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percursos e discursos

6. Um tacho na política?

Vários foram os jovens que encontrámos com tachos – ou na política ou ocupando lugares interessantes no mundo empresarial, que cunhas influentes tornaram disponíveis. No entanto, em regra, esses jovens não quiseram ser entrevistados, possivelmente por temerem pôr a descoberto o cozinhado do tacho, revelando arranjos culinários e condimentícios que são o segredo de um bom tacho.

Teodoro é um jovem universitário, 22 anos, filho único. A mãe é professora e o pai director comercial. Estudante de Ciência Política de uma universidade privada, Teodoro começou a trabalhar há ano e meio, numa agência de telecomunicações pertencente ao grupo empresarial onde o pai trabalha. Foi através de uma cunha do pai que conseguiu a ocupação, o que mostra que família e mercado de trabalho são instituições reguladoras dos processos de distribuição de posições sociais na estrutura social.

Tinha lá uns conhecimentos e foi assim, era um trabalho que me despendia pouco tempo (...). Aliás, é só ao fim-de-semana. Dá algum jeito. Pronto, e é atendimento ao público.

E porque é que decidiste ir para lá?

Decidi porque a vida claramente que eu fazia, a estudar no ensino superior, não se coadunava com o que o meu pai achava que devia pagar, ou que pagava; portanto, resolvi, permite-me ser eu a pagar a universidade e tirar esse encargo aos meus pais, é basicamente isso.

E quantas horas trabalhas por dia?

Trabalho dois dias por semana, catorze horas por dia.

Quanto é que recebes e de que forma?

Ora bem, recebo uma média de cento e quarenta mil escudos por mês e tenho um contrato por três anos, renovável todos os anos.

Falando do primeiro rendimento que tiveste, lembras-te do que fizeste com ele?

Lembro-me perfeitamente, gastei em copos e jantares (risos) e a pagar a universidade, claro.

Quando questionado sobre os problemas vividos pelos jovens portugueses no mercado de trabalho, Teodoro adopta uma posição etnocêntrica, considerando apenas os problemas que respeitam aos jovens universitários:

O que é que tu pensas hoje do mercado de trabalho?

Bom, vejo essa questão como, claramente, uma falta de cursos institucionalizados. Ou seja, a mim parece-me que as escolas do futuro serão as escolas politécnicas desde que elas não tenham a ambição clara de ser universidades, que é o que elas têm. Acho que as pessoas, hoje em dia, com a desmesurada ambição de terem um curso superior, e o próprio incentivo das famílias a tirar um curso superior, acho que é importante as pessoas terem um curso superior, e todas as que

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quiserem têm direito a isso. Só que as pessoas vêem a universidade como um curso profissional, uma preparação para a vida activa e eu não encaro a universidade minimamente como um curso profissional. É virada claramente para a investigação, para a procura de novos conhecimentos e novas formas de saber, e as pessoas, depois, ao saírem da universidade, ficam um bocadinho perdidas. Cursos como... se calhar os cursos até mais virados para a actividade na sociedade civil, como o Direito, estão tão sobrecarregados de pessoas que chega-se ao mercado de trabalho e claramente não dá para todos e depois essas pessoas não têm que fazer. Por exemplo, eu se acabo o curso, eu estou a tirar o curso de Ciência Política, acabo o curso como cientista político, no mercado de trabalho duvido que haja um cargo, uma posição específica para cientistas políticos ou uma tarefa que eles possam desenvolver. Acho que passa um bocadinho por aí.

Tentámos que Teodoro reflectisse no problema do emprego juvenil de uma forma mais genérica, nomeadamente por referência aos jovens que vivem situações de maior precariedade, mas Teodoro persistiu em continuar a falar dos problemas sentidos pelos jovens universitários. Nos seus argumentos, recorre a contrastes políticos para realçar o poder do mercado de trabalho, como decisivo na capacidade de gerar ou não emprego.

E o que é que tu achas dos problemas que hoje afectam muitos jovens, da precariedade dos mercados de trabalho?

