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A violência de gênero, segundo Simão (2011), é qualquer ato de abuso que parta de relações de poder assimétricas, entre pessoas, baseada em gênero, no poder desigual, onde há homens violando mulheres, homens violando outros homens, mulheres violando homens ou mulheres violando outras mulheres. Entretanto, tratar-se-á aqui, especificamente, da violência de gênero gerada no homem contra a mulher, aquela que acontece pela simples condição de ser mulher no contexto das desigualdades entre os pares, quando praticada pelo homem, para dominar a mulher e tê-la sob o seu poder.

A expressão “violência de gênero” é quase que sinônima de violência contra a mulher, pois, como já aduzido anteriormente, são as mulheres as maiores vítimas desse tipo de violência. Esse referido slogan, conforme afirmam Teles; Melo (2003), passou a ser usado no final dos anos 70 pelos movimentos feministas e vem ganhando espaço devido aos estudos desenvolvidos sobre esse tema, principalmente no meio acadêmico.

Estas autoras apontam que a violência de gênero vem sendo estudada nos EUA e na Europa desde o final da década de setenta, em diversas áreas do conhecimento, abrangendo os campos da Antropologia, Filosofia, Sociologia e Psicologia. Entretanto, no Brasil, apenas nos anos noventa iniciaram, expressivamente, suas pesquisas.

Convém destacar que não há um consenso para a melhor denominação da violência contra a mulher, por isso, existem várias formas de denominá-la: violência de gênero, violência doméstica, violência familiar e violência conjugal. Logo, a expressão violência de gênero ainda se confunde.

Simão (2011) explica que os estudos sobre violência contra a mulher têm frequentemente lançado mão do conceito violência doméstica, o qual se tornou inapropriado na medida em que restringe a violência ao âmbito privado. Embora a violência contra a mulher aconteça com maior frequência no ambiente doméstico, não se pode limitar a esse ponto, visto que ela também ocorre em espaços públicos como na escola, no trabalho, no trânsito etc.

Para Garcia (2013), a mulher apresenta maior risco de ser agredida física, psicológica e sexualmente por quem convive intimamente com ela do que por qualquer outra pessoa. Assim, é no seio familiar que essa mulher torna-se mais vulnerável à violência de gênero.

Cumpre salientar que, na década de 50, surgiu a expressão “violência intrafamiliar” para evidenciar não só a violência contra a mulher, mas também contra a criança, adolescentes e até mesmo contra idosos no seio da família. Essa denominação é muito comumente confundida como violência doméstica. Para Safiotti (1996), a violência intrafamiliar restringe o universo das pessoas relacionadas por laços consanguíneos ou afins.

Já quanto à expressão “violência conjugal”, faz-se referência à violência de gênero, ocorrendo entre o casal em uma relação de intimidade. Entretanto, para Dias; Machado (2008), a violência conjugal e o gênero não deverão ser analisados isoladamente, pois estão interligados, sendo o gênero uma parte integrante e constitutiva do enquadramento cultural do fenômeno da violência. Segundo as autoras, há uma necessidade de se compreender o gênero no âmbito de uma perspectiva cultural. São incluídas aqui não só as normas e valores culturais associados a cada um dos sexos no contexto cultural alargado, mas também a sua intersecção com a classe social, a etnia e até mesmo a idade.

Conforme o pensamento de Simão (2011), a expressão “Violência contra a mulher” deverá ser um sintagma restrito à “Violência de gênero”, isso porque, sendo o gênero uma construção social e cultural, a violência de gênero só poderá ser superada na medida em que as relações de gênero venham a ser modificadas também por meio de transformações sociais, culturais e educacionais, embasadas em mudanças institucionais e legislativas com a participação da sociedade civil.

A própria ONU define violência de gênero como qualquer ação ou conduta, “baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,” tanto no âmbito público como no privado e destaca que esse tipo de violência é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres (ONU, 2011).

