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COTA DE GÊNERO E PROTAGONISMO FEMININO NA DEMOCRACIA

of Woman e A Vindication of the Rights of Men” reivindicando igualdade de direitos políticos, civis e econômicos femininos ao lado de outros pensadores liberais que igualmente vão apoiar a Revolução de Independência da América (1776) e a Revolução Francesa (1789) fixando as bases jurídicas e filosóficas das lutas pelo exercício do poder político no movimento sufragista inglês:

O radicalismo de Olympe de Gouges, expresso na sua militância política, levou-a ao cadafalso. Já a Vindication of the Rights of Woman, de Mary Wollstonecraft, não só obteve uma popularidade expressiva na época, sendo publicada nos Estados Unidos pouco tempo depois, como se tornou fonte de inspiração para as mulheres de gerações subsequentes, que se mobilizaram e organizaram em movimentos de luta pelos seus direitos, cuja expressão mais radical e de maior impacto foram os movimentos das sufragistas e das sufragetes em Inglaterra e nos Estados Unidos, nas duas primeiras décadas do século XX, quando as mulheres dessas nações finalmente conseguiram ser reconhecidas como cidadãs, ganho notável que, em diferentes fases, teve eco nos países europeus e no mundo (ABREU, 2002).

Concomitantemente à reivindicações inglesas, em 1791, Olympe de Gouges redige a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã em reação direta à célebre Declaração dos Direitos dos Homens e Cidadãos, que embora fosse documento resultante de lutas históricas da Revolução Francesa em que as mulheres foram personagens imprescindíveis, não reconhece direitos femininos, como direito ao voto, direito das mulheres vítimas de violência ao divórcio, da igualdade no casamento (SILVA, 2018, p. 56).

Claramente influenciado pela mulher Harriet Taylor Milll (1807 – 1858), feminista britânica, tendo redigido o ensaio Enfranchisement of Women (1851) direitos serão defendidos pelo destacado pensador liberal clássico, um dos fundadores do constitucionalismo moderno John Stuart Mill (1806-1873) na obra Considerações sobre o Governo Representativo (1861) através do pensamento individualista e liberal pautado na autonomia moral do indivíduo em buscar um bom governo, sendo que o bem estar das mulheres seriam igualmente afetadas pelo Estado, inexistindo óbice ao sufrágio feminino e combatendo a suposta “incapacidade política” feminina, como expõe:

A humanidade já há muito tempo abandonou os únicos princípios que podem apoiar a conclusão de que as mulheres não devem votar. Hoje em dia, ninguém mais sustenta que as mulheres devam ser escravizadas; que não possam lei nenhum outro pensamento, desejo ou ocupação, que não o de ser burro de carga de seus maridos, seus pais ou seus irmãos. É permitido às mulheres solteiras, e por muito pouco o também às mulheres casadas, possuir fortuna própria, e de ter interesses pecuniários, comerciais da mesma maneira-que os homens. É considerado desejável e conveniente que as mulheres pensem, escrevam e ensinem. A partir do momento em que estas coisas, alio admitidas, a incapacidade política já não mais se baseia em nenhum princípio (MILL, 1861, p.97).

O autor ainda afirma que a liberdade das mulheres pelo direito ao sufrágio também causa uma melhora na qualidade do voto em razão da ampliação do diálogo entre homens e mulheres, exemplificando que, no caso dos homens casados, o debate fortaleceria suas opiniões políticas através da arte da argumentação e convencimento, sendo a liberdade individual da mulher necessária do ponto de vista dos valores liberais para a limitação do poder do Estado e arbitrariedades combatidas pelas revoluções liberais:

Mas não é nem mesmo necessário chegar a esse ponto para provar que as mulheres devem ter o direito de voto. Mesmo que fosse tão justo quanto é injusto o fato de que as mulheres devam ser uma classe subordinada, confinada às ocupações domésticas e submissa a uma autoridade doméstica, elas ainda assim precisariam da proteção do sufrágio para se garantirem contra o abuso daquela autoridade. Os homens, assim como as mulheres, não precisam dos poderes políticos para que possam governar, mas sim para que não possam ser mal governados (MILL, 1861, p. 98).

