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Tramitação da ação executiva

No documento DOUTORADO EM DIREITO São Paulo 2012 (páginas 128-138)

CAPÍTULO 5 – A RECENTE DESJUDICIALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO

5.5 Tramitação da ação executiva

não observância dessas orientações, bem como das leis, portarias e regimento interno da Câmara dos Solicitadores, a CPPE pode instaurar processos disciplinares, cuja procedência pode implicar penas de suspensão à expulsão do profissional. Ela também deve decidir questões relacionadas aos impedimentos e suspeições do agente de execução.

5.5 Tramitação da ação executiva

Neste tópico tentar-se-á fazer um breve resumo sobre o procedimento executivo desjudicializado, utilizando-se, em regra, a sequência de fases apresentada pelo Código de Processo Civil português. Pretende-se dar ênfase aos trâmites que sofreram efetiva mudança com as reformas, mas não se deixará de apontar os demais atos, para que seja possível transmitir a noção do “todo”, ou seja, começo, meio e fim da execução realizada pelo agente de execução português.

Não custa lembrar que será feito o devido “corte” mencionado na introdução, ou seja, tão somente será detalhado o procedimento da execução para pagamento de quantia certa. Registra-se, rapidamente, que os outros tipos de execução sofreram poucas alterações, apesar de serem realizadas pelo agente de execução. Assim, na execução para entrega de coisa certa, nos termos do art. 928 do CPC português, o executado é citado para fazer a entrega ou apresentar sua oposição no prazo de 20 dias. Já na execução para obrigação de fazer, nos termos do art. 933 do CPC português, o executado é citado para realizar suas obrigações ou apresentar sua oposição no prazo de 20 dias, sendo cientificado de que o credor pode i) requerer a prestação por outrem, sendo devidos então os valores despendidos com tal providência (em se tratando de obrigação fungível) ou ii) exigir indenização pelos danos sofridos pela não realização da prestação pelo próprio executado (em se tratando de obrigação não fungível).

criminal proceedings, providing appropriate sanctions where abuse has taken place. 7. State-employed enforcement agents should have proper working conditions, adequate physical resources and support staff. They should also be adequately remunerated. 8. Enforcement agents should undergo initial and ongoing training according to clearly defined and well-structured aims and objectives”. Disponível em: <https://wcd.coe.int/wcd/ViewDoc.jsp?Ref=Rec(2003)17&Language=lanEnglish&Site=CM&BackColorInternet =DBDCF2&BackColorIntranet=FDC864&BackColorLogged=FDC864>. Acesso em: 13 maio 2011.

Para a elaboração dos tópicos a seguir, além do próprio Código de Processo Civil português, foram consultadas as obras de José Lebre de Freitas333, Miguel Teixeira de Sousa334, Eduardo Paiva e Helena Cabrita335 e Fernando Amâncio Ferreira336, além dos sites da Câmara dos Solicitadores337 e da Comissão para a Eficácia das Execuções338.

5.5.1 Requerimento executivo

O requerimento executivo é apresentado ao tribunal por via eletrônica, mediante o preenchimento e submissão do formulário específico constante do site

<http://citius.tribunaisnet.mj.pt>. Excepcionalmente, se o exequente não constituir advogado, tal formulário pode ser impresso e protocolado na secretaria judicial. Há previsão de multa no caso do não cumprimento do quanto estabelecido, ou seja, envio do requerimento impresso e assinado por advogado.

Quando a entrega do requerimento executivo e dos documentos que o acompanham (obrigatoriamente a cópia do título executivo, judicial ou extrajudicial) é realizada por meio eletrônico, o exequente é dispensado de juntar aos autos os originais. Tal dispensa não prejudica o dever de guardá-los e exibi-los sempre que determinado. Se não for utilizado o sistema eletrônico, e sim o convencional, a parte deve apresentar os originais.

