(2) Práticas racistas e antirracistas na educação pré-escolar e (3) Formação de professores para a educação sobre as relações étnico-raciais. Diretrizes Curriculares Nacionais DCNERER para Educação em Relações Étno-Raciais e para Ensino de História e Cultura Afro.
Crianças e infâncias
No mesmo dicionário, a infância é definida 1- como um período de crescimento do ser humano, que vai do nascimento à puberdade; 2- os filhos. Mas mais do que isso, a sociologia da infância propõe interrogar a sociedade a partir de um ponto de vista que considera as crianças como objectos de investigação sociológica por direito próprio.
Educação Infantil em um contexto de desigualdades
Na institucionalização da educação infantil, houve uma separação entre creches e jardins de infância, o que fica evidente no seu processo de integração legal. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI (2010) retratam as crianças como sujeitos históricos detentores de direitos, com condições especiais que devem ser levadas em consideração na educação das crianças de 0 a 6 anos.
Infâncias e cidadania
Com a intervenção preventiva, o ECA tenta prevenir violações de direitos, proteger as crianças de qualquer forma de discriminação, preconceito ou negligência. Ao articular as tensões existentes, as crianças apropriam-se dos lugares para os quais foram destinadas, ao mesmo tempo que criam novos significados.
Infâncias e diversidade étnico-racial
Ressaltamos que falar da educação das relações étnico-raciais na educação infantil implica um processo educativo para todas as crianças, não se limitando às crianças negras. O objetivo deste estudo foi compreender como o tema das relações étnico-raciais e da infância tem sido pesquisado, particularmente no campo da educação infantil.
Mapeamento das pesquisas
Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paraná, 2013.
Um olhar preliminar sobre os dados
Em relação às Universidades onde a pesquisa foi produzida, registramos a Universidade de São Paulo (USP), com quatro (três dissertações e uma tese defendida), seguida pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), com três dissertações. Vale ressaltar também que todas as pesquisas citadas neste levantamento, tanto teses quanto dissertações, foram produzidas por pesquisadoras.
Infância e raça nas pesquisas acadêmicas – Cruzando temas
Práticas Racistas na Educação Infantil
A pesquisadora descreve uma situação em que professores ensaiavam crianças para a apresentação da música “A linda rosa juvenil”. Com este relato, a pesquisadora ressalta que não há nada de inocente no que as crianças aprendem.
Práticas para uma Educação antirracista
Essa frase chamou a atenção da pesquisadora para a visão de muitos profissionais da educação infantil sobre a ausência de preconceito racial entre as crianças pequenas. Um episódio que chamou sua atenção foi quando Dandara estava fazendo uma brincadeira de dança: “Dandara tentou participar da dança, executou os movimentos da coreografia, mas não conseguiu entrar na roda e/ou na fila, as crianças mantinham um grupo fechado, eles não abriu espaço para isso” (SANTOS, A., 2005, p.46). Por meio de práticas antirracistas com crianças no cotidiano da educação infantil, elas constroem identidades positivas e reconstroem representações sobre as populações negras.
Políticas educacionais e racismo
2011) analisa as relações raciais na literatura infantil com base no PNBE 2008, e Carvalho (2013) analisa políticas de promoção da igualdade racial em uma rede municipal de educação infantil de Florianópolis/SC. Os dados também mostram que as crianças negras de zero a seis anos não têm as mesmas oportunidades que as crianças brancas de acesso à educação infantil pública. Outro trabalho que analisou políticas de promoção da igualdade racial na rede municipal de pré-escola de Florianópolis/SC é o de Carvalho (2013).
Trajetórias de professoras negras
A existência de mulheres negras em espaços como as escolas é motivo para comemorar as conquistas deste grupo, pois representam a emancipação. A pesquisa deste subitem conduz à discussão de que o trabalho na Educação Infantil possibilitou a continuidade dos estudos das mulheres negras e significou novas perspectivas de emprego. Reconhece que as teorias feministas não poderiam falar sobre todas as mulheres – especificamente a história das mulheres negras.
