do mundo. Segundo o estudo, o custo do megabit da banda larga
fixa no Brasil está estimado em US$ 61 e o da banda larga móvel US$ 51.
Quando comparado aos preços de outros países, por exemplo, o custo do megabit
móvel no Quênia, na África, é de US$ 4, no Marrocos é de US$ 7, no Vietnam
fica em US$ 2 e na Turquia, US$ 3. Observamos assim que no Brasil, o
7
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/10/usuarios-ativos-de-internet-no-brasil-crescem-14-em-um-ano.html
8
ciberespaço e sua principal rede a internet ainda é uma tecnologia extremamente
cara e disponíveis nas regiões mais desenvolvidas economicamente do país.
1.3 A realidade virtual
Em outra obra, O que é Virtual? 9 Pierre Levy afirma que o sistema de realidade virtual transmite mais que imagens, uma quase presença. A televisão
faz parte dessa realidade virtual uma vez que, segundo o autor, as pessoas que
assistem ao mesmo programa de televisão compartilham a mesma experiência
sensorial. O que a internet e o ciberespaço fizeram foi potencializar essa
experiência coletiva. A diferença entre o telespectador e o internauta é que este
último deixou de ser um destinatário passivo para se tornar um agente
participativo e em muitos casos, um destinador.
A virtualização submete a narrativa clássica a uma prova rude: unidade de tempo sem unidade de lugar (graças às interações em tempo real por redes eletrônicas, às transmissões ao vivo, ao sistemas de telepresença), continuidade de ação apesar de uma duração descontínua (como na comunicação por secretária eletrônica ou por correio eletrônico). A sincronização substitui a unidade de lugar, e a interconexão, a unidade de tempo. Mas, novamente, nem por isso o virtual é imaginário. (LÉVY, 1996: pág. 21)
O virtual, como apontou Lévy, não é o imaginário, mas certamente
mudou as relações humanas e o processo de comunicação. Para alguns
pesquisadores, o virtual modifica as relações humanas na medida em que impõe
um distanciamento. Relações sociais e comunicacionais que só se materializam
pelo virtual, fora do ciberespaço inexistem. Mas ao mesmo tempo em que a
realidade virtual (RV) cria o lugar do que poderíamos chamar da quase-presença,
onde a existência das relações e interações humanas e das comunicações se
materializam em grande parte no virtual, essas mesmas experiências de conexão
com o mundo virtual permite a presença do homem no interior de imagens, em
9
comportamentos que replicam e transgridem as ações do homem no mundo real e
que segundo a pesquisadora Diana Domingues10, poderíamos chamar de uma
realidade dentro da realidade.
Assim a RV não deve ser examinada como a ausência do real ou a negação do real, mas como uma expansão da capacidade perceptiva de se viver no real por tecnologias de realidade virtual, que oportunizam a experiência sensível antes não vivida em imagens. Modelos propostos pelas teorias fenomenológicas devem ser ampliadas, considerando formas de sentir de um sujeito multissensorialmente atuando e em estado de total integração com uma realidade artificial. (DOMINGUES, 2006: pág. 81)
O desenvolvimento do ciberespaço e o desenvolvimento da possibilidade
de uma realidade virtual, uma expansão da realidade no ciberespaço, aliada aos
avanços tecnológicos possibilitaram o surgimento de uma tecnologia móvel.
Com essa tecnologia, o usuário ou agente da ação pode permanecer no
ciberespaço em tempo real, independentemente do seu deslocamento espacial.
1.4 Espaços híbridos
Já o que marca o espaço híbrido é a possibilidade de comunicação
constante, independentemente do deslocamento espacial dos usuários e o tempo
de duração desse deslocamento. Assim, o usuário permanece atuante nesse
espaço físico enquanto o processo de comunicação é realizado através das
informações que são acessadas e transmitidas como observou a pesquisadora
Luiza Paraguai Donati em seu artigo: Dispositivos móveis: espaços híbridos de
comunicação. 11
O contexto das tecnologias móveis pode ser definido por uma atuação onde distintos níveis de desconexão e interconexão acontecem de forma cíclica. Isto significa afirmar que os dispositivos móveis, da mesma forma que
10
DOMINGUES, Daiana. Realidade Virtual: uma realidade na realidade., em Araujo, Denise Correia (org.) Imagem (ir) realidade: comunicação e cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2006. 11
desconectam os indivíduos de seus contextos físicos atuais, também trazem outras pessoas e informações remotas para o ambiente em torno. ... Estas interações sociais passam assim a apresentar várias dimensões: interação verbal e não-verbal, presença remota e co-presença, que compõem formas intencionais de gestualidade com outros elementos não desejados, como é o caso do indivíduo que se vê incluído na conversa mesmo sem a sua anuência. (DONATI, 2007: pág. 5)
As tecnologias móveis como os celulares, notebooks e tablets
possibilitaram a construção desses espaços móveis, do deslocamento e da
movimentação dos usuários dessas tecnologias que estão constantemente
conectados à Internet e a outros usuários.
