• Nenhum resultado encontrado

O desembarque de D. João VI no Brasil, em 24 de janeiro de 1808, foi determinante para o cenário tributário da colônia pela combinação dos seguintes fatores: chegada de considerável número de pessoas (de dez a quinze mil); carência em todas as searas da vida civil, desde estrutura administrativa até saneamento básico e alimentação; somados aos esvaziados cofres da Coroa. Nesse sentido, a expedição de normas no intuito de organizar a colônia incluiu a criação de impostos e a adoção de incentivos fiscais. “Do ponto de vista tributário, novos impostos ou taxas são conhecidos pelos brasileiros a partir da chegada da Família Real portuguesa, uma vez que os tributos perfazem a maneira mais rápida de entesouramento por parte do Estado.”338

O tesouro daquele tempo contemplava a independência econômica das províncias, com exceção do Rio de Janeiro em virtude de sua ligação com a Corte e suas despesas: “Havia autonomia financeira quanto às províncias, estando apenas ligadas diretamente ao Erário Régio as arrecadações relativas à do Rio de Janeiro, sobre a qual recaía o maior encargo.”339 Significa dizer que a tributação também se diferenciava entre as províncias, razão

pela qual a sistematização do arcabouço tributário é bastante complexa e de intrincada compilação, além da expressa vedação de publicidade de dados referentes ao comércio e lucros portugueses.340 Ainda assim, vale examinar os principais diplomas legais relacionados aos tributos no Brasil expedidos nos dois primeiros anos de presença real em solo colonial.

Em 28 de maio de 1808, emitiu-se um Alvará para criar “o imposto de 400 réis por arroba de tabaco de corda do consumo da Bahia”.341 O próprio Príncipe Regente justifica tal

criação porquanto “sendo necessário nas urgentes precisões em que se acha o Estado, estabelecer rendimentos que bastem para a despeza publica, pois que não podem chegar os que se achavam estabelecidos em mui diversas circumstancias”, além de afirmar que os impostos devem ser “da menor oppressão possivel aos meus fieis vassallos” e pela “facilidade

338 AMED, Fernando José; NEGREIROS, Plínio José Labriola de Campos. História dos tributos no Brasil. São

Paulo: Edições Sinafresp, 2000, p. 185.

339 SIMONSEN, Roberto C. História econômica do Brasil: 1500-1820. Brasília: Senado Federal, 2005, p. 537. 340 Ibid., p. 141.

341 BRASIL. Alvará de 28 de maio de 1808. Estabelece o imposto de 400 réis por arroba de tabaco de corda do

consumo da Bahia e do que entrar nesta cidade. In: Colecção das Leis do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 43-44.

e suavidade que resultam dos impostos indirectos”342 Esse imposto incidiria na entrada de

tabaco na Bahia pela alfândega ou por qualquer porto e, também, quando o tabaco saísse da Casa da Arrecadação da Capitania da Bahia.

Já em 11 de junho de 1808 foi expedido um Decreto em que parte da Carta Régia de abertura de portos é revogada. Cuida-se do que “Marca os direitos das mercadorias entradas nas Alfandegas do Brazil e das reexportadas.”343 Na Carta estipulara-se o pagamento de 24%

para a entrada de gêneros secos, e o dobro para os molhados. Para a saída de produtos, o que já estivesse determinado pelas capitanias continuaria vigente. A partir do Decreto, os direitos de entrada passaram a ter alíquota de 16% para os secos e, para os molhados, cobrar-se-ia a terça parte do já estipulado. Se a importação fosse para reexportar, pagar-se-ia 4%, porém, com a ressalva de que este último dispositivo valeria somente para as alfândegas do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Maranhão e Pará. Veja-se, aqui, então um incentivo à importação e exportação de mercadorias, com preferência para os principais portos brasileiros da época.