Isso passa também pelo mercado global em que vivemos hoje. Quer dizer, hoje em dia, é quase tão indiferente contratar um técnico português ou um técnico espanhol, ou um técnico britânico, porque no mercado global vivemos, ou seja, e isso passa pelas universidades que nós temos que não nos dão uma formação global, e nós, se calhar, preferimos um espanhol para fazer determinado tipo de coisas e depois posso vir aqui falar de emigração que não é o caso. Os emigrantes não estão claramente a tirar trabalho aos jovens, não vou ser aqui quase nazi, passe a expressão. Não estão a tirar o lugar aos jovens, mas nós também não podemos ser soviéticos ao ponto de fazer a formação das pessoas através de numerus clausus estratégicos ou uma coisa do género, que o país precisa disto, então temos que lhes dar isto; não, o mercado de trabalho é que vai escolher. Eu, se quiser ser médico, tenho que ter a liberdade de poder concorrer a Medicina, independentemente do número de médicos; por acaso não é o caso, peguei no exemplo errado, não é o caso, mas poderia perfeitamente. A questão é que o mercado de trabalho depois vai seleccionar, depende da capacidade de encaixe de cada um se adaptar a outras funções. Se fores a Cuba, por exemplo, tens médicos a varrer ruas... as pessoas têm que ser encaminhadas e perceber claramente, desde pequenas, o que poderão fazer ou o que é que querem fazer. E a partir daí estão sujeitas ao mercado, o mercado é mercado global e, neste momento, principalmente o mercado europeu.

Teodoro acalenta poder abraçar a carreira política, mas está consciente dos obstáculos que pode vir a encontrar. Na política, como em qualquer outro domínio, o

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êxito consiste em se ter êxito e não apenas em reunir as condições para o ter. As conjunturas geram um efeito de abertura ou de encerramento de oportunidades. O conceito de encerramento social foi usado por Weber para definir o processo mediante o qual se procura que determinadas actividades sociais busquem ampliar ao máximo as suas recompensas, limitando as oportunidades a um número restrito de privilegiados145. Teodoro tem consciência de que, mesmo numa conjuntura favorável,

os tachos não são para todos os que os desejam ter. Os tachos apenas se encontram disponíveis para um número reduzido de privilegiados, a expensas de outros grupos.

Isto é muito bonito, uma pessoa achar que pode vir a ser deputado, primeiro-ministro, ou ministro, ou secretário de estado, ou uma coisa qualquer, mas nós temos que ter consciência que as coisas não se passam claramente assim e há uma conjuntura, e dependendo dessa conjuntura é que as coisas se podem proporcionar (...). No sistema em que vivemos hoje, quase nesta oligarquia partidária, é exactamente isso que se passa.

Como se vê, Teodoro atribui um papel determinante à conjuntura política; somente quando esta é favorável é que os boys de um dado partido alimentam fundamentadas aspirações a um tacho. O mito do “seio materno” encontra-se bastante vulgarizado na sabedoria popular que, aliás, o consagrou, no caso dos tachos políticos, com a sugestiva expressão de “andar à mama”. No entanto, desenganem-se aqueles que pensam bastar abrir a boca e, como por magia, lá aparece o seio a escorrer o leitinho. Na política como em outros domínios da vida, o êxito aparece, muitas vezes, como uma deusa prostituída, assentando num individualismo competitivo, agressivo, por vezes maquiavélico. Voltando ao conceito de encerramento social proposto por Weber, a luta por um tacho político enquadra-se no “tipo racional”146 de acção social que se

caracteriza por uma actuação consciente e racionalmente orientada para determinado fim ou interesse: o tacho.

Quando Teodoro é questionado sobre as suas aspirações profissionais não esconde o desejo de fazer carreira política, embora recuse a ideia do “político profissional”. Admite que há quem veja na política um sustento de vida, mas Teodoro, sem propriamente querer parecer “anjinho”, valoriza a intervenção política no bom sentido, ainda que, e por não ser anjinho, acabe por não se “fiar” muito nas boas intenções. O

145 Max Weber, Economia y Sociedad, Fondo de Cultura Económica, México, 1964 (1.ª edição em Alemão: 1922), p. 35-37

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fio da intriga política é uma trama complicada; quem se fia muito nela pode tramar-se, ou ver--se tramado pelos mais espertos. Desse modo, Teodoro acha mais prudente não se fiar completamente nos tesouros da política; vale mais desconfiar para não se tramar.

