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Os instrumentos técnicos que operacionalizaram a pesquisa foram a pesquisa de campo (entrevistas), o bibliográfico e o documental. Esse delineamento metodológico foi composto para garantir o alcance dos objetivos do estudo, uma vez que, enquetes envolvendo as áreas de comunicação e política têm exigido técnicas e procedimentos híbridos. No tocante ao primeiro instrumento, “(...) o pesquisador vai a campo buscando ‘captar’ o fenômeno em estudo a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes” (GODOY, 1995b, p. 21).

O trabalho de campo teve início no segundo ano do doutoramento, o que resultou em duas viagens em 2014. A primeira foi à Brasília, no mês de julho, e a segunda viajamos à São Paulo, em novembro do mesmo ano. Assim sendo, no Distrito Federal, visitamos a Biblioteca da Presidência da República, com o intuito de coletar documentos da época, como também entrevistamos seis fontes (Quadro 09), que trabalharam em setores distintos na SECOM/PR, no período Lula. Em São Paulo, foi a vez de conversar com Ricardo Kotscho, o primeiro Secretário de Imprensa do governo estudado. Segundo Gil (2008), em se tratando de pesquisa de campo, basicamente se desenvolve por meio de entrevistas com informantes para apreender explanações e compreender os fatos.

Por conseguinte, o recurso metodológico utilizado, na abordagem pessoal e via Skype, foi a entrevista em profundidade, que possibilitou explorar o assunto “a partir da busca de informações, percepções e experiências de informantes para analisa-las e apresenta-las de forma estruturada” (DUARTE, 2006, p. 62). As entrevistas realizadas nos formatos presencial e e-mail duraram, em média, uma hora, o que permitiu fornecer “dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e sua situação” (GASKELL, 2008, p. 65). Os relatos presenciais foram gravados e se desenrolaram de maneira livre e agradável, sendo guiados por questões abertas, não estruturadas, que conversavam com os propósitos da tese.

Para melhor compreender como se deu a abordagem aos entrevistados, inicialmente, todos foram provocados a falar livremente a respeito das suas experiências no trabalho de comunicação da Presidência. A partir das falas mais

significativas, procuramos elaborar e aprofundar novas questões dentro dos vieses enaltecidos pelos respondentes, considerando seus conhecimentos e vivências. Esse formato permitiu o acesso às várias memórias de maneira bastante fluída. Assim, as entrevistas seguiram o modelo de tipologia aberta, ou seja, não houve sequência predeterminada de questões ou parâmetros de respostas. Sobre essa tipologia, o escritor Jorge Duarte atesta que

tem como ponto de partida um tema ou questão ampla e flui livremente, sendo aprofundada em determinado rumo de acordo com aspectos significativos identificados pelo entrevistador enquanto o entrevistado define a resposta segundo seus próprios termos, utilizando como referência seu conhecimento, percepção, linguagem, realidade, experiência. Desta maneira, a resposta a uma questão origina a pergunta seguinte e uma entrevista ajuda a direcionar a subsequente. A capacidade de aprofundar as questões a partir das respostas torna este tipo de entrevista muito rico em descobertas (DUARTE, 2006, p. 65).

No curso natural das elucubrações e do processo de amadurecimento da tese, fomos percebendo a necessidade de aprofundar os questionamentos. Por isso, novas indagações foram surgindo, sendo inevitáveis, portanto, os movimentos de conversar com os já entrevistados e com outros personagens, que foram sendo descobertos ao longo da pesquisa. Essa decisão pode ser compreendida, se levarmos em consideração que o início da pesquisa de campo se deu no segundo ano do doutoramento. Dentro dessa acepção, Duarte (2006) lembra que, quando necessário, é preciso entrevistar mais de uma vez a mesma fonte para complementar, verticalizar ou reflexionar novas questões.

Na segunda abordagem, optamos novamente pela entrevista. Essa decisão foi pertinente para aprofundar resultados obtidos anteriormente. Logo, desenvolvemos um questionário estruturado (Apêndice A) com doze perguntas abertas para o conjunto de informantes. Todos receberam o rol de perguntas por e-mail, entre os anos de 2015 e 2016, porém apenas alguns responderam. A escolha pelo questionário justifica-se pelo fato da maioria dos entrevistados morar em outras regiões do país e para não dedicarmos tanto tempo na transcrição das entrevistas e fazermos as análises mais rapidamente.

Outra deliberação, foi trazer para a discussão pontos de vistas mais contundentes sobre a comunicação da Presidência no período estudado. Essa medida angariou críticas de cinco estudiosos que costumavam, naquela época, acompanhar

as determinações políticas do presidente Lula. Entre as pessoas questionadas estão Gustavo Gindre, Maria José Oliveira, Murilo Ramos, Marcos Dantas e Laurindo Leal Filho (Lalo). Todos receberam, por e-mail, breve questionário contendo três perguntas (Apêndice B), indagando-os sobre a estratégia de comunicação do governo, os principais alicerces da comunicação pública (diálogo, participação e comunicação com a sociedade) e, por último, a prática da comunicação da Presidência.

