www.jped.com.br
ARTIGO
ORIGINAL
A
comparison
between
preterm
and
full-term
infants’
preference
for
faces
夽
Silvana
A.
Pereira
a,b,c,∗,
Antônio
Pereira
Junior
b,
Marcelo
F.
da
Costa
a,
Margareth
de
V.
Monteiro
b,
Valéria
A.
de
Almeida
c,d,
Gentil
G.
da
Fonseca
Filho
c,
Nívia
Arrais
b,ee
Francesca
Simion
faUniversidadedeSãoPaulo(USP),InstitutodePsicologia,DepartamentodePsicologiaExperimental,SãoPaulo,SP,Brasil bUniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte(UFRN),Natal,RN,Brasil
cUniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte(UFRN),FaculdadedeCiênciasdaSaúdedoTrairí(FACISA),Natal,RN,Brasil dHospitalUniversitárioAnaBezerra(HUAB),UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte(UFRN),SantaCruz,RN,Brasil eUniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte(UFRN),MaternidadeEscolaJanuárioCicco,Natal,RN,Brasil
fCentroNeuroscienzeCognitive,UniversitadiPadova,DipartimentodiPsicologiadelloSviluppoedellaSocializzazione,Padova,
Itália
Recebidoem2demarçode2016;aceitoem28deabrilde2016
KEYWORDS
Modelofvisual recognition; Visualperception; Newborn;
Preterminfant; Full-terminfant
Abstract
Objective: Visualpreferenceforfacesatbirthistheproductofamultimodalsensory expe-rienceexperiencedby thefetusevenduringthegestationalperiod.Theabilitytorecognize facesallowsanecologicallyadvantageousinteractionwiththesocialenvironment.However, perinataleventssuchasprematurebirth,mayadverselyaffecttheadequatedevelopmentof thiscapacity.Inthisstudy,weevaluatedthepreferencefor facialstimuliinpreterminfants withinthefirstfewhoursafterbirth.
Methods: Thisisacross-sectionalobservationalstudyof59newborns,28pretermand31 full--terminfants.Thebabieswereassessedinthefirsthoursoflife,withtwowhiteboardsinthe shapeofaheadandneck:onewiththedrawingofafacesimilartothehumanface(natural face),andonewiththedrawingofmisalignedeyes,mouth andnose(distortedface).After thenewbornfixatedtheeyesonthepresentedstimulus,itwasslowlymovedalongthevisual field.Therecognitionofthestimuluswasconsideredpresentwhenthebabyhadeyeorhead movementstowardthestimulus.
Results: Thepreterminfants,inadditiontoshowingaloweroccurrenceoforientation move-mentsforbothstimuli,onaverage(1.8±1.1tonaturalfacesand2.0±1.2fordistortedones) alsoshowednopreferenceforanyofthem(p=0.35).Full-termnewbornsshowedadifferent behavior,inwhichtheyshowedapreferencefornaturalfaces(p=0.002)andahighernumber oforientationsforthestimulus,forbothnatural(3.2±0.8)anddistortedfaces(2.5±0.9).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.04.009
夽 Comocitaresteartigo:PereiraSA,PereiraJuniorA,CostaMF,MonteiroMV,AlmeidaVA,FonsecaFilhoGG,etal.Acomparisonbetween pretermandfull-terminfants’preferenceforfaces.JPediatr(RioJ).2017;93:35---9.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:apsilvana@gmail.com(S.A.Pereira).
Conclusion: Pretermnewbornsrecognizefacialstimulianddisclosenopreferencefornatural faces,differentfromfull-termnewborns.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/ 4.0/).
PALAVRAS-CHAVE
Reconhecimento visualdemodelos; Percepc¸ãovisual; Recém-nascido; Prematuro;
Nascimentoatermo
Umacomparac¸ãoentrerecém-nascidosprematuroseatermonapreferência porfaces
Resumo
Objetivo: Apreferênciavisualporfacesaonascimentoéprodutodeumaexperiência senso-rialmultimodalvivenciadapelofetoaindanoperíodogestacional.Ahabilidadedereconhecer facespossibilitaumainterac¸ãoecologicamentevantajosacomoambientesocial.Entretanto, eventosperinatais,comoonascimentoprematuro,podemprejudicarodesenvolvimento ade-quado dessa habilidade. Neste trabalho, avaliamos a preferência por estímulos faciais de recém-nascidosprematurosnasprimeirashorasapósonascimento.
Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal feito com 59 recém-nascidos, 28prematurose31nascidostermos.Osbebêsforamavaliados,nasprimeirashorasdevida,com duaspranchasbrancasemformatodecabec¸aepescoc¸o:umacomodesenhodeumaface simi-laraorostohumano(facenatural)eoutracomodesenhodeolhos,bocaenarizdesalinhados (facedistorcida).Apósorecém-nascidofixaroolharnoestímuloapresentado,eralentamente movimentadoaolongodocampovisual.Oreconhecimentodoestímulofoiconsideradopresente quandoobebêapresentoumovimentosdosolhosoucabec¸aemdirec¸ãoaoestímulo.
Resultados: Osrecém-nascidosprematuros,alémdeapresentarmenorocorrênciade movimen-tosdeorientac¸ãoparaambososestímulos,emmédia(1,8±1,1parafacesnaturaise2±1,2 parafacesdistorcidas),tambémnãoapresentarampreferênciaporqualquerumdeles(p=0,35). Diferentefoiocomportamentodosrecém-nascidosatermo,queapresentarampreferênciapor facesnaturais(p=0,002)eumnúmeromaiordeorientac¸õesparaoestímulo,tantoparafaces naturais(3,2±0,8)quantoparafacesdistorcidas(2,5±0,9).
Conclusão: Recém-nascidos prematuros reconhecemos estímulos faciais e não apresentam preferênciaporfacesnaturais,diferentementederecém-nascidosatermos.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4. 0/).
Introduc
¸ão
Apesar da imaturidade de áreas corticais visuais e da consequente limitac¸ão nas habilidades visuais, recém--nascidosapresentamumapreferênciainataporestímulos visuais com formato de faces. Essa habilidade é essen-cial para guiar as interac¸ões da crianc¸a no ambiente social.1
Diferentemente damaioria deoutrosobjetos, asfaces são processadas de maneira holística ou configural no sistema visual e são processadas na sua integralidade, enquanto outros objetossão processados como agregados deelementos independentes.2Issoprovavelmentedecorre dofato de que muitas fontes de informac¸ão socialmente relevantesdependem daintegrac¸ãodeinformac¸ão prove-nientedevárias regiõesdaface, tal comojulgamento de expressõeseintencionalidade.2
Oprocessamentoconfiguraldefacesdependedeum sis-temasubcorticalconhecidocomoConspec,queoperadesde onascimentoeé sensívelasinformac¸ões básicassobreas características visuaisde rostos de umamesma espécie.3 Essesistemaorientaapreferênciaporpadrõesfaciais(olhos alinhadosacimadonarizeboca),dealtoscontrastesatéos primeirosmesesde vida,4---6 antesdeumsegundo sistema denominadoConlern completar seu amadurecimento.3,4 O
desenvolvimento do sistema Conlern depende da experi-ência visual com faces humanas.3,4,7 Esses dois sistemas interagemduranteodesenvolvimentopós-nataldosistema visual.8 O Conspecinstrui o amadurecimentodo Conlern3 e qualquer imparidadenoseu funcionamento podeafetar aespecializac¸ãocorticalpararostose,consequentemente, inferirnegativamenteoprocessamentosubsequentede estí-mulossociais.4
Experimentos que investigam esses dois sistemas são amplamente encontrados na literaturaquando feitos com recém-nascidosatermodeidadegestacionalmaiordoque 40 semanas.1,4,5,8---10 Entretanto, apesar de os bebês prematuros serem capazes de completar todos os elementos de umprotocolode avaliac¸ãovisual, incluindo aquelescom respostascomplexas,6,11 nenhumestudo ava-liouapreferênciaporfacesemrecém-nascidosprematuros nasprimeirashorasdevida.
Algunsestudos12---14 demonstramquehá umaassociac¸ão entrenascimentoprematuro e vários distúrbios neurocog-nitivos relacionados, de uma forma ou de outra, com o processamento de estímulos faciais, como autismo12,13 e prosopagnosia,14aincapacidadedereconhecerfaces.