Um mês mais tarde do estabelecimento do tributo sobre o tabaco, novo imposto surge por meio do Alvará de 27 de junho de 1808 e com a seguinte justificativa:

[...] desejando nas actuaes circumstancias, em que é necessário e forçoso

impor tributos para augmentar as rendas publicas, elevando-as até bastarem para satisfazerem às precisões e despezas do Estado, lançar mão daquelles que

menos gravem os meus fieis vassallos, e em cuja imposição e arrecadação haja a maior justiça e igualdade, certeza e commodidade no tempo do pagamento e a menor vexação possível, e que pesem o menos que ser possa, à agricultura, verdadeiro e o mais inesgotavel manancial da riqueza do Estado [...].344

A décima dos prédios urbanos tinha por princípio incidir sobre o rendimento líquido gerado do aluguel dos imóveis situados em vilas ou cidades, isentos os situados na Ásia e dos pertencentes às Santas Casas de Misericórdia. O Alvará esclarece que os prédios em que o proprietário residisse, ainda assim estaria sujeito à obrigação, pois a Junta do Lançamento arbitraria o valor do aluguel a fim de viabilizar o cálculo e pagamento do imposto. A incidência seria imediata no Rio de Janeiro, devendo ser arrecadado até o fim de dezembro do mesmo ano. Nos demais lugares, incidiria a partir de dezembro. Nos anos seguintes, o elemento temporal consideraria o ano antecedente por base e seria lançado a partir de 6 de janeiro.

342 BRASIL., Alvará de 28 de maio de 1808. Estabelece o imposto de 400 réis por arroba de tabaco de corda do

consumo da Bahia e do que entrar nesta cidade. In: Colecção das Leis do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 43-44.

343 Id. Decreto de 11 de junho de 1808. Marca os direitos das mercadorias entradas nas Alfandegas do Brazil e

das reexportadas. In: Colecção das Leis do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 49-50.

344 Id. Alvará de 27 de junho de 1808. Crêa o imposto da decima dos predios urbanos. In: Colecção das Leis do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p.69-70, grifo nosso.

Mais um mês se passa e, simultaneamente, nascem um novo imposto e um incentivo fiscal em 28 de julho de 1808. O imposto é o de 600 réis por arroba de algodão exportado e vem em Carta Régia. A explicação para a instituição de mais um imposto é a mesma dos anteriores, mas em outras palavras:

Attendendo as indispensaveis e graves despesas que meu paternal cuidado me induz a fazer para defesa, segurança e prosperidade de todos os meus vassallos e para sustentar a integridade e decoro de minha Coroa, não bastando as rendas ordinarias de cada uma das capitanias, em grande parte absorvidas pela sua interna e particular administração civil, ecclesiastica e militar [...].345

Outro fator que levou a tal criação tributária, também explícito na Carta, é que a abertura de portos e exportações liberadas para o mundo teria diminuído a arrecadação, já que essa, antes de 28 de janeiro de 1808, se limitava à cobrança em Portugal. Nesse caso, a Carta Régia é especificamente dirigida ao governador e Capitão Geral de Pernambuco e a cobrança será relativa a todo algodão exportado daquela capitania para quaisquer portos do mundo, devendo a Fazenda pernambucana remeter os rendimentos ao Real Erário. Ao final da Carta Régia, há a informação de que iguais Cartas seriam expedidas na mesma data às Capitanias do Ceará, Pará e Maranhão, que também compunham o conjunto de exportadores de algodão brasileiro.346

Já o incentivo fiscal veio por um Decreto que concedeu isenção de direitos de importação das matérias primas de consumo de uma fábrica de chapéus. Note-se que esse incentivo afronta a generalidade que as normas de Direito devem possuir. Isso porque se dirige tão somente a uma única fábrica de chapéus e a pedido do seu proprietário. Confira-se, na íntegra:

