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Participante Opiniões expressas pelo participante a respeito da temática disparadora

Expressão escrita (Q1) Expressão verbal (R1)

Maria

Eu sou a favor da inclusão de fato. Não a inclusão que está acontecendo atualmente, a qual não prepara adequadamente o ambiente escolar, nem os professores, não favorecendo assim os alunos com necessidades especiais.

Eu continuo com a mesma opinião. Sou a favor sim, principalmente depois que discutimos aqui que não é apenas questão de lei. É questão de pensar no outro. É questão de cada uma fazer a sua parte, mas o governo também podia dar uma ajudada.

Ana

Sou a favor e acredito na inclusão porque ela pode auxiliar no processo

de redução dos preconceitos,

estimula a socialização.

Claro que sou a favor. Mas também não sou tonta de acreditar que para acontecer a inclusão as coisas sejam fáceis. Estamos discutindo muita coisa e isso me faz perceber que a inclusão é possível, só que não é fácil também.

Carol problemas enfrentados na escolar Não sei me posicionar. Entre tantos quais seriam os vilões. Talvez nem seja nada a respeito de incluir todos os alunos e sim da falta de recursos físicos e humanos.

Agora sou a favor porque percebi que existem muitas dificuldades na escola e a inclusão não é o principal vilão. Tem alunos que são mais difíceis de incluir, mas não são porque não é ofertado as cosias adequadas para eles. A solução então é ofertar recursos e serviços adequados.

Sofia

Não sei se sou. Na escola tem muitas dificuldades para o ensino. Então, a falta de recurso físico e humano não sei se contribuiria para incluir os alunos que necessitam de cuidados especiais.

Acho que agora sou a favor da inclusão, mas é preciso pensar que nem todo mundo tem condições de estar na escola. Por exemplo, um aluno psicopata, esquizofrênico ou aqueles que ficam vegetando, será que a escola é o melhor lugar? Sou a favor sim, as é preciso ofertar condições adequadas.

Paulo Sim. Desde que a escola seja

preparada para incluir.

Sou a favor. Mas, ainda acho que é preciso se preparar para que o aluno não esteja apenas depositado na escola.

QUADRO 7- Posicionamentos dos participantes do Programa de Formação Continuada diante da inclusão

Por meio da exposição das expressões escritas (Q1), verifiquei que Carol e Sofia relataram não saber seu posicionamento diante da inclusão, sobretudo, em função das questões relacionadas a falta de recursos físicos e de recursos humanos. Todavia, no terceiro encontro já se mostraram mais receptivos quanto ao processo inclusivo, citando inclusive o que acreditavam que deveria ser feito para que a inclusão de todo e qualquer alunos pudesse realmente ocorrer.

Maria, Ana e Paulo manifestaram-se a favor da inclusão tanto ao responderem o Q1 quanto ao relatarem suas opiniões orais (R1), mencionando que faz-se necessária uma maior

reflexão sobre o assunto, pois a ideia de inclusão não remete apenas ao “aluno estar nas aulas ou ir na escolar” (Paulo).

Durante as discussões e reflexões propostas no terceiro encontro, e analisadas por (R1), os participantes deram a entender que a inclusão remete às dimensões físicas e atitudinais que permeiam a área escolar, onde diversos elementos como a arquitetura, engenharia, transporte, acesso, experiências, currículo, saberes e/ou conhecimentos, sentimentos, comportamentos, valores, formação especializada, atendimento pedagógico para o aluno, orientação pedagógica para o professor, participação da família, apoio dos órgãos governamentais, políticas públicas que considerem o contexto das escolas, quantidade de alunos por turma, tipos de especificidades dos alunos, parceria entre pesquisadores das universidade e professores da Educação Básica, dentre outros, estão diretamente relacionadas com o sucesso ou fracasso da educação pautada no enfoque inclusivo.

Além disso, refletimos que o pronto acolhimento do discurso da inclusão pela grande maioria dos professores pode sugerir o que estava dormente na consciência coletiva sobre a imperiosa necessidade de uma revolução radical na educação, tentando colocar de vez em prática os ideais democráticos tão acalentados nos discursos tanto acadêmicos quanto oficiais da educação; mas, também pode representar uma adoção um tanto quanto impensada de um discurso politicamente correto e de retórica impecável, o que talvez não deixe de ser sedutor (OMOTE, 2008).

Os participantes concordaram com o pensar de Omote (2008), mas reforçaram que nem sempre os pressupostos da inclusão são de efetiva aplicabilidade em função da contradição existente entre o que consta na legislação e a situação prática vivenciada nas escolas públicas, onde “existem muitos alunos depositados e que não participam de nada. Esse tipo de escola diz que é inclusiva, mas isso não é inclusão” (Ana). Serra, em 2006 já refletia sobre o mesmo apontamento de Ana. Segundo a autora “a denúncia da existência de alunos segregados em salas de aulas supostamente inclusivas é muito frequente” (SERRA, 2006, p. 33).

Carol, logo após o comentário de Ana, destacou que

a escola inclusiva não é aquela que apenas dá acesso. Tem que fazer o aluno se desenvolver, aprender os conteúdos das matérias. Não pode deixar o aluno lá no canto abandonado ou mandar ele ficar fazendo bolinha de crepom. Eu sempre deixava o cadeirante batendo corda. Isso é a mesma coisa que mandar ficar fazendo bolinha de crepom enquanto os outros recortam colar, escrevem. Mas depois que comecei vir nesse Programa vi que isso não é inclusão (fala coletada por meio do R1).

