• Nenhum resultado encontrado

TEORIA DO PARADIGMA ECLÉTICO DA PRODUÇÃO INTERNACIONAL

No documento A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE INSTITUCIONAL NAS (páginas 35-38)

Meyer (1998) evidencia que os determinantes do investimento externo podem ser analisados a partir de diferentes perspectivas teóricas e áreas do conhecimento. Segundo o autor as pesquisas analisam o investimento direto externo considerando diferentes unidades, linhas teóricas e abordagens, conforme o quadro 1:

Quadro 1: Teorias do Investimento Direto Externo

Unidade de análise Análise estática Análise Dinâmica

Fluxo financeiro de IDE Abordagem de mercados de capital;

análise macro econométrica.

Análise das taxas de câmbio Localização da produção Teoria de localização; análise

institucional.

Modelo de desenvolvimento;

geografia econômica.

Firmas e competição Visão baseada em recursos; vantagens de propriedade.

Teoria do novo comércio internacional; Teoria dos Jogos.

Escopo das firmas Teoria da Internalização Modelos de processos de

Internacionalização Fonte: Meyer (1998, p. 59).

Os estudos mais recentes reconhecem as características específicas do investimento direto externo, concentrando-se em três questões: localização da produção, as fontes de vantagens específicas da firma e as razões para a integração de diferentes unidades de negócios em uma empresa (MEYER, 1998). Sendo assim, considera-se que a Teoria do Paradigma Eclético possui um melhor poder de explicação dos determinantes do investimento direto externo de empresas multinacionais (MEYER, 1998; WRIGHT ET AL, 2005; AMAL ET AL 2009). Essa Teoria, detalhada a seguir, é utilizada no presente estudo, porque viabiliza a análise da empresa multinacional que realiza investimento direto externo conjugando os conceitos da abordagem institucional com a abordagem dos recursos (RBV). Nesse sentido, entende-se que a empresa multinacional que realiza investimento direto externo em países emergentes busca auferir vantagens de propriedade, localização e internalização.

Dunning (1988) afirma que a escolha do termo ‘eclético’ foi deliberada de forma a evidenciar que a abordagem estava baseada em várias vertentes teóricas e que o investimento direto externo é apenas uma das possibilidades de envolvimento econômico internacional por parte das empresas e que cada qual é determinada por um número de fatores comuns.

Dunning (2001) esclarece que não é uma teoria da empresa multinacional por si só, mas, sim, um paradigma que engloba várias explicações sobre as atividades das empresas envolvidas em atividades transfronteiriças que agregam valor.

As variáveis relacionadas às vantagens específicas da propriedade, algumas vezes denominadas de vantagens competitivas ou monopolísticas, podem ser suficientes para compensar os custos de inserção e operação (DUNNING, 1988; 2001; DUNNING;

LUNDAN, 2010). Podem ser classificados três tipos de vantagens específicas de propriedade:

(a) aquelas que são derivadas da posse ou acesso exclusivo ou privilegiado de algum ativo; (b) aquelas que são normalmente desfrutadas de uma planta de filial; (c) aquelas que são consequência da diversificação geográfica ou da própria multinacionalidade (DUNNING, 1988).

Posteriormente, Dunning (1988) alterou essa tipologia, diferenciando entre a natureza estrutural e transacional da propriedade, onde a primeira é decorrente da posse privilegiada de um ativo e a segunda está relacionada à capacidade da firma de obter vantagens das imperfeições dos mercados pela administração de ativos localizados em diferentes países. O autor considera importante essa distinção em função de que cada tipo irá variar de acordo com as características da firma, dos produtos que produzem, dos mercados que operam e da medida que o processo competitivo é visualizado sob uma perspectiva estática ou dinâmica.

Dunning (1988) observa que há diferentes vertentes teóricas que enfatizam um ou outro tipo de imperfeição do mercado, mas que estes estão inter-relacionados, particularmente em uma situação de mercado dinâmico. De acordo com o autor há um consenso crescente de que as empresas multinacionais bem sucedidas são aquelas que são mais hábeis em nutrir e explorar tanto as vantagens de propriedade de ativos quanto as transacionais.