Attendendo ao que me representou José Joaquim de Brito, que estabeleceu uma fabrica de chapéos nesta Cidade e ao proveito que póde resultar do estabelecimento de genero de industria: hei por bem determinar, que todos os

materiaes que vierem de fora, para o uso e consumo da mesma fabrica, sejam isentos, por tempo de seis anos, de todos e quaesquer direitos, que devam pagar

na Alfandega desta Corte; requerendo perante a Mesa da Inspecção, a qualidade e

quantidade de generos de que necessitar, para o referido consumo, que se lhe concederão, á proporção do augmento, que for tendo a dita fabrica, e com a

guia competente, mandada passar pela mesma Mesa, pedira ao Juiz Desembargador da Alfandega a isenção dos direitos na occasião do despacho. A Mesa da Inspecção o tenha assim entendido e faça executar.347

Foi concedida, em janeiro de 1809, nova medida, agora com o fim de evitar a dupla tributação. Cuida-se do Decreto do dia 28, que altera as determinações da Carta Régia prolatada há exatamente um ano: em 28 de janeiro de 1808. A nova disposição torna isentas

345 BRASIL. Carta Régia de 28 de julho de 1808. Crêa o imposto de 600 reis por arroba do algodão exportado.

In: Colecção das Leis do Brazil. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 91.

346 Cf. NOGUEIRA, Octaciano (org.). Obras políticas de José Bonifácio. Brasília: Senado Federal, 1973. 347 BRASIL. Decreto de 28 de julho de 1808. Concede isenção de direitos de importação das materias primas de

consumo de uma fabrica de chapéos. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas

dos direitos de entrada as mercadorias vindas de Lisboa e do Porto, uma vez que lá já tenham pagado impostos.348

Pouco mais de um ano após a já comentada autorização para o livre estabelecimento de fábricas e manufaturas no Brasil, revogando-se o Alvará de 5 de janeiro de 1785, em 28 de abril de 1809, também conforme brevemente mencionado no Capítulo anterior, adveio importante Alvará concedente de diversos incentivos fiscais. A justificativa se associa aos “principios liberaes para o Estado do Brazil, e que são essencialmente necessarios para fomentar a agricultura, animar o commercio, adiantar a navegação, e augmentar a povoação [...].”349 Isenta do pagamento de direitos de entrada as matérias-primas úteis à manufatura,

devendo o fabricante comprovar o uso. Isenta as manufaturas brasileiras do pagamento dos direitos sobre sua exportação, bem como estende tal isenção às manufaturas portuguesas que venham ao Brasil.

Determina, ainda, que as fardas de tropas reais sejam compradas de fábricas do reino, vedada a compra de manufaturas estrangeiras para este fim. Estipula o pagamento de incentivo no valor de sessenta mil cruzados a serem pagos às indústrias que trazem novas máquinas, com especial atenção aos ramos de lã, algodão, seda, ferro e aço. A única contrapartida devida por tais indústrias, seria apenas investir a aumentar a própria fábrica. Os novos inventos também são incentivados por meio da autorização de exclusiva exploração pelo prazo de quatorze anos. Já para a indústria naval, restou diminuída em 50% a tributação de suas matérias-primas nas Alfândegas brasileiras. Assim, um único alvará trouxe institutos completamente distintos, mas que, em essência, possuem o fato de se tratarem todos de incentivos à industrialização da colônia através de subsídios e isenções.

Junho de 1809 trouxe importantes providências de tributação: três alvarás com igual número de tributos. Em 3 de junho, vieram à tona: a décima dos prédios urbanos,350 o direito de sisa351 e a contribuição sobre a carne fresca de vaca.352 A décima dos prédios urbanos, já

348 BRASIL. Decreto de 28 de janeiro de 1809. Declara isentas dos direitos de importação as mercadoria (sic)

estrangeiras vindas dos portos de Lisboa e Porto que ahi tiveram pago o referido imposto. In: Colecção das Leis

do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p.

25-26.

349 Id. Alvará de 28 de abril de 1809. Isenta de direitos ás materias primaz das fabricas e concede outros favores

aos fabricantes e da navegação Nacional. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e

cartas régias – 1809. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 46.

350 Id. Alvará de 3 de junho de 1809. Determina que paguem decima todos os predios urbanos, sejam ou não

situados á beira-mar. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809.

Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 72-73.