Portais de notícia como o G1 12 das Organizações Globo possuem
serviços exclusivos para celulares. O usuário de celular pode assinar um pacote
de mensagens instantâneas de texto (SMS) de acordo com sua área de interesse:
notícias, educação, esportes e receber uma cota de mensagens diária. A
assinatura pode ser feita diretamente pelo site do portal de notícias G1, como
podemos observar na figura abaixo.
Figura 1: Imagem do portal G1 das Organizações Globo
12
Essa nova tecnologia também possibilitou uma re-conceitualização das
interfaces sociais, das relações sociais e do tipo de espaços que essa medeia.
É importante destacarmos que uma interface além de definir a percepção
do espaço com que habitamos, define também o tipo de interação pelo qual
participamos no processo de comunicação, como destacou Adriana de Souza e
Silva no capítulo, Do Cíber ao Híbrido: tecnologias móveis como interfaces de
espaço híbridos presente na obra Imagem (ir) realidade: comunicação e
cibercultura. 13
Assim, as interfaces sociais não apenas re-definem relações comunicacionais, mas também re-conceitualizam o espaços em que essas interações ocorrem. É importante ainda acrescentar que as interfaces são definidas culturalmente, o que significa que geralmente o sentido social de uma interface não é sempre desenvolvido no momento de sua criação, mas emerge numa conjuntura posterior, quando está é finalmente incluída em práticas sociais. (SOUZA E SILVA, 2006: pág. 23)
A tecnologia (3G) dos celulares e tablets, além de transformá-los em
micro-computadores, também os transformaram, graças à tecnologia da TV
Digital, assunto que abordaremos no próximo capítulo, em aparelhos de televisão
portáteis. Canais de televisão como a Globo News, das Organizações Globo por
exemplo, já disponibiliza, através de aplicativos gratuitos como Android Market
para celulares (figura 2 abaixo) e tablets android e aplicativos para iPhone, parte
de seu conteúdo diário que inclue vídeos e acesso a blogs e twitter.
13
Figura 2 – Imagem ilustrativa do site:
https://market.android.com/details?id=com.fingertips.android.globonews
Nesse capítulo Adriana de Souza e Silva destaca ainda que a tecnologia
móvel dos celulares e consequentemente sua integração ao ciberespaço só foi
possível porque estes aparelhos possuem tecnologia 3G (Sistema Celular de
Terceira Geração) também chamado de UMTS (Universal Mobile
Telecommunicacion System), que inclui acesso à internet com banda larga,
câmeras digitais em alta definição, mensagens multimídia, mensagens de texto,
sistemas de posicionamento e muitos outros aplicativos que variam de acordo
com o modelo do celular.
Dentro dessa nova lógica espacial, os telefones celulares devem passar a ser percebidos não apenas como meros telefones móveis – aparelhos para transmissão de voz em situações de comunicação bilateral- mas também como micro-computadores portáteis e partes integrantes de espaços públicos. (SOUZA E SILVA, 2006: pág. 25)
Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel), em janeiro de 2012 e publicados pelo portal do Governo Federal14 na
internet, o Brasil fechou 2011 com mais de 242,2 milhões de linhas de celulares.
Somente em 2011 foram instaladas 39,3 milhões de novas linhas para a telefonia
móvel. A penetração da telefonia móvel voltou a bater recorde. Em dezembro de
2011, havia 123,87 linhas em operação para cada 100 brasileiros. Em
comparação a 2010, quando a proporção era de 104,68 linhas, o crescimento foi
18,33%.
Segundo ainda os dados da Anatel, apenas o estado do Maranhão registra
índices de menos de uma linha móvel por morador. No Distrito Federal os
índices já apontam para mais de 2 linhas móveis por habitante. Do total de
linhas móveis em operação no País, 81,81% (191,2 milhões) eram pré-pagos no
fim de 2011, já o número de linhas pós-pagas foi de 44 milhões, ou seja, 18,19%.
Índices semelhantes foram registrados nas vendas de tablets no Brasil em
2011. Segundo reportagem da Folha de São Paulo15 , no primeiro semestre de
2011 foram vendidos 200 mil tablets e para todo o ano, a expectativa era que as
vendas ultrapassassem as 410 mil unidades. Ainda segundo a reportagem, no
primeiro semestre de 2011 foram comercializados 3,9 milhões de smartphones e
3,8 milhões de notebooks.
A adesão cada vez maior do grande público ao ciberespaço e às redes
sociais obrigaram as empresas de comunicação a desenvolverem políticas
coorporativas específicas para essas mídias digitais, expandindo assim o
conteúdo antes preponderantemente exclusivo a um único veículo de informação.
A televisão é um exemplo dessa expansão.
Segundo pesquisa realizada pela Deloitte16 no Brasil e em outros quatro
países (Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido) a internet é o
passatempo preferido dos cidadãos brasileiros, diferentemente de outros países
que consideram a TV a melhor forma de entretenimento. Segundo a pesquisa, o
14
http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/01/17/brasil-fecha-2011-com-recorde-de-habilitacoes-de-celulares
15
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/977786-200-mil-tablets-sao-vendidos-no-semestre.shtml
16
brasileiro gasta em média, por semana, 17 horas assistindo à televisão e 30 horas
navegando na internet.