Entretanto, umahipótese discutida em nossoestudo é queessaorientac¸ãoporestímulossocialaonascimentopode ser um produto de uma experiência sensorial multimodal vivenciadapelofetoaindanoperíodogestacional,16,17oque poderia,embebêsprematuros,estarprejudicadopelafalta de experiência intraútero. Nessa perspectiva, o objetivo destetrabalhoé avaliarapreferênciadeestímulosfaciais emrecém-nascidosprematurosnasprimeirashorasdevida.
Métodos
Amostra
Esteé umestudoobservacional transversalpragmáticono qualsemediuaprevalênciadoreconhecimentodefacesem doisgrupos debebês, prematurose atermo.Oestudo foi feitoentrejulhode2014edezembrode2015,comamostra deconveniênciaprovenientedaMaternidadeEscola Januá-rioCicco (Natal,RN, Brasil)eMaternidadeEscolaHospital AnaBezerra(SantaCruz,RN,Brasil).Aamostrafoirecrutada apartirdasinternac¸õesdosdoishospitaisduranteoperíodo dapesquisa.Aopc¸ãopelodesenhoexperimentalpragmático decorredasuapraticidadeedapossibilidadedeenriquecer oestudocomumcontextoepidemiológicoecultural.18
Foram convidadospara participar doestudo ospaisou responsáveisporbebêsrecém-nascidos deambos ossexos com até 48 horas de vida, com idade gestacional entre 33 a 41 semanas. Para a definic¸ão da idade gestacional, considerou-se a idade gestacional calculada pela data da última menstruac¸ão. Quando isso não foi possível, foram consideradosos dadosdaultrassonografiaobstétrica feita noprimeirotrimestredegestac¸ão.
Osrecém-nascidosentre33a36semanaseseisdiasde idadegestacionalforamagrupadosnogrupoprematuroeos recém-nascidosentre37a41semanasnogrupotermo.
Foramexcluídososrecém-nascidosinstáveis hemodina-micamente(em usode ventilac¸ãomecânica invasivae/ou não invasiva, uso de drogas vasoativas), com hemorragia intracraniana grau IIIe IV,nota deApgar no5◦ minuto<5
eavaliac¸ãooftalmológicadefundodeolhocomresultados
anormais. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN/Facisa (protocolo #658.852/2014) e todas as mães ou responsáveis assinaram o termo de consentimentolivreeesclarecido.
Estímulo
Paraavaliaroreconhecimentodefaces,adaptamosa meto-dologiadescritaporGorenetal.,comaretiradadeumadas pranchasdoconjunto,paradiminuirotempodeaplicac¸ão do teste aos bebês prematuros, que tendiam a dormir durante a avaliac¸ão.19 Portanto, os estímulos consistiram emduaspranchasbrancasemformatodecabec¸aepescoc¸o (0,17×0,19m),comumaborda externapreta. Umadelas continhaumarepresentac¸ãosimilaraorostohumano(olhos alinhadosacimadonarizeboca)eaoutraodesenhodeuma facedesconfigurada(olhos,bocaenarizdesalinhados).
