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UMA DIDÁTICA PARA A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

No documento Série III: RESULTADOS DE PESQUISAS (páginas 136-139)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA UEL

UMA DIDÁTICA PARA A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

Como parte da prática social inicial do conteúdo possuindo como ponto de partida, que os alunos e o professor já tenham conhecimento, mesmo que precário; depois concretiza a problematização, onde se explicita os principais problemas da prática social; posteriormente realiza a instrumentalização, que são as ações didático-pedagógicas para a aprendizagem; progredindo constrói a catarse, que é a expressão organizada da nova maneira de compreender a prática social; e por último consolida esse caminho na prática social final do conteúdo que é uma nova proposta de ação a partir do conteúdo aprendido. Segundo Gasparin (2007), existem cinco passos sugeridos pela pedagogia histórico-crítica.

O primeiro passo dessa trajetória pedagógica - prática social inicial do conteúdo - é ocasião em que o professor demonstra aos alunos o tema a ser estudado, no entanto sem conceituá-lo. Procura-se neste momento provocar o aluno, incentivando-o, sensibilizando-o sobre o objeto de conhecimento. Para tal acontecimento é fundamental conhecer os sonhos que os alunos possuem acerca do tema a ser trabalhado. É importante construir uma relação envolvendo os conceitos empíricos dos principiantes com os conteúdos escolares.

Devido a isso, é importante conhecer a realidade dos educandos sugere em fazer um levantamento das relações do conhecimento dos alunos sobre a temática do estudo. A mobilização é a ocasião de promover a concepção que os alunos possuem a respeito do objeto (senso comum, "sincrese") (GASPARIN, 2007).

Dessa forma, o professor que possui uma visão clara e abreviada da realidade procura compreender e dispor a visão sincrética que os alunos possuem sobreo tema para deste modo, desenvolver o caminho trilhado no entendimento que abrange o conhecimento como uma produção humana, a partir dos modos de produção social.

A Prática Social Inicial é sempre uma contextualização do conteúdo. Se trata de um momento de conscientização do que acontece na sociedade em relação ao objeto a ser trabalhado, demonstrando que qualquer assunto a ser trabalhado em sala de aula já está presente na prática social, como parte constitutiva dela (GASPARIN, 2007).

Inicialmente, é necessário que os conteúdos sejam produzidos e organizados pelos homens e manifestados nas instituições sociais, desta forma os alunos não devem aprender somente aquilo que desejam, todavia devem tomar posse do que é socialmente necessário para os cidadãos de hoje.

Acompanhando o trajeto ocorre a problematização como passo seguinte, a qual "é o fio condutor de todo o processo de ensino-aprendizagem" (GASPARIN, 2007, p 49). Neste momento se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado, pois ele é compreendido como uma construção histórica, não natural; ele serve para responder às necessidades humanas.

Em função disso, de acordo com Gasparin (2007, p. 35) afirmar que a “problematização é um elemento-chave na transição entre a prática e a teoria, isto é, entre o fazer cotidiano e a cultura elaborada. É o momento em que se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado". Esses conteúdos irão responder às dificuldades ocorridas pela prática social, por isso deve haver uma seleção criteriosa sobrea os conteúdos que irão servir para mostrar a realidade principais problemas disseminados pela prática social devem servir como trilho para diminuir os problemas existentes no meio em que se está introduzido, e quem vai auxiliar nesta empreitada são os conteúdos estabelecidos pelo currículo escolar e selecionados pelo professor como imprescindíveis a serem dominados, ou os conhecimentos debatidos em uma unidade do programa da disciplina trabalhada que resolverão as questões postas pela prática social (SAVIANI, 2007).

Na etapa da instrumentalização os alunos e o objeto da sua aprendizagem são colocados frente a frente através da mediação do professor. É constantemente um triângulo equilátero, remetendo a uma relação triádica caracterizada pelas deliberações sociais e singulares que caracterizam os sujeitos aprendentes, o professor e o conteúdo (GASPARIN, 2007).

Esta relação se torna o auge deste procedimento de ensino. Uma vez que, as dúvidas, as aflições, os confrontos são relacionados ao desenvolvimento do conhecimento e assim da sociedade por inteiro. O professor assume seu real papel de mediador colaborando com seus alunos a desenvolverem sua representação mental do objeto do conhecimento.

Tendo em vista os dizeres de Saviani (2007, p. 71) a instrumentalização é o momento em que os estudantes se apropriam dos

[...] instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social [...] Trata-se da apropriação pelas camadas populares das ferramentas culturais necessárias à luta social que travam diuturnamente para se libertar das condições de exploração em que vivem.

A quarta etapa é o trecho do trajeto em que o aluno aponta o quanto absorveu dos conteúdos trabalhados; qual seu novo grau de aprendizagem. Na prática é o resumo que o aluno faz do conteúdo aprendido, é sua aparição acerca do novo conceito adquirido. Saviani (2007, p. 72) explica dizendo que catarse é

o momento da expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu [...] trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em elementos ativos de transformação social [...] Daí porque o momento catártico pode ser considerado o ponto culminante do processo educativo, já que é aí que se realiza pela mediação da análise levada a cabo no processo de ensino, a passagem da síncrese à síntese; em consequência, manifesta-se nos alunos a capacidade de expressarem uma compreensão da prática em termos tão elaborados quanto era possível ao professor.

O aluno sai do senso comum, de suas concepções desordenadas para adentrar no plano científico. O mesmo passa a compreender a realidade se fundamentando em um olhar holístico, mais sólido e organizado. De acordo com Gasparin (2007, p. 133), "os conteúdos tornam-se verdadeiramente significativos porque passam a fazer parte integrante e consciente do sistema científico, cultural e social de conhecimentos", para assim, realizar a elaboração teórica da nova síntese e a expressão prática dela.

Por último, encontra-se a prática social final, neste momento o estudante já consegue realizar suas atividades sem ajuda da pessoa mais experiente. Através deste prisma, verifica-se

A prática social final é a confirmação de que aquilo que o educando somente conseguia realizar com a ajuda dos outros agora o consegue sozinho, ainda que trabalhando em grupo. É a expressão mais forte de que de fato se apropriou do conteúdo, aprendeu, e por isso sabe e aplica. É o novo uso social dos conteúdos científicos aprendidos na escola (GASPARIN, 2007, p. 148).

É importante que o ensino escolar transmitir à criança os conteúdos historicamente produzidos e socialmente fundamentais, elegendo o que desses conteúdos encontra-se, a cada momento do processo pedagógico, na zona de desenvolvimento próximo (DUARTE, 2007).

Em razão disso, com base nos estudos de Gasparin (2007, p. 35) afirmar que "a problematização é um elemento-chave na transição entre a prática e a teoria, isto é, entre o fazer cotidiano e a cultura elaborada. É o momento em que se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado". Esses conteúdos irão responder às dificuldades postas pela prática social, por isso deve haver uma seleção criteriosa acerca desses conteúdos que irão servir para mostrar a realidade.

No documento Série III: RESULTADOS DE PESQUISAS (páginas 136-139)