E-LEARNI NG: ESTUDO COMPARATI VO DA
APREENSÃO DO CONHECI MENTO ENTRE ENFERMEI ROS
1Yar a Padalin o2 Heloisa Helena Ciquet o Per es3
O final do século XX e com eço do século XXI caract erizam - se pela revolução t ecnológica e as m udanças est r at égicas nas or ganizações, est r at égias, com o e- lear ning, vem sendo ut ilizadas. O obj et ivo dest e est udo foi com par ar o con h ecim en t o apr een dido en t r e os gr u pos de en fer m eir os qu e u t ilizar am o e- lear n in g e os qu e r eceb er am o t r ein am en t o p r esen cial. A m et od olog ia q u an t it at iv a d a p esq u isa con st it u iu - se d e u m m ét od o experim ent al verdadeiro. O local de est udo foi o Hospit al e Mat ernidade São Luiz. A população const it uiu- se de 6 0 en f er m eir os q u e f or am d iv id id os r an d om izad am en t e em d ois g r u p os, d en om in ad os A e B. O g r u p o A realizou o t reinam ent o presencial e o grupo B, via com put ador. Na colet a de dados, os part icipant es preencheram um quest ionár io ant es e após o t r einam ent o par a av aliação do conhecim ent o e car act er ização da população. Os result ados dem onst raram que ocorreu a apreensão do conhecim ent o pelos dois grupos de form a equiparada, per m it indo concluir a eficácia dos dois m ét odos.
DESCRI TORES: educação a dist ância; educação cont inuada em enfer m agem ; infor m át ica em enfer m agem
E-LEARNI NG: A COMPARATI VE STUDY FOR
KNOW LEDGE APPREHENSI ON AMONG NURSES
The end of t he t went iet h cent ury and t he beginning of t he t went y- first cent ury are m arked by t echnology revolut ion and st rat egic changes in organizat ions. St rat egies such as t he e- learning, has been used for t raining hum an r esour ces. This st udy aim ed t o com par e t he know ledge acquir ed am ong gr oups of nur ses w ho used e-learning and those who undergone a traditional classroom training. The true- experim ental design was used followed by a quant it at ive analysis. This st udy was perform ed at t he Hospit al and Mat ernit y São Luiz. The st udy populat ion was com posed by 60 nurses, random ly assigned t o t wo groups, nam ed A and B. Group A received t he t radit ional classroom t raining and group B received t he com put er- assist ed t raining. I n t he dat a collect ion, part icipant s filled in a questionnaire before and after the training to evaluate their knowledge and to characterize the population. Results showed t here was an equal acquisit ion of knowledge in bot h groups; confirm ing t he efficacy of bot h m et hods.
DESCRI PTORES: educat ion, dist ance; educat ion, nur sing, cont inuing; nur sing, infor m at ics
E-LEARNI NG: ESTUDI O COMPARATI VO DE LA
APREHENSI ÓN DEL CONOCI MI ENTO ENTRE ENFERMEROS
El final del siglo XX e inicio del siglo XXI se car act er izó por la r ev olución t ecnológica y los cam bios est r at égicos en las or ganizaciones, est r at egias, com o e- lear ning, v ienen siendo ut ilizadas. El obj et iv o de est e est udio fue com par ar el conocim ient o apr endido ent r e los gr upos de enfer m er os que ut ilizar on el e- lear ning y los que recibieron el ent renam ient o presencial. La m et odología cuant it at iva ut ilizada fue el m ét odo experim ent al v er d ad er o. El local d e est u d io f u e el Hosp it al y Mat er n id ad São Lu iz. La p ob lación f u e con st it u id a p or 6 0 enfer m er os, los cuales fuer on divididos de for m a r andom izada en dos gr upos, denom inados A y B. El gr upo A r ealizó el en t r en am ien t o pr esen cial y el gr u po B a t r av és del com pu t ador . En la r ecolección de dat os, los par t icipant es llenar on un cuest ionar io ant es y después del ent r enam ient o par a poder ev aluar su conocim ient o y car act er íst icas de la población. Los r esult ados m ost r ar on que hubo apr ehensión de conocim ient o por par t e de los dos gr upos, lo cual per m it ió concluir que los dos m ét odos ut ilizados son eficaces.