Independentemente do termo utilizado para a violência contra a mulher, torna-se necessário conhecer como ocorre esse tipo de violência e em que condições ela acontece. Assim sendo, vários autores têm contribuído para que se possa entender o fenômeno. Dentre esses estudiosos, destaca-se Silva (2010) quando aponta que a violência contra as mulheres faz parte de um sistema sócio-histórico que condicionou as mulheres a uma posição hierarquicamente inferior, produzindo relações assimétricas entre homens e mulheres em nossa sociedade.

Entretanto, essa violência está arraigada por mitos que, ao longo do tempo, foram sendo solidificados, tornando a frequência dos fatos comum. Nesse contexto, em Seminário de Capacitação para Juízes, Procuradores, Promotores, Advogados e Delegados no Brasil, realizado no ano de 2006, pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, cujo tema

foi “Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica”, foram apontados os dez mitos e seus opostos, quais sejam:

a) “A violência doméstica só ocorre esporadicamente”. A cada 15 segundos, uma mulher é agredida no país;

b) “Roupa suja se lava em casa”. Enquanto o problema não for encarado como de saúde pública, os cofres governamentais continuarão a serem onerados com aposentadorias precoces, licenças médicas, consultas e internações. Os níveis de delinquência juvenil e repetência escolar continuarão altos e as mulheres continuarão a ser mortas;

c) “A violência doméstica só acontece em famílias de baixa renda.” A violência é o fenômeno mais democrático que existe, não fazendo distinções de classe econômica, raça ou cultura;

d) “As mulheres apanham porque gostam ou porque provocam.” Quem sofre violência gasta a maior parte de seu tempo tentando evitá-la, protegendo-se e a seus filhos e filhas. As mulheres ficam ao lado dos agressores para preservar a relação, e não a violência;

e) “A violência só acontece nas famílias problemáticas.” As famílias afetadas pela violência aparentam ser “funcionais.” Não há pesquisas comprovando que elas difiram de outros tipos de famílias;

f) “Os agressores não sabem controlar suas emoções.” Se assim fosse, os agressores agrediriam também chefes, colegas de trabalho e outros familiares, e não apenas a esposa ou os filhos e filhas;

g) “Se a situação fosse tão grave, as vítimas abandonariam logo os agressores.” Grande parte dos assassinatos de mulheres ocorre na fase em que elas estão tentando se separar dos agressores. Algumas também desenvolvem a “síndrome do estresse pós-traumático”, que as tornam incapazes de reagir e escapar;

h) “É fácil identificar o tipo de mulher que apanha.” Como já dito, a violência é um fenômeno democrático. Qualquer mulher pode se encontrar, em algum período de sua vida, vítima deste tipo de violência;

i) “A violência doméstica vem de problemas com o álcool, drogas ou doenças mentais.” Muitos homens agridem suas mulheres sem que apresentem qualquer um destes fatores;

j) “Para acabar com a violência basta proteger as vítimas e punir os agressores.” É necessário um processo educativo voltado à infância, para que as relações entre

homens e mulheres sejam construídas, desde muito cedo, sem componentes de agressão para obtenção e manutenção do poder. É necessário também proteger as mulheres vitimizadas e promover, aos agressores, uma oportunidade de reflexão e mudança (BRASIL, 2009).

De acordo com Minayo (2006), esse tipo de violência caracteriz-se pela opressão de gênero e suas relações de poder de homens sobre mulheres, reproduzindo na cotidianidade, atravessando classes sociais, etnias e faixas etárias, manifestada no âmbito privado, como a família ou o domicílio e também no espaço público.

Mendes (2009) cita várias formas de agressão cometida contra mulheres, como socos, pontapés, facadas, empurrões, ameaças, pressões psicológicas, cárcere privado e violência sexual. Os motivos alegados, geralmente, pelas vítimas estão associados a ciúmes, controle, posse e insegurança dos companheiros e/ou maridos. Em decorrência disso, nas últimas décadas do século XX, houve no cenário jurídico-político internacional e nacional o reconhecimento da violência contra a mulher como um problema de saúde pública e de direitos humanos.

Ainda para esta autora, no País, os dados referem-se apenas aos registros de violência doméstica, o que pode tornar o índice de violência ainda maior. Destaca-se também que, além das questões relacionadas à dinâmica de dominação por ideologias machistas, a violência de gênero ampara-se nas relações afetivas, ou seja, esse tipo de violência de modo geral não ocorre entre pessoas desconhecidas: a proximidade afetiva cria um vínculo de confiança que encobertam comportamentos violentos.