Com o objetivo de não perder esse público, até então fiel às mídias
tradicionais, a maioria dos canais de TV estão se expandindo para o ciberespaço,
mais do que isso, estão presentes em diferentes plataformas, seja através das
redes sociais, Facebook, Twitter, de seus websites e alguns através do YouTube.
O telejornal, Jornal Nacional, da Rede Globo, corpus desta pesquisa, se
enquadra nesse novo modelo de comunicação realizado através das mídias
digitais, como veremos detalhadamente no terceiro capítulo dessa dissertação. O
JN possui um website, 17 uma página no Facebook18, e um perfil no Twitter19
além de utilizar a plataforma YouTube como recurso para a obtenção de
conteúdo audiovisual, de caráter geralmente amador, para ilustrar ou compor
uma reportagem ou nota em seu telejornal.
1.5 As redes sociais
Na obra Redes Sociais Digitais: a cognição conectiva do twitter20 Lucia Santaella e Renata Lemos descrevem as características das (RSIs) redes sociais
na internet como um sistema complexo composto por elementos discretos. As
autoras ainda definem esses elementos discretos como elementos radicalmente
complexos pois se tratam de seres humanos. A interação entre essas redes só é
possível, segundo as autoras, pois existem plataformas que lhes estão disponíveis
e é através desse ambiente imerso no ciberespaço que essas redes são capazes de
processar interações e realizar atos de comunicação em alta velocidade,
intensidade e volume.
Essa comunicação em rede possui propriedades emergentes que
apresentam duas características principais, segundo as autoras; imprevisibilidade
e irredutibilidade. Imprevisibilidade pois não é possível prever quais serão as
propriedades emergentes presentes num sistema complexo como a RSIs e
17
http://g1.globo.com/jornal-nacional/ 18
http://www.facebook.com/JornalNacional 19
http://twitter.com/jntvglobobrasil 20
irredutibilidade pois as propriedades e leis emergentes não se enquadram nas
categorias conceituais de ciências específicas, mas devem ser estudas por
ciências da complexidade.
Santaella e Lemos destacam a finalidade das RSIs e seu sucesso pela
necessidade e o desejo do ser humano de se comunicar e estar juntos sem um
compromisso pré-determinado presentes nas redes científicas ou empresariais.
Enquanto nas redes científicas ou empresariais, por exemplo, há objetos, tarefas, problemas a serem solucionados que são predefinidos e funcionam como bússolas de orientação, imantando as ações coletivas, a finalidade das RSIs é prioritariamente a de promover e exacerbar a comunicação, a troca de informação, o compartilhamento de vozes e discursos, o que vem comprovar que, se a meta dos organismos vivos é se preservar (“o organismo quer perdurar”) e se o desejo humano é ser desejado por outro ser humano, aquilo que o ser humano quer é, sobretudo, se comunicar não importa quando, como, para quais fins. As RSIs estão demonstrando que o humano quer se comunicar com a finalidade pura e simples de se comunicar , estar junto. (SANTAELLA E LEMOS, 2010: pág. 50)
Já Raquel Recuero em sua obra Redes Sociais na Internet21 define as redes sociais como um conjunto de dois elementos: num primeiro elemento
temos os atores, que são classificados como pessoas, instituições e grupos ou
seja, os nós das redes, e um segundo elemento que são as conexões.
Uma rede é uma metáfora para observar os padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem seu foco na estrutura social, onde não é possível isolar os atores sociais e nem suas conexões. (RECUERO, 2009: pág. 24)
Recuero define os atores, primeiro elemento de uma rede social, como:
pessoas envolvidas nas redes, que pode ser um único individuo, uma instituição
ou um grupo de pessoas, representadas pelos nós ( ou nodos). Estas pessoas estão
21
envolvidas diretamente nas redes de forma a moldar suas estruturas sociais por
meio dos diferentes tipos de interações e dos laços sociais.
Raquel Recuero ainda chama a atenção para as características desses
atores quando imersos nas redes sociais na internet: devido ao distanciamento
dessas interações sociais, característica da comunicação mediada por
computadores, esses atores não são discerníveis de modo imediato, ou seja, eles
são representados por diferentes perfis presentes nas redes sociais na internet.
Esse perfil pode ser um perfil no Twitter ou Facebook, um weblog ou fotolog, uma comunidade ou até mesmo uma fan page, quando se trata de uma instituição ou grupo de indivíduos. É comum por exemplo, programas de TV possuírem fan
pages nas redes sociais, com o objetivo de aproximar e disponibilizar conteúdos
no ciberespaço para uma comunidade de interessados que deseja curtir uma
determinada página.
Na obra Redes Sociais na Internet Raquel Recuero destaca ainda, a importância dos tipos de conexões presentes na redes sociais na internet. É
importante ressaltar que o termo conexão a que se refere a autora não é o termo
empregado para descrever a tecnologia que permite conectar a internet seja ela
através da conexão analógica ou de banda larga, mas as interações percebidas
entre os autores. Para Raquel Recuero, as interações disponibilizadas pelas redes
sociais na internet (RSIs) seriam o fator determinante das relações e laços sociais
no ciberespaço.