DESCRI PTORS: educación a dist ancia; educación cont inua en enfer m er ía; enfer m er ía; infor m át ica
I NTRODUÇÃO
C
om a globalização o m undo tem se tornado m ais dinâm ico e altam ente com petitivo. Os processos corporat ivos necessit am ser geridos e operados por r ecu r sos h u m an os com capacit ação at u alizada em relação aos cenários em que est ão inseridos. Nesses cenários, novas técnicas, tecnologias e conhecim entos são const ant em ent e gerados e m odificados, criando a necessidade de um a at ualização profissional cada vez m ais rápida e const ant e*.As or ganizações t êm desenv olv ido div er sas e st r a t é g i a s e d u ca ci o n a i s p a r a ca p a ci t a r se u s f u n ci o n á r i o s n o i n t u i t o d e a d e q u á - l o s à s n o v a s ex i g ên ci as d o m er cad o. Em f u n ção d i sso , n ov as t e cn o l o g i a s a p l i ca d a s a o e n si n o v ê m se n d o desenvolvidas, incent ivando a prát ica da educação a dist ância( 1).
No â m b i t o co r p o r a t i v o , a a p l i ca çã o d e t ecnologia da inform ação e com unicação para apoiar o d e se n v o l v i m e n t o p r o f i ssi o n a l co n t ín u o , co m pr om oção do apr en dizado colabor at iv o em gr u pos geogr aficam en t e separ ados, t em sido especificada com o e- lear n in g.
E- lear n in g é u m a m odalidade de en sin o a
dist ância que possibilit a a aut o- aprendizagem , com a m ediação de r ecur sos didát icos, sist em at icam ent e, or gan izados, apr esen t ados em difer en t es su por t es t ecn o l ó g i co s d e i n f o r m a çã o , u t i l i za d o s d e m o d o isolado ou com bin ado, e v eicu lados pela I n t er n et. Alguns t er m os, em bor a apr esent em cer t a difer ença conceit ual, na prát ica são ut ilizados com o sinônim os de e- lear n in g com o: w eb t r ain in g, w eb ed u cat ion, e d u ca çã o a d i st â n ci a v i a I n t e r n e t, a p r e n d i za d o elet r ôn ico, en sin o m ediado por t ecn ologia, en sin o dirigido por com put ador* *.
E- lear n in g é definida com o: um a at iv idade so l i t á r i a / i n d i v i d u a l , o u co l a b o r a t i v a / g r u p a l , q u e e n v o l v e p r o ce sso s d e co m u n i ca çã o sín cr o n o ( o co r r e n d o e m “ t e m p o r e a l ”, co m t o d o s o s p a r t i ci p a n t e s o n - l i n e n o m e sm o m o m e n t o ) o u assíncr ono ( per m it indo a escolha flex ív el do t em po de est udo)( 2).
O e- lear ning abrange um conj unt o am plo de aplicações e processos, com o ensino baseado na w eb,
no com put ador, com uso de salas de aula virt uais, e co l a b o r a çã o d i g i t a l . I n cl u i , a i n d a , a en t r eg a d e
cont eúdo v ia I nt er net , I n t r an et / Ex t r an et, áudio - e gravações em vídeo, rádio por sat élit e, TV int erat iva e CD- ROM, enfim , o e- learning é int erativo e oferece flexibilidade inst rucional( 3).
Para o sucesso dos program as de treinam ento e desenvolvim ent o de pessoal, é fundam ent al que o p l a n e j a m e n t o se j a e st a b e l e ci d o co m m e t a s congruent es com a polít ica de recursos hum anos da or g an ização e con st r u íd o d e m od o p ar t icip at iv o, integrando o m entor dos program as, seus executores e os treinandos, bem com o considerando as fases de d i a g n ó st i co si t u a ci o n a l , o b j et i v o s, m et o d o l o g i a / est rat égias, avaliação e análise dos result ados e dos cust os( 2).
O e - l e a r n i n g d e v e se r a d o t a d o n o
planej am ento dos program as de educação continuada e t reinam ent o de pessoal, visando aos benefícios do uso das t ecnologias da inform ação na educação.
Na enferm agem , est a prát ica educacional é m a i s f r e q ü e n t e n o e x t e r i o r. Um a e x p e r i ê n ci a a destacar é a de um hospital em Toronto, no Canadá, em 1995, que planej ou o t reinam ent o de pessoal de enfer m agem , de m aneir a pr esencial e a dist ância, dur ant e o hor ár io de t r abalho, com a ut ilização do com putador, com o m ediador do ensino, fundam entado no ( “self- lear ning” ) aut o- aprendizado( 4).