No ano de 1869, o constitucionalista e feminista inglês ainda escreve a obra Sujeição das Mulheres tecendo considerações acerca da sujeição das mulheres pelos homens em uma analogia com a escravidão (que vai desaparecer em muitos lugares naquele momento histórico) mas que persiste na sociedade inglesa, já que desprovidas de autonomia privada e política, sendo consideradas seres inferiores. (OLIVEIRA, 2013).

Harriet Taylor Milll (1807 – 1858) vai defender o sufrágio feminino com fundamento no liberalismo e escritos norte-americanos dos quais destacam-se os relatos das “Women’s Rights Conventions” norte americanas ocorridas em 1850-51 sendo a convenção de Seneca Falls de julho de 1948 considerada como

o início dos movimentos sufragistas femininos americanos que igualmente se inspiravam em ideais liberais.

A inferioridade feminina ainda será utilizada por alguns liberais, socialistas e radicais que em tese seriam aliados naturais das mulheres na afirmação dos seus direitos individuais, mas que, no entanto, expressam temor ao favorecimento de partidos conservadores e reacionários já que enxergam as mulheres como mais religiosas e reacionárias, se opondo ao sufrágio feminino (PINSKY, 2003).

Nesta perspectiva a condição de sujeito é questionada pelas filósofas feministas ao se apropriarem dos ideários da Revolução Francesa, das ideias iluministas na afirmação do sujeito autônomo e racional e do conceito marxista de proletariado como sujeito histórico:

As reflexões feministas, a partir do século XVIII até nossos dias, trouxeram outra grande contribuição ao debate do tema sujeito. Ao penetrar nas sutilezas tanto do pensamento liberal como do pensamento marxista, as filósofas feministas constataram que sujeito fundamentalmente era concebido e definido como identidade universal, ocultando e desconsiderando especificidades (HAN, CONPENDI, 2015).

Apesar de posições contrárias, o feminismo inglês como movimento pelos direitos das mulheres conquista em 1870 direitos como frequência à cursos universitários, controle dos seus rendimentos em 1878 e em 1882 as inglesas são autorizadas por lei a administrar suas propriedades, lutas que foram travadas ao lado de causas como a abolição da escravatura e direitos políticos às mulheres trabalhadoras (PINSKY, 2003).

Anne Knight (1786-1862) militante de movimentos anti – escravagista e cartista funda juntamente com 7 mulheres cartistas a primeira ‘Female Political Association’ britânica para lutar pelo direito ao sufrágio feminino que elabora petição para a Câmara dos Lordes, citada por Harriet Taylor Mill em ensaio referido, apresentada na Câmara dos Comuns por John Stuart Mill, deputado, que apesar de vencido afirma ser sido o mais importante trabalho de sua vida, sendo considerada “decisiva” a influência de Harriet Taylor:

Nomes ilustres, como a poetisa Florence Nightingale, a reformadora política Harriet Martineau e a matemática Mary Somerville, figuravam entre as mulheres que subscreveram petições exigindo o direito de voto. Oitenta deputados votaram a favor. Não foi, contudo, ainda um número suficiente para que a petição fosse aprovada. A influência de Harriet Taylor foi assim decisiva no empenhamento desse filósofo e parlamentar na defesa do direito das mulheres ao sufrágio, e no desencadeamento do movimento de luta por esse direito, que evoluiu de formas passivas de luta, nas últimas décadas do século XIX, para a militância agressiva que caracterizou a campanha pró- sufrágio nas primeiras duas décadas do século XX (ABREU, 2003).

Como já referido, os políticos impuseram empecilhos às sufragistas já que os conservadores não queriam as mudanças almejadas, enquanto os liberais apesar da crença no direito ao sufrágio feminino votassem com a oposição enquanto os trabalhistas que incluíram o direito a igualdade e sufrágio universal nos programas partidários não acreditavam igualdade entre os sexos (ABREU, 2003).

