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1 A teoria semiótica de Peirce

Antes de tudo, temos que reconhecer que na gênese conceitual de Peirce, Pragmatismo e Semiótica estão juntos. Desse modo, as contribuições da teoria dos signos peirceana no terreno da Ciência da Informação devem pressupor esta relação. Sabemos de antemão que refletir sobre a vinculação da teoria peirceana em Ciência da Informação não é tarefa fácil, considerando-se a dificuldade em se trabalhar com problemas filosóficos que Peirce procurava responder. Esta seção procura expor os conceitos centrais da Semiótica, enfatizando sua interlocução com as noções de conceito científico, signo fundamental e hábito interpretativo essencial para compreender o processo de interpretação dos conceitos.

Para Santaella (2006, p. 13), a Semiótica, na condição de ciência geral dos signos, tem como objeto de investigação “[...] o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção de significação e de sentido”. Para a autora, a Fenomenologia ou doutrina das categorias começa pela abertura para o mundo, sem qualquer julgamento ou pressuposto de qualquer espécie, tendo por primazia,

[...] desenredar a emaranhada meada daquilo que, em qualquer sentido, aparece, ou seja, fazer a análise de todas as experiências é a primeira tarefa a que a filosofia tem de se submeter. Ela é a mais difícil de suas tarefas, exigindo poderes de pensamento muito peculiares, a habilidade de agarrar nuvens, vastas e intangíveis, organizá-las em disposição ordenada, recolocá-las em processo (Santaella, 2006, p. 33). Uma das atribuições da Fenomenologia é a elaboração de categorias universais dos fenômenos, essenciais para a compreensão da taxonomia dos tipos de signos. Segundo Peirce (2000), as categorias correspondem à primeiridade (firstness), a secundidade (secondness) e a terceiridade (thirdness). A primeira categoria de análise compreende as ideias relacionadas ao acaso, caos, incerteza. Na segunda categoria são encontradas as ideias de ação e reação, ou seja, na secundidade ocorre os fenômenos da experiência direta, consciência dupla. A terceira categoria da experiência reúne os fenômenos das outras categorias numa síntese. A terceiridade é entendida como sendo a mediação entre as ideias, inaugura a generalização dos fenômenos ao nível da razão, constituindo o pensamento em signos.

Em termos gerais, signo corresponde a tudo aquilo que permeia o imaginário ou é passível de observação, de deve cumprir os seguintes requisitos:

a) ele é um signo para (to) algum pensamento que o interpreta; b) ele é um signo de (for) algum objeto do qual ele é equivalente naquele pensamento; c) ele é um signo em algum aspecto ou qualidade, o que põe em conexão com seu objeto (Santaella, 2004, p. 51).

Sem essa relação lógica entre os elementos do signo, a noção triádica perde o efeito. A ação do signo é atuar como um signo de outro e para o outro signo, resultando no processo conhecido como semiose. Mas a semiose não deve ser encarado como um produto da mente humana, pois esta ótica é limitada e não corresponde à natureza semiótica da vida dos signos.

Na visão peirceana, a constituição de um signo versa a correlação de três elementos, cuja relação triádica é que constitui o signo perfeito, coexistindo com as três entidades: objeto, signo e interpretante. Silveira (2007, p. 62) expõe que as relações triádicas consistem “[...] nas relações do signo para consigo mesmo, ou relações de representamen; as relações do signo para com seu objeto dinâmico e as relações do signo com seu interpretante final”, em que cada signo se diferencia em razão da relação entre os elementos que o compõe e de sua ação específica.

Entendido como algo que substitui as coisas, isto é, existentes, o signo possui como característica básica o poder de representar as coisas ou objetos. “Mas para que algo possa ser um signo, esse algo deve ‘representar’, como costumamos dizer, alguma outra coisa” (Blikstein, 1995, p. 20). Um equívoco constante é compreender que signo é o elemento que representa o objeto do signo. Na realidade, o signo é a união inseparável das três entidades: objeto, signo e interpretante, sendo que tal relação triádica é que constitui o signo desejável.