Procedimento
Otesteerafeitocomaparticipac¸ãodedoispesquisadores emumasalailuminadaesilenciosanoprópriohospitaleos recém-nascidoseramposicionadosemdecúbitosupinosobre ocolodoexaminador (figura1A).Oestímuloera apresen-tadonosângulosde15e30graus,àdireitaeàesquerdade umarcoimagináriocomraiode0,25mecentradonacabec¸a dobebê.O examinador eracegoao tipode estímuloque eraapresentado, quelhe erarepassadocom aface (con-figurada ou desconfigurada) invertida pelo auxiliar. Após fixar o olhar no estímulo apresentado, o recém-nascido era lentamente movimentado ao longo do campo visual. O auxiliar transcrevia para um formulário o parecer do examinadorcomrelac¸ãoaoreconhecimentoounãodo estí-mulopelorecém-nascido.Omesmocartãofoimovimentado apenasumavezparacadaladoeoreconhecimentodo estí-mulofoi considerado presentequando o bebêapresentou movimentosdos olhos oucabec¸a em direc¸ão ao estímulo apresentado.19 Foi feito um treinamento prévio do exa-minador para garantir a reprodutibilidade dos ângulos de apresentac¸ãodoestímulo. Umarco de PVC na cor preta,
+30
B
A
+15 –15
–30
Figura1 A:Posic¸ãodorecém-nascidoedopesquisadorduranteexperimento.Osrecém-nascidosforamposicionadosemsupino
Tabela1 Apresentac¸ãodasmédias,desviopadrão,valormínimoemáximodascaracterísticasgeraisdaamostra
Prematuro Termo p
Totalderecém-nascidos 28 31
-Sexo(masculino/feminino) 14/14 20/11
-Horasdevidaduranteavaliac¸ão 30±11,89(10-48) 21±12,13(2-47) 0,55
Idadegestacional(semanas) 35±1,11(33-36) 39±1,13(37-41) 0,02
Peso(gramas) 2.044±380,54(1.260-2.904) 3.396,13±482,64(2.755-4.900) 0,37
Apgar1◦minuto 8±1,91(4-9) 9±0,95(4-9) 0,16
Apgar5◦minuto 8±0,90(6-10) 9±0,58(7-10) 0,15
p<0,05=diferenc¸asestatisticamentesignificativasentreosgrupos,testetdeStudent.
p = 0,35
Prematuro Termo
Grupos
p = 0,002 4
3
2
n
.º de fixações
Face configurada
Face desconfigurada
1
0
Figura2 Apresentac¸ãodonúmerodefixac¸õespelosestímulos
defaceconfiguradaedesconfiguradanosdoisgruposde recém--nascidos:PrematuroeTermo.
commarcac¸ãodosângulos,foiusadoduranteotreinamento (figura1B)comcincorecém-nascidos,quenãoforam incluí-dosnoestudo.
Para análise estatística, considerou-se a presenc¸a ou ausência de resposta(1 e 0, respectivamente) para cada umadas quatroposic¸õesavaliadas.Acomparac¸ãoda per-formancedosdoisgruposexperimentaisnoreconhecimento dosestímulos(faceconfigurada edesconfigurada)foi ava-liadacomotestetpareadocomumníveldesignificância ␣=0.05.
Resultados
Foramavaliados 73 recém-nascidos durante o período do estudo,14 foram excluídos (quatrotinham idade gestaci-onal<33 semanas, três tinham mais de 48 horas, quatro estavamemventilac¸ãomecânicaetrêstinhamApgarno5◦
minuto<5).Dos59recém-nascidosqueefetivamente parti-ciparamdoestudo,28foramalocadosnogrupoPrematuro (14meninas)e31nogrupoTermo(11meninas).Atabela1 apresentaumresumodascaracterísticasgeraisdaamostra. Ambos osgruposreconheceram osdoisestímulos apre-sentados.Entretanto,os recém-nascidosdo grupo Prema-turo,alémdeapresentarmenorocorrênciademovimentos deorientac¸ãoparaambososestímulos,emmédia(1,8±1,1 para faces configuradas e 2±1,2 para faces desconfigu-radas) (figura 2), também não apresentaram preferência porqualquerumdeles(p=0,35).Jáosrecém-nascidos do
grupoTermoapresentarampreferênciaporfaces configura-das (p=0,002) e umnúmeromaior deorientac¸ões para o estímulo,tantopara facesconfiguradas (3,2±0,8)quanto parafacesdesconfiguradas(2,5±0,9)(figura2).
Discussão
Os resultados indicam que os bebês prematuros não apresentampreferênciavisualporfacesconfiguradas, dife-rentementederecém-nascidosatermo.
Acapacidadedeidentificarfaceséumahabilidade essen-cial para recém-nascidos, tendo em vista a dependência quasecompletadosseuscuidadores.
