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Diferenças nas propostas de operacionalização do conceito de classe social empregadas em estudos epidemiológicos.

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Academic year: 2017

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Diferenças nas propost as de operacionalização

do conceit o de classe social empregadas

em est udos epidemiológicos

1

Diffe re nce s b e twe e n p ro p o sals fo r

imp le me ntatio n o f the so cial class co nce p t in

e p id e mio lo g ical stud ie s

1

1 Artigo basead o em d issert a çã o a p resen t a d a a o Progra m a d e M est ra d o em Sa ú d e Com u n it á ria d a Un iv ersid a d e Fed era l d a Ba h ia .

2 In stitu to d e Saú d e Coletiva, Un iv ersid a d e Fed era l d a Ba h ia . Ru a Pa d re Feijó, 29/4oa n d a r, Sa lv a d or, BA 40110- 170, Bra sil.

Jorge José Sa n t os Pereira Solla 2

Abst ract Th is a rt icle com p a res d ifferen t p rop osa ls for t h e im p lem en t a t ion of t h e con cep t of so-cia l cla ss a n d a n a lyz es t h e a lt ern a t iv es u sed in ea ch p rop osa l, con sid erin g p rev iou s ep id em io-logica l st u d ies on t h is issu e a n d t h e p ot en t ia l of su ch a con cep t a s a cen t ra l ca t egory in st u d ies on socia l d et erm in a t ion in t h e h ea lt h /d isea se p rocess. Sev en b a sic d ifferen ces w ere id en t ified , p ert a in in g t o t h e follow in g a sp ect s: cla ss st ru ct u re; resea rch ob ject iv e; t h e socia l cla ss con cep t a s a referen ce; t h e d ecision a s t o w h ich in d iv id u a l h a s h is/h er occu p a t ion a l a ct iv it y t a k en a s d efin -in g t h e fam ily’s social class; t h e class st at u s of t h e u n em p loyed , h ou sew ives, an d t h e ret ired ; class st a t u s of st u d en t s; a n d crit eria for d ist in gu ish in g b et w een t h e “b ou rgeoisie”, “p et t y b ou rgeoisie”, “n ew p et t y bou rgeoisie”, a n d “p rolet a ria t” a n d w h et h er t h ere is a sp ecific flow in cert a in p op u la -t ion grou p s. Giv en -t h e ob serv ed d ifferen ces a n d u n d erlyin g -t h eore-t ica l m od els, -t h is s-t u d y d is-cu sses p roblem s rela t ed t o t h e fa ct t h a t t h e u se of a sp ecific con cep t of socia l cla ss ca n h a ve va ri-ou s im p lem en t a t ion m od els.

Key words Socia l Cla ss; Socia l St ra t ifica t ion ; Ep id em iology

Resumo Dian t e d o em p rego em est u d os ep id em iológicos d e d iv ersas p rop ost as d e op eracion ali-z a çã o d o con ceit o d e cla sse socia l, e d a d em on st ra çã o em v á ria s in vest iga ções d a s p ot en cia lid a-d es a-d a u t iliz ação a-d est e con ceit o en qu an t o cat egoria cen t ral n o est u a-d o a-d a a-d et erm in ação social a-d o p rocesso sa ú d e d oen ça , o p resen t e a rt igo com p a ra p rop ost a s d iferen t es, rea liz a n d o u m a con t ra -p osiçã o d a s a lt ern a t iva s em -p rega d a s em ca d a u m a d ela s. Sã o id en t ifica d a s set e d iferen ça s b á sica s en t re a s p rop ost a s est u d a d a s, d iz en d o resp eit o a : est ru t u ra d e cla sse, ob jet iv o d a in v est iga -çã o, con ceit o d e cla sse socia l t om a d o com o referên cia , d ecisã o a cerca d e q u a l in d iv íd u o t erá su a in serçã o p rod u t iv a t om a d a com o d efin id ora d a cla sse socia l d a fa m ília , sit u a çã o d e cla sse d os d esem p regad os, d on as d e casa e ap osen t ad os, sit u ação d e est u d an t es, e, p or ú lt im o, crit ério p ara d iferen cia çã o en t re Bu rgu esia e Pequ en a Bu rgu esia , en t re N ova Pequ en a Bu rgu esia e Prolet a ria -d o e a ex ist ên cia -d e flu x o esp ecífico ou n ã o p a ra cert os gru p os p op u la cion a is. A p a rt ir -d a s -d ife-ren ça s ob serv a d a s e d os m od elos t eóricos su b ja cen t es sã o lev a n t a d os e d iscu t id os p rob lem a s rlacion ad os ao fat o d e qu e a u t iliz ação d e u m m esm o con ceit o d e classe social p od e lev ar a m od e-los d e op era cion a liz a çã o d ist in t os.

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Introdução

Vá ria s in vestiga ções ep id em iológica s têm d e-m on strad o as p oten cialid ad es d a u tilização d o con ceito d e cla sse socia l com o u m a ca tegoria ch ave p ara o estu d o d a d eterm in ação social d o p rocesso saú d e-d oen ça.