As objeções sexistas dentro do Partido Trabalhista britânico foram combatidas por militantes na sua maioria trabalhadoras têxteis do Norte da Inglaterra que apresentaram petição ao Parlamento com mais de 67.000, e não obtiveram o apoio necessário o que foi determinante para a fundação da ‘WSPU—

Women’s Social and Political Union’, partido liderado por Emmeline Pankhurst (1858-1928) sendo denominadas sufragetes por exibir uma campanha mais agressiva pelo direito ao voto feminino, em contraste com as sufragistas da National Union of Women’s Suffrage Societies’, cuja fundação ocorreu em 1897, liderada por Millicent Garret Fawcett, a mais antiga organização sufragista. (ABREU, 2003).

Diante da campanha nacional realizada pelas sufragetes que protestavam também através de greves de fome, são efetuadas centenas de prisões sendo autorizada espécie de tortura realizada denominada de “alimentação forçada” medidas que chamaram a atenção da imprensa e população, sendo reconhecido o direito ao voto feminino na Inglaterra no ano de 1918 (ABREU, 2003).

Assim, embora as inglesas são sejam as primeiras a conquistar o direito ao voto, as sufragetes tornam-se mundialmente conhecidas tornando-se referência em razão da estratégia política utilizada pelas associações feministas e suas táticas radicais, como invasão de reuniões parlamentares até bombas incendiárias sendo reprimidas de forma violenta a exemplo as prisões realizadas como forma do Governo Britânico em oprimir e conter o movimento sufragista feminino (PINSK, 2003, p. 295).

Neste ponto, é necessário apontar o potencial transformador existente nos movimentos sociais no que concerne em seu aspecto sociocultural na busca pela construção da identidade com vistas a superar àquelas impostas pela sociedade, ou seja, de fora (GOHN, 2008).

Cabe destacar que o voto somente foi estendido em igualdade de condições às mulheres inglesas no ano de 1928, sendo os países do norte europeu pioneiros na concessão do direito ao voto conferido às mulheres da Nova Zelândia na data de 1893, ainda no século XIX, sendo admirável as conquistas pela cidadania das americanas que puderam votar e serem eleitas em alguns Estados americanos já no ano de 1913, sendo ainda reconhecidas através da 19ª emenda a todas as mulheres maiores de 21 anos (PINSK, 2003).

A Primeira Guerra Mundial é considerada um marco nos direitos políticos femininos quando as mulheres foram convocadas para a guerra e “substituindo a mão de obra masculina no esforço de produção das indústrias” como a indústria armamentista, o que soterrou argumentos machistas relacionados à natureza da mulher (PINSK, 2003, p. 295).

Para Simone de Beauvoir, as liberdades cívicas permanecem abstratas quando não acompanhas de autonomia econômica e mesmo as mulheres que trabalham não receberiam da sociedade e/ou marido a ajuda necessária para se tornarem concretamente iguais aos homens, sendo que somente as mulheres que militam poderiam dar um sentido ético à existência, informando ainda que estes benefícios se reduziriam em âmbitos políticos e sociais (pois uma vez herdeiras da tradição se submissão, estariam privadas de lazeres), afirmando igualmente que a mulher que se liberta economicamente do homem, nem por isso alcançaria uma situação moral, social e psicológica igual (BEAUVOIR, 2009, p. 879).

Para Guareschi costumes, tradições e legislação são culturais e geradas pelos grupos detentores de poder e prestígio social impondo a sua vontade que é posta como lei para os outros. (GUARESCHI, 2005). Assim, tornou-se prática cultural a naturalização da condição feminina que para Bourdieu poderia ser compreendida em relação aos efeitos duradouros exercidos pela ordem social sobre as mulheres, sendo a força simbólica uma forma de poder exercido sobre os corpos, como espécie de magia, sem qualquer coação física, mas que dependeria de predisposições mais profundas (BOURDIEU, 2002,p. 59).

Habermas compreende a dominação de gênero como uma forma “assimétrica e desfavorável à igualdade de direitos”, sendo que as lutas feministas podem vir a afetar a dinâmica desta relação de forma positiva para as mulheres como a seguir expõe.

Embora o feminismo não seja a causa de uma minoria, ele se volta contra uma cultura dominante que interpreta a relação dos gêneros de uma maneira assimétrica e desfavorável à igualdade de direitos.

