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Uma teoria da evolução social: sociedade moderna, complexidade, contin-

PARTE II – TEORIA DOS SISTEMAS DE NIKLAS LUHMANN

3.5 Uma teoria da evolução social: sociedade moderna, complexidade, contin-

De certa forma, alguns pressupostos conceituais mínimos e abstratos da teoria dos sistemas já introduzidos no presente capítulo. Contudo, Luhmann faz uma descrição precisa e interessante da evolução da sociedade moderna. É preciso compreender como ele descreve a sociedade moderna a partir do conceito de complexidade, pensando a evolução como um momento de seleção, variação e estabilização de estruturas, o que o leva a compreender a modernidade como um momento de progressiva diferenciação funcional.

Como afirma Marcelo Neves, a diferenciação sistema/ambiente é paradigma central para a teoria dos sistemas de Luhmann, restando que o conceito de função e a análise funcional não podem se referir ao sistema, mas antes à diferença sistema/ambiente como forma de dois lados. O autor afirma que na teoria luhmanniana

“é sobretudo na sociedade moderna, no interior da qual se diferenciam e autonomizam operacionalmente sistemas funcionais, que a forma- diferença• ”sistema/ambiente” ganha relevância. A questão já não é mais apenas distinguir a sociedade, como unidade de reprodução de

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comunicações, de seu ambiente psíquico, orgânico e físico, no qual não existe comunicação. O problema reside, além disso, em compreender a emergência de sistemas funcionais operacionalmente autônomos no interior da sociedade como sistema social mais abrangente. O que se põe é a delicada questão da construção de sistemas autopoieticos no interior de sistema autopoietico, de que resulta a noção de sociedade policontextural ou de mundo multicêntrico, na medida em que toda diferença transforma-se em ‘centro do mundo’” (149)

Bom, vejamos com atenção ― mesmo que de modo ainda muito superficial e introdutório, de acordo com as pretensões desse trabalho ― como se dá teoria da evolução social de Luhmann, com ênfase na diferenciação funcional da sociedade moderna face à sociedade hierárquica pré-moderna.

A pergunta que Luhmann se faz é sobre como é possível encontrarmos estruturas da sociedade que se mantenham. Em outras palavras, para sustentar que “a sociedade é resultado da evolução”, Luhmann busca uma teoria capaz de explicar “o estabelecimento e a reprodução das estruturas do sistema social chamado sociedade”. Ilustrativamente, afirma o autor:

“A improbabilidade de sobrevivência de indivíduos isolados (ou ainda de famílias isoladas) se transforma na (menor) improbabilidade de sua coordenação estrutural, e com ela começa a evolução sociocultural. A teoria da evolução remete o problema ao tempo e tenta explicar como é possível que algumas estruturas carregadas cada vez mais de pressupostos ― ou seja, cada vez mais improváveis ― surjam e logo funcionem como normais. O axioma básico é: a evolução transforma a baixa probabilidade do surgimento em uma alta probabilidade de preservação” (150)

Para Luhmann, a sociedade sempre foi uma rede de comunicações. Todavia, os modos de organização dessa rede assumiram formas distintas ao longo da história. Nesse

149 NEVES, Marcelo. Entre Têmis e Leviatã: Uma Relação Difícil : O Estado Democrático de Direito a partir e além de Luhmann e Habermas. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 60

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contexto, a evolução não deve ser aqui entendida como sinônimo de progresso ou qualquer que seja a remissão a fatores qualitativos ou valorativos. A evolução é o resultado de um processo constante de variação, seleção e restabilização de estruturas.

O conceito propriamente formulado de Luhmann destas três fases ou etapas da evolução social é:

“(1) através da variação se modificam os elementos do sistema, ou seja, das comunicações. A variação consiste em uma reprodução desviante de elementos por elementos do sistema. Em outras palavras, consiste em uma comunicação inesperada, surpreendente. (2) A seleção refere-se às estruturas do sistema, ou seja, as expectativas que guiam a comunicação. Com base na comunicação desviante, a seleção elege as referências de sentido que tenham valor de formar estruturas, idôneas para o uso repetido, capazes de construir e condensar expectativas. A seleção, logo, rejeita ― atribuindo o desvio às circunstâncias, ou abandonando-as ao esquecimento, ou rechaçando-as explicitamente ― aquelas novidades que não aparentam ser aptas para servir de estruturas ou para dar rumo à comunicação posterior. (3) A reestabilização se refere ao estado do sistema que está evoluindo depois de uma seleção que resultou positiva ou negativa. Aqui, sobretudo, trata-se do sistema mesmo da sociedade em relação com seu ambiente”. (151)