A junção dos elementos que compõem o signo formam tricotomias de signos que, quando combinadas segundo o critério de validação, “proporcionam uma divisão dos signos em dez classes, das quais numerosas subdivisões têm de ser consideradas” (Peirce, 2000, p. 55). Na primeira tricotomia, quando um signo dirige-se a si mesmo, ou seja, sua relação com ele mesmo, um signo pode ser classificado em: qualissigno (qualidade do signo), sin-signo (envolve um ou mais quali-signo, pois se restringe em algo ou evento existente e real) ou legi-signo (considerado como uma lei ou convenção geral). Na segunda tricotomia, relação do signo com seu objeto dinâmico, isto é, como o signo o representa, classifica o signo em: ícone (representa seus objetos por semelhança), índice (mantém uma ligação de causalidade ou relação referencial com seus objetos) e símbolo (representa seus objetos por mediação). Por fim, a terceira tricotomia do signo, quanto da relação deste com seu interpretante (na condição de interpretante do texto/pensamento que se produz na mente do receptor), temos a seguinte classificação: rema, dicente e argumento, sendo oriundos do momento da mediação do símbolo em seu interpretante, produzindo uma possibilidade, uma proposição ou signos como argumentação.

Segundo Monteiro (2006, p. 49-50) “[...] a relação triádica em Peirce perpassa a classificação dos signos, pois algo que esteja na secundidade possui também a primeiridade (o inverso não é verdadeiro), e a terceiridade detém ambas”. Portanto, a ação de qualquer espécie de signo é condicionada pela realidade, visto que o signo seria algo que substitui objetos imaginários ou reais. Isto porque a Semiótica de Peirce, de vertente pragmática e realista, “alimenta-se de uma filosofia transcendentalista que vai procurar nos efeitos práticos, presentes ou futuros, o significado de uma proposição, ao invés de ir procurá-lo num jogo de relações internas do discurso” (Coelho Neto, 1990, p. 55). Em outras palavras, não basta apenas relacionar os signos em uma situação de uso da linguagem, mas com as coisas que têm referência.

A representação das coisas na segunda tricotomia dos signos gera o tipo de signo conhecido como símbolo, o qual se relaciona com o problema da noção de conceito científico. Em termos semióticos, o conceito científico é um tipo de símbolo (associações de ideias imputadas a um objeto) e sua interpretação é moldada pela realidade construída socialmente e pela a estrutura fenomênica da realidade que compõe a realidade objetiva. Por esta razão, um conceito científico é uma unidade de conhecimento, pois une os atributos extraídos dos objetos da realidade reconhecidos linguisticamente em um contexto. O conceito científico deve ser compreendido de acordo com o domínio de conhecimento (disciplina, comunidade discursiva, área ocupacional), que subsume a interpretação humana manifestada em um dado contexto social. O homem busca tornar inteligível a realidade que o cerca, em virtude cria signos, significados e elabora conceitos. O conceito é uma etapa semiótica dessa tentativa humana de compreender o mundo. Em um trabalho de análise e reflexão “[...] o homem gera o espaço da subjetividade por intermédio do qual capta e compreende o mundo. Desta forma, ele enquadra e captura seus objetos de análise e, a partir de sua própria perspectiva, realiza sua interpretação, construindo seu próprio conhecimento” (Gomes, 2000, p. 61). Um conceito é o resultado de processos sígnicos de regulação da interpretação, pois tal como o símbolo, há um processo de construção de paradigma semântico. Como o conceito está condicionado às diretrizes contextuais de um campo científico sua interpretação e significado

devem obedecer as disposições da comunidade discursiva. Seguindo a concepção fenomenológica de Peirce (1972), podemos supor que a interpretação dos conceitos em um domínio de conhecimento parte de uma vaga e aleatória hipótese (primeiridade); em seguida, uma ideia inicial relaciona-se a várias outras ideias (secundidade) em um processo dual, cuja associação desencadeia uma regularidade das ideias correlatas que representam um conjunto de fenômenos a serem interpretados pelos intérpretes; e esta regularidade conduz a formação de hábitos (terceiridade) ou constituição do pensamento em signos.