Em termos gerais, as conexões em uma rede social são constituídas dos laços sociais, que, por sua vez, são formados através da interação social entre os autores. De um certo modo, são as conexões o principal foco do estudo das redes sociais, pois é sua variação que altera as estruturas desses grupos. (RECUERO, 2009: pág. 30)
A obra Redes Sociais na Internet ainda pontua a diferença entre relação social e interação social. A relação social é descrita na obra como a unidade
básica de análise em uma rede social pois ela independe do conteúdo
estabelecido entre as interações sociais. Quando uma relação social se dá através
de uma rede social na internet, mediada por um computador, envolve atores que
podem ou não se conhecerem face a face. Esse tipo de interação à distância, com
a distinção do espaço-tempo entre os atores envolvidos possibilita, por exemplo,
o anonimato, ou o reencontro de laços sociais já estabelecidos no passado,
possibilita ainda, conexões entre atores e grupos sociais segundo interesses
coletivos. As redes sociais imersas no ciberespaço e suas ferramentas de
comunicação apresentam particularidades no desenvolvimento desse processo de
interação social.
A interação social no ciberespaço é necessariamente construída pela
mediação de um computador. O desenvolvimento de diferentes formas de
interações possibilitadas pelas diferentes plataformas sociais digitais também
possibilitaram diferentes maneiras dos atores interagirem. Raquel Recuero
destaca também que as interações sociais no ciberespaço podem dar-se de forma
Uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real. Deste modo, os agentes envolvidos têm uma expectativa de resposta imediata ou quase imediata, estão ambos presentes (on-line, através da mediação do computador) no mesmo momento temporal. É o caso, por exemplo, dos canais de chat, ou mesmo de conversas nos sistemas de mensagens. Já o e-mail e o fórum, por exemplo, têm características mais assíncronas, pois a expectativa de resposta não é imediata. (RECUERO, 2009: pág. 32)
Um conceito aprofundado pelas autoras na obra Redes Sociais Digitais: a cognição conectiva do twitter é o conceito de inteligência do enxame. Segundo as autoras, a inteligência do enxame é uma das propriedades mais notáveis que a
comunicação em rede está gerando. O termo Inteligência do Enxame22 ou “swarming intelligence” ainda proposto na década de 1980 para se referir a sistemas robóticos capazes de interagir com alguns agentes em um ambiente de
acordo com regras locais é a primeira termologia genérica para tratar qualquer
coleção ou grupo estruturado de agentes (animais ou pessoas) capazes de
interagir. Esse termo foi aperfeiçoado, dentro da cultura digital, por Piere Lévy
(1998) que o denominou de inteligência coletiva.
Os sistemas de enxames também são denominados por pesquisadores
como “sistemas acentrados” pois possuem ausência de um controle central, uma
vez que as interações dos usuários desses sistemas, nas diferentes plataformas, é
que estruturam e controlam esses processos de comunicação.
Já o conceito de Inteligência Coletiva, tem sido desenvolvido por
pesquisadores, entre eles, Pierre Lévy, com destaque para sua obra: A Inteligência Coletiva – por uma antropologia do ciberespaço23. Lévy define o conceito de Inteligência Coletiva da seguinte forma:
É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetivas das competências. Acrescentemos à
22
ftp://ftp.dca.fee.unicamp.br/pub/docs/vonzuben/ia013_1s07/topico4_07.pdf 23
nossa definição este complemento indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas. (LÉVY, 2011: pág. 29)
Pierre Lévy afirma ainda que o ciberespaço pode se tornar o espaço
virtual entre os conhecimentos e conhecedores, mas para isso é fundamental que
o novos sistemas de comunicação possibilitem, no universo virtual do
conhecimento, meios para que uma comunidade coordene suas interações, ou
seja desenvolva, segundo o autor, “a coordenação das inteligências em tempo
real.”
A comunicação em rede criada pelo avanço das tecnologias digitais,
principalmente as plataformas que possibilitam a comunicação do tipo P2P (peer to peer: de igual para igual), além dos blogs, das redes sociais na internet, das SMS (Short Message Service) possibilitou uma nova topologia da comunicação, verticalizada entre os usuários dessas diferentes plataformas, criando assim,
através da comunicação on-line, a idéia da presença e da participação constante
na internet.
Uma das razões capazes de explicar o estouro das SMSs e das RSIs, especialmente do twitter, encontra-se na potência da era da mobilidade para a comunicação on-line, em tempo real, que acena com a promessa do perpétuo estar junto. Isso parece costurar - ou pelo menos nos dá a impressão de costurar – o corte e a condição de desamparo que o ser humano carrega desde o instante vital em que dá o primeiro grito no ar para encher os pulmões e entrar e cair no mundo da vida. (SANTAELLA E LEMOS, 2010: pág.26)
Santaella e Lemos definem ainda outro conceito importante para
compreendermos o funcionamento de um sistema de redes: a Teoria-Ator-Rede
(TAR). Segundo as autoras, como o próprio nome descreve, a TAR é constituída
de atores e redes e os atores desempenham a função de fazer conexões e alianças
com novos elementos de uma rede modificando e redefinindo essa rede.
