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O Ensino Superior de Música Mediada pelas TDIC: um case

CAPÍTULO 1 AS TECNOLOGIAS E A MÚSICA

1.4 O Ensino Superior de Música Mediada pelas TDIC: um case

45 Estatual do Maranhão (UEMA), a IES disponibiliza o Curso de Licenciatura em Música nas duas modalidades, EaD e presencial.

Da mesma forma que ocorre internacionalmente, em território brasileiro podemos encontrar instituições de ensino superior de Música que não adotaram a modalidade EaD em seus cursos de graduação, mantendo-se firmes no ensino tradicional presencial. A Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), de onde sou egresso, é um exemplo desse tipo de instituição.

Não encontrei, dentre os cursos superiores de Música das IES nacionais, algum que já tivesse adotado de forma curricular e institucional a modalidade de ensino híbrido.

Todavia, vale ressaltar que, segundo o MEC, cada curso de graduação atualmente pode destinar parte da carga horária para ser lecionada à distância, chegando até a 40%.

Pondero ainda que, mais relevante que a modalidade de educação praticada ou idealizada, é o engajamento de professores e gestores, bem como o comprometimento, disciplina e motivação dos alunos. Benassi e Victorio (2014) completam que é evidente que nesse processo deve haver um comprometimento de ambas as partes, de modo que os objetivos propostos para professor e aluno sejam alcançados.

46 podem ser entendidas como aquelas que produzem resultados não provenientes de quaisquer procedimentos ou formas de quantificação. Os pesquisadores buscam, por intermédio dessa modalidade de investigação, uma compreensão sobre o universo simbólico e particular das vivências, fenômenos, condutas, fatos, ou, ainda, visam entender os funcionamentos organizacionais, os movimentos sociais, os fenômenos culturais e as interações entre sujeitos, grupos sociais e instituições (STRAUSS;

CORBIN, 1998; MINAYO, 2008).

Sobre a pesquisa documental em Ciências Humanas, Santos (2000, p. 45) esclarece:

A pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza – pintura, escultura, desenho, etc.), notas, diários, projetos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos.

Nesta pesquisa foram analisados os materiais didáticos produzidos pelo professor da disciplina, tais como ebook, videoaulas e atividades. Segundo as autoras Lüdke e André (1986), a análise documental constitui uma técnica significativa para a pesquisa qualitativa, seja complementando as informações obtidas por outras ferramentas, seja desvelando aspectos novos sobre o problema. Em relação às fontes primárias, Medeiros (2000, p. 41) explica:

Constituem fonte primária os documentos adquiridos pelo próprio autor da pesquisa. Esses documentos podem ser encontrados em arquivos públicos, particulares, anuários estatísticos. São ainda consideradas fontes primárias: fotografias, gravações de entrevistas, de programas radiofônicos ou provenientes de televisão, desenhos, pinturas, músicas, objetos de arte.

Na análise dos dados, optei por fazer uma análise de conteúdo, seguida de uma análise comparativa, buscando relações e interrelações entre os documentos, e como eles foram ou não utilizados no intuito de superar a ausência da aula prática presencial.

Segundo Fonseca Júnior (2006), a análise de conteúdo é uma metodologia das Ciências Sociais para estudos de conteúdo em comunicação. É frequentemente usada como contraponto à análise do discurso. Já a análise comparativa, muitas vezes, denominada de método comparativo, é a técnica que se inclui entre os procedimentos metodológicos ao lado de métodos como o histórico e o estatístico (GIL, 1994). Schneider e Schmitt (1998), ao abordarem sobre o método comparativo, comentam que a técnica não deve se

47 confundir com uma superficial análise de dados empíricos. Os autores argumentam que o uso do método comparativo, enquanto perspectiva de análise dos dados, possui várias implicações epistemológicas, remetendo ao grande debate acerca dos próprios fundamentos da construção do conhecimento humano (SCHNEIDER; SCHMITT, 1998).

Por fim, este case também se qualifica como um estudo de caso. Esse tipo de pesquisa, de caráter qualitativo, consiste, de forma geral, em aprofundar o estudo em uma unidade individual, em nosso caso, em uma disciplina específica. O estudo de caso serve para tentar responder questionamentos sobre um fenômeno, no qual o pesquisador não tem muito controle (YIN, 2001). O autor completa afirmando que o estudo de caso pode contribuir para uma melhor compreensão de fenômenos individuais, de forma geral, é uma ferramenta útil para compreendermos a forma e os motivos que levaram a determinada decisão. Segundo Yin (2001), o estudo de caso é uma técnica de pesquisa que compreende abordagens específicas de coletas e análise de dados.