Reitere-se que evolução para Luhmann nada tem a ver nem nada se assemelha a “conceitos teleológicos” (ou seja, orientados a um fim, a uma finalidade ou com sentido e orientação determinados), tampouco a conceitos de teoria da história. Para Luhmann, estes conceitos tradicionais de evolução esvaziam explicitamente o seu conteúdo. O conceito de evolução na teoria sistêmica de Luhmann não tem nada de ontológico, não trata de objetos; mas estão referidos à diferença sistema/ambiente. “Não se trata de que a evolução deva

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produzir a adaptação do sistema ao ambiente, mas antes pressupõe a adaptabilidade (do sistema ao ambiente) como uma espécie de condição prévia de possibilidade”.(152)

Conforme ressalta Orlando Villas-Bôas Filho, a teoria da sociedade, tal como Luhmann a concebe, “está apoiada em elaborações teórico-conceituais não apenas advindas da teoria dos sistemas, mas também de uma teoria dos meios de comunicação e de uma teoria da evolução”. (153)

A evolução social aos moldes luhmanianos é, basicamente, entendida como “ampliação da complexidade, que conduz, na sociedade moderna à diferenciação funcional”. Entendida a complexidade como presença permanente de mais possibilidades (alternativas) do que as que são suscetíveis de serem realizadas. (154)

Assim, Luhmann concebe a crescente complexidade da sociedade como um elemento central da própria modernidade e a diferenciação sistêmico-funcional é, portanto, concebida como característica distintiva da sociedade moderna. Por sua vez, a teoria dos sistemas concebe a sociedade moderna “em termos de um sistema autopoietico de comunicação que se caracteriza por uma diferenciação funcional em subsistemas autoreferenciais e autopoieticos que, embora sejam cognitivamente abertos, são operacionalmente fechados”, sendo que tais sistemas “realizam a redução de complexidade por meio de operações seletivas que são balizadas por códigos específicos, imutáveis e não passíveis de serem sobrepostos”. (155)

Pois bem. Em primeiro lugar, registrou-se que o conceito de evolução em Luhmann nada tem de ontológico (ou seja, em termos mais simples, que reforça a noção de “ser”, o caráter de “objeto” e a distinção sujeito/objeto) e que é pensado a partir da forma sistema/ambiente. Seu conceito portanto não é de um “resultado melhor”, a evolução não é um bem, ou seja, não é linear nem tem um “fim” nem uma direção para onde chegar. A

152 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p. 341.

153 VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. O Direito na Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann. Ed. Max

Lominad. São Paulo: 2006, p101.

154 NEVES, Marcelo. Entre Têmis e Leviatã: uma relação difícil. (op. cit) p 1 e 15.

155 VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. O Direito na Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann. Ed. Max

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evolução estaria muito mais próxima de uma concepção “acidental” do que uma concepção “teleológica”. Nesse cenário, o conceito de evolução em Luhmann é sinônimo de variação, seleção e reestabilização de estruturas, contexto em que tanto a seleção quanto a variação são sistêmicos.

Convém notar que a noção de seleção (ou seletividade) tem um caráter central no conceito luhmanniano de evolução. E a seleção, neste modelo, não se dá pelo ambiente, mas pelo sistema. O conceito isolado de seleção não pode indicar o início ou o fim de um processo evolutivo. “Um sistema autopoietico não pode começar nem terminar uma transformação da estrutura com a seleção. Por isso, com uma simplificação tosca, é possível definir a evolução como seleção da estrutura, e se se considera que as estruturas guiam a seleção das operações, pode definir-se a evolução como seleção das seleções”. (156)

De todo modo, este conceito abstrato e isolado não nos oferece a dimensão precisa de como isso se verifica na sociedade moderna, o que tem relação direta com a função sistêmica de redução da complexidade do ambiente (que leva o sistema a aumentar a sua própria complexidade). Em outras palavras, o sistema ― por meio de sua seletividade ― transforma a complexidade desorganizada (ou desestruturada) do ambiente em complexidade organizada ou estruturada sistemicamente. (157)

Ora, isso significa que a sociedade moderna, segundo Luhmann, passou por um processo de “aumento de complexidade”, o que impeliu (por uma “pressão seletiva”) os sistemas sociais a reduzir esta complexidade do ambiente para haver condição de sua própria permanência. Nesse sentido, paradoxalmente, ao reduzir a complexidade (“desorganizada” ou “desestruturada”) do ambiente, o sistema aumenta a sua própria complexidade (“complexidade organizada” ou interna).

No processo de aumento da complexidade existente na sociedade, central para o conceito de modernidade em Luhmann, é que entenderemos o conceito de diferenciação funcional e a importância da função para Luhmann. Sendo a crescente complexidade da

156 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p. 359. 157 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p. 10.

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sociedade o motor da moderna evolução, passamos ao exame desses três conceitos essenciais: complexidade, contingência e diferenciação funcional.