Na enferm agem brasileira o desenvolvim ent o de pr ogr am as de en sin o m ediado por t ecn ologias ap r esen t a u m a t en d ên cia p or est ar v in cu lad o às u n i v e r si d a d e s co m p r o j e t o s d e p e sq u i sa s q u e , pr edom inant em ent e, são v olt ados par a à for m ação dos graduandos e à educação em saúde da clientela, com o p od em ser car act er izad os n os t r ab alh os d e p e sq u i sa d o r e s co m o : p r o g r a m a e d u ca ci o n a l e m prim eiros socorros( 5); um salto para o futuro no ensino
de m edicam ent os: desenvolvim ent o de um program a i n st r u ci o n a l a u x i l i a d o p e l o co m p u t a d o r( 6 );
d esen v o l v i m en t o d o w e b si t e ed u ca ci o n a l so b r e int ervenção de enferm agem : aspiração de secreções t raqueobrônquicas( 7); adm inist ração de inj et áveis por
via int r am uscular na r egião vent r oglút ea: avaliação após t r einam ent o por v ideoconfer ência( 8 ) ; soft w ar e
educat ivo sobre Diabet es Mellit us para profissionais de saúde: etapas de elaboração e desenvolvim ento( 9);
i n - se r v i ce n u r si n g e d u ca t i o n d e l i v e r e d b y v i d e o co n f e r e n ce( 1 0 ); i m p l a n t a çã o d e si st e m a d e v ideoconfer ência aplicado à am bient es de pesquisa
e d e e n si n o d e e n f e r m a g e m( 1 1 ); t e cn o l o g i a
educacional: produção e avaliação do sit e escala de p e sso a l d e e n f e r m a g e m( 1 2 ); e x a m e f ísi co d e
en f er m agem do r ecém - n ascido a t er m o: so f t w ar e
aut o- inst rucional( 13).
Para atingir um diferencial no m ercado, onde o conhecim ent o é um a arm a poderosa, o Hospit al e Mat er n id ad e São Lu iz, v em in v est in d o n o cap it al int elect ual, desenvolvendo as com pet ências hum anas r elacion ad as com as p olít icas d e q u alid ad e e d e r ecu r so s h u m an o s d a i n st i t u i ção , ad o t an d o o e
-lear ning no processo de t reinam ent o de pessoal.
Nessa perspect iva o Hospit al im plem ent ou a Fase 1 do Pr ogram a de Educação para a Qualidade com o treinam ento e- learning de Qualidade Total, que
iniciou o seu planej am ento em 25 de agosto de 2003 e cont ou com a equipe de educação que planej ou o con t eú d o d o t r ein am en t o em u m p er íod o d e t r ês m eses, com a par t icipação de t odas as ger ên cias op er acion ais q u e con t r ib u ír am p ar a a cr iação d o cont eúdo do t reinam ent o.
Est e t r e i n a m e n t o t e v e co m o f i n a l i d a d e d esen v ol v er e i m p l an t ar n o Hosp i t al u m p r oj et o inovador de Treinam ent o a Dist ância, e- lear ning, que treinasse todos os colaboradores: diretores, gerentes, su per v isor es, equ ipes m édicas, colabor ador es das em p r esas t er cei r i zad as e p ar cei r o s i n t er n o s d as unidades I t aim e Morum bi , em um curt o espaço de t em po e que não pr ecisasse t ir ar os colabor ador es de seus post os de t r abalho, pois, não dispunha de salas de t r einam ent o suficient e par a at ender t odas áreas, bem com o cust os de espaços, equipam ent os e inst rut ores.
O program a e- learning de Qualidade Total foi im plant ado em prim eiro de novem bro de 2003 com t érm ino em fevereiro de 2004, correspondendo a um t reinam ent o de, aproxim adam ent e, duas horas aulas, para dois m il e quinhent os colaboradores int ernos e m ais 600 colabor ador es das em pr esas t er ceir izadas das unidades I t aim e Morum bi.
Pa r a a i m p l a n t a çã o , f o r a m f o r n e ci d a s o r i e n t a çõ e s b á si ca s d e a ce sso a o si st e m a a o s m ult iplicadores que, inicialm ent e, foram os gerent es das áreas, post eriorm ent e, os supervisores e, assim , sucessiv am ent e, at é que as or ient ações chegar am ao nível operacional, atingindo todos os colaboradores da instituição, descentralizando o processo educativo. Est as orient ações const it uíram - se em com o acessar o sit e, com o colocar o código funcional e cadast rar
um a senha e a part ir dest e m om ent o o colaborador j á est aria part icipando do t reinam ent o e- lear ning.