É importante dizer que foram analisados todos os materiais didáticos produzidos pelo professor para a disciplina. Todavia, consideramos plausível, em uma futura pesquisa, fazer uso de entrevistas reflexivas com o docente, para dessa maneira, acrescentar as suas narrativas a investigação, no intuito de completar os dados, bem como, para comprovar ou refutar os resultados obtidos pela análise deste case.

Inicio apresentando os materiais que, posteriormente, serão analisados, bem como os resultados dos dados coletados. Escolhi não referenciar os documentos estudados neste case para manter o anonimato do docente da disciplina.

No ambiente virtual de aprendizagem (AVA), a página dedicada à disciplina apresenta os materiais didáticos organizados em itens, de cima para baixo. O primeiro link é para o ebook intitulado “Flauta Doce na Educação Musical”. O livro digital possui 31 laudas e está dividido em três partes, apresentando textos breves, exercícios práticos, melodias simples e algumas canções folclóricas e populares brasileiras. Além disso, o livro sugere links para textos científicos sobre a flauta doce e para vídeos no YouTube com a execução de peças no instrumento, destinadas à apreciação musical dos alunos. A seguir apresento, de forma resumida, o que cada capítulo do ebook aborda.

O primeiro capítulo, intitulado “Aprendendo a Tocar a Flauta Doce”, dedica-se a apresentar ao aluno a técnica básica de execução do instrumento. Discute, de forma simples, questões que incluem a respiração, a postura corporal, a posição dos dedos, a articulação e a afinação. Além disso, apresenta as primeiras notas musicais no instrumento a partir de exercícios melódicos na pauta musical.

48 O segundo capítulo, chamado “Escalas, Acordes e Melodias”, contém estudos sobre escalas e arpejos na flauta doce, além de apresentar partituras com melodias folclóricas nacionais para a execução dos alunos. No fim do capítulo é proposta uma atividade prática em dupla, na qual o discente deve convidar um colega da disciplina para juntos executarem a canção folclórica “A Canoa Virou”, num arranjo escrito para duas flautas.

O terceiro e último capítulo do ebook, denominado “Para Tocar e Refletir”, apresenta algumas partituras de canções populares simples para a leitura e execução dos alunos. Nessa seção são apresentadas as notas alteradas na flauta doce, isto é, os sustenidos e os bemóis. De forma um tanto análoga à proposta do segundo capítulo, aqui o discente é “desafiado” a interpretar de cor umas das melodias disponibilizadas. Por fim, o aluno deve registrar a sua execução em vídeo e postá-la no AVA para a apreciação dos colegas. Assim concluo a exposição a respeito do conteúdo do ebook.

No AVA, abaixo do link para o ebook, estão disponibilizados itens agrupados sob o título de “MATERIAL COMPLEMENTAR”. Aqui encontramos links para dois textos científicos (uma monografia de graduação e uma dissertação de mestrado), ambos sobre a flauta doce, além de links para videoaulas no YouTube sobre o instrumento e uma tabela de digitação das notas musicais na flauta doce (figura). O último link é para um podcast da web aula ministrada pelo professor conteudista destinada a todos os alunos no início da disciplina.

A maior parte do material didático da disciplina “Flauta Doce na Educação Musical” corresponde, indubitavelmente, às videoaulas. Num total de seis, elas apresentam características comuns, pois são todas assíncronas, apresentam uma duração média entre 5 e 9 minutos e foram estruturadas no formato de aula expositiva.

A seguir descrevo suscintamente suas particularidades e o conteúdo de cada uma delas.

A Videoaula 1, denominada “Apresentação”, visa, como o próprio título explicita, apresentar ao aluno um panorama geral da disciplina, o modo como ela está organizada e os conteúdos que serão estudados em cada uma das três unidades. Além disso, apresenta também as outras cinco videoaulas, fazendo um resumo do teor de cada uma delas. A exposição se encerra com uma breve explanação sobre as atividades da disciplina.

