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Das Características da Pesquisa

CAPÍTULO 2 DIRETRIZES TEÓRICO-METODOLÓGICAS

2.6 Das Características da Pesquisa

80 musical também deve abarcar experiências em espaços não formais, como igrejas, empresas etc. Apesar da UEMA ser uma universidade relativamente jovem, a IES tem muita tradição em cursos voltados para as ciências exatas e, principalmente, agrárias.

Nesse contexto, o curso de Licenciatura em Música da UEMA surgiu em meio a necessidades muito particulares, pois o estado do Maranhão, em especial a capital, São Luís, possui uma diversidade cultural ímpar, principalmente no que se refere ao cenário musical.

O curso de Música da UEMA foi o primeiro a surgir no Estado e hoje conta com dois, pois, posteriormente, a UFMA também criou o seu curso de Música. A fundação do curso foi uma iniciativa do então secretário de estado da Cultura, prof. Bel. Antônio Francisco Sales Padilha, e suas atividades tiveram início em 2005. Uma das características das primeiras turmas do curso de Música da UEMA foi a presença de professores advindos da Escola de Música do Estado do Maranhão ‘Lilah Lisboa de Araújo’ (EMEM), que vinha em busca de formação superior em Música. Hoje, o curso de Música possui cerca de 300 alunos, em sua maioria moradores da região metropolitana de São Luís.

Os sujeitos desta pesquisa são os professores do referido curso. O corpo docente atual do Curso de Licenciatura em Música da UEMA é formado por 12 professores, sendo nove professores efetivos e três professores substitutos. Não foi traçado um perfil dos sujeitos no intuito de não identificá-los.

81 A pesquisa descritiva é um estudo de realidades e é aplicada nas investigações das áreas da Educação e das Ciências Comportamentais. A pesquisa descritiva tem como uma das suas maiores premissas a ideia de que os problemas podem ser resolvidos, ou, ao menos, as práticas podem ser melhoradas por meio da coleta objetiva dos dados, da análise minuciosa e da descrição detalhada. Segundo Moreira e Callefe (2008), algumas técnicas e/ou métodos para solucionar problemas podem ser incluídos na categoria de pesquisa descritiva.

As pesquisas do tipo descritivas têm como objetivo principal, como o próprio nome já exemplifica, a descrição das características de determinado grupo e/ou fenômeno, estabelecendo inter-relações dentre as possíveis variáveis existentes. Segundo Gil (2010, p. 27-28), “Entre as pesquisas descritivas, salienta-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental etc.”

Na pesquisa descritiva realiza-se a coleta, a análise e a interpretação dos dados, cuja finalidade é registrar e analisar os fenômenos. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador deverá descobrir as características do fenômeno, como se estrutura e funciona dentro de determinado grupo e realidade operacional. Trivinõs (2011, p. 112), ao discutir a aplicação da pesquisa descritiva na Educação, afirma que:

A maioria dos estudos que se realizam no campo da educação é de natureza descritiva. O foco essencial desses estudos reside no desejo de conhecer a comunidade, seus traços característicos, suas gentes, seus problemas, suas escolas, seus professores, sua educação, sua preparação para o trabalho, seus valores, os problemas do analfabetismo, a desnutrição, as reformas curriculares, os métodos de ensino, o mercado ocupacional, os problemas do adolescente etc.

As pesquisas do tipo descritivas exigem do pesquisador uma gama de informação sobre o seu objeto de pesquisa para que a investigação tenha validade científica. Faz-se necessária também a escolha precisa das ferramentas de coleta de dados e das teorias que nortearão e orientarão a interpretação dos dados. Segundo Trivinõs (2011), as pesquisas de cunho descritivo também podem ser consideradas estudos qualitativos.

Uma das peculiaridades desta investigação será a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, neste caso, os questionários. Segundo Gil (1994), o questionário pode ser definido como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,

82 situações vivenciadas etc. Gil (1994, p. 128-129) aponta algumas vantagens do questionário em comparação com outras técnicas de coleta de dados:

 Possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;

 Implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores;

 Garante o anonimato das respostas;

 Permite que as pessoas o respondam quando julgarem mais conveniente; e,

 Não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.

Gil (1994) também salienta os pontos negativos do questionário enquanto técnica de coleta de dados:

 Exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, o que, em certas circunstâncias, conduz a graves deformações nos resultados da investigação;

 Impede o auxílio ao informante quando este não entende corretamente as instruções ou perguntas;

 Impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido, o que pode ser importante na avaliação da qualidade das respostas;

 Não oferece a garantia de que a maioria das pessoas o devolvam devidamente preenchido, o que pode implicar a significativa diminuição da representatividade da amostra;

 Envolve, geralmente, número relativamente pequeno de perguntas, porque é sabido que questionários muito extensos apresentam alta probabilidade de não serem respondidos; e,

 Proporciona resultados bastante críticos em relação à objetividade, pois os itens podem ter significados diferentes para cada sujeito pesquisado.

Um ponto a ser destacado dentre os aspectos positivos na utilização dos questionários diz respeito ao seu baixíssimo custo. No Brasil, o incentivo financeiro à pesquisa vem sendo negligenciado nos últimos anos e os pós-graduandos já têm muitas despesas com os custos dos seus estudos, dificultando, com toda a certeza, o

83 financiamento de altas quantias para o desenvolvimento de suas pesquisas. Por isso, no aspecto financeiro, o questionário é um facilitador e democratizador da pesquisa no país.

Segundo Marconi e Lakatos (1999), junto ao questionário, deve-se anexar uma breve carta explicitando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas sinceras, despertando o interesse e reponsabilidade do sujeito, já que o objetivo é que o questionário seja preenchido e devolvido em tempo hábil.