Par a est e t r ein am en t o f icar am dispon ív eis equipam entos de inform ática do tipo, deskt o, em cada
set or d as u n id ad es d e en f er m ag em , n o set or d e educação continuada, gerência de enferm agem e sala de e- lear n in g.
I nicialm ente o e- learning t eve um a avaliação
p osit iv a com o u m a f er r am en t a d e ap r en d izag em , a t i n g i n d o a s n e ce ssi d a d e s e o s o b j e t i v o s d e t reinam ent o do Hospit al.
Assi m , o Ho sp i t al i n v est i u n a Fase 2 d o Program a de Educação para Qualidade, denom inado “ Fe r r a m e n t a s d a Qu a l i d a d e ” , co n t a n d o co m a s m esm as p r em issas, p r in cíp ios, ob j et iv os e in f r a-e st r u t u r a , a n t a-e r i o r m a-e n t a-e , d a-e t a-e r m i n a d o s, a sa-e r m i n i st r a d o à t o d o s g e r e n t e s, su p e r v i so r e s, encarregados e líderes das diversas áreas da unidade I t aim e Morum bi.
O Program a para a Qualidade do Hospit al e Ma t e r n i d a d e Sã o Lu i z Fa se 2 - Fe r r a m e n t a s d a qualidade está subdividido em três m ódulos: o m ódulo 1 , co m p o st o p el a a p r esen t a çã o d o p r o g r a m a , a in t r od u ção, as or ien t ações d e com o n av eg ar e a r e v i sã o d o p r i m e i r o t r e i n a m e n t o e - l e a r n i n g d e Qualidade Tot al; o m ódulo 2, pela apr esent ação do m ódulo, est rut ura corporat iva do PMQ, princípios do PMQ, e exercícios; o m ódulo 3, pela apresentação do m ó d u l o , Fe r r a m e n t a s d a Qu a l i d a d e , m o d e l o d e pr ocesso 1, m odelo de pr ocesso 2, flux ogr am a das at iv idades, ch eck - list , Br ain st or m in g, diagr am a de Paret o, program a cinco “ S”, exercícios, diagram a de causa e efeit o, ferram ent a 5W2H e conclusão.
O program a est á hospedado na int r anet do Hospit al, com acesso r est r it o, aos funcionár ios, por m ei o d e l o g i n e sen h a q u e sã o o f er eci d o s p el a inst it uição.
Dessa for m a, o m om ent o foi pr opício par a r ealizar est a p esq u isa, av alian d o o con h ecim en t o apr een dido pelos en f er m eir os qu e u t ilizar am o e-lear n in g “ Fer ram ent as da Qualidade”, por m eio de um a pesquisa exper im ent al.
OBJETI VO
Com parar o conhecim ent o apreendido ent re os grupos de enferm eiros que utilizaram o e- learning
MATERI AL E MÉTODO
O presente estudo de abordagem quantitativa ut iliza de um m ét odo experim ent al verdadeiro, para a com par ação dos t r ein am en t os pr esen ciais e v ia com put ador.
O d e se n h o d a p e sq u i sa e x p e r i m e n t a l é ut ilizado em est udos em que o pesquisador desej a t est ar r elações de cau sa e ef eit o. O ex per im en t o verdadeiro possui t rês propriedades de ident ificação: random ização, cont role e m anipulação( 14).
A r a n d o m i za çã o o u e n ca m i n h a m e n t o aleat ór io par a um gr upo env olv e a dist r ibuição de indivíduos, para um grupo experim ental ou a um grupo cont role em um a base puram ent e aleat ória( 15).
A força do desenho experim ent al verdadeiro reside em sua capacidade de aj udar o pesquisador e o leit or a cont rolar os efeit os de quaisquer variáveis extrínsecas que possam constituir am eaças à validade in t er n a. Tais v ar iáv eis ex t r ín secas qu e podem ser a n t e ce d e n t e s o u i n t e r v e n i e n t e s. A v a r i á v e l antecedente ocorre antes do estudo, m as talvez afete a v ar iáv el dependent e e confunda os r esult ados. É p o ssív e l q u e f a t o r e s, t a i s co m o : i d a d e , se x o , co n d i çõ e s so ci o e co n ô m i ca s se j a m v a r i á v e i s ant ecedent es im port ant es na pesquisa, porque t alvez afet em as variáveis dependent es( 14).