A Videoaula 2, “Aspectos Históricos da Flauta”, apresenta aspectos relativos à história da flauta e da flauta doce. Aqui é traçado um breve panorama histórico do instrumento, com abordagem do processo pelo qual a flauta se desenvolveu ao longo do

49 tempo. Além disso, é introduzida uma discussão a respeito de dois papéis relevantes da flauta doce na música: a sua função estética, como meio de expressão artística do músico, e o seu emprego pedagógico, como ferramenta para o professor ensinar elementos gerais da música.

A Videoaula 3, “Técnicas Básicas de Execução da Flauta Doce”, busca demonstrar quais são as técnicas básicas que são essenciais para uma execução correta da flauta doce. Aqui são abordadas questões como: a postura corporal; a posição correta dos dedos; a embocadura do instrumento; e com quais notas deve-se começar o aprendizado na flauta doce.

A Videoaula 4, “Notas na Partitura”, apresenta como se dá a digitação das notas fá, mi, ré e dó na primeira oitava da flauta doce. De forma a dar continuidade ao que foi estudado na Videoaula 3, aqui são introduzidas as primeiras notas com bemóis e sustenidos na primeira oitava do instrumento. As notas alteradas e suas enarmônicas apresentadas pelo docente são: dó sustenido/ré bemol; ré sustenido/mi bemol; fá sustenido/sol bemol; sol sustenido/lá bemol; e lá sustenido/si bemol. Ademais, são propostos alguns exercícios melódicos para auxiliar a memorização da digitação de cada nota na flauta doce, bem como a sua respectiva localização na pauta musical.

A Videoaula 5, “Escalas e Arpejos”, visa apresentar ao aluno determinadas escalas e arpejos pertencentes à primeira oitava da flauta doce. Aqui o docente demonstra como praticá-las, tanto de forma ascendente quanto descendente. Ao fim da aula, o professor enfatiza que as técnicas básicas de execução abordadas nas videoaulas anteriores não devem ser esquecidas.

A Videoaula 6, “Melodias para o Aprendizado”, busca apresentar algumas melodias folclóricas que são bastante empregadas no ensino-aprendizagem da flauta doce. As canções são sempre executadas pelo professor, concomitantemente à exposição na tela da sua partitura respectiva, assim como acontece nas outras videoaulas. Mais uma vez, o docente alerta para a utilização das técnicas básicas de execução da flauta doce estudadas anteriormente. Aqui são executadas uma canção popular, “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, e quatro canções de autoria desconhecida, isto é, anônimas, pertencentes ao folclore brasileiro, “Eu Sou Pobre”, “O Meu Boi Morreu”, “Pirulito Que Bate-Bate”, e “Atirei o Pau no Gato”. Aqui encerro a apresentação a respeito do conteúdo das videoaulas.

Sigo agora para o último item que é encontrado na página da disciplina no AVA:

um agrupamento denominado “ATIVIDADES”. O primeiro item desse agrupamento é o

50 link para o Fórum 1, em seguida, logo abaixo, está o link para a Atividade 1 e, por fim, o último link é para a Atividade Prática. Vou me deter um pouco na descrição de cada uma dessas atividades.

O Fórum 1 traz uma proposta de discussão em torno da seguinte temática: “A Flauta doce na educação musical, um debate sobre as funções e utilização desse instrumento como ferramenta de aprendizagem”. O objetivo é promover um debate no qual os discentes possam argumentar livremente, porém, de forma embasada, sobre que fatores os influenciaram na escolha da flauta doce como um instrumento de educação musical, e como o instrumento pode auxiliar no ensino-aprendizagem da música. Aqui a tutoria tem o papel relevante de mediar o debate e avaliar a participação dos discentes.

A Atividade 1 é, assim como o Fórum 1, avaliativa e se divide em duas tarefas distintas, porém, complementares. A primeira delas propõe que o aluno execute todas as notas da escala de dó maior na primeira oitava da flauta doce, isto é, do dó3 até o dó4. Já a segunda tarefa é um pouco mais complexa, pois tem como proposição a execução de todas as notas naturais e alteradas na primeira oitava do instrumento, temática abordada nas Videoaulas 3 e 4. Para a avaliação, é requerido do discente o registro em vídeo da execução das duas tarefas e posterior postagem no ambiente para aferição da tutoria.