O requerimento executivo deve obedecer ao modelo aprovado pela Portaria no 331- B/2009, de 30 de março, e conter os requisitos elencados no nº 1 do artigo 810º do CPC: identificação das partes; indicação do domicílio profissional do mandatário judicial; designação do agente de execução; indicação do fim da execução (pagamento, obrigação de fazer ou entrega de coisa); exposição sucinta dos fatos que fundamentam o pedido, quando não constarem do título; formulação do pedido; declaração do valor da causa; liquidação da

333 FREITAS, José Lebre de. A execução executiva – depois da reforma da reforma. 5. ed. Coimbra: Coimbra, 2009.

334 SOUSA, Miguel Teixeira de. A reforma da acção executiva. Lisboa: Lex, 2004.

335 PAIVA, Eduardo; CABRITA, Helena. O processo executivo e o agente de execução. 2. ed. Coimbra: Coimbra, 2010.

336 FERREIRA, Fernando Amâncio. Curso de Processo de Execução. 12. ed. Coimbra: Almedina, 2010. 337 Disponível em: <http://www.solicitador.net>. Acesso em: 13 maio 2011.

obrigação ou escolha da prestação, quando for o caso; e requerimento de citação prévia ou dispensa dela, nos casos em que é admissível.

Ademais, o requerimento deve estar acompanhado da cópia ou do original do título executivo, do comprovante do pagamento da taxa judiciária inicial, além de estar assinado e escrito em língua portuguesa. Sendo obrigatória a constituição de advogado, em razão do valor da causa, o requerimento deve estar acompanhado de procuração (a falta pode ser suprida, nos termos da lei).

Facultativamente o exequente deve indicar, no requerimento executivo, os bens do executado suscetíveis de penhora, a eventual existência de ônus ou encargos incidentes sobre eles e outras informações úteis ao êxito da execução.

O agente de execução indicado recebe o requerimento eletrônico ou físico, conforme o caso, mas de qualquer forma deve cadastrar as informações no site do tribunal. O agente realiza a primeira análise dos requisitos formais do requerimento executivo e, ao observar alguma irregularidade, deve recusá-lo, informando os motivos ao tribunal e ao mandatário do exequente, sempre por via eletrônica.

Além da manifestação sobre a regularidade formal, pode o agente de execução, em 5 dias a contar da data do recebimento do requerimento, declarar que não aceita a designação feita pelo credor – sem qualquer fundamentação –, o que é imediatamente informado para designação de outro agente, também em 5 dias. Caso o credor não a realize, a secretaria deve indicar o agente substituto, segundo a escala constante da lista fornecida pela Câmara dos Solicitadores.

5.5.2 Início do processo executivo

Em regra, não há citação prévia do executado. Assim, desde que não tenha havido solicitação expressa de citação prévia à penhora, o agente de execução inicia as primeiras consultas e diligências e procede a penhora nos casos referidos no artigo 812º C do CPC, ou seja, nas execuções baseadas em a) sentença judicial ou arbitral; b) requerimento de

injunção339 no qual tenha sido aposta a fórmula executória; c) documento exarado ou autenticado por notário ou documento particular com reconhecimento de firma do devedor, de acordo com o valor e notificação prévia, nos termos da lei; d) qualquer outro título de obrigação pecuniária vencida, de acordo com o valor e bem indicado à penhora.

O agente de execução recebe o requerimento executivo e o analisa. Em casos específicos, dispostos no artigo 812º-D do CPC340, o agente de execução deve enviar o requerimento executivo por via eletrônica para despacho liminar. O juiz de execução, então, pode proferir um dos seguintes despachos: i) indeferimento liminar, quando ocorra alguma das situações previstas no nº 1 do artigo 812º-E do CPC341; ii) indeferimento parcial, especificamente quanto à parte do pedido que exceder os limites constantes do título executivo; iii) convite de aperfeiçoamento, por meio do qual o juiz convida o exequente a suprir as irregularidades do requerimento executivo ou a sanar a falta de pressupostos; iv) determinação de citação prévia do executado para, no prazo de 20 dias, pagar ou opor-se à execução, quando o processo deva prosseguir.

Em outros casos específicos, em que se verificar uma das situações descritas no nº 2 do artigo 812º-F do CPC342, o agente de execução deve efetuar desde logo a citação prévia do executado, independentemente de despacho liminar.

339 A injunção é um processo pré-judicial implementado pelo credor contra o respectivo devedor tendente à criação de um título executivo no caso da omissão de oposição quando da realização de uma notificação pessoal para pagamento. Não há intervenção de um órgão jurisdicional – trata-se de um ato de um secretário de justiça. Se não conduzir à “fórmula executória”, o processo converte-se em ação de declaração. Assemelha-se à nossa ação monitória, embora ela seja um processo judicial. COSTA, Salvador da. A injunção e as conexas acção e

execução: processo geral simplificado. 6. ed. Coimbra: Almedina, 2008. p.165.