O signo, segundo a visão peirceana, é de caráter geral e não pode ser reduzido a um produto da mente humana, uma vez que:

[...] é um objeto que, de uma parte, está em relação com seu objeto e, de outra parte, com um interpretante, de maneira tal a colocar o interpretante para com o objeto numa relação que corresponde à sua própria relação com o objeto (Peirce, 1972, p. 143).

O relacionamento do signo com o objeto deve considerar dois aspectos. Primeiro, o signo só pode ser afetado pelo objeto imediato, objeto como representado pelo signo. Segundo, tem-se o objeto dinâmico é o objeto como ele é ontologicamente, que sofre a ação de outros objetos dinâmicos em interação.

Na condição de signo simbólico, o conceito científico passa a ser aceito pelo domínio de conhecimento, tornando-se um signo fundamental nas palavras de Thellefsen (2002). Este autor aponta que, enquanto conceito teórico estruturado sob os alicerces da Semiótica de Peirce, o signo fundamental é a estrutura subjacente do domínio de conhecimento. É ele quem fornece o maior potencial informativo (efeito significância) relevante no domínio, ou seja, define o principal conceito científico para a existência e evolução de uma determinada área. Contudo, o nível de conhecimento do sujeito/intérprete e seu contexto social influencia a aceitação dos significados do signo. Conforme argumenta Almeida (2009, p. 300).

Um aspecto essencial da definição de conhecimento no âmbito do domínio é que este resulta de processos de signos que levam à formação de hábitos, sem os quais não seria possível comunicar informação e desenvolver novos conhecimentos. A concepção de conhecimento subentende a existência objetiva de mundo, isto é, manifesta um tipo de realismo.

Por sua vez, o signo fundamental de um domínio de conhecimento é dotado de um efeito de significado mais elevado e catalisador. A concepção desses efeitos explica como determinados signos possuem alta capacidade de relacionar outros signos e formar uma cadeia interpretativa, pressionando conceitos a produzir significados vinculados ao signo fundamental.

Sob esta perspectiva, podemos supor que “informação” é um conceito aglutinador de conceitos correlatos à Ciência da Informação e, por esta razão, carrega um significado superior frente aos demais conceitos científicos que permeiam a área e são derivados deste. Neste processo, a informação, apesar de situar-se na terceiridade devido a seu caráter simbólico possui proeminência relativa na secundidade, pois pode ser tomada como uma ação que provoca reação e que poderá levar ou não à construção de um conhecimento. O conceito de ação refere-se à operação de um agente, encarada em seu desenrolar, em seu resultado. Assim, a ação pode ser entendida como sendo um “[...] sistema de movimentos espontâneos ou intencionais, uma desestabilização do organismo, um emprego determinado de suas forças vivas, com vistas a um prazer ou a um interesse, sob a influência de uma necessidade, de uma idéia ou de um sonho” (Blondel, 1993, p. 23).

Enquanto processo resultante de fatores de ordens diversas, a informação “é, justamente com o espaço, o tempo e o movimento, outra forma fundamental de existência da matéria – é a qualidade de evolução, a capacidade de atingir qualidades superiores” (Zeman, 1970, p. 157). Mas entendemos que as perspectivas peirceanas, apesar de não antropocêntricas, acentuam a premissa de que o sujeito da representação (o signo) não deve ser posto em segundo plano. Pelo contrário, os signos e seus produtores, e não a técnica deve prevalecer na definição de informação.

A informação para a Ciência da Informação é um fenômeno humano (cognição humana) de ordem social (contexto/cultura) com dispositivos comunicacionais. Um argumento fortemente difundido nos debates em Ciência da Informação refere-se à dimensão espacial que a informação assume; característica esta que a torna extremamente dinâmica. Como consequência, a informação pode ser acessada e utilizada fora do seu contexto de criação, o que implica em sua recontextualização – processo constante e complexo. Tal processo, ainda que peculiar, imprime certas particularidades no universo da Ciência da Informação.

O conceito “informação” é relativo e prende-se a outros conceitos de igual complexidade. Diante de tal fato, contextualizar a informação enquanto fenômeno mostra-nos o ponto central dos esforços contemporâneos. Sendo assim, conduzir a Ciência da Informação para a chamada “integração de saberes” incide na aproximação de questões que permeiam a informação.