A última atividade presente no AVA é a Atividade Prática, com o título de

“Arranjos para flauta doce das músicas Eu sou Pobre e/ou Parabéns a você”. Essa atividade está totalmente voltada para o estudo em conjunto da flauta doce, também chamado de ensino coletivo. Aqui a proposta é que os discentes se organizem em pequenos grupos, duos ou quartetos, ensaiem e apresentem os dois arranjos disponibilizados das canções “Eu sou Pobre” e “Parabéns a você”. A concomitância da atividade foi uma apresentação das canções pelos grupos que aconteceu no polo respectivo de cada conjunto de alunos, com a presença dos tutores a distância e presenciais, colegas de curso, convidados e familiares.

Após a exposição dos dados coletados nas fontes primárias, passo agora a discutir os resultados obtidos pela análise comparativa entre eles.

Como já visto, o primeiro material didático analisado foi o ebook “Flauta Doce na Educação Musical”. Apontado pelo professor como um auxiliar no processo de aprendizagem da flauta doce, o livro apresenta poucos textos de teor teórico e uma grande quantidade de exercícios práticos, melodias simples e algumas canções folclóricas e populares brasileiras, todas com as suas respectivas partituras, demonstrando a preocupação do professor em focar na parte prática do instrumento.

51 Já no primeiro capítulo é notória a intenção do professor de ensinar a execução instrumental concomitantemente à leitura musical, o que alguns musicólogos chamam de

“teoria musical aplicada”. Segundo Clarindo e Muller (2014), quando relacionamos a teoria musical às práticas musicais de qualquer espécie, as chances de obtermos uma aprendizagem significativa é maior, tendo em vista que essas vivências propiciam uma participação mais ativa e multifacetada por parte dos alunos, pois eles leem os signos musicais na pauta (aprendizagem visual), ouvem as melodias que estão tocando (aprendizagem auditiva) e executam as notas no instrumento (aprendizagem tátil).

Utilizando uma análise comparativa entre o ebook e as videoaulas, no que se refere às propostas e aos conteúdos, constatei que esse primeiro capítulo do ebook é complementado pela Videoaula 3, pois ambos os materiais têm o mesmo objetivo, que é demonstrar quais são as técnicas básicas na execução da flauta doce. Nesta videoaula são abordadas, agora de forma visual e auditiva, as primeiras notas no instrumento. Podemos entender que o professor percebeu que só o material textual não era suficiente, tendo em vista a necessidade de correlacionar um conteúdo audiovisual que o complementasse.

O segundo capítulo do livro é ainda mais voltado à prática do instrumento, pois possui menos textos que o primeiro e uma grande quantidade de exercícios práticos. De forma a tornar o aprendizado mais lúdico, o aluno é conduzido a tocar músicas folclóricas brasileiras de fácil execução. Comentando a significância da ludicidade na aprendizagem, Santos (2010, p. 20-21) argumenta:

A ludicidade é, então, uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, ainda colabora para uma boa saúde mental.

Enfatizando ainda mais o caráter prático deste capítulo, ao fim dele é proposta uma prática de conjunto em que dois discentes devem praticar juntos a canção folclórica

A Canoa Virou”, arranjada para duas vozes. Aqui posso considerar a ideia da aprendizagem por pares como uma forma utilizada pelo professor para dinamizar a aprendizagem prática, coletiva e colaborativa entre os alunos. Segundo Lorenzoni (2016), a aprendizagem entre pares, ou em inglês “peer to peer”, que numa tradução literal significa “de igual para igual”, tem como ideia central, a construção do saber a partir da interação entre os discentes. De forma análoga ao que ocorre no primeiro capítulo do ebook, o conteúdo também é correlacionado e complementado por um material audiovisual, neste caso a Videoaula 5, que aborda a mesma temática. Nessa videoaula, as

52 escalas e arpejos apresentados graficamente no ebook são demonstrados pelo docente, que enfatiza a manutenção e fixação dos conhecimentos práticos abordados nas videoaulas anteriores.

O terceiro capítulo do ebook segue, como o anterior, uma proposta prática, só que agora mais artística. Tenho em vista que o segundo capítulo focava mais na prática das escalas e arpejos, enquanto são abordadas, quase que exclusivamente, a leitura e interpretação de partituras de canções populares simples. Contudo, avançando o conhecimento sobre o instrumento, também são apresentadas as notas bemolizadas e sustenizadas na flauta doce. De forma a conduzir o aluno à prática do instrumento, ao fim do capítulo ele é “desafiado” a interpretar de cor umas das canções estudadas, registrá-la em vídeo e postar no AVA.