340 Art. 812-D do CPC português: “O agente de execução que receba o processo deve analisá-lo e remetê-lo electronicamente ao juiz para despacho liminar nos seguintes casos: a) Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário; b) No caso dos nºs 2 e 3 do artigo 804º; c) Nas execuções fundadas em acta da reunião da assembleia de condóminos, nos termos do Decreto-Lei nº 268/94, de 25 de outubro; d) Nas execuções fundadas em título executivo, nos termos da Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro; e) Se o agente de execução duvidar da suficiência do título ou da interpelação ou notificação do devedor; f) Se o agente de execução suspeitar que se verifica uma das situações previstas nas alíneas b) e c) do nº 1 do artigo 812º-E; g) Se, pedida a execução de sentença arbitral, o agente de execução duvidar de que o litígio pudesse ser cometido à decisão por árbitros, quer por estar submetido, por lei especial, exclusivamente a tribunal judicial ou a arbitragem necessária, quer por o direito litigioso não ser disponível pelo seu titular.”

341 Art. 812-E, 1, do CPC português: “Nos casos previstos no artigo anterior, o juiz indefere liminarmente o requerimento executivo quando: a) Seja manifesta a falta ou insuficiência do título; b) Ocorram excepções dilatórias, não supríveis, de conhecimento oficioso; c) Fundando-se a execução em título negocial, seja manifesto, face aos elementos constantes dos autos, a inexistência de factos constitutivos ou a existência de factos impeditivos ou extintivos da obrigação exequenda que ao juiz seja lícito conhecer.”

342 Art. 812-F, 2, do CPC português: “Nos processos remetidos ao juiz pelo agente de execução para despacho liminar nos termos do artigo 812º-D, há sempre citação prévia, sem necessidade de despacho do juiz: a) Quando,

Como a regulamentação da citação prévia ou sua dispensa, à primeira vista, é bastante complexa, faz-se um breve esclarecimento. A regra estabelece que a penhora seja realizada antes da citação. Há lugar para a citação prévia do executado nas seguintes situações: i) quando o exequente o requerer expressamente e tratar-se dos casos previstos no artigo 812º-C do CPC; ii) quando o agente de execução tiver o dever de remeter o processo para despacho liminar, mas simultaneamente verificar-se uma das situações previstas no nº 2 do artigo 812º- F do CPC; iii) quando o processo for remetido para despacho liminar e o juiz determinar seu prosseguimento, ou seja, após o despacho liminar de citação do executado. Em qualquer situação, a citação é realizada pelo agente de execução – por meio de carta, diligência, via eletrônica (tratando-se de entidades cadastradas) ou, excepcionalmente, edital.

5.5.3 Oposição à execução

O executado pode opor-se à execução no prazo de 20 diasa contar da data da citação, seja ela efetuada antes ou depois da penhora. A oposição à penhora cumula-se com a oposição à execução se não houver citação prévia. Quando a matéria da oposição for superveniente, o prazo começa a correr a partir do dia em que ocorra o fato ou dele tenha conhecimento o opoente.

A oposição corre em apenso ao processo de execução – que em regra é apenas virtual – e deve ser endereçada ao juiz de execução competente para julgá-la, no prazo máximo de 3 meses. Ela deve ser encaminhada por meio do site <http://citius.tribunaisnet.mj.pt> ou, excepcionalmente, protocolada na secretaria da execução.

Os fundamentos de oposição à execução variam conforme o título executivo que serve de base à execução, se i) sentença judicial ou injunção, ii) arbitral ou iii) outros títulos. Tratando-se de execução de sentença judicial, a oposição só pode ter algum dos seguintes fundamentos, nos termos do artigo 814º, nº 1, do CPC português:

em execução movida apenas contra o devedor subsidiário, o exequente não tenha pedido a dispensa da citação prévia; b) No caso do nº 4 do artigo 805º; c) Nas execuções fundadas em título extrajudicial de empréstimo contraído para aquisição de habitação própria hipotecada em garantia; d) Quando, no registo informático de execuções, conste a menção da frustração, total ou parcial, de anterior acção executiva movida contra o executado.”