A m a gn it u d e d a s d iferen ça s id en tifica d a s

en tre as classes sociais n o tocan te aos estu d os d a m orb i-m ortalid ad e e d o acesso aos serviços d e saú d e, a con sistên ciaob servad a n os resu

lta-d os lta-d os lta-d iversos estu lta-d os realizalta-d os e a coerên -ciacom o con h ecim en to cien tífico acu m u lad o n este cam p o d e in vestigação, evid en ciam a im -p o rtâ n cia d o em -p rego d o co n ceito d e cla sse social e d e su a op eracion alização, p ara reforçar o in stru m en ta l m eto d o ló gico, a rticu la n d o o p rocesso saú d e-d oen ça com as relações sociais d e p rod u ção através d a in serção d e classe d os in d ivíd u o s in vestiga d o s (Alm eid a et a l., 1992; Barros, 1986; Bron fm an & Tu irán , 1984; Bron f-m an et al., 1988; Forster &af-mp; Yazlle-Roch a, 1991; Mo n teiro, 1988; Silva et a l., 1991; So lla , 1992; Victora et al., 1989).

Victora et al. (1990), estu d an d o o em p rego d a in serção d e classe n as in vestigações ep id e-m iológicas, ap on tae-m coe-m o p rin cip al van tagee-m o fa to d e q u e ta l ca tego ria tem u m p o ten cia l exp lica tivo so b re a rea lid a d e in vestiga d a , a o d eterm in a r u m co n ju n to d e va riá veis só cio -econ ôm icas, com o ren d a e grau d e escolarid a-d e. Ta m b ém Bro n fm a n & Tu irá n (1984) tecem com en tários sob re o p ap el d estas variáveis: “A relação en tre a p osição d e classe d os in d ivíd u os e seu com p ortam en to d em ográfico está m ed ia-d a p or u m com p lex o con ju n t o ia-d e fa t ores (...) q u e, em seu con ju n t o, d ã o form a à s con d ições m a t eria is d e ex ist ên cia , n ã o ex p lica m in d iv id u alm en te n em a gên ese n em o id esen v olvim en -to d a d esigu ald ad e social e, p ortan -to, tam p ou co d ã o con t a d os p rocessos sa ú d en ferm id a d e-m orte qu e ocorree-m ee-m u e-m a socied ad e”.

Algu m a s p ro p o sta s d e o p era cio n a liza çã o d o con ceito d e classe social têm sid o em p rega-d a s em in vestiga çõ es ep irega-d em io ló gica s. Neste tra b a lh o d esta ca m o s a s d e Ba rro s (1986), Bro n fm a n & Tu irá n (1984) e Bro n fm a n et a l. (1988), e a d esen vo lvid a p o r Wrigh t (1981, 1985), em estu d o s so cio ló gico s, u tiliza d a em u m gran d e in q u érito m u lticên trico. Estas p ro-p o sta s d ivergem em vá rio s a sro-p ecto s, sen d o n o sso o b jetivo a p resen tá -la s d e fo rm a esq u e-m á tica , b u sca n d o u e-m a co n tra p o siçã o d a s a l-tern ativas em p regad as em cad a u m a d elas.

O conceit o

As p rop ostas d e op eracion alização an alisad as p artem d o con ceito d e classe social elab orad o p or Len in (1980). Segu n d o Bron fm an & Tu irán (1984), este con ceito ap resen ta as segu in tes d i-m en sões:

1) Lu ga r q u e o cu p a m (o s in d ivíd u o s) em u m sistem a d e p rod u ção social d eterm in ad o – p o-siçã o em q u e os in d ivíd u os se in serem d en tro d as relações d e exp loração.

2) Rela çõ es em q u e se en co n tra m o s in d iví-d u o s co m resp eito a o s m eio s iví-d e p ro iví-d u çã o – p ro p ried a d e o u n ã o d o s m eio s d e p ro d u çã o e d e trab alh o.

3) Pa p el q u e d esem p en h a m os in d ivíd u os n a organ ização social do trabalh o – form as de con -trole sobre o processo de trabalho e de produção. 4) Mod o e p rop orção em qu e os in d ivíd u os re-ceb em a p a rte d a riq u eza so cia l d e q u e d is-p õ em – d eis-p en d e em ú ltim a in stâ n cia d a s d i-m en sõ es a n terio res, n ã o sen d o i-m a is q u e seu efeito.

Para d efin ição d a in serção d e classe d o in -d iví-d u o n esta s p ro p o sta s, o critério in icia l e fu n d a m en ta l é a rela çã o com os m eios d e p ro-d u çã o, sen d o a s d em a is va riá veis u tiliza d a s a

p artir d este p on to. Para cad a d im en são en con -trad a n este con ceito d e classe social, são rela-cion ad as variáveis e in d icad ores (Bron fm an & Tu irán , 1984).

As diferenças

As sete p rin cip a is d iferen ça s existen tes en tre as p rop ostas d e op eracion alização d o con ceito d e classe social estu d ad as são ap resen tad as es-qu em aticam en te n a Tab ela 1.

A p rim eira é q u a n to à s est ru t u ra s d e cla sse

em p rega d a s n a s p ro p o sta s a p resen ta d a s, q u e d iferem em relação à d efin ição d e três con ju n -tos d e classes:

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2) O Pro leta ria d o em Bro n fm a n & Tu irá n (1984) e em Bron fm an et al. (1988) foi d iferen -cia d o em d o is tip o s ( Típ ico e Atíp ico ), Ba rro s (1986) e Wrigh t (1985) n ã o fizera m ta l d istin -çã o. Ba rro s (1986) a p o n to u a n ecessid a d e d e d iscrim in ar os trab alh ad ores d iretam en te p ro-d u tivos, n o en tan to a au sên cia ro-d e in form ações su ficien tes e d e u m esq u em a m a is d efin id o q u a n d o d o m o m en to d a co leta d e d a d o s n ã o p erm itiram avan çar n este asp ecto.