Assim, a possibilidade de violência de gênero aumentará pelo processo das relações sociais. Diniz (2005) destaca que das violências interpessoais, a cometida pelo homem contra a mulher é considerada por esses órgãos como um dos maiores problemas mundiais atuais, chegando a valores entre 10 e 69% de incidência, ocorrendo, costumeiramente, no ambiente doméstico.

No entendimento de Silva (2010), a violência contra as mulheres não é apenas como um ou vários atos sistematizados de agressão contra o seu corpo, seja da ordem do abuso sexual, seja do espancamento, da tortura física ou psicológica. Para o aludido autor, a violência que a mulher sofre quase que diariamente está incorporada e enraizada no imaginário social coletivo da nossa sociedade, de homens, mas também de mulheres, que legitimam a subordinação do sujeito feminino ao domínio do poder masculino.

Ademais, a violência contra o contingente feminino está velada no mascaramento e na subordinação da nossa linguagem cotidiana, no uso de expressões, nas palavras de duplo sentido, na criação de referenciais para dar conta de uma realidade que não é a mais condizente com o seu papel na sociedade.

Por outro lado, segundo Voegeli (2011), a compreensão da violência contra mulher torna-se menos obscura partir do momento em que se dá o entendimento das relações sociais e o modo como essas relações marcam a subjetividade dessas mulheres, sua relação com o mundo, com seu corpo e com seu companheiro. Entretanto, para compreender a violência de homens contra as mulheres, a partir da perspectiva de gênero, será preciso incluir análises sobre os processos de socialização masculinas e os significados de ser homem em nossa sociedade, na qual são educados para reprimir suas emoções, sendo a agressividade, incluindo a violência física, formas geralmente aceita como marcas ou provas de masculinidade.

Como afirma De Ferrante; Santos; Vieira (2009), a violência contra a mulher se apresenta como uma forma de legitimação de poder do homem sobre a mulher, sendo por isso denominada de violência de gênero e que as relações entre mulheres e homens têm sido historicamente desiguais, causando a subordinação da população feminina aos ditames masculinos, que impõem normas de conduta às mulheres e as devidas correções ao descumprimento dessas regras, muitas vezes sutis e perversas, embutidas nesse relacionamento.

Blay (2008) acrescenta que a violência contra as mulheres tem sido um dos principais mecanismos sociais para impedi-las de ter acesso a posições de igualdade em todas as esferas da vida social, incluindo a vida privada. Essa violência é uma manifestação de poder e expressa uma dominação masculina de amplo espectro, histórica e culturalmente.

Só no Brasil, de acordo com estatísticas da SPM, no período de janeiro a dezembro de 2010, 108.026 mulheres foram vitimas de violência e o tipo que mais ocorre é a violência física com 63.831 denúncias, o que corresponde a aproximadamente 60% dos casos (BRASIL, 2012).

Essa força bruta, de forma geral, custa caro para os cofres públicos. Prevenir a violência poderá ser uma estratégia de redução dos custos em saúde. De acordo com De Ferrante; Santos; Vieira (2009) estima-se que o custo da violência doméstica oscila entre 1,6% e 2% do PIB de um país, fatos esses que demonstram que a violência contra a mulher sai do âmbito familiar e atinge a sociedade como um todo, configurando-se em fator que desestrutura o âmbito social.

A agressão direcionada à mulher atinge repercussões em vários aspectos da vida, a saber, no trabalho, nas relações sociais e na saúde física e psicológica. Segundo Ribeiro; Coutinho, (2011) de acordo com dados do Banco Mundial, um em cada cinco dias de falta ao trabalho será causado pela violência sofrida pelas mulheres dentro de suas casas; a cada cinco anos, a mulher perderá um ano de vida saudável, se ela sofrer violência doméstica; na América Latina, a violência doméstica atingirá entre 25% a 50% das mulheres; uma mulher que sofre violência geralmente ganhará menos do que aquela que não vive em situação de violência (FONSECA, RIBEIRO; LEAL, 2012).