As sociedades contemporâneas são marcadas por um alto grau de complexidade. Tal compreensão, na perspectiva de Luhmann, pretende assinalar que o mundo apresenta ao homem uma multiplicidade de possíveis experiências, ações e comunicações, em contraposição à limitada capacidade de se efetivar todas as possibilidades. Isso pode ser evidenciado, já que “sempre existem mais possibilidades do que se pode realizar”. (158)

De maneira instigante, Luhmann questiona: “mas o que é complexidade? O que se assinala com este conceito? A complexidade não é uma operação; não é algo que um sistema execute nem que suceda nele, senão que é um conceito de observação e de descrição ― incluída a auto-observação e a auto-descrição. Devemos nos perguntar, então: qual é a forma deste conceito, qual é a distinção que o constitui? Esta única pergunta leva a uma cascata de reflexões que se sobrepõem, porque o conceito de complexidade não é um conceito simples, senão um conceito, por sua vez, complexo e, portanto, autológico”. (159)

Tal complexidade social se liga, simultaneamente, à ideia de contingência, o que significa dizer que as “possibilidades apontadas para as demais experiências poderiam ser diferentes das esperadas”. (160)

Abre-se, assim, um leque de diversas alternativas (complexidade) que conduz ao campo da escolha e da decisão. As decisões, dentro dessa dinâmica, não podem ser consideradas necessárias e inexoráveis. Diante de várias possibilidades, uma decisão sempre poderia ser diferente do que realmente é. Cada movimento e evento da sociedade sempre

158 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito II. Tradução de Gustavo Bayer. Rio de Janeiro: Tempo

Brasileiro, 1983, p. 45.

159 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p. 101.

160 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito II. Tradução de Gustavo Bayer. Rio de Janeiro: Tempo

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poderia ter ocorrido de outra maneira, havendo, portanto, constante “perigo de desapontamento e necessidade de assumir-se riscos” (161)

Esses dois elementos, quais sejam, complexidade e contingência refletem a forma pela qual pode ser concebida a “modernidade das sociedades modernas”. (162) Sempre

haverá mais possibilidades do que se pode realizar, mas a ação humana deve se pautar por uma delas (complexidade), e as possibilidades apontadas para as diversas experiências poderiam ser diferentes das esperadas, gerando possibilidades de desapontamentos (contingência). Ou seja, complexidade é a seleção forçada de expectativas e contingência é o perigo de desapontamento e a assunção de riscos desta seleção. (163)

Para Luhmann, a sociedade sempre foi uma rede de comunicações. Todavia, os modos de organização dessa rede de comunicações assumiram diferentes formas ao longo da história.

Já vimos ao longo das linhas anteriores que, assim como as tradicionais teorias da sociedade, Luhmann também adota uma perspectiva evolutiva. A evolução, contudo, não deve ser entendida como sinônimo de progresso ou de qualquer referência axiológica, teleológica ou de qualquer modo valorativa. Como já destacado oportunamente, a evolução é fruto de um processo constante de variação, seleção e estabilização de estruturas.

A pedra angular do modelo evolutivo reside na noção de diferenciação social. Essa diferenciação social teria observado pelo menos quatro distintos estágios até alcançar a atual “diferenciação funcional”, conceito chave esse para se entender as demais concepções teóricas da teoria dos sistemas nos moldes formulados por Luhmann, que se assentam especialmente na importância da identificação das funções próprias de cada sistema.

161 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito II. Tradução de Gustavo Bayer. Rio de Janeiro: Tempo

Brasileiro, 1983, p. 46.

162 LUHMANN, Niklas; Complejidad y Modernidad de la unidad a la diferencia; edição e tradução de

Josetxo Beriain y José Maria Garcia Blanco, Editorial Trotta, Valladolid, 1998, p. 131.

163 LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito II. Tradução de Gustavo Bayer. Rio de Janeiro: Tempo

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Não parece ser apropriado aos objetivos do trabalho ater-se a uma reconstrução detalhada desses quatro estágios, bastando consignar resumidamente que a diferenciação social passou por uma (i) diferenciação segmentária, (ii) diferenciação centro/periferia, (iii) diferenciação estratificada e, por fim a mencionada (iv) diferenciação funcional.

Em cada um desses momentos pretéritos, a comunicação esteve organizada e a sociedade diferenciada com base em critérios fundamentais: critérios naturais (gênero e idade, por exemplo, em sociedades mais primitivas), critérios geográficos (campo e cidade), critérios hierárquicos (nobreza/plebe, cidadão/escravo).

