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Terapias de substituição: possibilidade de um tratamento eficaz

COMPULSORY TREATMENT OF DRUG ADDICTS VERSUS HARM REDUCTION POLICY: IN WHICH PREVAILS HUMAN RIGHTS?

6. Terapias de substituição: possibilidade de um tratamento eficaz

A Terapia de substituição se fundamenta na máxima de que a abstinência e reincidência andam juntas, e uma vez que é oferecida ao dependente químico a opção do uso de uma droga menos agressiva, a possibilidade de aos poucos o vício ser abandonado com totalidade é maior, além da redução dos efeitos nocivos tanto no indivíduo como na sociedade.

A referida terapia, que por seu turno faz parte da política de redução de danos, baseia-se no tratamento de drogas pesadas utilizando-se de substâncias psicotrópicas que apresentam efeitos colaterais reduzidos, como a Cannabis (maconha), quando comparadas ao crack e outras similares. Conquanto os estudos acerca do assunto ainda se mostram insipientes, tendo em vista a ilegalidade do uso de algumas dessas substâncias52.

Outros estudos apontam o uso da ayahuasca, bebida psicoativa derivada das folhas de Psychotriaviridis, no tratamento da dependência. O uso da bebida se faz presente em três religiões brasileiras: a Barquinha, o Santo Daime, e a União do Vegetal. Ocorre que em 2010 o consumo da referida bebida só foi regulamentado para fins religiosos e não terapêuticos53.

Contudo quanto ao crack, que é a cocaína na forma de cristal, ainda não há

substâncias aptas para serem usadas na terapia, desse modo também há de se investir em pesquisas de modo que se possibilitem as terapias de substituição neste campo.

Conclusão

Considerando os aspectos apresentados, acredita-se que não há como suprimir a internação compulsória, todavia somente deve-se lançar mão desta como último recurso a ser usado, quando os outros meios não foram suficientes e o usuário de drogas se encontra com quadros de psicose que oferecem risco a si próprio e às outras pessoas, pois

52 MACRAE E.; GORGULHO, M. "Redução de Danos e Tratamento de Substituição Posicionamento da Reduc (Rede Brasileira de Redução de Danos)", Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 52, set-out 2003, pp.371-374, p. 2. Disponível em: http://www.neip.info/downloads/t_edw8.pdf. Acesso em: 26 jun. 2017.

53MERCANTE, M. S. "A ayahuasca e o tratamento da dependência", Rev. Mana, Rio de Janeiro, v.19, n.3 Dec. 2013. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132013000300005>. Acesso em: 26 jun. 2017

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a política higienista não pode estar acima da proteção dos Direitos Humanos dos dependentes químicos.

Assim, defende-se neste estudo que uma razoável alternativa reside em investimentos na política de redução de danos somada às ações educacionais que visem apagar o estigma de criminoso, que existe sobre os usuários, estimulando as pessoas a enxergá-los como doentes, o que, consequentemente, gerará um maior aceite da sociedade com relação às terapias de substituição que devem fazer parte de um programa que inclui, ações destinadas à reinserção do paciente na sociedade como cidadão dotado da dignidade que deve ter, oferecendo-lhe suporte psicológico e material, para que as causas que o levaram ao vício fiquem num passado que não mais o assombre.

Sendo assim, a política de saúde mental no Brasil deve estar pautada na observância dos Direito Humanos, e para tanto o respeito à liberdade sem desproteger o indivíduo se faz fundamental.

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