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3. MÉTODO

3.2 Grelha de análise dos programas de televisão

3.2.6 Variáveis da montagem

No grupo das variáveis que pretendem caracterizar a montagem ou sintaxe temporal vamos considerar a duração dos planos associada a planos fixos, panorâmicas e travellings.

Será também analisada a força de corte temporal e espacial dos planos bem como o uso de elipses temporais dentro do mesmo espaço.

Ao nível das unidades de análise de tempo “o segundo” será também analisada a presença de linguagem escrita no enquadramento e a presença de música na banda sonora.

3.2.6.1 A Duração dos planos.

A duração do planos é uma variável que medida de uma forma isolada pode fornecer valores sem significado uma vez que na fase da montagem a duração de um plano deriva da combinação de factores como o movimento interno dos objectos ou personagens no interior do plano, o movimento de câmara, o ritmo da música etc. Por isso a nossa análise começa por identificar a duração individual dos planos em segundos. A forma como calculámos a duração média do plano consiste em dividir a duração total do filme pelo número de planos. O limite mínimo desta variável é 0 segundos e não temos à partida um valor máximo visto que os planos filmados em película podem ter até um máximo de 10 minutos mas os programas gravados em vídeo podem em última análise ser compostos por um plano único com a duração total do programa.

De seguida cruzamos os valores da duração do plano com o respectivo movimento e obtemos a duração média do plano fixo que é calculada a partir da soma de segundos de filme preenchidos por planos fixos dividida pelo número de planos fixos

observados. O resultado surge em segundos e apenas tem um limite de 0 para o valor mínimo mas não tem à partida valor máximo.

O mesmo raciocínio é aplicado ao calculo da duração média dos planos com panorâmica e com travelling.

3.2.6.2 A presença de música.

A existência ou ausência de música na banda sonora é um dos objectivos desta análise.

No entanto e além da codificação desta característica vamos também assinar se a música quando está presente na banda sonora é extradiegética ou diagética. Em termos de pós-produção áudio estas duas hipóteses correspondem às bandas de música pós sincronizadas e às bandas de música de som directo.

A codificação desta linguagem usa zero (0) para assinalar a não existência de música, (1) para assinalar música directa proveniente da acção, e (2) para assinalar a presença de música pós-sinconizada.

A frequência da presença de música na banda sonora é calculada da seguinte forma:

Em que M1 designa o número de segundos com música directa e M2 o número de segundos com música pós-sincrona.

3.2.6.3 A continuidade temporal.

A continuidade ou descontinuidade está associada à montagem ou sintaxe temporal uma vez que pretende identificar e medir o tempo que separa um plano do seu anterior.

Os valores em que propomos codificar esta variável são três. Quando um plano não revela a existência de nenhuma elipse temporal com o plano anterior, então os dois planos são contínuos e são codificados com o valor zero (0).

Quando entre os dois planos o analisador identifica a existência de uma elipse temporal diagética mas que é inferior a um minuto então o corte no tempo assume o valor um (1).

Quando entre os dois planos o analisador pressupõe existir um intervalo de tempo diegético superior a um minuto então esta variável assume o valor dois (2). O valor que esta variável assume para a globalidade do programa resulta do quociente entre a soma da força de corte no tempo de todos os planos pelo valor máximo possível de descontinuidade temporal. O resultado varia sempre entre 0 e 1 e por isso vai ser apresentado em percentagem.

3.2.6.4 A continuidade espacial.

Tal como a continuidade temporal, a força de corte espacial entre dois planos é uma característica da montagem ou sintaxe temporal do programa audiovisual e que pretende medir a continuidade espacial entre os planos.

Quando um plano se situa no mesmo espaço do plano que o precede então o analisador considera que existe continuidade espacial entre os dois planos e esta situação é codificada com o valor zero (0).

Frequência da presença de música =

M1 + M2 Duração total

Quando existe um “salto” entre dois espaços diegéticos contíguos então esta situação é codificada com o valor um (1). Considera-se dois espaços contíguos aqueles que estão ligados espacialmente. Um exemplo deste caso é por exemplo um plano que se passa no quarto de um apartamento que sucede um plano que se passa na sala do mesmo apartamento.

Quando existe uma elipse espacial forte entre um plano e o que o precede então codifica-se esta variável com o valor dois (2).

O valor que a força de corte no espaço assume para a globalidade do programa resulta do quociente entre a soma da força de corte no espaço de todos os planos pelo valor máximo possível de descontinuidade espacial. O resultado varia sempre entre 0 e 1 e por isso vai ser apresentado em percentagem.

3.2.6.5 Elipses dentro do mesmo espaço.

Já no decorrer deste estudo surgido-nos um caso de um programa que apresentava uma situação diferente de todos os outros e que quisemos assinalar e quantificar. A situação consistia em elipses temporais dentro do mesmo espaço.

Para os identificar e quantificar somámos todos os planos que tinham

descontinuidades de tempo mas que simultaneamente eram contínuos no espaço. O resultado global desta variável achou-se através do quociente entre o número de casos identificados no filme e o número total de planos com descontinuidade temporal. O resultado desta divisão varia entre o e 1 e por isso é expresso em percentagem.

3.2.6.6 A presença de linguagem verbal escrita.

Esta característica é irrelevante para a maior parte dos filmes produzidos para serem vistos em cinema mas no caso actual da televisão a análise desta característica tornou-se de alguma forma necessária porque alguns programas fazem um uso frequente de espaços do ecrã onde passam continuamente informações escritas. Esta variável identifica simplesmente se para cada unidade de análise de um segundo está ou não está presente informação escrita no ecrã.

No caso especial dos programas em língua não portuguesa e que são legendados em português, esta variável assinala sempre que existem legendas no ecrã.

O valor global desta variável para cada programa apresenta-se sobre a forma de percentagem e indica a percentagem de tempo em que estão presentes mensagens verbais escritas no ecrã.