3) Os in d ivíd u o s q u e rea liza m a tivid a d e p ro -d u tiva p re-d o m in a n tem en te n ã o -a ssa la r ia -d a , em geral in stável, n ão p ossu in d o m eios d e p rod u çã o p róp rios, fora m cla ssifica rod os n o tra b a -lh o d e Bro n fm a n & Tu irá n (1984) co m o Fo rça d e Trab alh o “Livre” d istin gu in d o en tre “assala-riad a” e “n ão-assala“assala-riad a”. Já em Barros (1986) e em Bro n fm a n et a l. (1988) a d en o m in a çã o p a sso u a ser Su b p ro leta ria d o, sen d o q u e este ú ltim o estu d o o d iferen cia en tre “assalariad os” e “n ão-assalariad os”. Por ú ltim o, Wrigh t (1985) su b stitu i o em p rego d a Força d e Trab alh o “Li-vre” o u d o Su b p ro leta ria d o p ela existên cia d e u m a Situ a çã o co n tra d itó ria d e cla sse en tre o Proletariad o e a Pequ en a Bu rgu esia.

Um segu n d o a sp ecto a p o n ta q u e, co m ex-ceçã o d o tra b a lh o d e Wrigh t (1985), q u e teve com o ob jetivo id en tificar os gru p os organ izad os q u e serão os atores p rin cip ais n a ação co letiva e n o con flito social, tod os os ou tros estu -d a-d os se p rop õem a in vestigar o p orq u ê -d e os in d ivíd u o s d iferirem em rela çã o a o p ro cesso saú d e-d oen ça e ao acesso a serviços d e saú d e e m ed icam en tos.

Em terceiro lu ga r, to d a s a s p ro p o sta s p a r-tem d o con ceito d e classe social elab orad o p or Len in , exceto Wrigh t (1985), qu e tom a com o re-feren cial in icial os trab alh os d e Pou lan tzas; ca-b en d o ressaltar q u e Pou lan tzas (1975) assu m e em su as ob ras com o p on to d e p artid a em su as elab orações a con ceitu ação d e classe d efin id a p or Len in (1980).

Em q u a rto lu ga r, a d efin içã o d e cla sse so -cia l é feita p o r Ba rro s (1986) a p a rtir d a in ser-ção p rod u tiva d o “ch efe” d a fam ília; em Bron f-m an et al. (1988), p ela in serção n a p rod u ção d o co m p o n en te d a fa m ília q u e receb ia a m a io r ren d a; e em Bron fm an & Tu irán (1984) a in ser-ção d e classe d a en trevistad a era sem p re d efin id a a p a rtir d a a tivid a d e p ro d u tiva d o h o -m e-m , q u e p od eria ser o côn ju ge (se casad a), o ú ltim o m a rid o o u co m p a n h eiro (se viú va o u sep arad a), ou o p ai (se n u n ca esteve casad a).

Um q u in to a sp ecto tra ta d a situ a çã o d e cla sse d o s d esem p rega d o s, d o n a s-d e-ca sa e a p o sen ta d o s q u e fo ssem “ch efes” d e fa m ília . Estes eram classificad os com o Su b p roletariad o p or Ba rros (1986) (exceto fa m ília s com ch efes

ap osen tad os, as q u ais foram exclu íd as, d evid o à in existên cia d e in fo rm a çã o so b re h istó ria o cu p a cio n a l p regressa ), tin h a m su a in serçã o d efin id a p elo gru p o fa m ilia r n a p ro p o sta d e Bron fm an & Tu irán (1984) e eram exclu íd os d a cla ssifica çã o n o estu d o d e Bro n fm a n et a l. (1988). Para Wrigh t (1985) os p erm an en tem en te d esem p rega d o s gera lm en te sã o co n sid era -d o s co m o Lu p em -Pro leta ria -d o, u m segm en to m argin alizad o d a classe op erária, os ap osen ta-d o s têm su a in serçã o ta-d e cla sse ta-d efin ita-d a p ela su a ativid ad e p rod u tiva n o p assad o (Trajetória d e classe) e as d on as-d e-casa, a p artir d a situ a-ção d e classe d o m arid o, ou seja, a form a com o a fam ília está in serid a n as relações cap italistas d e p rod u ção.

Em sexto lu gar, em relação aos estu d an tes, Bron fm an et al. (1988) con sid eram q u e d evem ser en q u ad rad os d e acord o com a in serção d e cla sse d o resp o n sá vel p elo seu su sten to, e Wrigh t (1985) tra b a lh a co m a in serçã o fu tu ra d os estu d an tes, qu an d o term in arem seu s estu -d os, em p rega n -d o o con ceito -d e “Tra jetória -d e Classe”.

Um a sétim a q u estão d iz resp eito à d iferen -cia çã o en tre Bu rgu esia e Peq u en a Bu rgu esia , en tre Nova Peq u en a Bu rgu esia e Pro leta ria d o en tre os assalariad os, e a existên cia d e flu xo esp ecífico o u n ã o esp a ra certo s gru esp o s esp ro fissio -n ais:

• Bro n fm a n & Tu irá n (1984) e Wrigh t (1985) to m a m co m o critério o n ú m ero d e em p rega -d o s p a ra -d em a rca r a Bu rgu esia -d a Peq u en a Bu rgu esia. En qu an to Wrigh t (1985) n ão exp lici-ta u m p o n to d e co rte, Bro n fm a n & Tu irá n (1984) con sid eram Bu rgu esia qu an d o ap resen tar u m m ín im o d e em p regad os igu al ou su p e rior a 5, e Peq u en a Bu rgu esia q u an d o este n ú -m ero for igu al ou in ferior a 4. E-m Barros (1986) e em Bron fm an et al. (1988) é acrescen tad a ou -tra va riá vel: a ren d a, sen d o q u e Ba rro s (1986) u sa u m p on to d e corte p ara a Bu rgu esia igu al a o u m a io r d o q u e n ove sa lá rio s m ín im o s e tra -b alh a com ren d aoun ú m ero d e em p regad os; já

Bro n fm a n et a l. (1988) u sa m ren d a e n ú m ero d e em p rega d o s e o lim ite d e ren d a p a ra a Pq u en a Bu rgu esia é esta b elecid o em va lo r m e-n or ou igu al a 15 salários m íe-n im os.