Santaella e Lemos se preocupam em definir e diferenciar o que são atores de
atores-actantes. Atores são, segundo as autoras, seres conscientes movidos por
desenvolvidos pelas autoras, são quaisquer espécies de figuras dotadas da
habilidade de agir, realizando atos ligados a todos os seus fatores influentes e
exemplificam afirmando serem atores-actantes: pessoas e objetos materiais.
O tamanho de uma rede e sua complexidade depende diretamente do
ator-rede, que não é necessariamente um indivíduo, ele pode ser também um coletivo.
A importância do ator-rede ou de um coletivo de atores, dentro das redes e em
particular das RSIs, está ligada à capacidade desse ator de influenciar outros
atores. À medida que esses atores-redes exercem enorme influência sobre um
coletivo, eles tornam suas redes influentes e quanto maior é uma rede mais
heterogênica ela se torna, à medida que é capaz de conter distintas opiniões e
perfis diferentes.
Com os avanços incorporados pelas RSIs, nos últimos anos da década
passada, podemos hoje, já classificá-las em três fases distintas e específicas de
acordo com suas funções, finalidades e seu desempenho tecnológico.
Seguindo a classificação proposta por Santaella e Lemos na obra Redes Sociais Digitais: a cognição conectiva do twitter, a primeira fase das RSIs foi caracterizada pelas redes monomodais, ou seja, as redes 1.0, com comunicação
em tempo real entre usuários; jás as redes 2.0, evolução do primeiro sistema, é o
início do que se convencionou chamar de redes sociais propriamente ditas, com
compartilhamento de arquivos, reunindo numa mesma plataforma diversas
possibilidades de comunicação disponíveis naquele momento: comentários,
chats, fóruns, mensagens, quadro coletivo de recados entre outros dispositivos. O que destacou as redes 2.0 foi sua capacidade de unir num único sistema,
diferentes monomodalidades de interação, fator fundamental que possibilitou o
surgimento das redes 3.0 com um sistema de interação entre diferentes redes.
A mudança mais significativa das redes 3.0 foi a mudança da interface
dessas redes, que passaram a ser disponibilizadas em dispositivos móveis com o
uso de geotags (rastreamento espacial em tempo real) e lifestreaming (fluxo contínuo de transmissão de conteúdo entre usuários). Essa nova reengenharia no
modo de acessar esses diferentes sistemas e plataformas, através do uso de
wireless, por exemplo, possibilitou um acesso permanente e constante dessas
diferentes redes, como o Twitter, o Facebook e o YouTube, conectando várias
Outro fenômeno presente nas redes sociais 3.0 foi a criação de grandes
bancos de dados a partir de cadastros de usuários ou logins que possibilitaram,
por parte das empresas detentoras desses serviços, um cruzamento de dados
pessoais em tempo real e o uso desses dados para diferentes finalidades,
rompendo a barreira da privacidade individual.
Cada clique, cada login, cada palavra chave teclada é transmitida em dado estatístico e / ou de marketing. É verdadeiro que o controle e a vigilância sempre existiram no ciberespaço, desde o princípio. Contudo, os aplicativos que caracterizam as redes 3.0 trazem outras utilidades para esse controle, por exemplo, a captura da lista de contatos de um usuário gerando
spams de convite para o aplicativo em questão, cujo exemplo mais típico é encontrado no Mafiawars. (SANTAELLA E LEMOS, 2010: pág. 60)
1.5.1 O Facebook
Segundo matéria publicada na revista Veja na edição de número 2237 de
5 de outubro de 2011 o Facebook é hoje, a maior rede social do planeta: são 800
milhões de usuários em todo planeta e 28 milhões brasileiros conectados a essa
rede. A evolução dessa audiência global impressiona. No período de um ano
(agosto de 2010 à agosto de 2011) o Facebook saltou de 598 milhões de usuários
para 753 milhões. Já no Brasil os números também impressionam: em agosto de
2010 eram 9 milhões e em agosto de 2011 28,6 milhões. O tempo dedicado ao
Facebook por visitante também mudou nesse mesmo período; em escada global
eram dedicados 4 minutos e 27 segundos em 2010, passando a 6 minutos e 16
segundos em 2011. No Brasil eram 29 segundos em 2010 e, um ano depois, 2
minutos e 24 segundos em 2011.
Esse aumento tanto no número de usuários, quanto no tempo de acesso a
esta rede social fez com que o Facebook atingisse um valor estimado de mercado
de 100 bilhões de dólares.
Todo esse sucesso se deve a cultura da convergência, conceito que ainda
abordaremos neste capítulo e que transformou essa rede social numa plataforma
de Messages, bate-papo; recursos como o Cowoker que permite encontrar
pessoas que trabalham na mesma empresa que o usuário; o Classmate que
permite encontrar pessoas que frequentam as mesmas instituições de ensino do
usuário; listas inteligentes – divisão de perfil segundo categorias, por exemplo,
amigos, trabalhos; além de ser um banco de dados para os usuários que permitem
compartilhar diferentes conteúdos, fotos, vídeos, textos e informações.