Formação docente e racismo
Analisou até que ponto os professores da educação infantil foram orientados e sensibilizados do ponto de vista das relações étnico-raciais. Valorização das práticas pedagógicas na forma de apresentação de trabalhos e projetos sobre a temática das relações étnico-raciais; 2009) identificaram o que os professores da pré-escola aprendem à medida que se esforçam para promover a educação racial no seu trabalho diário.
Pesquisa com crianças sob a ótica da raça
Os resultados mostram que as crianças desde muito pequenas dão sinais, se percebem subjetivadas e analisam que quem tem determinado tipo de cabelo é “bonito” e “correto”. A pesquisa de Trinidad (2011), realizada em uma escola de Educação Infantil da cidade de São Paulo, teve como objetivo verificar como as crianças pré-escolares compreendem a identificação étnico-racial e quais critérios utilizam. Porém, quando perguntei às crianças sobre sua identificação étnico-racial, descobri que elas queriam ter características brancas.
Contribuições das pesquisas: desafios e perspectivas
No Brasil, os últimos anos foram marcados por movimentos em favor das relações étnico-raciais. Acreditamos que as pesquisas realizadas nas universidades permitem ampliar a discussão sobre o tema da educação sobre as relações étnico-raciais na Educação Infantil e contribuem para o delineamento do conceito de infância múltipla e diversa. Comprovamos que as pesquisas com foco na formação de professores para a educação das relações étnico-raciais foram as que mais se aproximaram da nossa investigação.
O contexto da pesquisa
Breve apresentação dos encontros
À medida que os participantes conversavam sobre suas experiências profissionais e pessoais, criamos alguns conteúdos necessários para trabalhar a educação das relações étnico-raciais. Houve debates, assistimos a um vídeo e os participantes fizeram anotações escritas sobre as relações étnico-raciais (Apêndice E). Foi um momento muito agradável, o ambiente ficou mais acolhedor e os participantes demonstraram curiosidade e satisfação com a literatura apresentada.
Procedimentos
Esta atividade buscou expressar a percepção das relações étnico-raciais por meio da literatura disponível no encontro. Pelo material transcrito, constatamos que as falas possuíam múltiplos significados e configuravam dados suficientes para analisar nossa questão de pesquisa. Ao transcrever as falas, percebemos que é necessário retornar a todo o contexto, e depois à transcrição das falas de todos os participantes do Ciclo, participantes e palestrantes.
De professora palestrante à pesquisadora
Uma questão que me assombrou nessa jornada foi: quais os limites entre o meu lugar de pesquisadora e o lugar do outro, do pesquisado. Bakhtin (1997, p.43), compreendendo as fronteiras que existem entre o lugar do pesquisador e o lugar do outro, aborda, entre outras coisas, o conceito de visão excessiva: “Esse excesso constante da minha visão e do meu conhecimento do outro, é determinado pelo lugar que sou o único que tenho no mundo”. Ao analisar os depoimentos construídos no Ciclo de Palestras como dados da pesquisa, tive que construir movimentos constantes de exotopia, de encontro entre o lugar do pesquisador e o lugar do outro, tornando-me outro sem deixar de ser eu mesmo.
O olhar ético sobre a pesquisa
Nesse sentido, pergunto-me como, como pesquisadora, quis colaborar com os participantes do ciclo de palestras na releitura do material. As cinco sessões do ciclo de palestras focaram no tema raça, mas cada dia apresentou um objetivo específico. Durante o ciclo de palestras, procuramos manter a máxima atenção à fala dos participantes, o que redirecionou a pesquisa do tema.
Proposta teórico-metodológica de análise
O ouvinte, dotado de compreensão passiva, não corresponde ao verdadeiro protagonista da comunicação verbal, pois o outro tem papel ativo no processo de comunicação verbal. O estilo de enunciação depende da forma como o falante percebe e compreende o seu destinatário e da forma como adota uma compreensão responsiva ativa, o que indica o seu caráter dialógico. É uma variante da relação específica que conecta enunciados completos durante o processo de comunicação verbal (BAKHTIN, 1997).