Objectivos profissionais? Gostaria claramente de poder vir a ter uma intervenção. Não era ser um político profissional, porque eu não acredito nisso, mas poder vir a ter uma intervenção clara na sociedade em que vivemos hoje. É, algumas ideias que eu tenho, algumas coisas que o meu partido também defende, mas não me vou fiar, fiar nisso claramente, como conheço muita gente que faz. Nesta vida dos partidos políticos temos dois tipos de pessoas. Pessoas que não têm grandes ambições e vêem a política e o partido quase como um lobby que os vai aguentar a sustentar a vida; e há aqueles que estão claramente interessados em fazer alguma coisa e vêem o partido (...) como um hobby construtivo e, futuramente, então, se se proporcionar, proporciona- se. Não quer dizer que as pessoas não sejam anjinhas e que não queiram nada, têm ambições, claro!

Teodoro discorre sobre como surgiu o seu interesse pela política, como nasceu essa paixão. Na verdade, quando era estudante do ensino secundário, pensava fazer Economia ou Informática, área profissional do pai. Mas depois decidiu que “não queria estar ligado a contas e números o resto da vida”. As figuras incorruptíveis da Geometria sempre o baralharam; os limites infinitesimais das funções quase sempre lhe barravam as diversões de fim-de-semana; os senos da trigonometria e seus fraternos co-senos torturavam-lhe a sua mente tranquila. Então, optou por “fazer um curso mais virado para as letras”.

Se a influência paterna se frustrou, no caso da carreira académica, as teorias da socialização familiar acabaram por se confirmar, quando Teodoro assegura que o seu interesse pela política em muito se ficou a dever à influência do avô materno.

Em minha casa o meu avô sempre foi uma pessoa que nos jantares comentou sempre muito política. Falava sempre à mesa de política, de partidos políticos, de pessoas que gostava, de pessoas que não gostava, falava-se imenso, a política era vivida com muita intensidade na minha casa. Não tanto pelos meus pais, principalmente pelo meu avô, isso era uma condição necessária para as pessoas se darem bem lá em casa.

A estrutura familiar em que Teodoro se socializa funciona, pois, como enquadradora de ideais políticos que transitam de uma geração a outra. Teodoro sempre viveu com os pais, sempre confraternizou com o avô. E esta domiciliadade de afectos e de ideais, esta morada de continuidade permanente facilitou-lhe a apreensão dos mores familiares, isto é, dos costumes, ideários e moralidades reinantes. O mal da política,

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para muitos jovens, é que existem coisas mais interessantes do que ela, nomeadamente quando se é jovem. E, tal qual acontece com a política, também os estudos ficam para trás quando surgem outras solicitações ou tentações, em particular no domínio dos lazeres e diversões. Por todas estas razões, Teodoro não conseguiu entrar no ISCSP.

Quando procuro a Universidade, inscrevo-me necessariamente, concorro ao ISCSP, só que, como estava numa fase ainda muito mundana, queria lá saber do ISCSP para alguma coisa. Eu queria era... tinha uma ou duas festas no Algarve e o ISCSP foi por aí fora. E, na altura, isto também é verdade, não sentia grandes dificuldades financeiras, ou seja, não me saía do bolso essa participação.