O Jornal Nacional, da Rede Globo, possui uma página no Facebook, com
mais de um milhão de usuários que “curtem” a página do telejornal. Na página é
postada todos os dias, uma hora antes do início do telejornal na TV, os destaques
da próxima edição. Esses destaques do JN, no Facebook, são apresentados,
geralmente, pela jornalista Patrícia Poeta. O telejornal disponibiliza o link,
juntamente com o ícone do vídeo, que ao ser acessado é remetido a sua página no
website24, como podemos verificar na figura abaixo.
Figura 4: Destaques do Jornal Nacional postados em sua página no Fecebook
24
Quando o JN começa na TV, é postado um aviso na página do Facebook:
“O JN está no ar!”. Durante a exibição do telejornal não é postado nenhum
conteúdo na página da rede social, somente depois do termino do telejornal na
TV, dois links, contendo duas reportagens apresentadas na edição do dia e
hospedados no website do JN, são postados no Facebook.
1.5.2 O Twitter
O Twitter é um bom exemplo dessa nova reengenharia criada pelas
Redes 3.0, através dos dispositivos móveis. Com o surgimento dessa nova
plataforma e a necessidade de adaptar essa interface aos dispositivos móveis,
surge novos aplicativos que permitem por exemplo, os diminutivos de URL,
como bit.ly, ow.ly, entre outros.
Numa descrição simplificada dessa nova plataforma poderíamos defini-la
como um microblogging que possui um “caixa de texto” ou um Tweetar de 140
caracteres que permitem o compartilhamento de conteúdos através de links de
diferentes plataformas.
O Twitter possui ainda follows onde o usuários podem seguir outros
usuários e ser seguidos também, criando uma rede de interesses coletivos. A
organização dessa rede de comunicação pode ser feita através de listas. Outra
característica do Twitter é a apresentação de um ranking de assuntos mais
comentados. Os assuntos podem ser apresentados através da localização em
diferentes esferas: mundial, de um país ou estado. Novos aplicativos são
desenvolvidos constantemente e podem ser conhecidos mais detalhadamente no
blog do Twitter, com versão em português, através da página:
http://blog.pt.twitter.com/
Na página da Wikipédia25 o Twitter é definido da seguinte maneira:
Twitter é uma rede social e servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets"), por meio do website do serviço, por SMS e por software específico de gerenciamento.
25
As atualizações são exibidas no perfil de um usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários seguidores que tenham assinado para recebê-las. As atualizações de um perfil ocorrem por meio do site do Twitter, por RSS, por SMS ou programa especializado para gerenciamento.
Segundo Santaella e Lemos na obra Redes Sociais Digitais: a cognição conectiva do twitter, o Twitter é uma rede social com características e finalidades totalmente distintas de outras redes sociais como o Facebook. Segundo as autoras
enquanto algumas redes sociais como o Facebook, Orkut, etc possuem em seu
foco principal as interações sociais, sejam elas entre amigos, familiares ou
coorporativas, quase sempre já estabelecidas, off-line, antes mesmo do uso dessas plataformas, no Twitter essa interação se dá, sobretudo, no fluxo de ideias e as
autoras justificam sua tese analisando a própria interface desta rede: na caixa de
texto existia a pergunta “O que você está fazendo agora?” que segundo Santaella
e Lemos podia ser interpretada como, “No que você está pensando agora?”
direcionando o conteúdo desses 140 caracteres a um fluxo de dimensões
cognitivas.
Novas mudanças na interface do Twitter ocorrem desde a publicação da
obra Redes Sociais Digitais: a cognição conectiva do twitter e a frase analisada pelas autoras se modificou para “O que está acontecendo agora?” o que não
muda em nada a tese proposta por Santaella e Lemos, ao contrário, a reafirma.
Os usuários dessa rede social estão conectados por interesses presentes numa
inteligência coletiva.
O JN, assim como no Facebook, possui um perfil no Twitter. No
entanto, a dinâmica das postagens no Twitter se diferencia da do Facebook:
ambas as redes sociais na internet (RSIs) utilizam a frase “O JN está no ar!”,
para pontuarem o início do telejornal na TV, porém no Twitter, durante a
exibição do telejornal na TV tweets são postados com o objetivo, por exemplo, de destacar uma reportagem que ainda será apresentada no telejornal como nos
exemplos da edição do dia 28 de agosto de 2012: “Confira, daqui a pouco: a
suspensão de licenças para a construção de hidrelétricas no Pantanal. #JN” e
“Em instantes, o #JN traz as informações sobre a preparação de Nova Orleans
para a chegada de um novo furacão.”