Turatietal.avaliaramapreferênciafacialdelactentes nascidosatermo aostrês meses.20 Osresultados demons-tramqueesses bebêsexibemumapreferênciavisualpara imagens de faces apresentadas numa orientac¸ão correta, comparadascom faces invertidas. Outroestudo feitocom recém-nascidos a termo, avaliadoscom 24horas de vida, usou doisestímulossimilares afaces humanas,oprimeiro comtrêsquadradospretosalinhadoscomosolhoseabocae umsegundotambémcomtrêsquadradospretos,porémcom aposic¸ãodosolhosebocainvertidos.Osresultados mostra-rampreferênciapeloestímulosimilaraorostohumano.5
Goren etal., em seus experimentos,estabelecem que os bebês nascidos a termo dentro de uma hora após o nascimento têm algumas informac¸ões específicas sobre a disposic¸ão das particularidades que compõem a face, mais propriamente bebês com nove minutos de vida preferem faces a outros estímulos.19 No entanto, todos esses estudos avaliam bebês nascidos a termo.4,5,19,20 A interrupc¸ãodosistemasubcorticalcausadapelanascimento prematuro pode ter consequências importantes para o desenvolvimentodomecanismoenvolvidocomapreferência porestímulossociais.14,21
Estudos da func¸ão visual de reconhecimento de faces também com prematuros, entretanto em idade diferente dademonstradaemnossoestudo,apontamqueessesbebês apresentamumainabilidadedereconhecerfaces,oque cor-roboraosnossosresultados.12,14Osautoresdiscutemquea prosopagnosiapodeserumdistúrbioneurológicograveque levaaumadeficiênciasocialemdecorrênciadadificuldade defazer amigos e participarde atividades sociaisdavida diária.12,14
dagravidez.22Osestímulosprovenientesdaexplorac¸ãotátil daprópriafacepelofetoduranteagestac¸ãoajudama refi-naros circuitosresponsáveis pela discriminac¸ão visual de faces.16 Noúltimotrimestredegravidez,osfetos apresen-tamumamaiorfrequênciadosmovimentoscoordenadosdos membrossuperioresnadirec¸ãodaface.17
No entanto, em nosso estudo fizemos umexperimento psicofísicocom uma única exposic¸ão doestímulo de face configuradaenãofilmamosessaresposta,oquepodelimitar adiscussãodenossosresultados.
Arepetic¸ãodessemesmoestímulopoderiaterfornecido informac¸õesadicionaisaorecém-nascidoeagravac¸ão pode-riater auxiliadonojulgamentodaresposta. Por entender queaapresentac¸ãodeumestímulodesconhecido,repetida vezes,poderialevaràhabituac¸ãovisualoptamosporfazer umaúnicaexposic¸ão.Entretanto,fizemosumexperimento com a orientac¸ão do sistema oculomotor. Decidimos por essa metodologiaporentenderque omecanismo Conspec éorientadopelosistemaoculomotor4,19etalprocedimento poderia ser usado ainda com o recém-nascido internado em poucas horas após onascimento, o quepodeser uma ferramentaútil para odiagnóstico depossíveisalterac¸ões neurocognitivas.
Afilmagem doexperimentofoi tentadacomdiferentes posic¸õesdacâmera,aindanafasedotreinamentodoscinco bebêsnãoinclusosnoestudo.Entretanto,nenhumadelasfoi suficienteparacaptaromovimentodosolhossemdespertar ointeressedorecém-nascido.Foiapartirdessa experiên-ciaqueinserimosumsegundopesquisadorparamostraras placasvoltadasparabaixoparaoexaminador,oquetornou ojulgamentocegoaotipodeestímuloapresentado. Toda-via,éimportanteressaltarqueesteéoprimeiroestudoque demonstradiferenc¸asdeorientac¸õesparaestímulossociais entre recém-nascidos prematuros e a termo, com poucas horasdevidaapósonascimento.Frieetal.14demonstraram resultadossimilarescom27bebêsnascidosprematuros,mas avaliadosaosseismesesdeidadecorrigidaeaos10meses de idade cronológica. Por isso, acreditamos que o nosso resultadoéparticularmenteimportante,tendoemcontaas possíveisconsequênciasqueessafaltadeorientac¸ãoem pre-maturospodetersobreodesenvolvimentodaespecializac¸ão dessesistemaparaprocessarestímulossociais.
Apesar das limitac¸ões do nosso estudo, os resultados indicam que recém-nascidos prematuros não apresentam preferênciaporfacesconfiguradas.Entretanto,são necessá-riosnovosestudoscomamostrasmaisextensasediferentes perfisdeprematuridadeparachegaraconclusõesmais defi-nitivas.