Provavelmente, os pais do Teodoro não terão aceite muito bem este insucesso do filho, que se viu na contingência de ter de frequentar uma universidade privada. Presumivelmente, Teodoro também ganha consciência dos custos financeiros adicionais que representa a frequência de uma universidade privada e, por isso mesmo, toma a decisão de trabalhar. Os pais não teriam problemas financeiros em lhe custear os estudos, mas Teodoro acha preferível ser ele próprio a pagar o insucesso de não ter conseguido entrar numa universidade pública, acabando implicitamente por reconhecer a sua culpabilidade. Com esta atitude, Teodoro demonstra orgulho, carácter, firmeza de convicções, ao arrepio daqueles jovens que partilham de uma ética de trabalho não mais orientada pelo dever moral, mas pelo puro desejo de êxito pessoal. Embora sem recusar o êxito pessoal – ser capaz, mostrar-se apto, revelar dinamismo – Teodoro sente--se na obrigação moral de ajudar os pais a custear as despesas da sua formação. Toma então a decisão de frequentar uma universidade que lhe oferece um curso de Ciência Política, liderado por um professor prestigiado, político de renome, de quem o avô lhe havia dito maravilhas.

Estavam postas as condições para eu claramente fazer o curso de Ciência Política como eu queria. Depois o futuro, em termos de futuro não pensava nisso. Não era militante de nenhuma juventude partidária. Era, claramente, também devido à influência do meu avô e da minha maneira de pensar e de ver as coisas, uma pessoa que me identificava claramente com a direita, mas uma direita clara, vincada. Há direitas moderadas. Até que comecei a integrar-me, logo no primeiro ano integrei-me na vida da escola, nos grupos da Academia. Ah! Entretanto, eu no Verão antes de entrar para a Universidade, como era uma pessoa que na altura lia Independentes e Expressos, lia tudo, então a parte de política eu lia tudo, devorava. Conheço uma pessoa (...) que achou muita

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piada eu interessar-me por política e ela era militante da JX147. Eu disse, ‘JX não, eu estou muito mais virado para o PY, e tal, mas eu não me vou filiar em partido nenhum, vou para a Universidade’, e ele aconselhou-me logo, ele já andava no meio associativo na altura, era estudante da FCT, já andava metido nas Associações, achou muita piada. A tendência dos partidos aí é logo aglutinar, quando se vê alguém com alguma capacidade, a tendência é para o encaminhar, ou seja, encaminhar para determinado sítio para depois o poder disciplinar. Essa é a tendência clara do partido, de alguém que tenta angariar militantes. Mas pronto. Vim para a Universidade já com essa ideia vincada... Associação, sempre achava muita piada vir para a Associação, piada isto no bom sentido, piada de poder desenvolver determinado tipo de coisas na Universidade. Mas também quando se entra não dá ainda para ver o que poderia ser feito melhor ou o que é que está a ser mal feito.

Teodoro começou a ganhar algum protagonismo na sua Universidade, a ser alvo de reconhecimento, a ser assediado por militantes de vários partidos. A aposta no êxito implica, muitas vezes, o pagamento de um perpétuo tributo ao protagonismo individual, e são muitos os que sucumbem na frenética correria pelo poder e glória. Mas Teodoro sempre procurou que o seu protagonismo não colidisse com a defesa de princípios básicos de acção política.

Alguns militantes do PY que a Universidade tinha, porque tem muitos, tentaram fazer-me militante, mas eu não aceitei, até que decidi um dia optar declaradamente pelo partido que ainda consegue ter alguma expressão no meu Concelho (da região metropolitana de Lisboa) (...) e que me permitia, se calhar, dava-me as condições, dava-me as melhores condições para pôr em prática algumas coisas que eu queria desenvolver. Foi então a JX. No ano de 95 foi quando entrei para a Universidade, isso aconteceu logo muito rápido. Em 95 conheço também várias pessoas da JX aqui na Universidade... que me fazem militante e começámos a fazer um plano (...) para atacar a associação em 97. Atacámos... entretanto havia umas guerras enormes, havia coisas que não eram bem feitas, a Universidade começou a decair de alunos, a associação não se mexia grande coisa, os alunos não sentiam a proximidade, aquilo parecia um projecto aliciante. Então, candidatámo-nos exactamente em 97/98, uma lista apoiada pela JX, apoiada, lá está outra coisa, é sempre assim, apoiada claramente pela JX que nos ajudou, entre amigos, a fazer cartazes, quer dizer, determinado tipo de coisas, programas eleitorais, etc.

