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A Teoria Geral dos Sistemas emergiu e difundiu-se após a Segunda Guerra Mundial e demonstrou a todos como os países eram mutuamente dependentes e constituíam uma parte de um todo global. Essas indagações acompanhavam os pressupostos apontados nos estudos realizados por Ludwig Von Bertalanffy (1973). Sua teoria apresentou o conceito de sistema aberto e também foi marcada pela possibilidade de aplicação em diversas áreas científicas (MOTTA; VASCONCELOS, 2008). Seus estudos foram um esforço para elaborar princípios gerais que perpassassem todos os ramos do conhecimento (LACOMBE, 2009).

Pela Teoria Geral dos Sistemas, alguns princípios usados pela Biologia poderiam ser aplicados da mesma forma à Física, à Química, à Psicologia, às organizações sociais, dentre outros, variando-se a forma de aplicação conforme características específicas dos sistemas em estudo (LACOMBE, 2009).

O princípio de interação dos sistemas abertos direcionou as grandes áreas de estudo que anteriormente eram altamente fracionados, e elas passaram a ter possibilidades reais de trocas e buscas por bases comuns em suas abordagens. Especialistas de todos os ramos foram alertados sobre a necessidade de estudos interdisciplinares, capazes de olhar um mesmo fenômeno sobre óticas diferenciados e não necessariamente excludentes. Foi observado que muitos dos princípios da

Teoria de Bertallanfy aplicavam-se a várias ciências, na medida em que todas pesquisavam objetos que poderiam ser compreendidos como sistemas, sendo eles físicos, químicos, psicológicos etc. (MOTTA; VASCONCELOS, 2008).

Um sistema é definido, por Bauer (1999, p.45), como “um conjunto de elementos interdependentes, cujo resultado final é superior ao somatório dos resultados que esses elementos teriam caso operassem de forma isolada”. Nessa perspectiva, a Teoria de Bertalanffy surgiu como uma crítica ao mecanismo e reducionismo, ao paradigma reducionista que considerava que os eventos relacionam-se de forma causa-efeito e que se fundamentava no determinismo mecanicista. Essa concepção de causalidade linear é, então, superada, uma vez que os eventos não necessariamente ocorrem, e, sim, expressam uma “tendência a ocorrer”. No livro General system theory (Teoria Geral dos Sistemas), foram apresentados alguns pressupostos e orientações básicas que se fundamentam na Teoria de Bertalanffy (1973), sendo:

- há uma tendência para a interação nas várias ciências naturais e sociais; - tal interação parece orientar-se para uma teoria dos sistemas;

- essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não do conhecimento científico, especialmente nas ciências sociais;

- desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do objetivo da unidade da ciência;

- isso pode levar a uma integração muito necessária na educação científica (BERTALLANFY, 1973, p.62)

As teorias supracitadas dissertavam, ainda, em relação à natureza dos sistemas: esses podem ser classificados como fechados ou abertos. No primeiro caso, os sistemas são isolados do ambiente em que estão inseridos. No segundo caso, os sistemas desenvolvem uma dinâmica de troca com o ambiente e entre sistemas, desenvolvendo um contínuo fluxo de entradas e saídas. Pelo enfoque sistêmico, os elementos que constituem o sistema, suas principais características, seus relacionamentos e seu grau de organização definem sua complexidade, da qual se define como a aptidão do sistema em adotar um variado número de estados ou comportamentos (LIBONI; MARTINS; MARTINELLI, 2009). O enfoque sistêmico é uma abordagem organicista, em que o todo é formado pela sinergia das partes interdependentes, em permanente interação, mantendo relação com o ambiente, sendo tanto por ele influenciado, como o influenciando (BAUER, 1999; MORGAN, 1996).

Paralelo à abordagem de Bertalanffy (1973), no contexto científico, começou a surgir uma nova disciplina, a Cibernética, introduzida por Wiener em 1948. A Cibernética surgiu com o intuito de oferecer uma teoria que permitisse observar o problema da complexidade organizada que aparecia em todos os níveis de organização natural, física, biológica ou social (AUN, 2012).

Tendo como base os princípios da Teoria Geral dos Sistemas com foco no contexto social, evidencia-se que é o processo de comunicação que torna o sistema integrado e é por meio do controle que seu comportamento pode ser regulado. Bertalanffy (1973) conceitua a Cibernética como uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação, transferência da informação entre o sistema e o meio e dentro do sistema, e do controle, retroação da função dos sistemas com respeito ao ambiente. Bauer (1999) diz que a Cibernética representa um processo de transformação de informação que visa à consecução de ações. Assim, a Cibernética funde-se à teoria dos sistemas tendo como fundamento a comunicação.

As pessoas e as famílias fazem parte de sistemas abertos, ou vivos, que estabelecem relações íntimas e entrelaçadas que não permitem sua compreensão por parte de seus elementos isolados. Os sistemas e subsistemas interagem com reciprocidade, circularidade, uma contínua troca de informações e, consequentemente, em uma relação de influências (ANTON, 2012). Toda essa interação envolve os mecanismos de comunicação e tornam-nas complexas. O mesmo aparece nas empresas, também caracterizadas como sistemas abertos.

As considerações interdisciplinares apresentadas pela Teoria Geral dos Sistemas e as contribuições da Cibernética oferecem forte motivação e amparo epistemológico para a pesquisa aqui apresentada. O ponto de partida é o princípio da relação entre sistemas e subsistemas, devendo-se compreender que o foco desse estudo está no sistema familiar, de um lado, subsistema conjugal e no sistema empresarial; de outro lado, o subsistema sócio. A partir daí, analisar as interações e trocas estabelecidas intra e entre esse complexo interativo, que é a realidade de vida dos casais que atuam em uma sociedade empresarial.

Para um maior aprofundamento dos assuntos ligados à temática da pesquisa, fica evidente a necessidade de melhor compreensão das características presentes

nas teorias sistêmicas voltadas tanto para os sistemas familiares, quanto para os organizacionais, apresentados a seguir.