A diferenciação de situações de vida e experiencias peculiares ao gênero não recebe consideração adequada, nem jurídica nem informalmente; tanto a autocompreensão cultural das mulheres quanto a contribuição que elas deram à cultura comum estão igualmente distantes de contar com o devido reconhecimento; e com as definições vigentes, as carências femininas mal podem ser articuladas de forma satisfatória. Assim, a luta política por reconhecimento tem início como luta pela interpretação de interesses e realizações peculiares aos diferentes gêneros; à medida que logra êxito, essa luta modifica a identidade coletiva das mulheres, e com ela a relação entre os gêneros, afetando assim, de forma imediata, a autocompreensão dos homens (HABERMAS, 1996, p. 247).

Do ponto de vista histórico, os movimentos feministas nas lutas por direitos ocorridos no final século XIX, denominados primeira onda, foram mobilizações por direitos sociais com enfoque em questões econômicas e de distribuição o que restou denominado de “igualdades formais” (SILVA, 2018).

No Brasil, o movimento sufragista liderado pela bióloga e Deputada da Câmara Federal Bertha Luz aprova o direito ao voto feminino em 1932 com o Novo Código Eleitoral, (Decreto n.21.076, de 24 de fevereiro de 1932) conhecido como Código Assis Brasil, vindo a representar em 1945 na Organizações das Nações Unidas com a mensagem “ Nunca haverá paz no mundo, enquanto as mulheres não ajudarem a cria – la” sendo conhecida pela sua contribuição para o preâmbulo da Carta da ONU (art.8º) no que concerne à igualdade entre homens e mulheres. (Informativo 895, STF).

No entanto, apenas o direito ao voto não basta. As mulheres devem ter o direito de influir nas decisões políticas do Estado. E a nossa atual Constituição Federal garante que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos (art.14, caput)” (MENDES, 2014, p. 707).

Para Hannah Arendt os aspectos da condição humana estão necessariamente relacionados com a política, sendo que o sujeito político se revela às outras no discurso e na ação, expressando a sua diferença, sendo marcada pelo agir no mundo, ou de iniciar algo novo, ou seja existir de forma singular e expressar a sua existência:

Em sua forma mais abstrata, a alteridade está presente somente na mera multiplicação de objetos inorgânicos, ao passo que toda a vida orgânica já exibe variações e diferenças, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. No homem a alteridade, que ele tem em comum com tudo o que existe, e a distinção que ele partilha com tudo o que vive, tornam-se singularidade, e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade de seres singulares (ARENDT, 2005, p.189).

Nas palavras da filósofa e intelectual alemã, a ação corresponderia à “condição humana da pluralidade” uma vez que os homens e não apenas o homem habitam o mundo, equivalendo a pluralidade à “condition per quam” da vida política. (ARENDT, 2005, p. 15). A autora ainda afirma que para os romanos estar vivo significava estar entre os homens, sendo portanto, intrínseco à condição humana a ação no espaço público, reconhecendo os homens como seres políticos por excelência (ARENDT, 2005).

Assim a pluralidade representada na cota mínima de mulheres constantes da Lei 12.034 de 2009 reflete a implementação de valores democráticos na busca pela igualdade substantiva consubstanciada em políticas públicas e reconhecimento de direitos femininos.

A inserção no plano normativo da maior participação nos espaços políticos através da discriminação legítima proposta pela correspondente Ação Afirmativa configura condição para a legitimidade de um Estado Democrático de Direito como demonstrado, uma vez que a exclusão das mulheres da esfera pública constitui no mínimo, ofensa à igualdade entre homens e mulheres, valor protegido pela Constituição Federal.

Neste sentido, para Habermas a legitimidade do Direito alcança legitimidade apenas quando as normas são frutos de participação livre “de todos a quem se destina”, o que ocorre com a ação comunicativa que seria a possibilidade de participar do discurso, intervindo e modificando o discurso, de ser ouvido (HABERMAS,2009, p.63).

Assim as cotas traduzem, pelo menos em plano normativo, a condição necessária para erradicação da discriminação de gênero no âmbito político, consistindo em mais uma conquista dos movimentos feministas que são concebidos como imprescindíveis para uma sociedade mais justa, livre e igualitária no sentido desejados pelas corajosas feministas que enfrentaram as opressões históricas contra os direitos da mulher.

