• Nenhum resultado encontrado

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.2 TIPO DE PESQUISA

O estudo aqui proposto é uma pesquisa de campo cujos dados orais e escritos foram coletados em uma Escola Pública Regular de Ensino da cidade do Recife-PE. A escola regular de ensino Liceu de Artes e Ofícios, hoje, chamada, Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios chama a atenção por sua história e tradição, por suas boas referências e peculiaridades; assim como, por seu público diversificado.

As pesquisas sociolinguísticas são de base empírica, desenvolvidas a partir de dados linguístico efetivamente produzidos em contextos reais de comunicação.

Nesse âmbito, foi imprescindível o conhecimento do grupo social, mas, para chegar a esse grupo, foi preciso do contato com os indivíduos, mais especificamente, dos informantes que nos forneceram os dados. De acordo com Coelho et al (2015), uma quantidade pequena, mas representativa da comunidade é o que importa. Assim, cabe ao investigador ter em mente que os informantes selecionados devem ser representativos da comunidade de fala a que pertencem.

Na pesquisa de campo, alguns procedimentos devem ser seguidos quanto à definição do universo da amostra e ao tamanho e estratificação da amostra. Na definição do universo da amostra, precisamos saber qual é a comunidade de fala que desejamos investigar e quais as suas particularidades, já que a definição da comunidade de fala a ser investigada vai se refletir na maneira de selecionar os informantes (COELHO et al, 2015).

Em relação ao tamanho da amostra, ainda de acordo com Coelho et al (2006), as pesquisas sociolinguísticas têm apontado que não há necessidade de amostras tão grandes para se analisar fenômenos variáveis, dado que, em virtude de não estar sujeito à manipulação consciente, o uso linguístico é mais homogêneo do que o comportamento humano acerca de outros fatos.

No que diz respeito à estratificação da amostra, as dimensões sociais relevantes para a variação precisam ser consideradas, já que vão se refletir na constituição das células sociais, ou seja, no tamanho e na constituição da amostra. É LPSRUWDQWH HOXFLGDUPRV TXH ³FpOXOD VRFLDO´ p R ³FRQMXQWR GH LQGLYtGXRV DJUXSDGRV pelas mesmas características sociais relevantes para a análise de fenômenos de YDULDomRHPXGDQoDOLQJXtVWLFD´ &2(/+2HWDOS 

Na montagem das células, as características sociais devem seguir critérios de estratificação social relevantes para o estudo sociolinguístico, dentre eles: escolaridade, idade, nível socioeconômico, sexo, etnia, região de origem. De modo a garantir a representatividade da amostra, recomenda-se cinco por célula. Caso não atinja esse número mínimo ideal de informantes, a cautela na análise dos resultados estatísticos relativos aos fatores sociais deve ser ainda maior (COELHO et al, 2006).

Por ser uma amostra probabilística, cujos resultados podem, depois, ser projetados para a comunidade de fala como um todo, a orientação a ser seguida para localizar informantes com as mesmas características é a randômica, isto é, a aleatória.

Além disso, na pesquisa de campo sociolinguística, é recomendado o uso de uma ficha social para cada informante, a fim de registrar dados de identificação,

informações relativas ao contexto da entrevista e/ou outras informações que o pesquisador julgar relevantes.

Para coletar dados mais fidedignos, Labov (2007) sugere a gravação da entrevista individual, a partir de narrativas de experiências pessoais, a fim de verificar como as pessoas falam quando não estão sendo sistematicamente observadas. O entrevistador, nas pesquisas sociolinguísticas, deve esforçar-se para neutralizar a força inibidora da sua presença e do gravador; assim como ter cuidado com as interferências no momento em que o entrevistado está discorrendo sobre algum assunto.

De acordo com Coelho et al  S  ³FROHWD GH GDGRV LQWHUHVVDQWH p DTXHODTXHFRQWHPSODSURGXo}HVGHIDODHGHHVFULWDGHXPPHVPRLQIRUPDQWH´Indo na direção da afirmação da autora, coletamos dados de fala e escrita de um mesmo aluno.

5.2.1 Panorama do campo de coleta e do público escolar

Tendo em vista a importância de entendermos a trajetória do campo de coleta e a realidade sociocultural atual da comunidade, contextualizaremos, de forma aleatória, esse ambiente em que os informantes estão inseridos.

5.2.1.1 História da escola12

O colégio, sede da coleta, representa a conclusão de um sonho delineado por um grupo de carpinteiros que visavam à formação de uma entidade com fins de ³EHQHILFrQFLD H LQVWUXomR´ FULDGD HP  Qo bairro da Madalena. Em 1841, elaboraram os estatutos, instalaram a Sociedade Auxiliadora da Indústria e do Comércio e ofereceram aulas de geometria, desenho e francês ao público.

Algumas vezes, a sociedade precisou mudar de sede. Passou pela Igreja de São José do Ribamar, Rua Direita e Rua da Imperatriz como Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais, até, finalmente, ter seu edifício construído na Praça da República, e inaugurado como Liceu de Artes e Ofícios em 1880.

