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Os tipos de Enrocamentos e a terminologia corrente para a sua designação são referidos seguidamente com o objectivo de permitir a sua caracterização para efeitos de controlo, não sendo por isso dadas as definições no sentido científico e académico como normalmente são apresentadas.

Os materiais rochosos naturais encontram-se "in situ", sob a forma de grandes massas, que são genericamente designadas por maciços rochosos, constituindo entidades bastante complexas e variadas e que se caracterizam pelas suas Composições Litológicas e de Estrutura.

Composição litológica - constitui o tipo de rocha, a sua textura, o seu grau de alteração, fissuração, etc.

Estrutura - são os acidentes tectónicos como as falhas e diaclases e outras ocorrências, como por exemplo, os planos de estratificação e contactos entre diferentes tipos litológicos.

Maciço rochoso - é a ocorrência à superfície ou próximo da superfície da crosta terrestre, de materiais provenientes da solidificação do magma, de lavas vulcânicas ou da consolidação de depósitos sedimentares, tendo ou não, sofrido transformações metamórficas. Estes materiais apresentam elevada resistência somente modificável por contactos com o ar ou a água em determinadas circunstâncias.

A exploração dos materiais rochosos para enrocamentos a utilizar numa obra deve ter em conta, desde logo, todos estes factores, pois eles influirão no tipo e quantidade de material, nas condições de exploração e, condicionarão o comportamento futuro do material aplicado em obra. Por estas razões, deverão ser efectuados, em fase de projecto, reconhecimentos geológicos de superfície e que, serão complementados com adequados trabalhos de prospecção "in situ" e de caracterização em laboratório. Se estes trabalhos não forem efectuados em fase de projecto deverão ser efectuados durante a execução da empreitada, sendo para isso, estipuladas em Caderno de Encargos as especificações necessárias a serem seguidas pela Entidade Empreiteira e supervisionadas pelas equipas de controlo de qualidade.

Seguidamente abordam-se alguns tipos de rochas mais comuns fazendo-se referência às suas características, ao seu comportamento e aos estudos considerados mais pertinentes para as conhecer.

Rochas sedimentares

As formações deste tipo são bastante frequentes no País. São essencialmente formadas por aluviões, calcário lacustre e aluviões arenosos e argilo arenosos.

Os materiais gresosos são materiais que utilizados em obra se comportam como materiais terrosos, visto que se desagregam mais ou menos facilmente e são bastante sensíveis à presença da água.

31/233 Os materiais argilosos porque em contacto com a água se plastificam não são aconselháveis. Em obras marítimas quase nunca são utilizados, excepção feita aos filtros que deverão ter detritos de pedreira argilosos.

Os materiais calcários são constituídos essencialmente por carbonato de cálcio (calcite) e/ou carbonato de cálcio e magnésio (dolomite) e por impurezas. Se estas últimas forem em percentagem muito elevada, o comportamento do enrocamento sai naturalmente prejudicado.

As impurezas de natureza argilosa definem o carácter margoso dos calcários, os quais, se a percentagem ultrapassa determinado valor, se designam por margas. Os minerais de natureza argilosa têm uma influência decisiva na resistência mecânica e na sensibilidade à água.

O quartzo ocorrendo em alguns calcários (calcários gresosos) só por si não degradará as características mecânicas do material e pela sua elevada resistência quer ao desgaste quer à meteorização pode mesmo conferir ao calcário melhores características.

Rochas metamórficas

Estas rochas são muitas vezes de natureza xistosa, com diversos graus de metamorfismo encontrando-se xistos argilosos, ardósias e mecaxistos.

A principal característica destes materiais rochosos é a existência de foliação muito marcada devida aos minerais filitosos, ou seja, uma estrutura estratificada, característica que lhes confere uma anisotropia muito acentuada ou, por outras palavras, um comportamento diverso consoante a direcção considerada. A coesão é menor segundo as superfícies de foliação, sendo por isso, a rocha mais facilmente desagregada por essas superfícies, mesmo nas rochas sãs, pelo que, a sua utilização em obras não é muito aconselhável.

Rochas ígneas ácidas

Neste tipo estão incluídas as rochas graníticas que são rochas ígneas granulares (uma textura formada por grãos) contendo quartzo, feldspato e minerais ferro-magnesianos. Os granitos quando sãos, constituem um óptimo material para enrocamentos pois a existência do quartzo confere-lhes propriedades de dureza e resistência adequadas a esta utilização. O seu comportamento, todavia, é determinado pelo estado de alteração aquando da extracção.

Igualmente importantes para o comportamento dos enrocamentos graníticos é a presença, ou não, de materiais argilosos, resultantes de anteriores alterações, processadas durante a longa existência da rocha "in situ". A alteração deste tipo de rochas é mais vulnerável quando existe a mica negra (biotite). Nesta rocha é também vulgar o aparecimento de zonas diversas de alteração, coexistindo lado a lado, o que obriga ao estabelecimento de critérios quantitativos para a separação entre os estratos. A absorção da água à velocidade de propagação dos ultra sons e a resistência à rotura são parâmetros adequados para esse fim.

Rochas ígneas básicas

Neste tipo incluem-se as rochas sem quartzo livre, ou seja, sem que este mineral apareça duma forma individualizada na textura da rocha. Os gabros, dioritos, doleritos

32/233 e basaltos são englobados nesta classificação de rochas que possuem feldspatos/calcitos e um ou vários minerais ferromagnesianos.

Estas rochas apresentam grande diferença de comportamento quando são perfeitamente sãs, pois são das rochas mais resistentes e estáveis. Sendo rochas, normalmente, de porosidade e permeabilidade muito baixas têm uma fissuração muito reduzida sendo, todavia, rochas que exigem cuidados especiais de controlo pois sofrem alterações ao longo da sua formação (milhares de anos) que conduzem ao aparecimento de minerais argilosos formados a partir dos minerais primários. Os minerais ferro-magnesianos conduzem a que os minerais de alteração sejam muitas vezes de tipo expansivo (aumento de volume) quando as rochas são extraídas da sua jazida. Aliviadas das pressões de confinamento, produzem-se desagregações bastante rápidas devido à expansão daqueles minerais argilosos quando em contacto com a água.