O Pro leta ria d o Atíp ico em p rega d o p o r Bro n fm a n & Tu irá n (1984) e p o r Bro n fm a n et a l. (1988) co rresp o n d e a in d ivíd u o s a ssa la ria -d os n o setor terciário (sem q u alificação e sem cargo d e d ireção ou ch efia) e aqu eles qu e estão in serid os in d iretam en te n a p rod u ção tam b ém sem p ossu írem cargo d e d ireção n em ap resen -tan d o qu alificação. Esta ú ltim a variável

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ro-d u tiva q u e o in ro-d ivíro-d u o ro-d esem p en h a . Pa ra Wrigh t (1985) o qu e d efin e a situ ação con trad i-tória d e classe en tre Bu rgu esia e Proletariad o é o grau d e con trole im ed iato sob re su as con d i-ções d e trab alh o, sob re o qu e p rod u zem , sen d o técn ico s e p ro fissio n a is a lta m en te q u a lifica -d os.

A resp eito d o s a ssa la ria d o s n a co n stru çã o civil, ob serva-se q u e Barros (1986) coloca tod o este gru p o n o Su b p roleta ria d o (n ã o d isp on d o d e p ossib ilid ad e p ara d iscrim in ar os p eões d os d em ais trab alh ad ores d a con stru ção civil, d

e-vid o à m an eira com o h aviam sid o coletad os e co d ifica d o s o s d a d o s a cerca d a o cu p a çã o, e co n sid era n d o q u e n a co n stru çã o civil p red o -m in a-m trab alh ad ores se-m qu alificação, Barros (1986) u tilizou esta op ção), Bron fm an & Tu irán (1984) os in sere n o Proletariad o Típ ico e Wrigh t (1985) n o Proletariad o (n ão d iferen cian d o en -tre Típ ico e Atíp ico). Já o trab alh o d e Bron fm an et al. (1988) criou u m flu xo esp ecífico p ara este gru p o se p a ra n d o d e a co rd o co m o co n h e ci-m en to d o o fício en tre o Su b p ro leta ria d o (ser-ven tes) e o Pro leta ria d o Típ ico (o ficia is). Ta l Tab e la 1

Dife re nças e ntre p ro p o stas d e o p e racio nalização d o co nce ito d e classe so cial.

Barros Bronfman & Tuirán Bronfman et al. Wright

(1986) (1984) (1988) (1985)

Est rut ura de classes Burg ue sia e mp re sarial Burg ue sia Burg ue sia Burg ue sia

Burg ue sia g e re ncial No va p e q ue na No va p e q ue na Situação co ntrad itó ria: b urg ue sia b urg ue sia (Burg ue sia x Pro le tariad o )

Situação co ntrad itó ria:

(Burg ue sia x Pe q ue na b urg ue sia)

Pe q ue na b urg ue sia Pe q ue na b urg ue sia Pe q ue na b urg ue sia Pe q ue na b urg ue sia Pro le tariad o Pro le tariad o Pro le tariad o Pro le tariad o

típ ico típ ico atíp ico atíp ico

Sub p ro le tariad o Fo rça d e Situação co ntrad itó ria:

trab alho “ livre ” Sub p ro le tariad o (Pro le tariado x Pe q ue na b urg ue sia) Assalariad o Assalariad o

Não -assalariad o Não -assalariad o

Propósit os da invest igação

Conceit o de classe social Le nin Le nin Le nin Po ulantzas (Le nin) Define a classe social pela

inserção na produção do: “ Che fe ” d a família a) cô njug e Co mp o ne nte d a – b ) último marid o família q ue re ce b ia

o u co mp anhe iro a maio r re nd a c) p ai (inse rção d e

classe d a mulhe r)

Sit uação dos desempregados Sub p ro le tariad o Inse rção d o s Não -classificáve l Se g me nto marg inalizad o “ inativo s” d e finid a d a classe o p e rária – p e lo g rup o familiar “ Lup e m Pro le tariad o ”

Sit uação das donas-de-casa Sub p ro le tariad o Inse rção d o s Não -classificáve l Situação d e classe “ inativo s” d e finid a d o marid o (família) p e lo g rup o familiar

Po r q ue ind ivíd uo s d ife re m e m te rmo s d e co nd içõ e s d e saúd e , co nsumo d e se rviço s d e saúd e e uso d e me d icame nto s

Po r q ue ind ivíd uo s d ife re m e m te rmo s d e co nd içõ e s d e saúd e , co nsumo d e se rviço s d e saúd e e uso d e me d icame nto s

Po r q ue ind ivíd uo s d ife re m e m te rmo s d e co nd içõ e s d e saúd e , co nsumo d e se rviço s d e saúd e e uso d e me d icame nto s

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d ecisã o fo i to m a d a d evid o à a lta ro ta tivid a d e d esta categoria ocu p acion al (serven tes).