O m ét o d o ex p er i m en t a l f o i r ea l i za d o n o program a de treinam ento “ Ferram entas da Qualidade” aos enferm eiros do plant ão not urno, sendo o grupo cont role const it uído pelos t reinandos que realizaram o t r e i n a m e n t o d e m o d o p r e se n ci a l e o g r u p o experim ent al represent ado pelos que part iciparam do evento via e- learning. A participação dos enferm eiros n os g r u p os f oi r ealizad a d e f or m a r an d om izad a, porém , com t rat am ent o das variáveis ant ecedent es, em r azão da pot encialidade das m esm as afet ar em ou confundirem os result ados da pesquisa.
O local d e est u d o f oi a u n id ad e I t aim d o Hospit al e Mat ernidade São Luiz, que é um hospit al de grande port e da rede privada, da cidade de São Paulo, que possui 397 leit os.
A g e r ê n ci a d e e n f e r m a g e m , e st á l i g a d a dir et am ent e a Dir et or ia Adm inist r at iv a, ofer ecendo autonom ia e poder decisório à enferm agem . O quadro de pessoal de enfer m agem cont a com um t ot al de 836 colaboradores de enferm agem que com preende, um a Gerent e de Enferm agem , cinco Supervisoras de En f e r m a g e m , o i t o En ca r r e g a d a s d e u n i d a d e s f ech adas, 1 4 2 en f er m eir os líder, set e en f er m eir os
t rainee, 165 técnicos de enferm agem e 508 auxiliares de enfer m agem .
A população foi com posta por 60 enferm eiros, do per íodo not ur no, do Hospit al, da unidade I t aim , i n d e p e n d e n t e d o ca r g o q u e o cu p a v a m . Fo r a m excluídos do est udo a enferm eira pesquisadora que at ua no plant ão not urno com o supervisora e agent e m ultiplicadora de todos os treinam entos do seu plantão, bem com o os enferm eiros que est avam de férias ou de licença m édica, e os que participaram som ente de um a das fases da pesquisa. Por t ant o, a população e st u d a d a , f o r a m 4 9 e n f e r m e i r o s q u e a ce i t a r a m participar livrem ente da pesquisa e assinaram o Term o de Consent im ent o Livre e Esclarecido.
Ca b e e scl a r e ce r q u e e st a p o p u l a çã o f o i co n si d e r a d a e st a t i st i ca m e n t e si g n i f i ca t i v a a o s obj et ivos dest e est udo, por englobar a t ot alidade de en f er m eir os do per íodo n ot u r n o de t r abalh o, bem com o p or ap r esen t ar car act er íst icas in er en t es ao turno, sobretudo, referentes ao horário de trabalho e à alt eração do relógio biológico.
Os inst rum ent os ut ilizados para a colet a de d ad o s f o r am d o i s q u est i o n ár i o s, sen d o u m p ar a ca r a ct e r i za çã o d a p o p u l a çã o , e l a b o r a d o p e l a pesquisadora e out ro quest ionário int it ulado de Pré/ Póst est e sobr e Fer r am ent as da Qualidade, que foi elaborado pela Equipe de Educação, responsável pelo d e se n v o l v i m e n t o d o t r e i n a m e n t o e - l e a r n i n g. O quest ionário de pré e póst est e foi aplicado no grupo ex per im ent al e no gr upo cont r ole ant es e após os t r e i n a m e n t o s v i sa n d o a v a l i a r a a p r e e n sã o d o conhecim ent o dos enferm eiros. Assim , est e segundo instrum ento foi utilizado com o um a form a de verificar em qual m edida os enferm eiros aprenderam os fatos, p r i n cíp i o s e m é t o d o s q u e e st a v a m i n cl u íd o s n o t reinam ent o sobre Ferram ent as da Qualidade.
O p r oj et o d est e est u d o f oi ap r ov ad o p elo Com itê de Ética e Pesquisa da I nstituição do local do est u do, sen do assegu r ados os pr eceit os ét icos do anonim at o e do sigilo dos envolvidos.
Ap ós os en f er m eir os aceit ar em p ar t icip ar espont aneam ent e da pesquisa, assinando o t erm o de consent im ent o liv r e e esclar ecido, foi dist r ibuído o quest ionário, sendo possível caract erizar o perfil do gr u po de en f er m eir os com as v ar iáv eis de idade, t e m p o d e ca sa , t e m p o e g r a u d e f o r m a çã o , co n h eci m en t o d e i n f o r m á t i ca e p a r t i ci p a çã o em cursos via com put ador.
confundir os r esult ados da pesquisa se não fossem pr ev iam ent e cont r oladas. Por t ant o, a população foi e st r a t i f i ca d a d e a co r d o co m e ssa s v a r i á v e i s a n t e ce d e n t e s, f o r m a n d o a ssi m su b g r u p o s hom ogêneos. Após est a est rat ificação os subgrupos foram dist ribuídos aleat oriam ent e para a const it uição dos grupos A e B, evitando, assim , que confundissem os result ados do est udo.