Há uma diferença importante na apresentação do conteúdo do telejornal
nessas duas RSIs e no website do JN, diferença que ainda veremos nesta
dissertação, mas em relação ao Facebook e ao Twitter, enquanto o conteúdo da
primeira plataforma digital tende a permanecer off-line, enquanto o telejornal é
apresentado na TV, a segunda plataforma, o Twitter, apresenta, ainda que de
forma simplificada, uma interação com o telespectador-internauta. Como bem
definiu Santaella e Lemos, há no Twitter um fluxo de idéias que permite essa
interação com o telespectador-internauta; esse fluxo de idéias é constante e
permanente durante a exibição do JN na TV o que permite uma mediação direta
com o telespectador-internauta.
Santaella e Lemos destacam ainda, que redes sociais como o Facebook, o
Orkut, entre outras, são RSIs cujo foco da interação social está nos contatos
pessoais entre usuários; já no Twitter esse foco encontra-se na qualidade e no
tipo de conteúdo disponibilizado e veiculado por um usuário específico.
Quando escolhemos, no Twitter, seguir o microblog do Jornal Nacional, estamos escolhendo qual canal de informação irá fazer parte de nosso fluxo de
informações.
Figura 5: Página do Jornal Nacional no Twitter.
1.5.3 O YouTube
Criado em 2005 por Chad Hurley Steve Chen, Chad Hurley e Jawed
Karim o site de vídeos YouTube surgiu de uma ótima idéia de seus fundadores:
criar um site onde fosse possível a qualquer pessoa com acesso a internet postar e
assistir a vídeos sem precisar baixá-los (fazer downloads), embora esse recurso
também possa ser realizado com ajuda de aplicativos específicos. O site
revolucionou o modelo de compartilhamento de vídeos pela internet e o sucesso
garantiu ao YouTube ser vendido para a Google em 2006 por US$ 1,65 bilhão.
Segundo dados do blog do YouTube26 no Brasil publicado em 10 de maio
de 2011 os vídeos no site têm dois bilhões de exibições por dia
A obra YouTube e a Revolução Digital: como o maior fenômeno da
cultura participativa transformou a mídia e a sociedade27 dos pesquisadores
26
Jean Burgess e Joshua Green definem o YouTube como uma empresa de mídia:
uma plataforma e um agregador de conteúdo. O YouTube, segundo os autores, é
uma vitrine para os produtores de vídeo, pois o site atrai a atenção para o
conteúdo postado e oferece ainda uma participação na venda de anúncios.
Pela mesma lógica, o YouTube na realidade não está no negócio de vídeo – seu negócio é, mais precisamente, a disponibilização de uma plataforma conveniente e funcional para o compartilhamento de vídeos on-line: os usuários (alguns deles parceiros de conteúdo premium) fornecem o conteúdo que, por sua vez, atrai novos participantes e novas audiências. Portanto, o YouTube está até certo ponto, na posição de reach business, como é descrito esse tipo de serviço os modelos tradicionais do mercado de mídia; atendendo um grande volume de visitantes e uma gama de diferentes audiências, ele oferece a seus participantes um meio de conseguir uma ampla exposição. (BURGEEE E GREEN, 2009: pág. 21)
Engana-se quem ainda acredita que o YouTube pertence a cultura da
produção e exibição de vídeos populares ou também denominados amadores.
Com os avanços da tecnologia digital, o site possibilitou também um fenômeno
de comunicação distinto: usuários que a partir dessa mídia e com as ferramentas
da tecnologia digital deixaram o anonimato e passaram a serem produtores de
conteúdos, muitos profissionais, ou seja, viram nessa nova plataforma a
possibilidade da profissionalização e do sucesso.
Alguns desses sucessos no YouTube tiveram seu conteúdo, até então
exclusivo do canal, compartilhado ou migrado para as mídias tradicionais como a
TV e as grandes empresas e agências de comunicação, que viram na nova mídia
uma ferramenta estratégica de divulgação de conteúdos e marcas.
Exemplos da utilização do YouTube como estratégia de mídia citada
acima são: o vlog ou videoblog de Paulo Cezar Goulart Siqueira (PC Siqueira),
criado em 2010 e que se tornou um grande sucesso no YouTube. Segundo
matéria publicada no caderno Link do jornal O Estado de São Paulo de 19 de
janeiro de 201028, o vlog do autor denominado Mas Poxa Vida teve seus vídeos,
27
BURGESS, Jean e GREEN, Joshua. YouTube e a Revolução Digital: como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. Trad. Ricardo Giassetti. São Paulo: Aleph, 2009.
28
em 2010, assistidos mais de 45 milhões de vezes, fazendo de PC Siqueira
celebridade instantânea na internet. O conteúdo de seus vídeos que variam em
média de cinco a dez minutos, aborda temas que vão do banal, como assaltar a
geladeira à noite, até temas complexos como o S.O.P.A (Stop Online Piracy Act)
a Lei de combate a pirataria online.
Segundo ainda a reportagem do O Estado de São Paulo o vlog de PC
Siqueira rapidamente chamou a atenção da Google, empresa proprietária do
YouTube. Através de um sistema de publicidade chamado AdSense, a Google
disponibiliza no YouTube pequenos anúncios, a maioria em forma de texto, em
alguns vídeos do canal, esses links são de patrocinadores e o autor do vídeo
ganha uma pequena porcentagem a cada exibição. Quanto maior o número de
acessos, maior a porcentagem e a visibilidade do canal.