Esta investigação foi planejada, executada e avaliada a partir dos pressupostos estabelecidos pela TRS de Serge Moscovici, os quais nortearão, principalmente, o processo de análise e sistematização dos dados. Além disso, é de fundamental importância ressaltar que esses pressupostos se referem, de forma primordial, à postura dos docentes e às suas atitudes em relação às TDIC em contexto acadêmico. Sendo assim, compreendo que basear a análise dos dados na Teoria das Representações Sociais é entender a postura dos docentes em relação às Tecnologias digitais da Informação e Comunicação, e como estas impactam no ensino do professor e na aprendizagem dos alunos.

O questionário utilizado possui nove questões, sendo oito questões abertas que foram elaborados em forma de autoavaliação, e apenas uma fechada. Os docentes tiveram duas semanas para responderem ao questionário, mais especificamente a terceira e a quarta semana do mês de novembro de 2022, o qual foi enviado por e-mail, pelo Messenger do Facebook e pelo WhatsApp, e recebido por mim por esses mesmos meios.

O questionário possui um enunciado e as nove perguntas que nortearam os professores no processo autoavaliativo das suas práticas docentes em relação às TDIC. Reafirmando, o questionário possui oito questões discursivas, cuj ordem de apresentação é a seguinte:

1. Se respondeu não, indique o(s) motivo(os) por que você NÃO utiliza as TDIC em sua prática docente. Por favor, procure detalhar a sua resposta. Após responder a essa questão, não será necessário continuar o questionário.

2. Se SIM, quais TDIC você utiliza? Indique claramente cada uma delas.

3. Descreva como você utilizada cada TDIC, procure dar exemplos.

4. Procure descrever quais foram as dificuldades encontradas por você na utilização das TDIC.

5. O que o uso das TDIC facilitou o seu ensino? Explique.

6. Você acha que houve benefícios para a aprendizagem dos alunos? Descreva quais.

7. De forma geral, como foi a sua experiência na utilização das TDIC?

8. Alguma observação que você gostaria de compartilhar e que contribuiria para a prática de outros professores?

84 A única questão fechada é a primeira:

1. Indique se você utiliza, ou NÃO, as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) em sua prática docente:

( ) sim, utilizo (siga para a questão 3) ( ) não utilizo (siga para a questão 2)

Essa primeira questão separa os sujeitos em dois grupos:

a) Os que usam as TDIC em sua prática docente; e, b) Os que não fazem uso das TDIC na prática docente.

Se o docente responder de forma afirmativa no que se refere ao uso das TDIC, ele é encaminhado para a questão de número 3. A seguir, terá que responder às questões até o fim do questionário. Já o docente que responder à questão 1 de forma negativa é direcionado à questão de número 2. Após responder a essa questão, não precisa mais seguir adiante com as outras questões do questionário. A ideia foi obter respostas e informações sobre a realidade dos docentes de Música inseridos em seu próprio contexto.

Vale ressaltar que o pesquisador estabelece uma relação com os sujeitos e suas respostas, podendo modificar-se e ser modificado pelo próprio contexto.

O questionário poderá captar uma variedade de situações ou fenômenos. Os docentes poderão transmitir o que há de mais importante e evasivo no uso das TDIC no ensino-aprendizagem. Espera-se que os professores, em grande parte, sejam capazes de explicar de forma textual o motivo pelo qual usam, ou não, as TDIC. Vale ressaltar que os questionários são autodirigidos, individuais e anônimos. A abordagem dos dados será qualitativa e as análises dos dados coletados serão feitas em duas etapas:

1. Seleção – A seleção será o exame minucioso dos dados, com a verificação de forma crítica dos dados, com o fim de detectar erros e falhas, evitando que informações confusas e incompletas possam prejudicar o resultado da pesquisa;

2. Análise – A análise propriamente dita dos dados será a atividade intelectual que procurará dar significado mais amplo às respostas, comparando-as ao referencial teórico e expondo o significado do material apresentado no confronto com os objetivos propostos pela pesquisa.

Para a análise das respostas obtidas será utilizada a técnica da Análise de Discurso.

A Análise de Discurso se difere da análise gramatical, pois esta última se concentra nas estruturas gramaticais das sentenças. Já a Análise do Discurso está mais preocupada com o amplo uso da linguagem dentro e entre grupos sociais específicos. A Análise do

85 Discurso diz que não existe neutralidade nenhuma na utilização rotineira da linguagem.

Enquanto o sistema linguístico pode ser o mesmo para vários sujeitos, o discurso, por sua vez, está mergulhado em processos ligados à formação de sentidos. Em outras palavras, a Análise do Discurso discute as relações semânticas entre linguagem e ideologia. Em cenários sociais de interpretação e na ininterrupta relação com o simbólico, cabe à Análise do Discurso indagar e averiguar (BRANDÃO, 2012).

A Análise do Discurso se preocupa em entender como um objeto simbólico (texto, foto, pintura, escultura etc.) produz sentidos e como esse objeto está cheio de significância simbólica. Através da Análise de Discurso é possível compreender como se opera o gesto de interpretação dos sujeitos, os seus mecanismos, como se regulam, o que se interpreta, de que maneira e por quem, demonstrando seus efeitos de sentido (ORLANDI, 2012). O discurso é uma das muitas instâncias materiais da relação do sujeito com o objeto simbólico. A linguagem, enquanto discurso social, é um dos componentes essenciais entre o homem e o seu contexto.

Fundamentalmente, a Análise de Discurso propicia reflexões sobre as relações entre ideologia e linguagem (PÊCHEUX, 1975). Acredito que a Análise de Discurso será de fundamental importância para a análise das respostas obtidas.

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