Teodoro começa a ganhar consciência da relevância que as estruturas partidárias têm no movimento associativo estudantil e, ele próprio, começa a participar nos fóruns

147 Juventude partidária a que dou o nome de “X” para salvaguardar o anonimato do jovem entrevistado e do partido em questão.

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de debate do partido, a marcar posição, a tentar ganhar evidência política nas estruturas do partido de que já é militante.

O partido aqui pode-me ajudar a ganhar claramente, e também não vamos ser ingénuos, dá--nos algum protagonismo dentro da própria estrutura, como é óbvio. Ser presidente de uma associação é ser eleito por alunos, é ser eleito por centenas de pessoas que votam em ti para tu fazeres determinado tipo de coisas. Dá--te alguma força, sem dúvida nenhuma.

O poder nas estruturas partidárias depende muito, segundo Teodoro, da capacidade de mobilização de votos; quem tem votos tem poder e os votos é que contam. Quem não tem votos pode até ser uma pessoa levada em linha de conta, merecer respeito, mas isso pouco conta no que importa contar: os votos.

A estrutura partidária como funciona, aí é que “a porca torce o rabo”, porquê? Funciona a saco de votos. Quem tem votos, tem força, quem não tem votos, pode até ser muito bom, é ouvido, com certeza, as pessoas levam-no em conta, é uma pessoa respeitada, mas quando chega a contabilizar votos para fazer uma lista, para uma coisa ou para trabalhar para alguma associação, ‘meus amigos, aquele ali tem quinhentos votos, aquele tem dez votos. Atenção que aqui agora temos que fazer uma discriminação. É, pá, és muito bom, mas é preciso agora, neste momento, fazermos isto’.

Embora sendo um dirigente conhecido do movimento associativo estudantil, Teodoro assume uma posição crítica em relação a muitos jovens do associativismo juvenil que pretendem viver “à custa da política” e que beneficiam da cobertura que lhes é dada pelos aparelhos partidários. Teodoro insurge-se contra todos aqueles que se movem por uma ética do “vale tudo”, segundo um princípio pragmático que apenas avalia as condutas em função da sua eficácia no que se refere à obtenção do êxito pessoal, traduzível em número de votos; daqueles que não duvidam em aproveitar todas as oportunidades que se lhes apresentam para saciarem o seu apetite de gratificação imediata; de todos aqueles para quem o que os move é a luta pelo protagonismo individual, sempre sedentos de triunfos e ganhos. Teodoro faz uma clara distinção entre os jovens militantes que fazem um trabalho “para fora”, em prol dos estudantes, e aqueles que fazem um trabalho “para dentro”, em prol dos interesses do partido e, sobretudo, dos seus próprios.

Infelizmente, a estrutura partidária é muito virada para dentro e as pessoas acreditam que podem viver à custa da política e vão para a juventude partidária claramente à procura disso. Portanto, ter força e poder um dia ser deputados. Portanto, em Lisboa devem imaginar que são muitos cães a

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um osso (risos). Quando chegamos à estrutura partidária, lá está, há aqueles que fazem o trabalho para fora (...). Há outros que se viram para dentro. Vou ganhar uma secção e resolvem “é, pá, vou fazer quinhentos militantes”, nem que seja em escolas secun-dárias, nem que seja bêbados na esquina, isto é verdade. Isto é um bocado descredibilizante, mas é a realidade. Fazem uma quantidade enorme de militantes, conseguem pôlos a votar, ganham uma secção, passam a ter força (...) Por isso é que eu digo que vivemos numa oligarquia partidária e que os partidos é que decidem em quem é que as pessoas votam. É assim, eu posso... tu vais a Trás-os-Montes podes arranjar a maior nulidade do mundo que é candidato a deputado (...). Agarraram no saco de votos, aquele gajo é esperto (...), é mais esperto que os outros. Vê as coisas dentro da estrutura, portanto, o conhecimento da estrutura partidária, hoje em dia, é o mais importante para se subir num partido.