O ut ros est udos

Algu n s estu d os ep id em iológicos têm u tilizad o, m u itas vezes d e form a ad ap tad a, as p rop ostas acim a ap resen tad as:

Mo n teiro (1988), em Sã o Pa u lo (SP), e Vic-tora et al. (1989), em Pelotas (RS), in vestigan d o a s co n d içõ es d e sa ú d e d e cr ia n ça s, em p rega

-ram a p rop osta d esen volvid a p elo trab alh o d e Bron fm an et al. (1988);

Silva et a l. (1991), estu d a n d o a d eterm in a-çã o socia l d o Ba ixo Peso a o Na scer, e Alm eid a et al. (1992), relacion an d o m ortalid ad e in fan til co m cla sse so cia l e p eso a o n a scer, a m b o s es-tu d o s d esen vo lvid o s em Rib eirã o Preto (Sã o Pau lo), u tilizaram a p rop osta d e Barros (1986);

Forster & Yazlle-Roch a (1991), an alisan d o a d istrib u içã o d a s h o sp ita liza çõ es d e a co rd o com a classe social em Rib eirão Preto (SP), em -p re ga ra m a -p ro -p o sta d e Ba rro s (1986), re a li-Tab e la 1 (co ntinuação )

Dife re nças e ntre p ro p o stas d e o p e racio nalização d o co nce ito d e classe so cial.

Barros Bronfman & Tuirán Bronfman et al. Wright

(1986) (1984) (1988) (1985)

Sit uação dos aposent ados Não incluíd o s Inse rção d o s Não -classificáve l Inse rção p assad a “ inativo s” d e finid a “ Traje tó ria d e classe ” p e lo g rup o familiar

Sit uação dos est udant es – Inse rção d o s Inse rção (classe ) Inse rção futura “ inativo s” d e finid a d o re sp o nsáve l “ Traje tó ria d e classe ” p e lo g rup o familiar p o r se u suste nto

Diferenças ent re burguesia Re nd a Núme ro d e Re nd a Núme ro d e e mp re g ad o s e pequena burguesia (< 9 s.m. / > 9 s.m.) e mp re g ad o s (< 15 s.m. / > 15 s.m.)

o u Núme ro d e (até 4 / 5 o u + ) e Núme ro d e e mp re g ad o s e mp re g ad o s (até 4 / 5 o u + ) (até 4 / 5 o u + )

Inserção de t écnicos, Burg ue sia g e re ncial No va p e q ue na No va p e q ue na Situação co ntrad itó ria: diret ores e gerent es b urg ue sia b urg ue sia (Burg ue sia x Pro le tariad o ) (t ecnoburocracia)

Assalariados do Pro le tariad o Pro le tariad o atíp ico Pro le tariad o atíp ico Pro le tariad o set or t erciário

(sem qualificação/ chefia)

Diferenças ent re nova Burg ue sia g e re ncial Re sp o nsab ilid ad e Fo rmação Co ntro le ime d iato pequena burguesia e (té cnico s, d ire to re s no se rviço unive rsitária so b re suas co nd içõ e s prolet ariado ent re os e p ro fissio nais) (alta/ b aixa) (sim/ não ) d e trab alho e so b re o

assalariados * co ntro le d o q ue p ro d uze m:

p ro ce sso e co nô mico Tip o d e função p ro fissio nais altame nte (d ire tiva/ não -d ire tiva) q ualificad o s

Assalariados na Sub p ro le tariad o Pro le tariad o Típ ico Fluxo e sp e cífico : Pro le tariad o

const rução civil * se rve nte s =

Sub p ro le tariad o * o ficiais = Pro le tariad o Típ ico

At ividade Sub p ro le tariad o Fo rça d e trab alho Sub p ro le tariad o Pro le tariad o

não-assalariada, “ livre ”

em geral inst ável

(6)

zan d o u m a alteração: retiran d o d o Su b Proletariad o o gru p o con stitu íd o p elas d on asd eca -sa, afastad os d o trab alh o e ap osen tad os, con s-titu in d o u m gru p o à p arte (“sem classe”).

Mo ta , So lla , Aq u in o e co la b o ra d o res, em -p regan d o n o “Projeto Morb i-Mortalid ad e Ma-tern o -In fa n til em Sa lva d o r (Ba h ia ), 1987/ 88” (UFBA, 1986) u m esq u em a d e op eracion aliza -çã o, d esen vo lvid o a p a rtir d a p ro p o sta d e Bro n fm a n et a l. (1988), em p reen d era m a s se-gu in tes m od ificações: a) estab elecen d o a clas-se social p ela in clas-serção p rod u tiva d o “ch efe” d a fa m ília – d efin id o p ela p ró p r ia fa m ília ; b ) crian d o u m “Gru p o Fora d a Pop u lação Econ o-m icao-m en te Ativa” (Fora d a P.E.A.), on d e ficao-m en q u a d ra d os os ca sos em q u e o “ch efe” d a fa m ília era d esem p rega d o, d o n a d eca sa , a p o -sen tad o ou estu d an te; c) d iferen cian d o a Bu r-gu esia d a Peq u en a Bu rr-gu esia ap en as p elo cri-tério d o n ú m ero d e em p rega d o s (a té 4/ 5 o u m ais), sem u tilizar o critério d e ren d a; d ) u tili-za n d o a d en o m in a çã o Fo rça d e Tra b a lh o “Livre”, n o lu gar d e Su b p roletariad o, e n ão fazen -d o -d istin ção n esta classe social en tre assalariad o s e n ã o a ssa la ria assalariad o s. Co m esta s m o assalariad ifica çõ es o esq u em a d e o p era cio n a liza çã o fo i em -p re ga d o e m d ive rsa s a n á lise s a re s-p e ito d a m o rb i-m o rta lid a d e e d o a ce sso a se rviço s d e saú d e em u m a coorte d e crian ças n ascid as vi-vas em Salvad or (BA) e acom p an h ad as d u ran te o p rim eiro an o d e vid a (Solla, 1992).