Nessa linha, a preservação do voto livre, secreto e periódico, com igual valor para todos, tem por objetivo garantir o processo democrático, permitindo eleger os representantes escolhidos pelo povo.

Nesse processo, regulado pela Lei de Eleições, inúmeras regras foram estabelecidas para o registro de candidatos que tendam os requisitos determinados pela Carta Constitucional no art. 14. (CF).

Para tanto, a Lei nº 9.504 de 1997, traz um norma bastante significativa para abre um maior espaço de poder para as mulheres no registro de candidatura, no procedimento de início do processo eleitoral no Brasil. No artigo 10, parágrafo 3º, que foi alterado pela Lei nº 12.034 de 2009, foi determinada a possibilidade de participação de ambos os sexos nas vagas de candidatos registrados pelo Partido Político para concorrer aos cargos eletivos proporcionais. Essa alteração legislativa decorreu de uma ação afirmativa que foi bastante discutida na Justiça Eleitoral e continua sendo questionada.

Na tentativa de estimular a participação feminina e combater a exclusão histórica das mulheres na política, a lei prevê, de forma expressa, o preenchimento do percentual de no mínimo trinta por cento e no máximo setenta por cento de cada sexo no registro de candidaturas, a conhecida regra

“70/30”, que deve ser necessariamente observada por todos os partidos políticos.

Apesar dos esforços do legislador e das jurisprudências do Supremo Tribunal Federal, reforçada no Tribunal Superior Eleitoral, e, ainda, considerando um eleitorado brasileiro de mais de 52% de mulheres (dados do TSE: 06 de março de 2018), apenas 16,2% dos cargos foram preenchidos por mulheres (dados do TSE – eleição de outubro de 2018).

Assim, verifica-se que a cota de gênero não se traduz em preenchimento de cargos de poder, apesar de se tornar um instrumento político relevante na busca pela igualdade no exercício de poderes políticos sendo necessária uma conscientização acerca da importância da mulher nos espaços políticos

como forma de combate à cultura patriarcal para efetividade dos direitos que se encontram no plano formal reconhecidos:

Embora, na atualidade, na maioria dos países ditos democráticos, os direitos humanos das mulheres tenham sido equiparados juridicamente ao dos homens, essa realidade é bastante recente, e o alcance dessa suposta equiparação segue sendo motivo de acalorados debates e, ao mesmo tempo, de demanda de movimentos feministas, uma vez que muitos desses direitos ainda não foram efetivados na sua totalidade ou parcialidade, em espacial devido à cultura patriarcal dominante nas sociedades que, de forma direta, influencia na sua efetivação (SANTOS, 2015, p. 66).

Simone de Beauvoir esclarece a necessidade de direitos iguais que serão efetivados unicamente se houver a presença do sexo feminino na atividade pública como medida imprescindível para a libertação das mulheres (BEAUVOIR, 2009).

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A opressão sofrida pelas mulheres pode ser superada através de instrumentos normativos constantes de diplomas Constitucionais como a Lei 9.504/1997, com vistas a inclusão das mulheres nos espaços políticos contribuindo para as transformações sociais e políticas necessárias na sociedade contemporânea.

Nesta perspectiva observa-se a existência ainda hoje de desigualdade de gênero na esfera política em prejuízo às mulheres, apesar dos movimentos feministas das gerações precedentes especialmente dos direitos políticos que emergem da primeira onda dos direitos feministas.

Como comprovado nesta oportunidade, as mulheres em escala mundial, como em âmbitos jurídico nacional e internacional ainda ocupam lugares de predominância masculina, que continua a deter o capital social, cultural, político e econômico em detrimento da mulher, através da exclusão dos espaços públicos e políticos que continua a constituir óbice ao protagonismo feminino.

A contemporaneidade, portanto, apresenta diversos desafios que devem ser enfrentados pela sociedade, para a promoção da igualdade, respeito e liberdade que é direito de todos e todas.

REFERÊNCIAS

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SANTOS, André Leonardo Copetti (coord.). POLICROMIAS DA DIFERENÇA: inovações sobre pluralismo, direito, e interculturalidade. A contribuição dos movimentos feministas para a cultura dos direitos humanos mediantes a perspectiva da racionalidade descentrada.

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