a) Inexistência ou inexequibilidade do título;

b) Falsidade do processo ou do traslado ou infidelidade deste, quando uma ou outra influa nos termos da execução;

c) Falta de qualquer pressuposto processual de que dependa a regularidade da instância executiva, sem prejuízo do seu suprimento;

d) Falta ou nulidade da citação para a acção declarativa quando o réu não tenha intervindo no processo;

e) Incerteza, inexigibilidade ou iliquidez da obrigação exequenda, não supridas na fase introdutória da execução;

f) Caso julgado anterior à sentença que se executa;

g) Qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação, desde que seja posterior ao encerramento da discussão no processo de declaração e se prove por documento. A prescrição do direito ou da obrigação pode ser provada por qualquer meio;

h) Tratando-se de sentença homologatória de confissão ou transacção, qualquer causa de nulidade ou anulabilidade desses actos.

No caso de execução de sentença arbitral, são fundamentos para a oposição os previstos no artigo mencionado acima, bem como aqueles que poderiam justificar uma anulação judicial dessa decisão. Se a execução for de qualquer outro título, podem ser alegados quaisquer outros fundamentos que possam ser invocados no processo declaratório.

A oposição é indeferida liminarmente pelo juiz, através de despacho, i) quando tiver sido deduzida fora do prazo, ii) quando o fundamento não se ajustar ao tipo de título executivo ou iii) for manifestamente improcedente.

Se for recebida a oposição, o exequente é notificado para contestar dentro do prazo de 20 dias, seguindo-se uma espécie de procedimento sumário de ação declaratória. A falta de contestação leva à aplicação dos efeitos da revelia. A procedência da oposição à execução extingue a execução, no todo ou em parte.

Sendo o caso de citação prévia do executado, o recebimento da oposição só suspende o processo de execução se o opoente prestar caução. Não havendo citação prévia, o recebimento da oposição suspende o processo de execução, sem prejuízo do reforço ou da substituição da penhora. A execução suspensa prossegue se a oposição ficar parada por mais de 30 dias em razão de negligência do opoente em promover os seus atos.

Sendo julgada procedente a oposição à execução sem que tenha tido lugar a citação prévia do executado, o exequente responde pelos danos causados e incorre em multa correspondente a 10% do valor da execução, ou da parte que tenha sido objeto de oposição.

Cabe recurso de apelação das decisões que ponham termo à oposição deduzida contra a execução ou contra a penhora. As decisões interlocutórias proferidas nesses incidentes deverão ser impugnadas no recurso que venha a ser interposto contra a decisão final. Recentemente o recurso de agravo foi eliminado do sistema jurídico português.

5.5.4 Consulta do “registo informático de execuções” e penhora

O “registo informático de execuções” é uma espécie de banco de dados do tribunal, cuja gestão compete ao agente de execução – inserção, retificação e eliminação de dados –, onde são disponibilizadas todas as informações necessárias à realização da penhora, nomeadamente os processos de execução pendentes contra o executado, os declarados findos ou suspensos, bem como a lista dos bens já penhorados do seu patrimônio. O resultado da consulta desse registro deve pautar a conduta do agente de execução.

i) Quando outras execuções contra o mesmo devedor tiverem terminado sem integral cumprimento, o agente de execução prossegue com as diligências prévias à penhora, acessando as bases de dados dos vários serviços e registros343 para localização de bens, comunicando o resultado ao exequente – que poderá realizar diligências próprias. Caso não sejam encontrados bens, a execução extingue-se imediatamente (art. 832, nº 3, CPC). O arquivamento sumário da execução visa, de forma célere e simplificada, colocar termo a uma execução sem viabilidade – a qual será, então, incluída na “lista pública de execuções”344;

343 O agente de execução procede à consulta direta, sem necessidade de despacho judicial, das bases de dados da administração tributária, da segurança social, dos registros cíveis, de imóveis, de atividades comerciais, de automóveis, entre outros, por meio dos sistemas eletrônicos disponibilizados pela Portaria nº 331-A/2009, de 30 de março.