O s problemas

A p artir d as d iferen ças ob servad as e d os m od e-los teóricos su b jacen tes a estas p rop ostas p o-d em o s io-d en tifica r p rob lem a srela cio n a d o s a o

fato d e q u e a u tiliz ação d e u m m esm o con ceito d e classe socialp od e levar a m od elos d e op era-cion aliz ação d istin tosd evid o a d iferen tes in ter-p ret a çõesa resp eito d ed iversos asp ect os t eóri-co-con ceitu ais.

Sã o vá rio s o s p o n to s q u e p o d eria m ser le-va n ta d o s co m o fu n d a m en ta is n esta q u estã o ; con tu d o, três d eles assu m em asp ecto p rim or-d ial:

a) Sobre a cont raposição ent re os conceit os de “classe em si” e de “classe para si”, ou se-ja, “Plano exclusivament e econômico” versus “Plano Econômico – campo polít ico/ jurídi-co/ ideológico”

Com relação a este p rim eiro asp ecto, os au -tores d o m arxism o clássico e ou tros qu e segu i-ra m p o r ca m in h o s sem elh a n tes co n ceb em o co n ceito d e cla sse so cia l a ssu m in d o d u a s d i-m en sõ es d istin ta s: a “cla sse em si”– efeito d a

m atriz econ ôm ica e su a existên cia ob jetiva, e a

“cla sse p a ra si”– su jeito h istó rico co n stru íd o

a tra vés d a o rga n iza çã o e co n sciên cia d e seu s m em b ros.

A p artir d este raciocín io, d esen volveram -se d u a s ten d ên cia s p rin cip a is: a p rim eira co n si-d era q u e a esfera econ ôm ica p or si só si-d elim ita a con stitu ição d as classes sociais, e a segu n d a, ap esar d e d iscord ar d a an terior, assu m e qu e n a in vestiga çã o em p írica o p la n o eco n ô m ico é o ú n ico p assível d e ser cap tu rad o através d o ar-sen al m etod ológico existen te. Esta ú ltim a lin h a é a h egem ô n ica n o s estu d o s ep id em io ló gico s q u e b u sca m em p rega r a cla sse so cia l em seu in stru m en tal.

No en tan to, cab e ressaltar o p on to d e vista d e ou tros au tores qu e d ivergem d e tal con stru -çã o. Po u la n tza s (1975) a p o n ta o fa to d e q u e a d ivisã o so cia l d o tra b a lh o e o s lu ga res o cu p a -d os p elos in -d iví-d u os em su a in serção p ro-d u ti-va com p reen d em relações p olíticas e id eológi-ca s, rep resen ta n d o u m co n ju n to d e p rá tieológi-ca s sociais, n ão d izen d o resp eito, p ortan to, ap en as à esfera econ ôm ica, e sim à articu lação d as in s-tâ n cia s eco n ô m ica , p o lítica e id eo ló gica . Isto n ã o sign ifica q u e u m a cla sse socia l n ã o p ossa a ssu m ir p o siçõ es d istin ta s d e seu s “in t eresses objetivos”.

O au tor con sid era q u e se red u zirm os a d e-term in a çã o estru tu ra l d e cla sse à p o siçã o d e cla sse esta rem o s d eixa n d o d e la d o a d et erm i -n ação objet iv a d os lu gares d as classes sociaise

a ssu m in d o em troca u m a id eologia rela cion a l d e m ovim en tos sociais: “Pod e-se b em ob servar

q u e a s rela çõ es id eo ló gica s e p o lítica s, isto é, os lu garesd e d om in ação-su b ord in ação p

olíti-ca e id eológiolíti-ca já se referem a u m a d eterm in a-çã o est ru t u ra l d e cla sse;n ã o se tra ta , p o is, d e

u m lu gar ob jetivo qu e só d iria resp eito ao lu gar econ ôm ico n as relações d e p rod u ção, só se en -con tran d o os elem en tos p olíticos e id eológicos n a s p o siçõ es d e cla sse. Nã o se tra ta , segu n d o u m an tigo eq u ívoco, d e u m a est ru t u raecon

ô-m ica qu e d esign a, sozin h a, d e u m lad oos lu

ga-res, e d e ou trou m a lu ta d e classes qu e se esten -d e ao -d om ín io p olítico e i-d eológico: tal equ ívo-co to m a a tu a lm en te ívo-co m freq ü ên cia a fo rm a d e u m a d istin çã o en tre sit u a çã o (econ ôm ica ) d e classed e u m lad o, e p osições p olítico-id eo-ló gica s d e cla sse, exp ressa n d o -se to d a s essa s lu ta s p ela sp osições d e cla ssen a co n ju n tu ra”

(Pou lan tzas, 1975).

(7)

Para ou tros au tores a con stitu ição d as clas-ses sociais é p reced id a p ela lu ta d e clasclas-ses qu e con form a as p ráticas sociais d efin id oras d estas (Gu im a rã e s, 1988). Assim , Prze wo rsky (1989) con sid era qu e as classes são con stitu íd as p elas lu ta s tra va d a s, a s q u a is n ã o sã o d efin id a s ex-clu siva m en te n a s rela çõ es d e p ro d u çã o. Pa ra ele a s cla sses n ã o têm su a co n stitu içã o d a d a p or p osições ob jetivas. Tais p osições im p licam ap en as lim ites p ara a lu ta p olítica.

