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Ensino médico: o que sabemos?

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agost o, 1997 193

Ensino m édico:

o que sabem os?

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Mar ia Cr ist ina I wam a de Mat t os1

De acor do com os f at os hist ór icos, o t r einam ent o pr of issional no ensino m édico com eçou com o apr endizado inf or m al sob or ient ação de um m édico pr át ico. A r elação m est r e-discípulo é o m eio pelo

qual os docent es de um a Faculdade de Medicina adquir em , usualm ent e, suas habilidades em ensino.

Passam os das t ut or ias da época de Sócr at es (469-399 a.C.), quando pelo quest ionar est im ulava

seus alunos a descobr ir r espost as a suas pr ópr ias per gunt as, par a a época das aulas m agist r ais,

necessár ia devido ao aum ent o cr escent e de alunos desejosos de se t or nar em m édicos.

Na m aior ia das escolas m édicas t em pr edom inado o “ m ét odo t r adicional de ensino” , cent r ado,

pr incipalm ent e, no pr of essor . At ualm ent e, t em -se enf at izado a necessidade da pr át ica de um ensino

m ais cent r ado no aluno.

Pr ogr am as de f or m ação de pr of essor es t êm sido int r oduzidos em algum as escolas m édicas, com o

int uit o de at ualizar o ensino, adapt ando-o às r ápidas m odif icações que o m undo vem sof r endo nest es

últ im os anos, em decor r ência das r evolucionár ias descober t as da ciência.

A t endência at ual em m ét odos avançados de ensino, em pr egados nas escolas m ais inovador as, é o

ensino e o apr endizado cent r ado no aluno, ou seja, a busca do conhecim ent o f eit a pelo pr ópr io

aluno; o aut o-apr endizado f acilit ado pelo ensino em pequenos gr upos e assist ido por com put ador es,

pr opiciando o desenvolvim ent o da aut o-avaliação.

A Educação Médica t em -se m odif icado at r avés dos anos. Desde 1910, com a publicação do

r elat ór io Flexner (Flexner , 1910), que t eve com o conseqüência, r ef or ço das disciplinas das ciências

1Pr ofessor a do Depar t am ent o de Pat ologia da Faculdade de Medicina da UNESP, cam pus de Bot ucat u. Mem br o da

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DEBATES

19 4 Inter face —Com unic, Saúde, Educ 1

básicas, e a aut onom ia par a a pesquisa, at é os anos cinqüent a, quando as escolas m édicas,

pr incipalm ent e as am er icanas, iniciar am o pr ocesso de inovação cur r icular . Dur ant e os anos set ent a,

houve um m ovim ent o com o pr opósit o de m odif icar a est r ut ur a de pr epar ação de pr of issionais da

saúde nas Am ér icas, f ocalizando, par t icular m ent e, o at endim ent o de saúde volt ado par a a

com unidade. Assim sendo, a educação m édica t eve de ser r epensada t endo em vist a as necessidades

da sociedade e o pr epar o de novos m édicos com conhecim ent o e habilidades ar t iculados aos novos

desaf ios.

O pr ocesso de inovação cur r icular com o vem os, não é um f at o at ual. I niciado há m ais de t r int a

anos, é um pr ocesso dinâm ico, cont ínuo e ar t iculado às const ant es e r ápidas m odif icações que

ocor r em no m undo. Devem os lem br ar que, quando est am os f or m ando, hoje, os pr of issionais do

pr óxim o século, eles devem est ar pr epar ados par a enf r ent ar as necessidades do f ut ur o e não do

passado.

A par t icipação das Am ér icas no pr ocesso de t r ansf or m ação da educação m édica é bem

docum ent ada no livr o “ Educação Médica nas Am ér icas - o desaf io dos anos 90” (Chaves e Reis,

1990). Vem os que a Feder ação Pan-Am er icana de Faculdades e Escolas de Medicina (FEPAFEM),

pr eocupada com o ensino em nossas escolas, apr ovou a pr opost a de Már io Chaves quant o à

par t icipação at iva das Am ér icas na Conf er ência Mundial de Educação Médica em Edinbur gh, em 1988

(Walt on, 1993a) . Par a t ant o, pr epar ar am um a análise cr it er iosa da sit uação da educação m édica em

nosso cont inent e, o que deu or igem ao Pr ojet o EMA - Educação Médica nas Am ér icas - (Chaves e Reis,

1990). Com o as Am ér icas, out r os cont inent es e gr andes r egiões do m undo pr epar ar am suas

r espect ivas análises par a ser em discut idas na Conf er ência Mundial sob r esponsabilidade da Feder ação

Mundial de Educação Médica (WFME). Os r esult ados dest a r eunião cont r ibuír am , f undam ent alm ent e,

par a a elabor ação dos pr incípios const ant es da Declar ação de Edim bur go ( Walt on, 1993a, 1994b),

pr incípios est es que t êm nor t eado t odo o m ovim ent o de t r ansf or m ação e inovação de educação

m édica em vár ias escolas m édicas.

