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O estudo foi desenvolvido na TAP Engenharia e Manutenção Brasil, subsidiária do Grupo TAP, empresa européia com sede em Lisboa, Portugal, que realizou aquisição da subsidiária em 2005. A subsidiária se subdivide em duas unidades de negócios no Brasil localizadas nas cidades do Rio de Janeiro e Porto Alegre. A escolha da empresa como objeto do estudo ocorreu em função desta atender aos requisitos para o alcance dos objetivos propostos no estudo (investimento direto externo realizado por empresa multinacional estrangeira entre os anos de 2000 a 2005) e pela facilidade de acesso aos dados em função do relacionamento da autora com funcionários da organização pesquisada. Para autorizar o estudo foi realizada uma reunião no dia 11/04/2011 com o Vice-Presidente Adjunto de Operações da TAP Manutenção e Engenharia Brasil para a apresentação do trabalho, seus objetivos e outras informações. O Apêndice B apresenta as questões de apoio para contato inicial com a empresa. O estudo foi autorizado no dia 14/09/2011.

A coleta dos dados foi realizada junto aos gestores da TAP Engenharia e Manutenção Brasil e por representantes dos principais órgãos reguladores da empresa. Os gestores da subsidiária que participaram da pesquisa foram indicados pelo Vice-presidente Adjunto de Operações da TAP M&E Brasil. Eles atuam nas áreas de Operações (2), Logística (1), Qualidade (1), Infra-Estrutura (1), Desenvolvimento de Negócios (1), Gestão de Manutenção (2) de acordo com o seguinte:

Quadro 4: Gestores entrevistados Cargo/Área Tempo de

Empresa (TAP Brasil)6

Formação Procedência Base Operacional

Data

Vice-presidente de Operações

2 anos e 3 meses

Engenheiro Mecânico

Portugal Rio de Janeiro/Porto

Alegre

17/11 e 25/11/2011

Vice Presidente Adjunto de

Operações

3 anos e 10 meses

Engenheiro Aeroespacial

Portugal Rio de Janeiro/Porto

Alegre

13/10 e 17/10/2011

Gerente Geral de Garantia da

Qualidade

5 anos Engenheiro Mecânico

Brasil Rio de

Janeiro/Porto Alegre

12/12/2011

Desenvolvimento de Negócios (*)

3 anos Engenheiro Mecânico

Brasil Rio de

Janeiro/Porto Alegre

19/12/2011

Gerente Geral de Manutenção (*)

3 anos e 5 meses

Mecânico Manutenção

Brasil Rio de Janeiro 12/12/2011 Gerente Geral de

Manutenção (*)

5 anos Engenheiro Mecânico

Brasil Porto Alegre 16/11/2011 Gerente de Logística 1 ano e 8

meses

Administração Brasil Rio de Janeiro 28/11/2011 Gerente de

Infra-Estrutura

5 anos Economista Portugal Porto Alegre 29/11/2011 Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se que todos os executivos entrevistados possuem conhecimento e experiência no setor de manutenção e engenharia o que contribuiu para o entendimento das peculiaridades que envolvem o setor de atuação e a empresa. Pode-se destacar, dentre os executivos entrevistados: (1) o Vice-Presidente de Operações que possui mestrado em Engenharia Mecânica e que desde 2001 atua na TAP no setor de engenharia e manutenção;

(2) o Vice-Presidente Adjunto de Operações que atua na TAP desde 2003 e que possui mestrado em Engenharia Aeroespacial; (3) o Gerente de Desenvolvimento de Negócios, oriundo da VEM, que atua na área de aviação e manutenção desde 1987, exercendo diferentes funções; (4) o Gerente Geral de Manutenção da Base Porto Alegre, procedente da VEM, com MBA em Gestão Empresarial, professor em Ciências Aeronáuticas.

As entrevistas foram feitas pessoalmente pela pesquisadora na base operacional de cada entrevistado. Como critério de escolha dos participantes da pesquisa da empresa considerou-se adequado entrevistar funcionários que exercessem cargo de gestão na subsidiária e que dispusessem de informações sobre a trajetória da subsidiária no Brasil a partir da aquisição. Os entrevistados foram indicados pela organização pesquisada em função da sua disponibilidade para a participação na pesquisa. Segundo Flick (2009) a entrevista

6 Os entrevistados assinalados (*) são oriundos da VEM.

individual é recomendada para casos em que as experiências pessoais devam ser detalhadas, o que está alinhado com os objetivos deste estudo.

Na apresentação das falas dos gestores entrevistados da subsidiária, visando manter a confidencialidade e a organização na exposição do trabalho de pesquisa, foram utilizados códigos identificadores: E1; E2; E3; E4; E5; E6; E7; E8.

As entrevistas com os representantes dos órgãos reguladores objetivaram obter um maior conhecimento dos aspectos do ambiente institucional que envolve a empresa objeto do estudo. Foram entrevistados os seguintes representantes dos órgãos reguladores:

• Assessor da Presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC);

• Inspetor Chefe da Receita Federal do Aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre (RECEITA);

• Superintendente da Infraestrutura Aeroportuária do Aeroporto Salgado Filho (INFRAERO);

• Chefe de Serviço de Infraestrutura da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEPAM);

• Coordenador de Relações Institucionais do Ministério do Trabalho no Estado do Rio Grande do Sul no período de 2008 – 2010 (MTE).

O critério de escolha dos entrevistados foi o conhecimento que eles possuem das relações que os órgãos reguladores estabelecem com empresas multinacionaos na sua área de atuação. As entrevistas foram gravadas, transcritas e armazenadas no banco de dados eletrônico do software QSR NVivo versão 9.0. para posterior análise.