Segu n d o este au tor, as classes são form ad as n o d ecorrer d as lu tas, estru tu rad as a p artir d as con d ições econ ôm icas, p olíticas e id eológicas sob as q u ais ocorrem ; “(...) essas con d ições ob-jet iv a s (...) m old a m a p rá t ica d e m ov im en t os q u e p rocu ra m orga n iz a r os op erá rios em u m a classe. (...) As classes n ão são u m elem en to an te-rior à h ist ória d a s lu t a s con cret a s. Com o a fir-m ou M arx e Grafir-m sci n ão se can sou d e rep etir, é n a esfera d a id eologia q u e a s p essoa s t om a m ciên cia d as relações sociais. Aqu ilo em qu e p as-sa m a a cred it a r e o q u e fa z em é efeit o d e u m lon go p rocesso d e p ersu asão e organ iz ação p or forças p olíticas e id eológicas en gajad as em n u -m erosas lu tas p ela realiz ação d e seu s objetivos. (...) As classes n ão an teced eram a p rática p olíti-ca e id eológiolíti-ca. Qu alqu er d efin ição d as p essoas com o op erários (...) é n ecessariam en te in eren te à p rática d e forças p olíticas en gajad as em lu tas p a ra m a n t er ou a lt era r d e v á ria s m a n eira s a s relações sociais existen tes. As classes são organ iz ad as e d esorgan iiz ad as em con seqü ên cia d e lu -tas con tín u as”(Przeworsky, 1989).

Esta s d iferen tes p o siçõ es vã o n ecessa r ia m en te ter im p licações sobre os p rocessos de in -vestigação, on d e se refletem em três visões d is-tin tas:

• Con cord a com a existên cia d e d u as d im en -sões d istin tas d o con ceito d e classe, aceitan d o a n ecessid ad e e a viab ilid ad e d e op eracion ali-zar tal con ceito p ara ap licá-lo n a in vestigação em p írica ; n o en ta n to, este p ro cesso só a lca n -ça ria a d im en sã o m era m en te eco n ô m ica d a s classes, d eixan d o à m argem os reflexos d as d i-m en sões p olítica/ ju ríd ica/ id eológica. Esta óti-ca é com p artilh ad a p elas in vestigações ep id e-m iológica s q u e op era cion a liza ra e-m o con ceito d e classe social (Barros, 1986; Bron fm an & Tu i-rán , 1984; Bron fm an et al., 1988).

• Con ceb e as classes sociais com o sen d o for-m ad as p elas lu tas travad as, cofor-m o efeito d estas, sen d o u m p ro cesso co n tín u o, o n d e a s cla sses se organ izam , d esorgan izam e se reorgan izam ; sen d o, p o rta n to, u m a rela çã o – n em o s o cu -p a n tes d e lu ga res n a s rela çõ es d e -p ro d u çã o, n em o con ju n to d e atores n a ação coletiva –, a in vestiga çã o d eve d irigirse p a ra a id en tifica -çã o d o s d eterm in a n tes e d a s co n seq ü ên cia s

d estes em lu ta s co n creta s, n ã o ca b en d o d e -m a n d a s d e co n stru çã o d e ca tego ria s co rres-p on d en tes às classes sociais d efin id as a rres-p artir d a in serçã o p ro d u tiva d o s in d ivíd u o s estu d a -d o s. Ta l co n cep çã o n ã o p erm ite a co n stru çã o d e m od elos p ara a an álise ep id em iológica on -d e a -d eterm in a çã o -d o s p a -d rõ es -d e vi-d a e -d e con su m o seja in vestiga d a a p a rtir d a m a n eira co m o o s in d ivíd u o s estã o in ser id o s n a s rela -ções d e p rod u ção estab elecid as.

• In terp reta as classes sociais com o efeito d a articu lação d as estru tu ras econ ôm icas, id eoló-gica s, ju ríd ica s e p o lítica s, o cu p a n d o lu ga res ob jetivos n as relações d e p rod u ção, lu gares d e d om in ação-su b ord in ação p olítica e id eológica. O em p rego d este con ceito, con stru íd o com b a-se n a in a-serçã o n o a p a ra to p ro d u tivo, rela çõ es so cia is, rela çõ es técn ica s e rela çõ es d e d istri-b u içã o o p era cio n a liza d a s p a ra in stru m en ta r u m a in vestiga çã o, teria ju stifica tiva com o u m em p reen d im en to p ara a p rod u ção d e con h eci-m en to sob re a realid ad e social. Esta tarefa d e-m a n d a a co e-m p reen sã o d o s p ro cesso s so cia is su b jacen tes às relações d e classe n a form ação econ ôm ico-social con creta estu d ad a. Tal ab or-d agem p oor-d e ser en con traor-d a n as in vestigações d esen vo lvid a s p o r Wrigh t (1981; 1985) e, a o n o sso ver, p erm ite u m a m elh o r co m p reen sã o d a s d eterm in a çõ es rela cio n a d a s a o p ro cesso saú d ed oen ça e ao acesso aos serviços d e saú -d e n a socie-d a-d e cap italista.

b) A respeit o de concepções mais rest rit ivas ou menos rest rit ivas de classe operária (Pro-let ariado) e sobre o cresciment o do conjunt o de assalariados não inseridos diret ament e na produção, devido principalment e ao desen-volviment o do set or t erciário da economia.