Paulo perguntou para Carol se “então incluir não é só esse negócio de socialização, de estar com os outros?”. A mesma respondeu que

semana passada discutimos isso. Então é fácil de responder. Entendi que incluir é fazer com que os alunos se conheçam sim, se socializem, convivam entre si; afinal a aula de Educação Física tem muito de socialização, mas para incluir acho que nós precisamos dar um jeito de fazer atividades que todos os alunos participem, eles precisam aprender os conteúdos e não só conviver. Na aula de Educação Física a gente só sabe falar que trabalha socialização. Precisamos falar que estamos trabalho as danças, os esportes, as lutas, esses conteúdos. E todos tem que aprender sobre isso, todos precisar dançar, jogar, lutar nas nossas aulas. Coitado do meu cadeirante ele só sabe bater corda (risos). Tô certa ou tô viajando? (Carol).

Carol olhou em minha direção para que eu respondesse e antes que comentasse algo, Sofia acrescentou que

na aula de Educação Física então esse negócio de apenas passear com o aluno está errado. Eu estou excluindo meu aluno deficiente. Preciso pensar em atividades que ele e os outros possam participar. Ainda bem que estou aqui com vocês. Estava fazendo tudo errado (risos). Isso é meio triste, mas também é engraçado perceber que a gente é burro (fala coletada por meio do R1).

Comentei que os participantes estavam fazendo reflexões individuais e coletivas, denotando que estávamos construindo e reconstruindo saberes sobre inclusão. Enfatizei que uma maneira de fazer isso é por meio da avaliação da própria prática, como Carol e Sofia estavam fazendo. Mencionei, ainda, que não existe um jeito certo ou um jeito errado de incluir, que por não sabermos como incluir não podemos menosprezar as nossas próprias práticas e nem as práticas dos colegas professores. O importante é sempre buscar novas fontes de saberes para tentar construir e reconstruí-los. Torna-se inadequado quando os professores têm experiências/formação que os possibilitaria terem práticas inclusivas, mas o fazem pelos mais variados motivos.

Os participantes concordaram e Paulo comentou que era “difícil algum pesquisador falar assim porque eles sempre vêm aqui apontando o dedo para a gente querendo ensinar do jeito deles”. Relatei que, infelizmente, alguns pesquisadores agem assim, mas que esse não era o intuito da minha pesquisa por meio do Programa e ficava lisonjeada por estarem sentindo-se à vontade diante das reflexões desenvolvidas.

Retomando a discussão sobre o que era incluir, citei que o fato de receber o aluno e matriculá-lo, ainda, representa uma forma de inclusão para muitos gestores, professores e até familiares dos alunos. Só que apenas isso não pode ser denominado de inclusão e/ou Educação Inclusiva, como já havíamos discutidos nos encontros anteriores.

Para haver inclusão é necessário que haja aprendizagem e participação social, e isso implica a necessidade de rever os conceitos sobre currículo escolar, englobando, assim, a revisão de todos os componentes da Educação Básica. Afinal, o currículo não pode se resumir apenas aos conteúdos acadêmicos dos componentes curriculares, mas sim a toda e qualquer experiência que favoreça o desenvolvimento de todos os alunos, dentre eles os com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades/superdotação ou transtornos funcionais específicos, dentre outras especificidades.

Paulo relatou que “no discurso é fácil, mas quero ver fazer tudo isso”. Os demais participantes concordaram com Paulo. Como estávamos nos aproximando do final do terceiro encontro, perguntei se poderíamos discutir no encontro subsequente as questões sobre as dificuldades de incluir nas aulas de Educação Física, vinculando isso ao que consta nas teorias/políticas. Ao passo que Ana respondeu,

Olha! Eu acho que já discutimos bastante sobre as dificuldades de incluir, já discutimos um monte sobre o que tem nas políticas, o que uns e outros estudiosos acham que devemos fazer para incluir e até apontamos um monte de coisas que devem ser feitas131. Sei lá! Eu queria saber um pouco mais sobre o que é deficiência,

se esses alunos agitados também são deficientes, se autismo é deficiência. Na verdade eu nem sei o que é autismo. O que vocês acham? (fala coletada por meio do R1).

Os demais participantes concordaram, inclusive, Sofia disse que lembrava que no cronograma tinha um dia que era para discutir sobre as categorizações/tipos de deficiências. Comentei que Sofia estava certa e que poderíamos sim discutir sobre as categorizações de deficiência, mas perguntei o que exatamente eles gostariam que fizéssemos no quarto encontro. Eles responderam que primeiro queriam saber sobre os conceitos de deficiência, bem como os tipos que existem e os cuidados que os professores de Educação Física precisam ter ao ministrarem aulas para estes alunos.

Então, combinamos que no quarto encontro a temática disparadora das discussões e reflexões seriam os conceitos e tipos de deficiência, bem como as questões de diagnósticos. Os dados desse encontro foram coletados por meio do R1 e estão apresentados posteriormente no Quadro 8.

4.4.3 Conceitos e tipos de deficiências versus diagnósticos

Quando perguntei aos participantes do Programa o que eles entendiam por deficiência, os mesmos apresentaram opiniões similares, entendendo, de um modo geral, que deficiência seria a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica, intelecttual, fisiológica ou anatômica da pessoa, citando como exemplo a deficiência física, auditiva, intelectual e visual. Comentaram, ainda, que esta ausência ou disfunção acarreta em limitações para o aluno/pessoa realizar alguma atividade se comparada com aqueles que não as possuem, mas que se for ofertado condições e adaptações conseguirá realizar, o que pode ser observado em algumas das falas dos participantes coletadas por meio do R1 expostas no Quadro 8.