Na concepção de Azevedo Neto (2002, p. 11), a informação,

É aquele fenômeno em que há não só a produção de um bem simbólico, mas também sua disseminação e consumo, que implica na sua própria reprodução, já que a dimensão espacial é extremamente dinâmica, dentro da sua recontextualização. Vendo aí uma questão de identidade, já que a informação implica em significação [...].

Esta perspectiva evoca, com grande naturalidade, a vinculação do conceito informação às teorias peirceanas, pois em um processo semiótico, o homem utiliza a informação para realizar generalizações e previsões do meio que o cerca. Ademais, enquanto campo representativo de uma ação coletiva, a Ciência da Informação possui fenômenos informacionais que tem como contexto precedente a complexidade, elemento passível de variações.

Não é nossa intenção rediscutir o conceito de informação, mas assumir que seu papel é estruturante para os conceitos dependentes, assim como um signo fundamental para a Ciência da Informação. A despeito da aplicação do conceito de signo e cognição ao contexto humano, devemos salientar que a abordagem peirceana é um sistema filosófico não antropocêntrico. No entanto, devemos ter em mente que a abordagem semiótica não deve ser encarada como uma panaceia para todos os problemas decorrentes da interpretação e evolução dos conceitos, mas nos dá diretrizes para entender como os conceitos funcionam em um sistema teórico, seja na Física ou na Ciência da Informação.

A interpretação de conceitos na Semiótica de Peirce possibilita-nos refletir a respeito da natureza da relação signo/mundo e como esse processo semiótico promove a cognição. Ao construir a tríade das categorias fenomenológicas: primeiridade, secundidade e terceiridade, Peirce acentua momentos importantes da construção do conhecimento, sendo este processo de significação composto pela interpretação do sentimento, da volição e da cognição.

Antes de ser um conceito, o signo passa por estágios de significação. A interpretação do sentimento constitui a percepção imediata (primeiridade), a qual está ligada ao sentimento. Por sua vez, a volição mobiliza a ação interativa que inaugura o processo de diferenciação (secundidade). Este processo se intensifica na comunicação e, como consequência, acarreta na construção de representações do mundo (terceiridade) ou conhecimentos adquiridos. Neste contexto, a cognição decorre do intermédio dos signos e, por esta razão, passa a ser considerada como um processo de interpretação, indicando a natureza semiótica destes processos.

Temos, então, a necessidade de um reposicionamento da maneira de tratar o problema da representação da informação e perguntar: que processos estão implicados na ação do profissional que representa a informação para outros sujeitos? Esses processos envolvem a formação de hábitos nos profissionais e implicam conhecer “[...] as variáveis associadas ao processo de interpretação do especialista responsável pela análise documental de conteúdo em sistemas de informação e documentação” (Almeida, 2010, p. 19).

Sabemos que a concepção de conhecimento na teoria peirceana está subordinada a um tipo de realismo. Tanto o conhecimento quanto os demais objetos dinâmicos são existentes e reais, apesar da natureza simbólica do primeiro e da natureza física do segundo. Sendo assim, devemos supor que um domínio de conhecimento deriva de processos semióticos que levam a formação de hábitos, e estas disposições são indispensáveis para se comunicar a informação e gerar novos conhecimentos.

A formação de hábitos está relacionada ao compartilhamento de metas comuns entre atores de um dado domínio de conhecimento (Thellefsen, 2002). Nesta direção, ao assumir a concepção de hábito e seus dispositivos naturais torna-se possível ampliar à compreensão dos fatores culturais e sociais que determinam os comportamentos mentais de seus profissionais, considerando que “o nível de conhecimento do intérprete e seu contexto social influencia a aceitação do efeito significância do signo” (Almeida, 2009, p. 301).

De modo geral, as variações de interpretação de um conceito em um domínio de conhecimento tendem a ser reduzidas pela ação do hábito empregado pela mente. Na condição de condicionante do processo semiótico, o hábito geral e o hábito do profissional da informação no campo da Ciência da Informação são considerados mecanismos fundamentais da mente guiada pela experiência. A este respeito, Silveira (2007, p. 26) advoga que “não se precisa saber como devem ser todos os signos a que recorre uma inteligência capaz de aprender através da experiência, para que essa inteligência assim proceda e aprenda a sua tarefa de pensar”.