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e-rá ria [p or ex em p lo, Fra n cesca Freed m a n ]. (...) M as as classes n ão são ap en as abstrações an alí-ticas n a teoria m arx ista; são reais forças sociais e têm reais con seqü ên cias. Im p orta m u ito p ara a n ossa com p reen são d a lu ta d e classes e d a m u -d an ça social o m o-d o p reciso com o as classes são con ceit u a d a s e q u e ca t egoria s d e p osições so-ciais são atribu íd as a tais e qu ais classes.“

En qu an to Pou lan tzas (1975) d elim ita o p ro-leta ria d o co m o sen d o fo rm a d o p o r a p en a s aqu eles trabalh ad ores m an u ais n ão-su p erviso-res e q u e p rod u z em m a is- v a lia d iret a m en t e,

Wrigh t (1981; 1985) em p rega u m critério m ais am p lo: tod os os assalariad os qu e ocu p am p osi-ções qu e ex clu a m t od a form a d e con t role sobre o ca p it a l m on et á rio, sobre o ca p it a l físico e so-b re a força d e t ra so-b a lh o.Ta l o p çã o, co m o p o d e ser evid en cia d o, p o d e ta m b ém esta r d ireta -m en te relacion ad a aos ob jetivos d a an álise.

As co n cep çõ es a cerca d a s in serçõ es in fo r-m ais in stáveis e/ ou au tôn or-m as n o r-m ercad o d e tra b a lh o n o in te rio r d a so cie d a d e ca p ita lista irão tam b ém d eterm in ar alterações n a com p o-sição d a estru tu ra d e classes sociais em p rega-d a n a in vestigação em p írica.

Ta is d ivergên cia s vã o rep ercu tir so b re a s p rop ostas d e op eracion alização d o con ceito d e classe social sob a form a d e três qu estões b ási-cas:

• co m p o siçã o d o p ro leta ria d o (m a is a m p la ou m ais restrita);

• d ivisão ou n ão d o p roletariad o em d u as fra-ções: o Proletariad o Típ ico e o Proletariad o Atí-p ico;

• in clu são d os trab alh ad ores assalariad os ou n ã o -a ssa la ria d o s q u e p o ssu em u m a in serçã o in stável, sem p rop ried ad e d os m eios d e p rod u -çã o, n o Pro leta ria d o o u n a Fo rça d e Tra b a lh o “Livre”/ Su b p roletariad o.

c) Sobre o grande cresciment o da complexi-dade das relações sociais com a evolução do capit alismo, decorrent e das t ransformações est rut urais ocorridas – inserção de t écnicos, diret ores e gerent es.

O en o rm e crescim en to d a co m p lexid a d e existen te n o in terio r d a s rela çõ es so cia is, d ecorren te d as tran sform ações estru tu rais d esen -volvid as n a evolu ção h istórica d o cap italism o, d em an d ou n ovas form u lações a resp eito d a in -serção d e d eterm in ad os segm en tos qu e p assa-ram a assu m ir p ap el relevan te d en tro d a socie-d a socie-d e a tu a l ( Th erb o rn , 1989; Wrigh t, 1981; 1985). A p artir d e tal d em an d a foram elab ora-d as ab orora-d agen s ora-d iferen ciaora-d as a resp eito ora-d esta qu estão.

Para Wrigh t (1981; 1985) tais m u d an ças p od eriam ser sin tetizaod as em p rocessos referen

-tes à p erd a d e con trole sob re o p rocesso d e tra-b alh o p or p arte d os p rod u tores d iretos, ao su gim en to d e n ova s e m a is co m p lexa s h iera r-qu ias d e au torid ad e d en tro d as em p resas, à d i-feren cia çã o en tre p ro p ried a d e eco n ô m ica e p o sse e en tre p ro p ried a d e lega l fo rm a l e p ro -p ried ad e econ ôm ica real.

Pa ra o p ro cesso d e o p era cio n a liza çã o d o co n ceito d e cla sse so cia l ta is p o n to s d e vista vã o se exp ressa r n a s p ro p o sta s estu d a d a s em três altern ativas:

• Divisã o d a Bu rgu esia em d u a s fra çõ es: a Bu rgu esia Em p resarial e a Bu rgu esia Geren cial; • Existên cia d a Nova Peq u en a Bu rgu esia , reu n in d o o co n tin gen te d e a ssa la r ia d o s co m alta qu alificação técn ica e/ ou qu e assu m iram a d ireçã o d o p rocesso d e p rod u çã o e o con trole sob re a força d e trab alh o assalariad a;

• Id en tificação d e “Situ ações Con trad itórias d e Classe” en tre a Bu rgu esia e o Proletariad o.

Coment ários finais

Ressaltam os qu e, n este m om en to d o d esen vol-vim en to m etod ológico n os estu d os ep id em io-ló gico s, d iscu tir a u tiliza çã o d o co n ceito d e cla sse so cia l em ta is estu d o s, co m p a ra n d o a s d iversa s p ro p o sta s d e o p era cio n a liza çã o em p re ga d a s, a lé m d e d e m a n d a r u m a p ro fu n d a m e n to te ó rico co n ce itu a l, p a ssa n e ce ssa ria -m en te p ela id en tifica çã o d a s p ot en cia lid a d es

d este a rsen a l m eto d o ló gico, a ssim co m o d o s

p roblem as e lim itesen fren tad os em seu em p

rego, b u scan d o ap erfeiçoar o tratam en to d isp en -sa d o a este in stru m en ta l p ela s in vestiga çõ es n esta área d o con h ecim en to.

En tre d iversos asp ectos q u e tam b ém d everiam ter sid o ab ord ad os n este trab alh o en con -tra-se a n ecessid ad e d e ad ap tação d a p rop osta d e op eracion alização a ser em p regad a levan d o em con sid eração as p articu larid ad es d a form a-ção sócio-econ ôm ica estu d ad a (Solla, 1996).

(9)

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