351 Id. Alvará de 3 de junho de 1809. Crêa o imposto de siza da compra e venda dos bens de raiz e meia siza dos

escravos ladinos. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio

instituída em 1808, ressurge em 1809 para retirar as isenções antes concedidas aos imóveis situados em local diverso da beira-mar, fundamentada na “necessidade de se augmentarem as imposições, e a de não poderem ficar livres de decima os predios situados fóra de beira-mar, e nas Capitanias interiores”.353 Assim, não se tratou de um novo tributo, mas apenas de ampliar

o campo de incidência de um já existente; houve apenas a retirada de uma isenção dantes concedida.

A contribuição sobre a carne fresca de vaca, tal qual os demais tributos, foi feita para “supprir as necessarias despesas do Estado que se tem augmentado pela mudança das circumstancias [...].”354 Tal contribuição incidia sobre a venda da carne e o próprio Alvará

determina o repasse do tributo aos consumidores. Além disso, diz o Príncipe Regente que a carne tinha um preço moderado, de forma que aumentá-lo um pouco em favor do Real Erário não seria prejudicial. Apesar da opinião do Príncipe, há indício de que o preço da carne fresca não seria assim tão cômodo, porquanto não se fazia abundante no mercado:

A carne fresca era uma raridade. Vinha de longe, de até mil quilômetros

de distância. Viajando por estradas precárias, em boiadas que desciam de Minas Gerais ou do Vale do Paraíba, muitos bois morriam pelo caminho, de fome ou de cansaço.

[...]

Apesar da escassez de carne de gado fresca, a população do Rio de Janeiro tinha uma dieta rica e variada. Era composta por muitas frutas – como banana, laranja, maracujá, abacaxi, goiaba -, peixes, aves, verduras e legumes. O pão feito de farinha de trigo era difícil de achar a e muito caro. A farinha de mandioca ou milho era um alimento usado em toda colônia. Compunha com a carne seca e o feijão o tripé básico da alimentação brasileira.355

Corroborando a ideia de que a carne de fato não era alimento farto,356 em 15 de setembro de 1809, o Príncipe Regente enviou Carta Régia ao governador da Capitania de São Paulo para abolir o imposto de 200 réis, então incidente sobre cada cabeça de gado. Diz a Carta:

Havendo-se feito notavelmente sensivel nos açougues da Capital do Rio de Janeiro a falta de carnes verdes pela diminuição do gado vaccum que desce dessa Capitania, e podendo porventura attribuir-se este inconveniente ao pequeno

imposto que ordenei pela minha Carta Régia do 1º de Abril do corrente anno, pela

352 BRASIL. Alvará de 3 de junho de 1809. Crêa a contribuição de cinco réis em cada arratel de carne frêsca de

vacca. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio de Janeiro:

Imprensa Nacional, 1891, p. 73-74.

353 Id. Alvará de 3 de junho de 1809. Determina que paguem decima todos os predios urbanos, sejam ou não

situados á beira-mar. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809.

Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 72-73.

354 Id. Id. Alvará de 3 de junho de 1809. Crêa a contribuição de cinco réis em cada arratel de carne frêsca de

vacca. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio de Janeiro:

Imprensa Nacional, 1891, p. 73-74.

355 GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,

2007, p. 160-161, grifo nosso.

356 Sobre os hábitos alimentares no Brasil colônia, consultar a respeito CASCUDO, Luís da Câmara. Antologia da alimentação no Brasil. Coleção LTC de estudos brasileiros. Rio de Janeiro: Global editora, 1977.

qual vos autorisei a fazer receber por um determinado tempo no registro de Sorocaba, 200 réis, por cada cabeça que entrasse do gado vaccum, e cavallar, [...] sou servido ordenar-vos que façais immediatamente suspender a recepção deste imposto, que fica como não existente [...].357

A sisa, cuja justificativa para instituição se mantém igual aos acima mencionados, adveio num longo Alvará que determinara duas formas para sua incidência: sobre a transferência de domínio de bens imóveis, com alíquota de 10 %, tendo o valor da compra por base de cálculo; e sobre a compra e venda de escravos ladinos, cuja alíquota seria de 5%, assim entendidos os negros havidos direto da Costa da África e que entram pela primeira vez no Brasil.

