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Tipologia e âmbito dos IGT

No documento Direito e Processo Administrativo (páginas 45-48)

O MINISTÉRIO PÚBLICO NA JUSTIÇA ADMINISTRATIVA

1. Urbanismo e instrumentos de gestão territorial

1.2. Tipologia e âmbito dos IGT

Ao nível nacional

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT)

Aprovado pela Lei n.º 58/2007, de 4 de setembro, é um instrumento de natureza precetiva ou programática, que define os objetivos de médio e longo prazo a alcançar em áreas estruturantes do território nacional, concretizando as opções definidas no plano nacional de desenvolvimento económico e social, contendo as grandes linhas orientadoras do modelo de organização espacial a prosseguir.

Foi mantido em vigor pela norma transitória do artigo 77.º da nova Lei de Bases Gerais (Lei n.º 31/2014) até à sua alteração ou revisão.

Planos de política setorial

São instrumentos de programação ou de concretização das diversas políticas com incidência na organização do território – políticas de desenvolvimento económico e social com incidência espacial –, estabelecendo, entre outros aspetos, a articulação da política setorial em causa com os demais instrumentos de gestão territorial aplicáveis, e assim determinando o respetivo impacte territorial. Por exemplo, o Plano setorial da Rede Natura 2000 (PSRN 2000) é um instrumento de gestão territorial, de concretização da política nacional de conservação da diversidade biológica, visando a salvaguarda e valorização dos sítios e das ZPE do território continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas. Na sua essência, é um instrumento para a gestão da biodiversidade.

A elaboração dos Planos setoriais, determinada por despacho do ministro competente em razão da matéria, é da competência das entidades públicas que integram a administração direta ou indireta do Estado.

Planos Especiais de Ordenamento do Território (PEOT)

Enquadram-se nos planos a nível nacional, mais porque a sua elaboração é da competência do Governo, sendo determinada por resolução do Conselho de Ministros.

Mas o seu âmbito territorial, em rigor, é regional, pois abrangem áreas definidas, nas quais ocorrem as características especiais que visam salvaguardar.

Os PEOT assumem as seguintes as tipologias: - Planos de Ordenamento de Áreas Protegidas;

- Planos de Ordenamento de Albufeiras de Águas Públicas; - Planos de Ordenamento da Orla Costeira;

- Planos de Ordenamento de Parques Arqueológicos; - Planos de Ordenamento dos Estuários.

Ao nível regional

Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT)

Traduzem de modo mais concretizado e para um espaço geográfico regional, as opções constantes do PNPOT, estabelecendo as orientações para o ordenamento do território regional tendo em conta as perspetivas de evolução económica e sociocultural.

Os Planos Regionais de Ordenamento do Território (PROT) são da responsabilidade das Comissões de Coordenação Regional e revestem a forma de Resolução do Conselho de Ministros.

Fazem a articulação entre os planos regionais e os planos municipais, abrangendo à área de dois ou mais municípios vizinhos que, pela sua interdependência, necessitam de coordenação integrada. São de elaboração facultativa, e podem ser Planos Diretores Intermunicipais, Planos de Urbanização Intermunicipais, Planos de Pormenor Intermunicipais.

Ao nível municipal

São planos que envolvem apenas um município e são aprovados, por proposta da Câmara Municipal, pela Assembleia Municipal.

Plano Diretor Municipal (PDM)

Abrangendo a totalidade do território do Município e baseado na estratégia de desenvolvimento municipal, define a estratégia de desenvolvimento económico e social do território local, a classificação básica dos solos como urbanos ou rurais, e os parâmetros elementares de ocupação e uso do solo.

Considera a implantação dos equipamentos sociais e desenvolve a qualificação dos solos, estabelecendo o respetivo uso e edificabilidade.

É o mais importante instrumento de gestão territorial, sendo obrigatória a sua elaboração desde a década de 1990.

Este tipo de plano tem vindo a tornar-se essencialmente urbanístico, especialmente na falta de planos de urbanização ou de pormenor, mas, ainda assim, importa não esquecer que este é um dos mais relevantes instrumentos de ordenamento do território.

Plano de Urbanização (PU)

É um instrumento exclusivamente urbanístico, que define as regras e limitações a que se sujeita todo ou parte significativa de um espaço urbano ou urbanizável, no interior de uma dada circunscrição administrativa municipal, tendo por fim a correta ordenação e expansão de um aglomerado urbano.

Plano de Pormenor (PP)

O PP define com detalhe o uso e a edificabilidade de qualquer área delimitada do território municipal.

Pode respeitar quer a parte do perímetro urbano, quer a parte do perímetro rural, e estabelece, de forma detalhada, a disciplina jurídica que regerá o aproveitamento urbanístico desse espaço geográfico.

Todos os IGT vinculam a Administração, mas nem todos vinculam diretamente os particulares, ainda que sempre sejam suscetíveis de afetar a posição dos particulares, na medida em que, pelo menos de modo indireto, todos podem implicar um condicionamento aos seus direitos.

Só os planos de âmbito local são diretamente vinculativos para os particulares. Os restantes constituem parâmetros de atuação apenas para as entidades públicas.

Em princípio, o PNPOT, os PROT, os Planos sectoriais, e os PIOT apenas vinculam entidades públicas, ao passo que os planos municipais vinculam quer estas, quer particulares.

No caso dos planos regionais, defendia-se por exemplo, na vigência da primeira versão do PROT- Algarve, que o plano vinculava diretamente os particulares.

Após a revisão, dificilmente se poderá defender essa vinculação direta dos particulares, porque o PROT-Algarve revisto ficou com uma natureza fortemente programática (até na forma, deixou de ser um articulado).

No documento Direito e Processo Administrativo (páginas 45-48)