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4. OS ORGANISMOS REGIONAIS E A PROTEÇÃO DO INVESTIMENTO

4.1. União Européia

Segundo Philipp Hartmann93, a União Européia, atualmente, baseia-se em quatro tratados de base que estabelecem suas regras de funcionamento. Estes tratados são volumosos e complexos. Os tratados que constituíram primariamente as bases jurídicas da UE são os seguintes:

a) o Tratado de Paris, que instituiu a Comunidade Européia do Carvão e do Aço – CECA, em 1951;

b) Os tratados de Roma, que instituíram a Comunidade Econômica Européia – CEE e a Comunidade Européia de Energia Atômica – EURATOM, em 1957.

Esses tratados posteriormente foram alterados pelos seguintes instrumentos jurídicos:

a) Ato Único Europeu, em 1986;

b) Tratado da União Européia – Maastricht, em 1992; c) Tratado de Amsterdã, em 1997;

d) Tratado de Nice, 2001.

Ainda, segundo Philipp Hartmann94, a evolução da integração européia passou de um processo de integração regional, que começou pala CECA – uma cooperação regional entre Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo na área de políticas comerciais limitada aos produtos (econômica e politicamente importantes) aço e carvão – para

87 II CURSO de Integração Econômica Européia e Direito Fiscal. Brasília, 21 de março de 2005 a 31 de março de 2006. Módulo A – Integração Econômica, Européia – Apêndice. ESAF/UNIÃO EUROPÉIA – Apoio à Modernização do Sistema Fiscal Brasileiro. Disponível em: <www.esaf.fazenda.gov.br>. Acesso em: 14 jul. 2008.

uma área de comércio livre, depois para uma união aduaneira, estabelecendo-se em seguida um mercado comum.

Com a ampliação do número de países-membros, concretizou-se o sonho de uma união econômica e monetária, o que resultou numa moeda única adotada em 12 Estados- membros. Hoje, a União Européia está possivelmente a caminho de uma união política.

A CECA criou um mercado comum entre os seis países, rompendo as barreiras alfandegárias entre eles, eliminando impostos e unificando a produção do carvão e do aço. Cada país deveria produzir o suficiente para suprir o mercado comum, evitando a concorrência predatória entre eles. A conquista do mercado externo seria alcançada pela comunidade, e não isoladamente por cada país.

A CEE teve seu iníciou com os seis países integrantes da CECA. Posteriormente, em 1973, o grupo alargou-se com a adesão da Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca. Em 1981, integrou-se a Grécia e, em 1986, a Espanha e Portugal, formando então o grupo dos 12. Hoje, são vinte e sete países, a partir do desmoronamento do bloco soviético em 1989.

Desde o Tratado de Amsterdã (1997), a CEE passou a denominar-se União Européia, momento em que passou a ter outras atribuições e competências.

A estrutura político-administrativo da UE é constituída pelas seguintes instituições: a) O Conselho da União Européia (Conselho de Ministros); b) A Comissão Européia; c) O Parlamento Europeu; d) O Conselho Europeu; e) O Tribunal de Justiça; f) O Tribunal de Contas; g) O Comitê Econômico e Social (CESE); h) O Comitê das Regiões; i) O Banco Central Europeu; j) O Banco Europeu de Investimento; k) O Provedor de Justiça Europeu/Defensor do Povo Europeu; e, l) Várias agências especializadas e descentralizadas da UE, criadas com o objetivo de apoiar os Estados-Membros e os seus cidadãos, quais sejam: a) agências comunitárias; b) agências de política externa e de segurança comum; c) agências de cooperação policial e judiciária em matéria penal; e d) agências executivas.

O Banco Europeu de Investimentos é a instituição financeira da União Européia. Financia projetos de investimento que contribuam para o desenvolvimento equilibrado dos países-membros.

Foi criado com o Tratado de Roma e é uma instituição de direito público. Possui estruturas administrativas distintas das instituições comunitárias. Atua no interior da UE, no desenvolvimento das regiões menos favorecidas, melhorando as infra-estruturas de transportes e telecomunicações de interesse europeu, bem como na proteção do meio ambiente e do urbanismo no setor energético, no fomento às pequenas e médias empresas e na cooperação para a promoção do desenvolvimento.

Segundo Lessa (2003, p.149)95, os fundos utilizados pelo Banco Europeu de

Investimentos no financiamento de projetos são provenientes da emissão de títulos nos mercados de capitais internacionais – não são recursos orçamentários.

Fora da União Européia, o Banco Europeu de Investimento atua em favor dos Estados ou grupo de Estados com que a União tenha celebrado diferentes acordos para a promoção do desenvolvimento, como os países mediterrâneos, os países da África, Caribe e Pacifico, vinculados à união através do Convênio de Lomé, assim como em países e territórios do ultramar. O Banco Europeu de Investimentos também atua em países da América Latina e da Ásia que tenham celebrado acordos de cooperação com a UE. Ainda, atua nos países europeus candidatos à adesão à União Européia (países da Europa Central e Oriental), assim como na África do Sul.

Com relação à proteção a investimentos, historicamente, em 1948, no contexto da reconstrução pós-guerra, os europeus criaram a Organização para Cooperação Econômica Européia (OCED), a qual foi sucedida pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 1961.

Registre-se que, em 21 de junho de 1976, os países-membros da OCDE adotaram as Linhas Diretrizes para Empresas Multinacionais e que a OCDE está examinando a possibilidade de se adotar um novo instrumento sobre investimentos, o qual combinaria os Códigos de Liberalização, as Linhas Diretrizes para Empresas Multinacionais e as Decisões

95 LESSA, Antônio Carlos. A Construção da Europa: a última utopia das relações internacionais, Brasília, Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, 2003, p. 149.

sobre Tratamento Nacional e sobre Incentivos e Desincentivos. Os comitês examinam a proposta de que os compromissos de tratamento nacional se tornem obrigatórios, e não mais apenas voluntários.

No contexto da OCDE, os negociadores da UE têm colocado ênfase no capítulo das garantias jurídicas aos seus investimentos. Os últimos 15 anos de liberalização intensa nos países do Mercosul tornaram a Argentina, Paraguai e Uruguai muito abertos aos investimentos estrangeiros, contudo no Brasil a legislação é mais fechada (como no caso de remessa de lucros). Dos anos 90 para cá, o Brasil adotou posturas, na prática, bastante liberais, que é o que o país está propondo consolidar no acordo de livre comércio MERCOSUL – União Européia, o qual está sendo negociado desde meados da década de 1990.