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Para a conformação dos perfis de fatores de risco relacionados ao estilo de vida foram elencadas 12 variáveis do módulo de informações de estilo de vida da PNS (Quadro 1).

Quadro 1. Descrição das variáveis internas utilizadas na composição dos perfis de

fatores de risco relacionados ao estilo de vida.

Variável Descrição

Consumo regular de feijão Consumo de feijão em 5 ou mais dias da semana. Consumo recomendado de

frutas, legumes e verduras

Consumo de frutas e suco de frutas, legumes e verduras ao menos 5 vezes ao dia, sendo no mínimo 1 porção de fruta ou suco de fruta e 2 porções de legumes ou verduras.

Consumo regular de peixe Consumo de peixe ao menos 1 dia da semana. Consumo regular de

refrigerante

Consumo de refrigerante ou suco artificial em 5 dias ou mais da semana.

Consumo regular de doces Consumo de alimentos doces, tais como pedaços de bolo ou torta, doces, chocolates, balas, biscoitos ou bolachas doces em 5 dias ou mais da semana. Consumo de carnes com

excesso de gordura

Consumo de carne vermelha com excesso de gordura visível ou frango/galinha com pele

Substituição de refeições por lanches

Substituição de almoço ou jantar por sanduíches, salgados ou pizza em 5 dias ou mais da semana.

Consumo abusivo de álcool Ingestão de 4 ou mais doses, para mulheres, ou 5 ou mais doses, para homens, em uma única ocasião nos últimos 30 dias.

Fumante atual de tabaco Indivíduo que fuma atualmente algum produto do tabaco.

Fisicamente ativo no lazer Indivíduo que praticou pelo menos 150 minutos de atividades leves ou moderadas ou 75 minutos de atividades vigorosas semanais em seu tempo livre de lazer. Insuficientemente ativo Indivíduo que não praticou atividade física ou praticou por menos de 150 minutos

por semana, considerando os domínios de lazer, trabalho e deslocamento. Índice de Massa Corporal

(IMC)

Relação de peso (kg) pela altura (m) ao quadrado. Seguindo os pontos de corte adotado no Brasil pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)a, os adultos de 30 a 59 anos foram classificados em baixo peso quando IMC < 18,5 kg/m2, eutrofia IMC ≥ 18,5 e < 25 kg/m2 e excesso de peso IMC ≥ 25 kg/m2. Para os indivíduos com 60 anos ou mais de idade, considerou-se baixo peso quando IMC ≤ 22kg/m2, eutrofia IMC > 22 e < 27 kg/m2 e excesso de peso IMC ≥ 27 kg/m2. As classificações de sobrepeso e obesidade para adultos e sobrepeso para idosos foram consideradas como excesso de peso.

a

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: norma técnica do sistema de vigilância alimentar e nutricional – SISVAN. Brasília; 2011. 76 p. (Série G. Estatística e Informação em Saúde).

A escolha das 12 variáveis se deu com o intuito de contemplar os quatro domínios referentes aos fatores de risco modificáveis para as DCNT: alimentação inadequada, inatividade física, tabagismo e consumo de álcool. Foram selecionados indicadores que também são utilizados em grandes pesquisas populacionais em nível nacional, bem como recomendados por órgãos internacionais de saúde (IBGE, 2014; BRASIL, 2017a).

Por se tratar de um constructo complexo e, portanto, de mais difícil mensuração, para o consumo alimentar foram utilizados sete indicadores/variáveis. Sobre esse aspecto, a utilização de poucas variáveis poderia comprometer a análise global do consumo alimentar, que envolve diferentes nutrientes, tipos e grupos de alimentos.

Dentre as informações disponíveis na PNS sobre consumo alimentar, optou-se por não incluir na análise o consumo de leite integral e o consumo de sal. Sobre o consumo de leite integral, por esse ser excelente fonte de vitaminas lipossolúveis, dentre elas a vitamina A, e, considerando a persistência da deficiência de vitamina A no Brasil (QUEIROZ et al., 2013; SILVA et al., 2015; LIMA et al., 2018; DEMINICE et al., 2018), preferiu-se não utilizar o consumo de leite integral, e considerar como marcador de consumo de gordura saturada apenas o consumo de carnes com excesso de gordura.

Quanto ao consumo de sal, a opção pela exclusão da variável se deu pela forma como o consumo foi mensurado na pesquisa. A partir da autopercepção do nível de consumo, foi efetuada a pergunta “Considerando a comida preparada na hora e os alimentos industrializados, o(a) Sr(a) acha que o seu consumo de sal é”, tendo como opções de resposta: Muito alto, alto, adequado, baixo e muito baixo. Por considerar que tais resultados não representariam uma aproximação do real consumo de sal pela população adulta do país, uma vez que a concordância entre o nível percebido e o real de consumo de sal não foi explorada (OLIVEIRA et al., 2015), e com o intuito de minimizar distorções na conformação dos perfis, optou-se por não incluir esta variável de consumo alimentar.

Em relação às variáveis sobre atividade física, nesse estudo optou-se pelos indicadores de ativo no lazer e insuficientemente ativo (considerando lazer, trabalho e deslocamento). Quanto ao comportamento sedentário, não foi incluída nenhuma variável devido a PNS ter mensurado apenas o tempo sentado para assistir televisão, não contemplando outras atividades, como o trabalho sentado e o tempo despendido

diante de outros equipamentos, como computador, celular e tablet. Esta escolha teve por finalidade evitar vieses na pesquisa, tendo em vista que a televisão é apontada como principal opção de lazer acessível para grupos populacionais específicos, como por exemplo, a população com menor escolaridade (MIELKE et al., 2014).

Quanto ao tabagismo, devido à diversidade de produtos do tabaco cujo uso foi avaliado na pesquisa (cigarro industrializado, cigarros de palha, cachimbo, cigarros de cravo ou de bali, charuto, narguilé), optou-se por utilizar apenas uma variável que fosse capaz de contemplar todos os tipos de fumo de tabaco pesquisados na PNS.

Outra variável incluída na conformação dos perfis de fatores de risco foi o índice de massa corporal (IMC). Devido à obesidade ser considerada um importante fator de risco intermediário para as DCNT (WHO, 2005), considerou-se relevante a sua inclusão no estudo como variável de controle.

Apesar das limitações dos métodos de avaliação antropométrica, espe- cificamente do IMC, no sentido de não predizer a composição corporal e a distribuição da gordura corporal (VASQUES et al., 2011), o mesmo é bastante utilizado na avaliação do estado nutricional de populações e em estudos epidemiológicos. Isso se deve ao fato do IMC produzir informações básicas das variações físicas dos indivíduos, possibilitando a classificação em graus de nutrição, além de ser um método não inva- sivo, de baixo custo, fácil e de rápida execução, e que permite boa correlação com indicadores de morbimortalidade, principalmente em relação às DCNT (CARVALHO et al., 2015).

Nesse estudo optou-se por utilizar classificações de IMC diferenciadas para adultos e idosos. A adoção de um ponto de corte mais sensível para idosos considera as mudanças na composição corporal, decorrentes do envelhecimento, e, evita a superestimação da prevalência tanto de baixo peso quanto de excesso de peso neste grupo. Dessa forma, devido a inviabilidade de no método GoM utilizar a variável IMC com quatro categorias para adultos e com três categorias para idosos, tendo em vista que a classificação de IMC utilizada para adultos faz a distinção entre as categorias de sobrepeso e obesidade, e a de idosos não faz essa diferenciação, optou-se por analisar o sobrepeso e a obesidade em adultos também como uma única categoria, denominada excesso de peso.