O sucesso do canal de PC Siqueira no YouTube o levou à MTV. PC na
TV, seu programa na MTV, é descrito no site da emissora como: “Simples e
engraçado, PC Siqueira comenta as notícias do universo curioso e inusitado,
sempre com muito humor, numa espécie de brainstorming televisivo.” ou seja
na tradução literal do inglês, uma tempestade de ideias. O formato do programa
da TV segue o do YouTube, com algumas matérias externas.
Exemplo da utilização do YouTube como canal de divulgação de marcas
e campanhas publicitárias é o videoclipe Eduardo e Mônica da operadora de
telefonia celular VIVO. A campanha com o título, “a história de amor mais
cantada do Brasil” foi criada pela agência de publicidade e propaganda Africa
com a assinatura “"Amor, conexão e transformação" e produzida pela O2 Filmes.
A agência e a produtora criaram um videoclipe inédito para uma das músicas
mais famosas da Legião Urbana, Eduardo e Mônica. A produção de 4 minutos,
foi criada para a plataforma digital YouTube da operadora e compartilhada
também em suas redes sociais.
Segundo depoimento da Diretora de imagem e conteúdo da VIVO,
Cristina Duclos, para a revista Exame, a estratégia da campanha foi divulgar o
vídeo na internet, verificar sua aceitação e só depois leva-lo à TV. “É a nossa
estratégia: a gente divulga o filme na internet e se ele tiver muito sucesso a gente
leva para televisão, que ainda é um meio muito importante no Brasil"
O videoclipe da música foi criado no ano em que a música completou 25
sucesso foi imediato. A versão 3.0 da música trouxe o contexto dos tablets,
celulares e da conexão para aproximar as pessoas O videoclipe Eduardo e
Mônica foi assistido, segundo matéria do site IstoÉ – Dinheiro29, por mais de 10
milhões de usuários.
Figura 6: Videoclipe “Eduardo e Mônica” – canal YouTube
O videoclipe já foi retirado da página oficial da VIVO no YouTube, mas
ainda pode ser visto no canal compartilhado por outros usuários.
Pesquisa apresentada no livro YouTube e a Revolução Digital, realizada
em 2007, reuniu por amostragem, quatro categorias de vídeos: os Mais Vistos,
os Mais Adicionados aos Favoritos, os Mais Respondidos e os Mais
Comentados. Ao longo dessas categorias, 4.320 vídeos foram reunidos pelos
pesquisadores durante três meses e o resultado foi interessante. Dos vídeos
classificados, 2177, pouco mais da metade, vieram ou foram codificados de
29
fontes criadas por usuários, ou seja, vídeos que não vieram das mídias
tradicionais.
A maioria desses vídeos é constituída por vlogs (quase 40%), o formato coloquial tão emblemático do conteúdo criado por usuários do YouTube. Outros gêneros incluíram vídeos musicais criados por usuários (15%) – incluindo vídeos de fãs e vídeos musicais de anime; material ao vivo (13%) – apresentações musicais, filmagens de esportes e filmagens de “cenas da vida”; e conteúdo informativo (10%) como jornalismo, análises de vídeo game e entrevistas. Material com roteito (8%) como esquetes de comédia, animações e machinima – animações que usam console de videogame e muitas vezes criadas a partir de cenas capturadas e editadas dos jogos – constituíram uma pequena parte da amostragem. (BURGEEE E GREEN, 2009: pág.67)
Segundo ainda a pesquisa, 1.812 vídeos (42% da amostragem) pareceu
aos pesquisadores terem sido extraídos das fontes tradicionais da mídia, vídeos
produzidos dentro da indústria tradicional. Esses vídeos foram selecionados de
sua fonte original como programas de TVs ou de DVDS e ambos caracterizados
por apresentarem uploads feitos sem grandes recursos de edição.
Gêneros populares incluíam programação informativa (30%), que reuniam clipes de grandes serviços de notícias nos Estados Unidos, Reino Unido e América Latina, particularmente material apresentando os candidatos às eleições presidenciais de 2008 no Estados Unidos, entrevistas com celebridades e aparições em programas de entrevistas, assim como trechos da programação de reality shows. Materiais com roteiro (21%) constituíram a próxima grande categoria e incluíram esquetes de comédia, animação e trechos de novelas da Turquia e Filipinas. Vídeos de fontes tradicionais da mídia também incluíram conteúdo ao vivo (17%) – predominantemente filmagens de esportes, trechos de debates das [eleições] primárias norte-americanas e vídeos de música (13%), quase todos de artistas do Top 40 dos Estados Unidos. A última categoria de importância incluiu materiais promocionais (11%) – trailers de filmes e comerciais de produtos. (BURGEEE E GREEN, 2009: pág.68)
O que esses dados, ainda que de 2007, demonstram é que boa parte,
quase 50% do conteúdo disponibilizado na plataforma do YouTube, vem das