4.2.1 Categorias de Análise

Com base no referencial teórico, as categorias de análise foram definidas a priori , assumindo-se as definições elencadas no Quadro 5 para a coleta de dados do estudo.

Quadro 5: Categorias de análise (Continua) Categorias

Analíticas

Definição Subcategorias analíticas Base Teórica Questão no Instrumento Motivações para

IDE

Motivadores do investimento direto externo na Teoria do Paradigma Eclético

Acesso a mercado (market seeking)

Acesso à eficiência (efficiency seeking)

Acesso a recursos (resource seeking)

Acesso a ativos estratégicos (strategic asset seeking)

Dunning (1988) Dunning; Lundan (2008)

Q1; Q4; Q5

Quadro 5: Categorias de análise (Continua)

Modo de

entrada

Arranjo institucional que a empresa adota para entrar ou se manter

em um mercado

internacional que representa a abordagem que a empresa utilizará para a busca de vantagens

Aquisição

Joint Venture

Greenfield

Madhok (1997) Root (1994) Yip; Biscarri;

Monti, (2000);

Chang; Rosenzweig (2001)

Q3

Fontes de

Vantagens Específicas

A internacionalização da firma ocorre pela justaposição de três diferentes fatores, que variam de acordo com o país, a indústria e as características da empresa: a busca de

vantagens de

propriedade,

localização e

internalização

Propriedade

Localização

Internalização

Dunning (1988;

2001); Dunning;

Lundan (2010)

Q7; Q8; Q10

Ambiente institucional

Instituições políticas, instituições econômicas e fatores socioculturais (incluindo normas informais, alfândega, costumes, religião)

Instituições Formais

Instituições Informais

Mudambi; Navarra (2002)

Q9

Qualidade do ambiente institucional

Dimensões que

envolvem as tradições e instituições pelas quais a autoridade de um país é exercida.

Voz e

Responsabilização

Estabilidade Política e Ausência de Violência/Terrorism o

Eficácia do Governo

Qualidade da Regulação

Estado de Direito

Controle da

Corrupção

Kauffmann et al (2010)

Q2

Recursos Ativos únicos e estratégicos que diferenciam dos concorrentes e que constituem a matéria prima de capacidades

Tangibilidade;

Valor;

Raridade;

Imitabilidade;

Substituibilidade

Wernerfelt (1984);

Barney (1991);

Peteraff (1993);

Penrose (1959);

Nelson e Winter (1982); Mills (2001); Mills et al (2003)Hall

(1992;1993); Peng (2001).)

Q13; Q14;

Q16; Q17

Resourcing Reconfiguração de recursos de forma recursiva em um ciclo dinâmico no qual as ações criam um ou mais recursos potenciais, cujo uso, ativam esquemas para ações futuras.

Recursos potenciais

Esquemas

Ações

Feldman (2004). Q23; Q24;

Q25; Q26;

Q27

Quadro 5: Categorias de análise (Conclusão) Path

Dependence

Propriedade de processos dinâmicos, contingentes, não reversíveis, incluindo uma grande variedade

de processos

biológicos e sociais que podem ser descritos como 'evolutivos'

Condições antecedentes

Momentos críticos

Elementos

institucionais e estruturais que contribuem para o condicionamento da trajetória

Sequências reativas

Resultados

David (2000);

Goldstone (1998);

Mahoney (2000);

Hansen (2002);

Torfing (1999);

Scott (2001); Hoff (2008)

Q20, Q21, Q22; Q28;

Q29; Q 30

Capacidades organizacionais

Exploração dos recursos mediante o uso de processos organizacionais para obter um resultado desejado

Básicas

Melhoria das atividades

Estratégicas

Barney (1992);

Amit; Schoemaker (1993)

Collis (1994);

Mills et al (2003)

Q11;Q12; Q15

Competências organizacionais

Recursos organizacionais articulados entre si e que formam a base para a sustentação das vantagens

competitivas atuais ou potenciais.

Competências essenciais

Competências percebidas pelos clientes;

Competências de desenvolvimento de recursos;

Competências para o desenvolvimento de competências.

Javidan (1998) Mills et al (2003)

Q10; Q16; Q30

Competências das empresas multinacionais

Competências organizacionais que se referem às empresas

multinacionais

Não locais

Locais

Específicas

Rugman; Verbeke (2001)

Q6; Q18;Q19

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.2.2 Desenho da Pesquisa

A pesquisa buscou primeiramente identificar as características do contexto interno e externo que envolve a empresa multinacional. Após, procurou-se evidenciar as motivações da empresa multinacional para a realização do investimento direto externo. Os próximos passos foram identificar as fontes das vantagens competitivas e os determinantes do investimento direto externo. No caso das vantagens de localização, buscou-se verificar a importância da qualidade do ambiente institucional do país receptor do investimento direto externo. Após, buscou-se identificar o motivo da escolha do modo de entrada e a configuração inicial dos recursos, capacidades e competências no momento da aquisição. Foi realizada então a análise da trajetória da subsidiária e a identificação dos fatores do ambiente institucional que influenciam a mobilização dos recursos. Por último foi realizada a análise da reconfiguração dos recursos e a identificação de novas capacidades e competências.

Com o intuito de permitir uma melhor compreensão do estudo apresenta-se a Figura 10.

Figura10: Desenho da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

No documento A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE INSTITUCIONAL NAS (páginas 72-77)