Os hábitos ou tendências adquiridas decorrem envolverem disposições ligadas à mente tais como o raciocínio, o conhecimento e a interpretação. Para Peirce (1972, p. 73) o objetivo do raciocínio é descobrir, a partir da consideração dos conhecimentos adquiridos, algo que não sabemos, isto é, “o raciocínio será procedente se for levado a efeito de tal forma que nos conduza de premissas verdadeiras à conclusão verdadeira, afastadas outras possibilidades”. Esta verdade está ligada a uma tendência relacionada à posição assumida pelo sujeito que assim declara ser verdadeira. Ocorre que, a partir deste movimento mental, o sujeito constrói suas crenças, as quais, segundo o autor, orientam os desejos e dão contorno as ações. Temos, assim, o estabelecimento de uma contínua relação entre desejos, crenças e ações. Os hábitos regulam as ações e formam crenças instituídas, representando o que há de mais especial na inteligência, posto que “onde quer que haja tendência para aprender, processos autocorretivos, mudanças de hábitos, onde quer que haja ação guiada por um propósito, aí haverá inteligência” (Santaella, 1992, p. 79).

Esta premissa defendida pela teoria peirceana evidencia a ligação entre o pensamento e a ação. Em acordo com Polaniy (1966) o conhecimento é o resultado da relação entre o homem e a realidade que se coloca a sua volta. Considerando-se que a experiência sofrida pelo homem é a fonte de seu saber, a interação entre sujeito e mundo externo possibilita uma atividade cognitiva que pode resultar em conhecimento. Neste contexto, o hábito permeia toda e qualquer atividade humana e congrega atos sociais, sendo considerado “tendências adquiridas para comportar-se de forma similar sob as circunstâncias similares no futuro” (Farias, 1999, p. 12). Essa tendência está na forma de disposições que ocultamente balizam o processo de representação da informação no contexto da organização da informação.

Enquanto cadeia interpretativa, o hábito condiciona a ação do ser humano e faz com que o mesmo “[...] mantenha velhas crenças, mesmo depois de adquirir condição de perceber que elas são desprovidas de base sólida. A reflexão permitirá, entretanto, domínio sobre esses hábitos e o homem deve conceder à reflexão o seu peso total” (Peirce, 1975, p. 88). A este respeito, vale destacar que a consciência, entendida aqui como a capacidade de reflexão, possui um grande número de

formas e variedades. Todavia, os aspectos essenciais da consciência são sua natureza interior, qualitativa e subjetiva, sendo que, qualquer tentativa de descrever a consciência mostra-se inadequada, pois “[...] a consciência não é apenas um aspecto importante da realidade. Em certo sentido, ela é o aspecto mais importante da realidade, porque todas as outras coisas só têm valor, importância ou mérito em relação à consciência” (Searle, 2000, p. 82). Acrescentamos que a perspectiva semiótica define a consciência em seu confronto contínuo com a realidade e pode ser representada pelas categorias fenomenológicas.

Embora nem todos os estados conscientes sejam intencionais e nem todos os estados intencionais sejam conscientes, Searle (2000, p. 67) adverte que “[...] existe uma ligação essencial: só compreendemos a intencionalidade em termos de consciência”. Para o autor, a intencionalidade corresponde aquela “[...] característica da mente graças à qual os estados mentais são dirigidos a, ou falam de, ou se referem a, ou apontam para estudos de coisas no mundo”. Então, a intencionalidade é uma característica peculiar da mente, cujo objetivo não necessariamente precisa existir para ser representado pelo estado intencional do sujeito. Assim, a intencionalidade da mente refere-se à capacidade que a mesma tem, por meio de certas habilidades próprias, de representar a realidade.

Mediante o exposto, é válido afirmar que a autocorreção das tendências e hábitos na consciência deve ser um dos aspectos observados nos estudos dedicados à Ciência da Informação, tomando-se como base às contribuições da Semiótica de Peirce.