A pesquisa bibliográfica foi também um dos instrumentos utilizados para levantar as publicações existentes. Segundo Stumpf (2006), trata-se de identificar, localizar e obter a bibliografia pertinente sobre o assunto. Uma vez que havíamos definido os temas chaves da pesquisa, identificamos livros, artigos e teses que integram e margeiam o campo do estudo. Nas buscas iniciais, constatamos que a respeito de políticas e estratégias de comunicação, no que tange à Presidência da República, independentemente do governo, não existe praticamente nada publicado. Durante consulta às bibliografias, revisamos a literatura buscando aprofundar os conceitos-chaves e suas relações. Esses exames ajudaram na formação do quadro teórico e conceitual, como também, alicerçaram as reflexões na etapa de análise dos dados coletados. Logo, a pesquisa bibliográfica coloca “(...) o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto” (LAKATOS; MARCONI, 2012, p. 44).

Outra técnica empregada foi a pesquisa documental, pois trata de “(...) um recurso que complementa outras formas de obtenção de dados, como a entrevista e o questionário” (MOREIRA, 2008, p. 272). Segundo Gil (2008, p. 45), “(...) a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”. Deste modo, o contato com os profissionais da SECOM/PR, que trabalharam no governo Lula, e as constantes pesquisas na internet permitiram angariar fontes diversificadas. Assim, parte dos documentos analisados foram indicados e cedidos pelos próprios entrevistados (alguns do acervo particular) e outros descobertos na internet.

Os documentos granjeados são fontes importantes porque oferecem dados de como era o trabalho de comunicação da Presidência, além de serem indicados para pesquisa de natureza histórica. Vale ressaltar que adquirimos documentos internos da SECOM/PR, que podem ser considerados fontes inéditas (nunca foram analisados) e, outros, fontes já publicadas (conteúdos organizados). Deste modo, à medida que fomos captando material para a pesquisa, e, estabelecendo contatos preliminares com

os documentos, percebemos que a segunda gestão do governo Lula oferece mais conteúdo sistematizado do que a primeira.

Seguindo os critérios estabelecidos pelos autores Moreira (2006) e Eco (2001), classificamos os documentos da seguinte maneira:

Quadro 11: Fontes inéditas e publicadas

Fontes Inéditas Fontes Publicadas

Textos Esparsos II, sobre comunicação de governo 2004 - 2010 (arquivo pdf Comunicação na SECOM - Sobre II).

Publicação Brasil 2003 a 2010 (impresso e digital).

COMUNICAÇÃO COM A SOCIEDADE – Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (arquivo doc LEGADO SECOM final Corrigido).

A Política de Comunicação de Governo (Palestra Ministro Gushiken, no Fóruns do Planalto) (pdf)

Manuscrito do Ministro Gushiken sobre Comunicação Pública, 04/2005 (arquivo doc). (Anexo A).

Mensagem ao Congresso Nacional dos anos 2004 a 2010.

Roteiro palestra do Ministro Gushiken para o III Seminário Internacional Latino- Americano de Pesquisa em Comunicação (ALAIC), na USP (arquivo doc).

Entrevista de Lula concedida à Emir Sader e Pablo Gentili no livro Lula e Dilma (capítulo O necessário, o possível e o impossível) (digital)

SECOM PR Relatório de Gestão 2007- 2010 (arquivo doc).

Matéria: Os oito princípios da comunicação pública, segundo o ministro Gushiken (digital) Manuscrito Comunicação Pública, a

experiência de um núcleo da Presidência da República. Autores: Jorge Duarte e Armando Medeiros (arquivo doc).

Entrevista de Luiz Gushiken à Revista CENP (SECOM rompe barreira e estimula nova etapa nas relações com o mercado publicitário).

SECOM e Comunicação Pública Abrapcorp 2 (arquivo ppt).

Caderno 1ª Confecom

Conferência Nacional de Comunicação (arquivo pdf)

Breve carta de princípios Ricardo Kotscho (arquivo doc).

Artigo Venício Lima

O que aconteceu com as propostas da Confecom? (digital).

Decretos que normatizam a comunicação da Presidência da República (arquivo pdf).

Comunicação Social

(Palestra Ministro Franklin Martins, no Ciclo de Palestras e sistematizada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos) (arquivo pdf).

Principais atividades do Núcleo de Comunicação – 2009 (arquivo pdf).

Palestra do Ministro Franklin Martins, proferida no Seminário Mídia e poder: a construção da vontade coletiva. No auditório do Ipea, em Brasília, ano 2008 (arquivo pdf).

Livro No Planalto com a Imprensa (impresso).

Fonte: elaborado pela pesquisadora, 2016.

Como pode ser observado, no quadro anterior, as interações com os entrevistados e as persistentes procuras por conteúdos permitiram achar documentos, que apoiam substancialmente a investigação. Destacamos, por exemplo, a publicação

Brasil, 2003 a 2010 que traz um balanço do governo Lula, abordando os principais

eixos da sua gestão, e, o anuário Mensagem ao Congresso Nacional, no qual o poder executivo descreve os feitos do ano corrente e as atividades planejadas para o ano seguinte. Desse modo, os materiais inéditos e publicados (Quadro 11) trouxeram mais subsídios para o alcance dos objetivos da tese. Outra contribuição, fruto do diálogo com os profissionais da época, foram as indicações de publicações recentes e pretéritas sobre o governo Lula e assuntos correlatos, que enriqueceram a pesquisa bibliográfica.