Co n f o r m e r e f e r e n ci a l m e t o d o l ó g i co , a am ost r ag em aleat ór ia est r at if icad a r eq u er q u e a população sej a dividida em cam adas ou subgrupos. Os subgrupos ou subconj unt os em que a população e st á d i v i d i d a sã o h o m o g ê n e o s. Um n ú m e r o a p r o p r i a d o d e e l e m e n t o s d e ca d a su b g r u p o é se l e ci o n a d o a l e a t o r i a m e n t e , co m b a se e m su a proporção na população( 14).
Assi m , os q u ar en t a e n ov e p ar t i ci p an t es foram divididos, random izadam ent e, em dois grupos, o grupo A, o que realizou o treinam ento por m eio de aulas presenciais com 24 participantes e o grupo B, o q u e r e a l i zo u o t r e i n a m e n t o e - l e a r n i n g co m 2 5 par t icipant es.
O t reinam ent o presencial sobre Ferram ent as d a Qu a l i d a d e d o g r u p o A, f o i r e a l i za d o p e l a pesquisadora em duas turm as, sendo um a no noturno um ( par) e a out ra no not urno dois ( ím par) , na sala de treinam ento do Hospital, que fica fora do com plexo hospitalar, às duas horas da m adrugada com duração de duas horas.
O cont eúdo m inist rado presencialm ent e foi o m esm o do t reinam ent o e-learning, com apresent ação e m p o w e r p o i n t. Lo g o a p ó s o t é r m i n o d e ca d a treinam ento foi aplicado o pós- teste, por m eio de um instrum ento idêntico ao em pregado no préteste, onde f o i p o ssív e l o s p a r t i ci p a n t e s i n f o r m a r e m o conhecim ent o apreendido no t reinam ent o presencial. O t reinam ent o e- lear ning sobre Ferram ent as da Qualidade do grupo B, t am bém , foi realizado em duas t ur m as, sendo um a no not ur no um ( par ) e a out ra no not urno dois ( ím par) . Logo após o t érm ino de cada t reinam ent o, foi aplicado o inst rum ent o do pós- t est e.
Os t r ein am en t os e- l ea r n i n g p od er iam ser realizados via com put ador nos próprios set ores e no m om ento em que o participante achasse que era m ais convenient e; porém , para garant ir que não houvesse int er fer ências de t er ceir os, t ant o na r ealização dos t r ein am en t os com o n os t est es for am selecion ados t rês salas da ger ência de enferm agem , com quat r o com put adores em quat ro períodos not urnos para que
estes treinam entos fossem realizados. Os enferm eiros realizaram o t reinam ent o sem qualquer int erferência do m eio em , aproxim adam ent e, quarent a m inut os.
Os d a d o s f o r a m a n a l i sa d o s d e f o r m a descrit iva com base nos result ados apresent ados em gr áficos e t abelas com m edidas descr it ivas ( m édia, m e d i a n a , d e sv i o p a d r ã o , v a l o r m á x i m o e v a l o r m ínim o) .
As m édias das notas nos diferentes grupos e m o m e n t o s d e a v a l i a çã o f o r a m co m p a r a d a s, u t ilizan d o- se u m m od elo d e an álise d e v ar iân cia ( ANOVA) com dois fat or es: m om en t o d e av aliação
( Pr é- cu r so ou Pós- cu r so) e g r u p o ( Pr esen cial ou I nt er net ) , consider ando m edidas r epet idas no fat or m om ent o de avaliação. A exist ência de um possível efeit o de int er ação ent r e esses fat or es t am bém foi av aliad a. Vale r essalt ar q u e, q u an d o o ef eit o d e interação não é significante, os efeitos principais ( isto é, efeito do m om ento de avaliação e efeito do grupo) podem ser analisados dir et am ent e. Caso cont r ár io, o com p or t am en t o d e u m f at or d ev e ser av aliad o d en t r o d o s n ív ei s d o o u t r o f a t o r( 1 2 ). O n ív el d e
significância ut ilizado foi de 5% ( p= 0,05) .