Rocha (2005) acrescenta que a violência contra a mulher provoca um aumento substancial de gastos com cuidados de saúde pública, que vão desde a necessidade de atendimento hospitalar às vítimas, passando por consultas psiquiátricas, psicológicas e medicação. Em geral, as agredidas físicas e sexualmente utilizam os serviços de saúde com frequência, ainda que, em grande parte das vezes, os casos não sejam reportados como violência baseada em gênero. A posteriori, muitas delas necessitarão de serviços sociais e de proteção proporcionados pelo Estado, como segurança social, refúgios e casas de abrigo.

Nesse contexto, cumpre ressaltar também o adoecimento das mulheres vítimas da violência de gênero, afetando sua saúde física e mental, trazendo importantes consequências econômicas e sociais. Daí a justificativa de que a violência de gênero é um problema de saúde pública. A WHO (2005) afirma que as consequências do abuso vivenciado pela violência de gênero são profundas, indo além da saúde e da felicidade individual e afetando o bem-estar de comunidades inteiras.

O manual de orientações para a prática em serviço sobre violência familiar do Ministério da Saúde também aponta inúmeras consequências para a saúde física e mental das mulheres que sofrem violência, destacando: lesões físicas, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis - DSTs, abortos espontâneos, abusos de drogas, depressão, ansiedade e outros (BRASIL, 2005).

Vários estudiosos indicam que a violência é considerada como um fenômeno que se caracteriza pela sua multicausalidade (SAFFIOTI, 2004; MINAYO, 2006; ALMEIDA, 2007; TAQUETTE, 2007), embora na atualidade ainda possam surgir questionamentos de qual seriam as causas da violência de gênero partindo do homem em relação à mulher.

Costa, Zucatti; Dellagio (2011) apontam que não existe nenhum fator que, por si só e de forma isolada, seja a causa da violência de gênero, visto que ela é considerada como um fenômeno multifatorial. Entretanto, as autoras corroboram a mesma ideia de que existem fatores que podem contribuir para o desfecho, considerados fatores de risco para a violência

de gênero, dentre eles podem ser destacados o ciúme, a não aceitação da separação, o desemprego, a baixa renda, a baixa escolaridade, o alcoolismo, o uso de drogas ilícitas etc.

Um estudo realizado por Santi; Nakano; Lettierre (2010) sobre as características da violência sofrida pelas mulheres confirmou que o maior percentual ocorreu dentro do domicílio, característica que atingiu 41 (61,2%) mulheres. O agressor era conhecido pela vítima em 89,6% dos casos, sendo que, dentre eles, 36 (53,7%) eram maridos e namorados, e 18 (26,9%) eram ex-maridos e ex-namorados das vítimas. Quanto ao perfil demográfico, a pesquisa apresentou como um dos fatores associados à violência contra a mulher o baixo nível socioeconômico, a etnia, a idade jovem e o baixo nível de suporte social. Quanto à renda, mais da metade das mulheres possuíam uma renda familiar inferior a dois salários mínimos.

Portanto, de acordo com Costa, Zucatti e Dell’agio (2011), embora não exista um fator isolado como causador da violência de gênero é fato que existem os aspectos referentes aos fatores de risco.

No quesito da escolaridade, Adeodato et al. (2005) relatam que é fato que, quanto menor a escolarização das mulheres agredidas ou do agressor, poderá existir maior tendência para desencadear-se a violência de gênero.

Estudo realizado pela OMS expressa que mulheres com maior grau de instrução e renda própria sofrem menos violência de gênero. Mulheres com o 2º grau de escolaridade e com renda própria estão mais protegidas contra a violência física e sexual dos seus parceiros e mulheres com altos graus de instrução tem mais opções de parceiros e mais habilidade pra decidir permanecer ou não na relação, como também têm maior autonomia e controle dos recursos na relação (BRASIL, 2011).