Financiamento
ConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoe Tecnoló-gico(CNPq).EditalUniversal,processon◦484997/2013-0
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
AoConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoe Tec-nológico(CNPq).
Referências
1.deHeeringA,TuratiC,RossionB,BulfH,GoffauxV,SimionF. Newborns’ face recognition is based on spatial frequencies below0.5cyclesperdegree.Cognition.2008;106:444---54. 2.FrankMC,AmsoD,JohnsonSP.Visualsearchandattentionto
facesduringearlyinfancy.JExpChildPsychol.2014;118:13---26. 3.JohnsonMH,SenjuA,TomalskiP.Thetwo-processtheoryofface processing:modificationsbasedontwodecadesofdatafrom infantsandadults.NeurosciBiobehavRev.2015;50:169---79. 4.SimionF,GiorgioED.Faceperceptionandprocessinginearly
infancy: inborn predispositions and developmental changes. FrontPsychol.2015;6:969.
5.NakanoT,NakataniK.Corticalnetworksforfaceperceptionin two-month-oldinfants.ProcBiolSci.2014;281,pii:20141468. 6.RicciD,RomeoDM,SerraoF,GalliniF,LeoneD,LongoM,etal.
Earlyassessmentofvisualfunctioninpreterminfants:howearly isearly.EarlyHumDev.2010;86:29---33.
7.PascalisO,KellyDJ.Theoriginsoffaceprocessinginhumans: phylogenyandontogeny.PerspectPsycholSci.2009;4:200---9. 8.Bednar JA,Miikkulainen R.Neonatal learningof faces:
envi-ronmentalandgeneticinfluences.In:Proceedingsofthe24th Annual Conference of the Cognitive Science Society. 2002. p.107---12.
9.Heron-Delaney M, Wirth S, Pascalis O. Infants’ knowledge of their own species. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 2011;366:1753---63.
10.CraigheroL,LeoI,UmiltàC,SimionF.Newborns’preference forgoal-directedactions.Cognition.2011;120:26---32. 11.AtkinsonJ,AnkerS,RaeS,HughesC,BraddickO.Atestbattery
of child development for examining functional vision (ABC-DEFV).Strabismus.2002;10:245---69.
12.LampiKM,LehtonenL,TranPL,SuominenA,LehtiV,Banerjee PN,etal.Riskofautismspectrumdisordersinlowbirthweight andsmallforgestationalageinfants.JPediatr.2012;161:830---6. 13.JohnsonS,MarlowN.Pretermbirthandchildhoodpsychiatric
disorders.PediatrRes.2011;69,11R-8R.
14.FrieJ,PadillaN,ÅdénU,LagercrantzH,BartocciM.Extremely preterm-borninfantsdemonstratedifferentfacialrecognition processesat6-10monthsofcorrectedage.JPediatr.2016;172, 96-102.e1.
15.GomesPT,LimaLH,BuenoMK,AraújoLA, SouzaNM. Autism inBrazil:asystematicreviewoffamilychallengesandcoping strategies.JPediatr(RioJ).2015;91:111---21.
16.ShibataM,FuchinoY,NaoiN,KohnoS,KawaiM,Okanoya K, etal.Broadcorticalactivationinresponsetotactilestimulation innewborns.Neuroreport.2012;23:373---7.
17.KurjakA,AzumendiG,VecekN,KupesicS,SolakM,VargaD, etal.Fetal handmovements andfacialexpressioninnormal pregnancystudied byfour-dimensional sonography. JPerinat Med.2003;31:496---508.
18.PatsopoulosNA.Apragmaticviewonpragmatictrials.Dialogues ClinNeurosci.2011;13:217---24.
19.Goren CC,Sarty M,Wu PY.Visual followingand pattern dis-criminationofface-likestimulibynewborninfants.Pediatrics. 1975;56:544---9.
20.TuratiC,ValenzaE,LeoI,SimionF.Three-month-olds’visual preferenceforfacesanditsunderlyingvisualprocessing mecha-nisms.JExpChildPsychol.2005;90:255---73.
21.Zhao K, YanWJ, ChenYH, ZuoXN, FuX. Amygdalavolume predictsinter-individualdifferencesinfearfulfacerecognition. PLOSONE.2013;8:e74096.