A P R ES EN T A ÇÃ O E D I S CU S S Ã O D O S
RESULTADOS
Ao an alisar m os os d ad os en con t r ad os n a pesqu isa, con for m e dem on st r am as Tabelas 1 e 2 observam os inform ações relevantes à proposta inicial. Ao considerarm os o obj et ivo do est udo, com parar o conhecim ent o apr eendido ent r e os enfer m eir os que foram t reinados com o m ét odo t radicional, ou sej a, p r esen cial e aq u eles q u e u t ilizar am o e- l ea r n i n g, t em o s a co n si d er ar q u e em am b o s m ét o d o s, o s suj eitos tiveram um a nota m aior no pós teste, o que dem onst r a, de fat o, a apr eensão do conhecim ent o em am bos os m ét odos ut ilizados.
No g e r a l , n o t a m o s q u e t a n t o o g r u p o p r e se n ci a l co m o o g r u p o v i a co m p u t a d o r dem onst raram um núm ero m aior de acert os no pós-t e spós-t e d o q u e n o p r é - pós-t e spós-t e , e v i d e n ci a n d o q u e a quant idade de acert os, foi, em m édia, m aior após a aplicação do treinam ento, independente da form a que o m esm o se deu, porém com um a pequena diferença a m aior aos enferm eiros que realizaram o treinam ento
e- lear n in g.
nos dois prim eiros m om entos ( testes pré e pós) para a m b o s o s g r u p o s. A se g u i r, a s Ta b e l a s 1 e 2 apr esen t am as m edidas descr it iv as das n ot as das provas, segundo grupo presencial e via com put ador no m om ent o de avaliação.
Tabela 1 - Tot al de acer t os da população do gr upo pr esencial ( N= 25) nos pr é e póst est es, São Paulo, 2006
A Tabela 3 dem onst ra o ganho na not a dos indiv íduos após o t r einam ent o, obt ido da seguint e m aneira: para cada indivíduo da am ostra, foi calculada a diferença ( not a pós- curso - not a pré- curso) .
Tabela 3 - Medidas descrit ivas para o ganho na not a segundo grupo de t reinam ent o, São Paulo, 2006
e d o t n e m o M o ã ç a il a v
a Média Mediana PDaedsrvãioo Mínimo Máximo e t s e t-é r p s o tr e c a l a t o
T 16,4 19,0 4,5 6,0 21
e t s e t-s ó p s o tr e c a l a t o
T 17,8 19,0 3,2 11 22
Tabela 2 - Total de acertos da população do grupo via com put ador ( N= 24) nos pré e póst est es, São Paulo, 2006 e d o t n e m o M o ã ç a il a v
a Média Mediana
o i v s e D o ã r d a
P Mínimo Máximo
e t s e t-é r p s o tr e c a l a t o
T 17,7 19,0 3,1 9,0 21,0
e t s e t-s ó p s o tr e c a l a t o
T 19,4 20,0 1,7 16 22
Obser v am os que as m édias das not as dos grupos são próxim as, com valores um pouco m aiores no pós- curso para o grupo t reinado via com put ador, d e m o n st r a n d o , a ssi m , q u e o e - l e a r n i g é u m a est r at ég i a d e ap r en d i zag em t ão ef i caz q u an t o a pr esencial.
As e st r a t é g i a s d e a p r e n d i za g e m sã o procedim entos utilizados no processo educacional que podem ser m odificadas com o int uit o de aum ent ar a efet iv idade da apr endizagem em um a at iv idade ou am bient e específico. I st o quer dizer que não exist em est rat égias m elhores, m as sim est rat égias adequadas ao t ipo de at ividade a ser aprendida( 1).
Ao analisarm os os dados verificam os que de for m a ger al, as not as m enor es são obser v adas no grupo presencial, t ant o no pré- curso quant o no pós-cu r so.
A análise est at íst ica não indicou ev idências de diferenças significantes entre as notas m édias dos grupos presencial e e- learning ( p= 0,072) , isto é, não se observou efeit o significant e de grupo. Além disso, ev iden ciam os u m au m en t o n a n ot a m édia após o treinam ento dos indivíduos ( p= 0,002) , ou sej a, efeito si g n i f i ca n t e d e m o m e n t o d e a v a l i a çã o . Assi m , concluím os que a not a m édia dos indivíduos no pós-curso foi m aior do que aquela obt ida no pré- pós-curso, sendo estas m édias ( e intervalos de confiança de 95% ) respect ivam ent e iguais a 18,6 ( 17,9 a 19,3) e 17,1 ( 16,0 a 18,2) .