Adeodato et al. (2005) também contribuem quando relatam que a baixa escolaridade é apontada como um dos fatores que favorecem a situação de violência, visto que mulheres mais esclarecidas do ponto vista da lei e de seus direitos tendem a ter menor grau de tolerância à situação de violência. Entretanto, as autoras deixam claro que isso não significa que mulheres de classes mais favorecidas e com mais anos de escolaridade também não enfrentem situações de violência. A diferença é que essas mulheres dispõem de recursos que possibilitam encontrar ajuda em consultórios e escritórios particulares de médicos, psicólogos e advogados. Essas alternativas levam a uma sub-representação nas denúncias, fazendo com que as situações de violência contra a mulher sejam diretamente associadas à pobreza.

Outro ponto interessante a ser levantado nesse quesito de escolaridade é que, quanto menor ou nenhuma escolarização, menor é a percepção que as mulheres têm a respeito da violência. Maia; Farias; Carneiro (2012) pontuam que a mulher de baixa escolaridade

apresenta mais dificuldade quanto ao entendimento do que realmente é violência contra a mulher. Para elas a violência propriamente dita é somente violência física, desprezando, assim, o entendimento dos demais tipos de violência nos quais a mulher pode ser acometida, como a verbal, a psicológica, a moral etc.

Ainda de acordo com as mesmas autoras, a partir de indagações sobre violência contra a mulher a um grupo de mulheres foi possível observar que, de modo geral, as mulheres da base da pirâmide social normalmente demoram mais tempo para identificar as violências do tipo psicológicas e morais e esta situação é devida ao fato destas não terem um maior esclarecimento sobre o sentido da violência e as suas tipologias.

Por outro lado, Cunha (2007) afirma que o fenômeno da violência de gênero não é privilégio apenas das mulheres de menor nível de escolaridade. Para a autora, esta ideia é bastante difundida na sociedade, mas não condiz com a realidade, visto que esse tipo de violência acomete a todas as mulheres, independente da sua classe social.

Outro fator de risco que pode contribuir para desencadear a violência pode estar associado ao alcoolismo e ao uso de drogas ilícitas. Coutinho (2011) destaca que um dos principais fatores causadores de situações violentas entre homens e mulheres foi o uso abusivo de bebida alcoólica ou uso de droga pelos homens.

Biancarelli (2006), em um estudo realizado em Pernambuco, junto a mulheres vítimas de violência, também demonstrou que, quando perguntadas em que situação o parceiro se se torna mais violento, 40% das mulheres responderam que isso ocorreria com mais frequência quando eles estavam alcoolizados.

De acordo com Cavalcanti (2005), o abuso do álcool é um forte agravante da violência de gênero, especificamente na forma de violência física. A embriaguez patológica é um estado onde a pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essas crises de furor e ira.

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Ceará sobre a "Qualidade de vida e depressão em mulheres vítimas de seus parceiros" revelou que o álcool e o ciúme foram os fatores mais referidos como desencadeantes das agressões, tendo 84% das mulheres sofrido agressão física (ADEODATO et al., 2005).

Por outro lado, o uso do álcool e das substâncias psicoativas, embora contribuam como fator agravante da violência de gênero, estes não poderão ser vistos como um fator isolado de causa, já que o indivíduo sob o efeito do álcool e das drogas, não necessariamente seja violento com todas as pessoas a seu redor, restringindo essa violência geralmente à parceira. De acordo com Hermann (2007), torna-se evidente que a essência da manifestação

da violência estar relacionada a uma distribuição desigual do poder, tanto físico, social, quanto econômico do homem mediante a mulher.

Outro ponto relevante e gerador da violência de gênero podem ser expressos pelo sentimento de ciúme, demonstrando uma relação de poder, visto que a não aceitação da separação, às vezes imposta pela mulher, na tentativa de se libertar, coloca-a em situação de risco, tornando-a vítima do próprio parceiro. Segundo Blay (2008), cerca de cinco em cada dez assassinatos de mulheres, no Brasil, são cometidos por pessoas de relacionamento afetivo, entre os quais esposos, namorados, noivos, companheiros e amantes, que apresentavam ciúmes excessivos, sendo que a maioria não aceitava o rompimento da relação.

Quanto ao fator classe social, Marques; Pacheco (2009) afirmam que, toda mulher,