Dunning (1988) explica que a segunda condição para a produção internacional é que pode haver interesse da empresa multinacional em transferir ativos por entre as fronteiras nacionais e dentro da sua própria organização ao invés de vendê-los ou ceder seu direito de uso a empresas estrangeiras, ou seja, a empresa busca a internalização. Segundo o autor, isso sugere que nesse caso a empresa multinacional entende que o mercado internacional não é o melhor local para efetuar transações de bens ou serviços intermediários. Para ele, as três principais falhas de mercado que justificariam a internalização são as seguintes: (a) aquelas

que surgem do risco e da incerteza; (b) aquelas que advêm da habilidade das firmas em explorar as economias da produção em larga escala; (c) aquelas que ocorrem onde a transação de um determinado bem ou serviço produzem custos e benefícios externos àquela transação, mas que não se refletiriam em termos negociados através das partes envolvidas.

Dunning (1988) evidencia que o desejo de internalizar determinadas transações poderia explicar porque hierarquias ao invés dos mercados externos são usadas como veículos pelas quais as vantagens de propriedade transacional são transferidas por entre as fronteiras nacionais. Ele explica que no caso da exploração de um ativo específico intangível (como uma patente ou marca), as firmas podem escolher entre usar o mercado externo ou não e que é importante diferenciar entre a geração, a aquisição e o uso do ativo. Dunning (1988) concorda com Rugman (1981) que se uma vantagem de propriedade é criada ou torna-se exclusiva de uma determinada empresa, há uma tendência de internalizar seu uso.

As empresas irão se estabelecer no exterior sempre que perceberem que há vantagem em combinar espacialmente produtos intermediários transferíveis produzidos no país de origem (transacionais) ou quando uma determinada localização proporcionar vantagens decorrentes de intervenções governamentais e que não impactam nos custos ou receitas (estruturais) (DUNNING, 1988).

Na linha teórica do Paradigma Eclético (Dunning, 1998), considera-se que os principais motivadores do investimento direto externo são classificados de acordo com quatro projetos:

(a) Acesso a mercado (market seeking): tem por objetivo acesso ou atendimento a um mercado específico;

(b) Acesso à eficiência (efficiency seeking): tem por objetivo a divisão mais eficiente de trabalho ou especialização de um portfólio de ativos externos e internos.

(c) Acesso a recursos (resource seeking): tem por objetivo o acesso a recursos naturais ou a trabalho com baixo custo;

(d) Acesso a ativos estratégicos (strategic asset seeking): tem por objetivo proteger e aumentar as vantagens específicas da empresa ou reduzir a dos seus competidores.

Vieira (2009) comenta que a partir do trabalho de Dunning (1988), pode-se inferir

“que a existência de uma vantagem específica é necessária para a existência da empresa multinacional, e este passa a ser o centro do estudo em negócios internacionais”. Segundo a autora, o foco dos estudos contemporâneos na área de gestão internacional têm se voltado, para a busca da explicação da dinâmica destas vantagens específicas sustentadas por teorias como a visão baseada em recursos.

Considerando o surgimento de novas formas organizacionais e as características contemporâneas do ambiente de negócios, Dunning e Lundan (2008) incorporam a dimensão institucional nos três componentes do Paradigma Eclético, o que envolve uma gama de instituições formais e informais que regem os processos de valor agregado dentro das empresas. As vantagens institucionais podem ser consideradas parcialmente exógenas e endógenas. As primeiras se referem ao impacto das instituições formais e informais do país da empresa ou do país receptor na empresa; a influência endógena é decorrente do empreendedor ou da gestão da atividade, manifestando-se na cultura organizacional ou envolvida nos valores centrais da empresa ou na declaração de missão (DUNNING; LUNDAM, 2010).

Além disso, Dunning e Lundan (2008) propõem que as vantagens de propriedade relacionadas às especificidades do país afetam recursos e competências da empresa multinacional, ampliando, assim, a abrangência da visão baseada em recursos. Para eles, muito do valor econômico é resultado do modo pelas quais as vantagens de propriedade específicas das empresas são criadas e implantadas. Entende-se que para auferir vantagens como empresa multinacional a empresa deve aproveitar:

• Vantagens específicas de propriedade em termos de competências essenciais desenvolvidas na matriz e que são transferidas para as subsidiárias e as competências desenvolvidas nas subsidiárias;

• Vantagens específicas de localização relacionadas ao país receptor do investimento direto externo e especialmente as decorrentes do ambiente institucional do país receptor do investimento direto externo;

• Vantagens específicas de internalização referentes à transferência de ativos por entre as fronteiras nacionais e dentro da própria organização ao invés de vendê-los ou ceder seu direito de uso a empresas estrangeiras

Sendo assim, são apresentados a seguir os principais conceitos da abordagem dos recursos e que estão relacionados às vantagens de propriedade.

No documento A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE INSTITUCIONAL NAS (páginas 35-38)