Apresentação dos sujeitos da pesquisa
Os dados de participação no Ciclo de Palestras, 92,5% participantes do sexo feminino e 7,5% do sexo masculino, estão de acordo com o que a literatura nos tem mostrado, no que diz respeito à presença predominantemente feminina no ensino. Inicialmente, na fase de planejamento das ações do Ciclo de Palestras, presumimos que encontraríamos professores despreparados para lidar com questões de diversidade étnico-racial, devido à experiência anterior com os participantes da Oficina “Contação de Histórias Afro-Brasileiras”. . , no dia 18 de setembro de 2013. Nosso objetivo, no Ciclo de Palestras, foi capacitar, especialmente, os educadores (professores e auxiliares de creche do Município do Rio de Janeiro) que atuam na educação infantil.
Reflexões sobre a dinâmica do Ciclo
O encontro com os dados
2ª aula: Os currículos nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira. Os eixos identificados foram: (1) Relações etno-racistas no Brasil, (2) Práticas racistas e antirracistas na educação infantil e (3) Formação de professores para a educação das relações étnico-racistas. Tais depoimentos trouxeram, além de aspectos relacionados à educação infantil, aspectos de experiência de vida relacionados ou não à educação, mas relacionados às relações étnico-raciais presentes em nossa sociedade.
Eixo Temático: As relações étnico-raciais no Brasil
46 Identificamos os depoimentos que integram o eixo temático Relações etnorraciais no Brasil com a letra A, seguida de números em ordem crescente. Os participantes do ciclo identificaram a ideologia do esclarecimento das relações étnico-raciais na sociedade brasileira. Para finalizar este eixo Relações Étno-Raciais no Brasil, traremos à tona uma das situações mais conflituosas que vivenciamos durante o ciclo de palestras, que aconteceu durante o primeiro encontro.
Eixo Temático: Práticas racistas e antirracistas na Educação Infantil
Práticas racistas na Educação Infantil
B1 descreve que as crianças negras não têm mais direito ao uso de cobertor, situação que foi naturalizada. Como essas representações reforçam a ideia de que as crianças negras são menos vulneráveis, menos bonitas e menos humanas. As crianças – negras e brancas – quando percebem que não há representação de crianças negras nos livros, ambas começam a ver as crianças negras como diferentes.
Família e relações étnico-raciais
As crianças negras veem nas suas famílias que os elementos de identificação favorável vêm do grupo social dominante. No grupo foi possível imaginar o sentimento (sofrimento) de uma criança negra em um mundo culturalmente valorizado como branco. Para nós, B14 expressa uma compreensão poderosa da criança “a criança, a gente não pensa”, é como se dissesse que podemos até pensar que a criança não entende as relações étnico-raciais, mas ela entende.
Eixo Temático: A formação de professores para educação das relações étnico-
A formação de professores rompendo as barreiras do senso comum
Por entendermos que o processo de reeducação das relações étnico-raciais exige do professor conhecimentos sobre as doenças do racismo e as ideologias étnico-raciais que cercam a nossa sociedade, acreditamos que a formação continuada é um caminho necessário para refletir sobre tais opiniões. O mito da democracia racial leva a uma tentativa de transformar o problema do racismo num suposto problema económico. A questão do racismo contra os negros no Brasil não surge apenas por fatores econômicos, como argumenta C1.
Acesso e permanência da população negra no Ensino Superior
O grupo também argumentou que as políticas de cotas são uma forma de discriminação. Para o participante C10, a situação criada pela autodeclaração é altamente problemática e pode ignorar o problema de identidade criado pela política de cotas. Na maioria dos depoimentos analisados não detectamos nenhuma reflexão sobre os aspectos positivos da política de cotas.
O processo formativo a partir da Lei nº 10.639/03
A prevalência desses fatores entre os estudantes universitários nos leva a refletir sobre o conhecimento dos professores sobre as relações étnico-raciais. Afirmar as diferenças étnico-raciais como processo de articulação para o enfrentamento do racismo na educação infantil. Educação infantil pautada nas relações étnico-raciais: relato de duas experiências de formação continuada de professores no município de Santo André.
Cruzando a Linha Vermelha: programa de educação infantil “Nova Baixada” - discute a diversidade étnico-racial e cultural na formação de professores. Políticas de promoção da igualdade racial na Rede Municipal de Educação Infantil de Florianópolis/SC.