a i d é
M Mediana Desvio
o ã r d a
P Mínimo Máximo
) 5 2 = n ( l a i c n e s e r
P 1,3 1,0 3,8 -7,0 9,0
) 4 2 = n ( g n i n r a e
l-E 1,7 1,0 2,8 -3,0 7,0
Ver if icam os q u e a an álise est at íst ica n ão i n d i co u e x i st ê n ci a d e e f e i t o d e i n t e r a çã o e n t r e m o m e n t o d e a v a l i a çã o e g r u p o ( p = 0 , 6 8 2 ) . Observam os com estes resultados que o ganho m édio na not a da pr ov a par a indiv íduos t r einados por e-learning, não foi significantem ente diferente do ganho m édio par a indiv íduos com t r einam ent o pr esencial. Um a vez que não existiu efeito de interação ao m odelo estim ado, os efeitos principais puderam ser avaliados. Os r e su l t a d o s co m p a r a t i v o s e n t r e o s treinam entos m ostrou- nos que nas duas m odalidades, tanto presencial com o no e- learning, os treinam entos foram eficazes, pois a nota m édia dos treinandos em am bos os casos t eve um aum ent o, o que dem onst ra apr eensão do cont eúdo apr esent ado.
O a p r e n d i za d o v i a e - l e a r n i n g, f a v o r e ce oport unidade para que os inst rut ores ou professores ensinem m elhor, ao perm it ir que ut ilizem um a série de fer r am ent as, t ant o t écnicas com o pedagógicas, p a r a o e n si n o , a o i n v é s d o v e l h o p a d r ã o d e apresent ação de um para m uit os( 16).
O e - l e a r n i n g é u m a e st r a t é g i a q u e a s organizações vêm adot ando para t reinar e capacit ar os pr of ission ais, au m en t an do assim , por m eio da gest ão do conhecim ent o, o capit al int elect ual dent ro da em presa( 17,18,19).
A inform át ica e os recursos t ecnológicos da com unicação e inform ação fazem part e do cont ext o d a so ci ed a d e co n t em p o r â n ea , i m p u l si o n a n d o a s p essoas a se ad ap t ar em e a u t ilizar em as n ov as t ecnologias na vida pessoal e profissional( 20).
CONSI DERAÇÕES FI NAI S
Verificam os que a m édia de acertos nos dois grupos, A e B, aum ent aram ent re os dois prim eiros m om ent os pr é e póst est e. No pr esencial, a m édia aumentou de 16,4 para 17,8 e o desvio padrão reduziu de 4 , 5 par a 3 , 2 . No e- l ear n i n g, a m édia t am bém aumentou de 17,7 para 19,4 e o desvio padrão diminuiu de 3,1 para 1,7. Ao analisarmos estes dados constatamos a apreensão do conhecim ent o pelos dois grupos de enferm eiros de form a equiparada, confirm ando, assim , a eficácia dos dois m étodos utilizados.
Os dados da pesquisa dem onst ram - nos que a apreensão do conhecim ent o acont ece independent e da est rat égia usada no t reinam ent o, sej a presencial ou via com put ador, porém podem os inferir que o
e-l e a r n i n g é ef i ca z e ef i ci en t e p o r a g r eg a r v á r i a s vant agens de flexibilidade e dim inuição de t em po e cu st o s q u e o t r e i n a m e n t o p r e se n ci a l n ã o p o d e alcançar em razão de suas lim it ações.
Com pr eendem os , assim , que o e- lear n in g
p r o p o r ci o n a a o i n d i v i d u o u m e st u d o m a i s
in div idu alizado e adapt ado ao r it m o do t r ein an do, pr opor cionando flex ibilidade t em por al e t r anspondo barreiras geográficas, pois o aluno escolhe quando e o n d e r e a l i za r se u t r e i n a m e n t o . O e - l e a n i n g e m enferm agem proporciona a ot im ização e flexibilização do t em po gast o em t reinam ent os e apont am para a im por t ância do em pr ego de nov as fer r am ent as no ensino em enferm agem , que se aj ust am à dinâm ica d a ap r en d i zag em d e cad a i n d i v íd u o , sen d o u m a m o d a l i d a d e r á p i d a e ef i ci en t e d e ca p a ci t a çã o e t reinam ent o dos profissionais.
Desta form a, concluím os que a adoção do
e-l ear n i n g n o pr ocesso de edu cação con t in u ada em en f er m ag em , r ep r esen t a u m g r an d e i m p act o n a m elhoria da gest ão do conhecim ent o , da qualidade da assist ên cia e da sat isf ação do at en dim en t o ao client e.
Diant e do expost o, podem os considerar que o e- lear n in g possibilit a m udanças de par adigm as e
condut as educacionais, criando um a nova cult ura de aprendizado e incorporação de avanços t ecnológicos no ensino de enferm agem .
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