A sociedade pernambucana, de 1881 a 1932, empenhou seu idealismo nas obras do Liceu e, seguramente, esses podem ter sido os melhores anos para a instituição. Durante esse período, o Liceu conquistou uma biblioteca rica na história pernambucana do século XIX, uma coleção de quadros a óleo feitos por Augusto Rooth e Teles Júnior e um gabinete de peças de história natural.

Do quadro de alunos do Liceu, fizeram parte Sergio Teixeira Lins de Barros Loreto e Agamenon Sergio de Godói Magalhães ± ambos ex-governadores do Estado ± e a escritora Clarisse Lispector, entre outros. O historiador Francisco Augusto Pereira da Costa foi um de seus professores, e o artista Abelardo da Hora e o gravurista Samico ministraram oficinas e cursos na instituição.

Por causa de divergências existentes entre os artistas e mecânicos que objetivavam manter a linha tradicional e os liberais que queriam transformar o Liceu numa Escola de Belas Artes, a instituição, com a vitória dos liberais, mudou seu rumo. Nove anos mais tarde, o Liceu acabou com a carpintaria, a marcenaria, a serralheria e a tipografia.

Na luta para evitar a desapropriação do Liceu pelo então prefeito do Recife, Miguel Arraes, o diretor Agripino de Barros Falcão recorreu à reitoria da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) em 1961, que concordou em receber a transferência do Liceu e garantiu mantê-lo. Assim, instituiu-se uma nova fase. Os cursos de contabilidade e datilografia foram criados e os cursos de desenho arquitetônico e mecânico foram reabertos. Em 1976, foi celebrado o convênio entre a Universidade e a Secretaria de Educação cuja cooperação administrativa e pedagógica atende a diversas comunidades da cidade e da região metropolitana.

Em 12 de fevereiro de 2007, o Liceu, por meio do acordo entre a Secretaria de Educação e a UNICAP, passou a funcionar no complexo que acomodava, anteriormente, o Colégio Nóbrega. O espaço reservado ao Liceu foi o Edifício Francisco Xavier, e a outra parte, denominada Palácio da Soledade, foi ocupada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). No local, também situa- se o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, primeiro no mundo, tombado pelo Patrimônio Histórico Artístico Nacional. A partir de 2008, houve o convênio da escola Liceu com o Estado de Pernambuco.

Atualmente, o Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios localiza-se no centro da cidade do Recife, no bairro da Boa Vista. Esse bairro possui uma boa infraestrutura, fácil acesso a transportes coletivos, conta com um forte comércio local, como shopping,

mercados públicos, bancos e diversos estabelecimentos de modo geral, concentra centros culturais, como o Museu do Instituto Histórico, o IPHAN, o Museu Arqueológico, e congrega universidades, como a UNICAP e a Faculdade de Direito. (PVXPDR/LFHXILFDQR³FRUDomR´GDFLGDGHGR5HFLIH

5.2.1.2 Estrutura física escolar

A estrutura física apresenta-se bem completa, ou seja, 17 salas de aula, sala multiuso, biblioteca, laboratório de informática, auditório, secretaria, diretoria, sala da coordenação Pedagógica e de Estágios, sala dos professores, sala de psicologia, sala de orientação educacional, sala da coordenação do Fé e Alegria, cozinha, sala da coordenação do Mais Educação, refeitório, 72 Sanitários (boxes), portaria, banco de livros, 2 quadras, campo de futebol, estacionamento e guarita.

5.2.1.3 Programas e parcerias

A escola conta com alguns programas de auxílio e complementação curricular, como aulas do Programa Mais Educação, e da parceria com a UNICAP que desenvolve projetos como Integrando Conhecimentos e Promovendo Ações de Cidadania, Jovens Comunicadores do Liceu e Projeto Catavento (Fundação Fé e Alegria). Esses projetos contribuem para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra com mais facilidade, além dos serviços de Atendimento Psicológico, Orientação Educacional e do apoio da Coordenação Disciplinar. Ademais, a escola também é dos polos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID).

5.2.1.4 Público escolar

Atualmente13, o corpo discente da escola possui 1061 alunos. Seu público é

proveniente, em sua maioria, por alunos do próprio bairro, de bairros vizinhos e da região metropolitana. A escola atende a crianças e adolescentes de diversas camadas

sociais, oriundas de escolas públicas e privadas, o que aumenta sua responsabilidade enquanto instituição formadora.

A escola trabalha com as seguintes modalidades de ensino: Ensino Fundamental ± Ciclo II (6º ano ao 9º ano), que funciona no turno da manhã, e Ensino Médio, que funciona no turno da tarde. Do total de mais de mil alunos, 521 estão matriculados no Ensino Fundamental e 540, no Ensino Médio. São 13 turmas de Ensino Fundamental (três turmas de cada série com uma média de 40 alunos em cada uma delas) e 12 turmas do Ensino Médio (quatro turmas de cada série com uma média de 45 alunos, também, em cada uma delas). O corpo docente é formado por 24 professores, desses 22 são efetivos e 2, contratados. Em 2015, o Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios recebeu o prêmio de melhor Gestão Escolar da Região Norte do Recife, superando 12 escolas referências que participaram da avaliação.