A Conf er ência Mundial em At endim ent o Pr im ár io de Saúde, pat r ocinada pela Or ganização Mundial

de Saúde em Alm a At a (1978), est abeleceu o pr ogr am a global de “ Saúde par a t odos no ano 2000”

(WHO, 1993, 1994). A Conf er ência Mundial de Educação Médica, sob r esponsabilidade da Feder ação

Mundial de Educação Médica (WFME), em 1988; a Wor ld Sum m it on Medical Educat ion, em 1993,

f or am event os culm inant es na Educação Médica em t er m os m undiais.

Nas Am ér icas, o pr ojet o EMA, apoiado pela Fundação Kellogg, f oi a m ola pr opulsor a do pr ocesso

de t r ansf or m ação em nossas escolas. As conseqüências e inf luências dest e pr ocesso se f azem sent ir

hoje nos 23 pr ojet os UNI da Am ér ica Lat ina (Kisil e Chaves, 1995), em que a pr eocupação com a

im plant ação do pr ogr am a “ Saúde par a t odos no ano 2000” se f az not ar pela ênf ase que se est á

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ENSI NO MÉDI CO: O QUE SABEMOS?

agost o, 1997 195 pr incípios da Declar ação de Edim bur go, as escolas m édicas t êm pr opiciado a r eciclagem de seu cor po

docent e par a que possa f or m ar pr of issionais com pet ent es e apt os a enf r ent ar os desaf ios do f ut ur o.

Mais par t icular m ent e na Faculdade de Medicina de Bot ucat u, o pr ojet o UNI t em t ido um papel

r elevant e na m elhor ia do Sist em a de Saude da cidade, f acilit ando, assim , a im plant ação do ensino

or ient ado à com unidade, desde 1992.

A r eciclagem do cor po docent e f oi iniciada com o convênio com a Univer sidade de Dundee,

Escócia. O Cent r o de Educação Médica da Univer sidade de Dundee é cent r o int er nacionalm ent e

conhecido par a t r einam ent o de pr of essor es da ár ea da saúde. Tr eze de nossos docent es,

com ponent es da Com issão de Apoio Pedagógico, est ão, at ualm ent e, r ealizando o cur so a dist ância, em

Educação Médica. Recent em ent e, um de nossos docent es r ealizou o cur so f ace-a-f ace em Dundee.

Esper am os, assim , par t icipar at ivam ent e do m ovim ent o m undial de r ef or m ulação do ensino

m édico, valendo-nos da exper iência de escolas que já vivenciar am as dif iculdades de im plant ação de

um novo cur r ículo. A Net wor k of Com m u n it y-or i en t ed m ed ica l ed u ca t ion é um a r ede que congr ega

inúm er as escolas do m undo int eir o, que est ão pr eocupadas com educação m édica e dispost as a

com par t ilhar de suas exper iências a f im de nos ajudar a at ingir nossos objet ivos.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

CHAVES, M., ROSA, AR. EEducação Médica nas Am ér icas: o desaf io dos anos 90. São Paulo: Cor t ez, 1990.

FLEXNER, A. MMedical Educat ion in t he Unit ed St at es and Canada. A r epor t t o t he Car negie Foundat ion f or t he Advancem ent of Teaching.. Bost on, Massachuset t s: Updyke, 1910.

KI SI L M., CHAVES M. UUNI pr ogr am - W.K.Kellogg Foundat ion and t he Net wor k of Com m unit y. Edit or s Kisil and Chaves, 1995.

PAN-AMERI CAN HEALTH ORGANI SATI ON AND PAN-AMERI CAN FEDERATI ON OF ASSOCI ATI ONS OF MEDI CAL SCHOOLS. Lat in Am er ican posit ion paper : Wor ld Sum m it on Medical Educat ion. Medical Educat ion, v.17, p.524-33, 1993.

WALTON H. Medical educat ion wor ld wide: a global st r at egy f or m edical educat ion. MMedical Educat ion v.27, p.394-8, 1993a.

____________. The changing m edical pr of ession: im plicat ions f or m edical educat ion. MMedical Educat ion v.27, p.1-2, 1993b.

WHO, Geneva.. Per sonnel f or Healt h Car e: Case St udies of Educat ional Pr ogr am m es. v.2,1980.. WHO, USA. I m plem ent at ion of t he global st r at egy f or healt h f or all by t he year 2000. Second evaluat ion. Eight h r epor t on t he wor ld healt h sit uat ion. Region of t he Am er icas, v. 3, 1993. WHO. Finland. I m plem ent at ion of t he global st r at egy f or healt h f or all by t he year 2000: second

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Referências

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