Na perspectiva desta pesquisa, esse foi mais um modo que o professor utilizou para mover os discentes na direção da autoaprendizagem. Segundo o site Conceito.de (2012, não paginado), a autoaprendizagem é entendida como:

[...] a forma de aprender por si mesmo. Trata-se de um processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, que a pessoa realiza por sua conta, seja através do estudo, seja através da experiência. Um sujeito focado na autoaprendizagem procura sozinho a informação e leva a cabo as práticas ou as experiências da mesma forma.

Conforme ocorreu em outros capítulos do ebook, esse terceiro também está correlacionado a um material audiovisual, neste caso, a Videoaula 6. Esta é totalmente dedicada à interpretação de canções populares e folclóricas na flauta doce. Todas as músicas, sem exceção, acompanham suas respectivas partituras. Mais uma vez, aqui está explicitada a ideia da “teoria musical aplicada”, com a prática simultânea da execução instrumental e da leitura musical.

Vou me dedicar agora a analisar os materiais contidos no item “MATERIAL COMPLEMENTAR” do AVA. Os dois textos científicos (uma monografia e uma dissertação) disponibilizados não são materiais obrigatórios na disciplina, pois configuram-se como conteúdos complementares para aqueles que querem se aprofundar na musicologia da flauta doce. Por esses motivos, eles não serão, por mim, analisados.

Limito-me a dizer que a monografia de graduação fala sobre o papel do instrumento na educação musical e a dissertação de mestrado discute a função da flauta doce como instrumento concertista. Sobre as várias videoaulas do YouTube, posso dizer que elas

53 possuem um conteúdo genérico sobre o instrumento e não estão correlacionadas diretamente a outros materiais da disciplina, por isso também não serão alvo da análise.

A figura com a tabela de digitação das notas musicais na flauta doce serve apenas como material de consulta, no caso de dúvidas em relação à posição dos dedos em determinada nota. Finalizando os materiais complementares, temos o podcast, que se trata de uma gravação em áudio de uma web aula ministrada pelo professor conteudista no início da disciplina e destinada a todos os polos da IES. A exposição tem o mesmo objetivo da Videoaula 1, isto é, apresentar a disciplina. Por não se tratar de uma aula de instrumento propriamente dita, optei por não a analisá-la em profundidade. Entretanto, algumas informações contidas na gravação merecem menção, pois vão, de alguma forma, ao encontro dos objetivos deste case. Portanto, vamos a elas.

Durante a exposição do docente, a coordenação de tutoria fez algumas intervenções significativas, incluindo comentários, por exemplo, de que os tutores presenciais dariam suporte aos alunos que tivessem alguma dificuldade no aprendizado prático da flauta doce, e que ele se aplicaria aos tutores a distância. Também foi comentado que o próprio professor conteudista visitaria alguns polos durante os 30 dias de vigência da disciplina. Outra informação relevante diz respeito a uma segunda videoconferência que seria oferecida posteriormente pelo docente, e que teria a configuração de uma aula prática de instrumento. Não tive conhecimento se essa videoconferência realmente aconteceu, pois não existe nenhum registro dela no AVA da disciplina.

Outro momento digno de menção foi o espaço dado aos discentes para fazerem suas perguntas e tirarem as suas dúvidas ao fim da exposição do professor. Entretanto, como essa videoconferência ocorreu antes do início oficial da disciplina, os alunos ainda não tinham tido acesso aos materiais didáticos no AVA. Acredito que por isso as perguntas se limitaram a expor um sentimento coletivo de preocupação e insegurança por parte dos discentes em relação à flauta, já que uma parte deles não tocava nenhum instrumento; e os que tocavam não tinham domínio da leitura musical. Isso se explica pelo simples fato de que o processo seletivo para ingressar no curso de Licenciatura em Música na modalidade EaD não possui um THE (teste de habilidade específica), como ocorre no acesso ao curso presencial. Esse fenômeno pode se tornar, em médio e longo prazo, um problema. Um aluno que entra em um curso superior de Música sem conhecer minimamente os signos da escrita musical, dificilmente conseguirá ter um bom desempenho nas disciplinas, principalmente nas específicas de música, porquê estas,