344 Com base na Portaria n. 313/2009, esclarece-se: a lista pública de execuções é uma lista eletrônica, disponibilizada na Internet através do endereço <http://www.tribunaisnet.mj.pt>, com informação sobre execuções frustradas, ou seja, que tenham terminado com pagamento parcial ou por inexistência de bens penhoráveis. Da lista pública de execuções constam o nome e dados de identificação do executado; o valor da dívida; os dados do processo executivo; a indicação sobre a razão da extinção, se por pagamento parcial ou inexistência de bens penhoráveis; a data da extinção do processo e a data da inclusão na lista. Extinta uma execução nessas condições, o executado é imediatamente notificado para, no prazo de 30 dias, pagar a quantia devida ou aderir a um plano de pagamento da dívida elaborado por entidade reconhecida pelo Ministério da Justiça, sob pena de o seu nome ser incluído na lista pública de execuções. Garante-se, desta forma, ao executado, uma última oportunidade para cumprir as suas obrigações, evitando a sua inclusão na lista. Se

ii) Quando, ao consultar o registo eletrônico de execuções, o agente de execução verificar a existência de outra execução para pagamento de quantia certa contra o executado, deve verificar se é o caso de remeter o requerimento executivo ao outro processo, para concurso de créditos de bens lá penhorados (art. 832, nº 4, CPC);

iii) Encontrando patrimônio, o agente de execução deve realizar a penhora de bens seguindo, preferencialmente, a ordem prevista no artigo 834º, nº 1, do Código de Processo português – independentemente dos bens indicados à penhora pelo exequente ou do resultado das diligências prévias à penhora:

a) Penhora de depósitos bancários;

b) Penhora de rendas, abonos, vencimentos, salários ou outros créditos se permitirem, presumivelmente, a satisfação integral do credor no prazo de seis meses;

c) Penhora de títulos e valores mobiliários;

d) Penhora de bens móveis sujeitos a registo se, presumivelmente, o seu valor for uma vez e meia superior ao custo da sua venda judicial;

e) Penhora de quaisquer bens cujo valor pecuniário seja de fácil realização ou se mostre adequado ao montante do crédito do exequente.

Quando se presumir que a penhora dos bens indicados nas referidas alíneas não permite satisfazer o credor no prazo de 6 meses, é admissível então a penhora de bens imóveis ou estabelecimentos comerciais. Permite-se, ainda, o reforço ou a substituição da penhora, nos termos definidos nos números 3 a 6 do artigo 834º do Código de Processo Civil português.

Vale observar que, apesar da ordem preferencial, a penhora de depósitos bancários depende de prévio despacho judicial, embora possa ser autorizada desde logo, no despacho liminar. Deferido o requerimento, é o agente de execução quem remete notificações eletrônicas para as instituições financeiras (não há um órgão centralizador), solicitando averiguação de eventuais saldos em contas correntes e, posteriormente, a efetivação da penhora de valores até o limite da execução. Há farta regulamentação sobre a penhora on line no artigo 861º-A do Código de Processo Civil português.

decorrido o prazo o executado não pagar nem aderir a um plano, o agente de execução efetua automática e eletronicamente a inclusão dos dados na lista pública de execuções. O cumprimento da obrigação leva à exclusão do nome da lista pública de execuções. A secretaria do tribunal, de ofício ou a requerimento, pode atualizar ou retificar os dados inscritos nessa lista. São excluídos os registros após 5 anos de inclusão, de forma automática (sem necessidade de qualquer intervenção humana). Comparativamente, o “registro informático de execução” tem o mesmo efeito de publicidade do inadimplemento proporcionado pelo protesto de títulos no Brasil.

A penhora de bens móveis e imóveis realiza-se por comunicação eletrônica enviada pelo agente de execução ao serviço de registro competente. Uma vez inscrita a penhora, a certidão do registro é devolvida, também por via eletrônica, ao agente de execução.

O exercício da função de fiel depositário na penhora de bens móveis não sujeitos a registro compete ao agente de execução – ou pessoa designada por ele – que, para tanto, procede à apreensão e remoção dos bens (artigo 848º do CPC), salvo se o exequente consentir que seja depositário o próprio executado. Caso haja resistência, o agente de execução pode solicitar diretamente o auxílio das autoridades policiais.

Quando houver penhora de bens além do necessário para o pagamento da dívida

No documento DOUTORADO EM DIREITO São Paulo 2012 (páginas 128-138)