Finalmente, na modernidade, a comunicação está organizada e a sociedade diferenciada por critérios funcionais, vale dizer, mediante a estabilização de sistemas especializados, como o direito, a política e a economia. (164)

Luhmann afirma: “definimos o conceito de sociedade moderna através de sua forma de diferenciação, deste modo nos desligamos do conceito que as descrições que até hoje tem se oferecido para compreender a particularidade específica da sociedade moderna. (...) Por agora, trata-se apenas de assinalar o seguinte: entendemos a sociedade moderna como sociedade funcionalmente diferenciada”. (165)

A sociedade se redescobre dentro de um novo tempo na medida em que passa a depender unicamente dela própria, do resultado de suas próprias decisões. Não há mais nenhum sentido já determinado apriorísticamente, nem mesmo um futuro seguro, livre de frustrações e desencantos. A sociedade, hodiernamente, assume os riscos de suas próprias decisões sem recorrer a fundamentações morais últimas e a normas superiores e externas.

Nas sociedades diferenciadas funcionalmente, ao contrário do que poderia sugerir uma leitura apressada e parcial da obra de Luhmann, as relações entre os sistemas tornam-se, pela primeira vez, um problema social teórico e prático. Em uma sociedade

164 Trata-se de noção essencial para a compreensão das demais considerações que se assentarão

nesse alicerce: a diferenciação funcional da sociedade. O tema é detalhado com propriedade no conjunto de obras de Celso Campilongo (em especial CAMPILONGO, Celso. Política, Sistema Jurídico e Decisão Judicial. São Paulo: Max Limonad, 2002.)

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estratificada, o que importa é identificar a posição dos sujeitos na hierarquia. A nobreza se distingue da plebe pela origem, família, nascimento; os cidadãos assumem essa condição em função do status, que os distinguem dos escravos. Nesse cenário, não há que se falar em sistemas diferenciados funcionalmente.

Com a modernidade, exsurge a necessidade da estabilização de sistemas funcionalmente diferenciados, ou seja, com funções nitidamente demarcadas. A atribuição de papéis distintos e específicos aos sistemas jurídico, político e econômico, paradoxalmente, cria as condições para que se pense não só na autonomia dos sistemas, mas também nas suas ligações e entrelaçamentos.

Segundo o próprio Luhmann, “as evoluções dos sistemas parciais começam unicamente com a diferenciação funcional do sistema da sociedade, porque somente com esta forma de diferenciação se alcança ― no plano dos sistemas parciais ― essa combinação de fechamento operacional e elevada complexidade própria ― a qual oferece apoio suficiente à diferenciação das funções evolutivas”. (166)

Com efeito, a diferenciação funcional se baseia no “fechamento operacional dos sistemas-funcionais”. De maneira mais direta, Luhmann define: “diferenciação funcional significa que o ponto de vista da unidade sob o qual se há diferenciado uma diferença de sistema/ambiente é a função que o sistema diferenciado (e seu ambiente) desempenha para o sistema total. (...) A função se faz em referência a um problema da sociedade ― e não na auto-referência”. (167)

Para Luhmann, os sistemas parciais realizam uma função que é um problema para a sociedade; mas o fazem no sentido de “permanecerem autopoietico”; se há algo protegido é a própria autopoiese, e arremata: “sobre a base do primado de sua função, os sistemas funcionai alcançam um fechamento operacional e formam, assim, sistemas autopoieticos no interior do sistema autopoietico da sociedade”. (168)

166 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p.440 167 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p.590-591 168 LUHMANN, Niklas. La sociedad de la sociedad. (op. cit.), p.592

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Isso reforça a noção de autopoiese, uma vez que ao realizar sua função o sistema volta-se a um ponto de referência inconfundível de autorreferência e porque o sistema utiliza um código binário utilizado apenas neste e em mais nenhum outro sistema. Ora, continua Luhmann, “para que tudo isso possa se realizar, não basta somente orientar-se por sua função. Enquanto mediante sua função os sistemas funcionais se estabelecem na sociedade e com a descrição de sua função se remetem à sociedade, estes sistemas necessitam ademais para formar sua própria autopoiese outra forma de orientação: um código binário”. (169)

Sozinhos, os códigos binários (que vinculam valores positivo/negativo) não são suficientes para descrever adequadamente um sistema, nem seriam suficientes para seu funcionamento. Por isso, para orientar a escolha entre “sim/não” (valor positivo/ valor negativo) os sistemas introduzem outra diferença: a diferença código/programas. Essa questão será mais detalhadamente abordada adiante, quando tratarmos dos sistemas específicos direito e política.

Com estes conceitos em mente, podemos prosseguir, acompanhados por Luhmann, em uma análise acerca dos sistemas jurídico e político, estabelecendo os alicerces onde se assentarão as definições de direito penal e política criminal, imprescindíveis para as conclusões que se pretendem alcançar acerca do bem jurídico e sua relação com a Constituição, definindo sua importância para a criminalização.

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