Sobre a sisa, é interessante notar que seu recolhimento se fazia condição de validade jurídica do negócio, pois a falta do pagamento da sisa gerava a nulidade da compra e venda, quer do bem de raiz, quer do escravo. Para os tabeliães a penalidade não era menos severa, já que poderiam ser retirados do Ofício. Peculiar à venda de escravo ladino sem pagar a sisa era que, além da nulidade, seriam multados tanto vendedores como compradores. Tais disposições punitivas tinham previsão de aplicação também quando o preço do contrato fosse diminuído para minorar o imposto.358

Mais tarde, “havendo crescido de dia em dia as necessidades publicas pela occurrencia de muitas despezas, que as circunstancias internas e externas teem feito necessarias, sendo preciso estabelecerem-se novos impostos para acudir ás precisões do Estado”,359 instituíram-

se os impostos sobre os papéis selados e sobre as heranças e legados. O imposto sobre papel selado tinha por elemento material a escrituração nos livros Diário e Mestre realizada pelos negociantes, bem como nos livros das Câmaras, Notas de Tabeliães, Irmandades, Confrarias, Assentos de Batismo, Casamento e Óbitos de todas as paróquias; além de escrituras, certidões e procurações públicas e recibos, letras de câmbio e afins. A alíquota era de vinte réis e a base de cálculo era o número de folhas do livro. O selo de Reais Armas era aposto na última folha dos livros ou no próprio documento como prova do pagamento do tributo. A falta do selo tornava nulo o livro ou papel que o deveria conter.360

357 BRASIL. Carta Régia de 15 de setembro de 1809. Manda abolir o imposto sobre o gado vaccum e cavallar

arrecadado no Registro de Sorocaba. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas

régias – 1809. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 149, grifo nosso.

358 Id. Alvará de 3 de junho de 1809. Crêa o imposto de siza da compra e venda dos bens de raiz e meia siza dos

escravos ladinos. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio

de Janeiro: Imprensa Nacional, 1891, p. 69-72.

359 Id. Alvará de 17 de junho de 1809. Estabelece os impostos do papel sellado e das heranças e legados. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio de Janeiro: Imprensa

Nacional, 1891, p. 82-87.

360 Id. Alvará de 17 de junho de 1809. Estabelece os impostos do papel sellado e das heranças e legados. In: Colecção das Leis do Brazil: cartas de lei alvarás decretos e cartas régias – 1809. Rio de Janeiro: Imprensa

O mesmo tributo incidia, ainda, sobre os autos em trâmite nos Juízos, mas com alíquota de dez réis calculada sobre cada meia folha de papel escrito. Nesse caso, o recolhimento se faria antes da sentença, pois sem a quitação não se poderiam fazer os autos conclusos. Ao irem para julgamento, não poderiam os juízes assinar os seguintes atos sem novo pagamento de vinte réis por cada meia folha: cartas precatórias, rogatórias, de inquirição, testemunháveis, de arrematação, sentenças ou formais de partilha. Já a fase de execução judicial igualmente não poderia ser iniciada sem mais um pagamento. 361

O imposto sobre heranças e legados, tratado no mesmo Alvará, tinha por base de cálculo o montante dos bens e a alíquota era de dez por cento. A incidência provinha da transmissão da herança ou legado. A realização do inventário somente era dispensada caso não fosse parente o recebedor dos bens deixados em testamento. Se parente fosse, até o segundo grau, realizar-se-ia o inventário permanecendo a alíquota de décima parte, que dobrava na ocasião de ser o herdeiro parente em grau superior ao segundo.

As punições pela sonegação mantinham-se no mesmo patamar de severidade resguardada aos demais tributos: os tabeliães que deixassem de arrecadar, além de perderam o Ofício, seriam multados com o décuplo do sonegado. Mantinha-se, também, a recompensa de