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ÂNGELA VIEIRA- Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO Prof. Mestra em Educação e Psicóloga- CRP ª região.

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Academic year: 2021

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ÂNGELA VIEIRA-

Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO Prof. Mestra em Educação e Psicóloga- CRP 0687-

20ª região.

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO – TCC CURSO: DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR ALUNO: VANESSA MENEZES MORAES

TURMA:DC74A ANO:2017

TEMA: PLANO DE ENSINO E APOSTILA TEMATICA

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COORDENAÇAO DE EDUCAÇÃO.

PROJETO BÁSICO PARA TCC.

ALUNO: VANESSA MENEZES MORAES

TURMA: DC74A ANO: 2017

SUMÀRIO

PAG

INTRODUÇÃO...03

1-O QUE É PLANO DE ENSINO...04

2-IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO...05

3-PLANO DE ENSINO...06

4-APOSTILAS 4.1-MODULO I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO...08

4.2-MDULO II MECANISMOS DA DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS NUTRIENTES...20

4.3-MODULO III ENERGIA E NECESSIDADES ENERGÉTICAS DOS ALIMENTOS...32

4.4- MODULO IV METABOLISMO DOS NUTRIENTES...45

5-BIBLIOGRAGIAS UTILIZADAS... ... ...58

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3 INTRODUÇÃO

O alimento é o grande fornecedor de energia e matéria onde suas substâncias são essenciais para o crescimento e a sobrevivência do ser humano. Nesta apostila contém uma resumida descrição do sistema digestório com suas estruturas e funções em relação aos nutrientes, assim como seu processo de absorção, transporte e excreção. Estes processos convertem os alimentos em nutrientes individuais prontos para serem utilizados no metabolismo. Os macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios) contribuem para energia total, mas na realidade voltada para o trabalho dos músculos e órgãos do corpo. O modo como os nutrientes tornam-se partes integrantes do corpo e fornecem energia para o funcionamento corporal adequado depende fortemente dos processos fisiológicos e bioquímicos que governam suas ações.

Entender o processo do funcionamento do aparelho digestório é fundamental para o profissional da área de alimentos para compreensão da sua relação com os nutrientes entendendo que os alimentos produzem ações especificas no corpo humano para o seu bom funcionamento.

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4 1-O QUE É PLANO DE ENSINO

O planejamento se faz presente em quase todas as nossas ações, sabemos que ele norteia a maior parte das atividades que realizamos. Portando o planejamento é essencial em diversos setores da nossa vida, e na educação não é diferente, pois o planejamento é imprescindível para atividade docente atingir êxito no processo de ensino aprendizagem.

O Plano de Ensino é um plano de ação; é o registro do planejamento das ações pedagógicas para o componente curricular durante o período letivo. É um instrumento didático- pedagógico e administrativo de elaboração e uso obrigatórios.

O plano de ensino deve conter identificação da disciplina, ementa, objetivos, conteúdo programático, metodologia, avaliação e bibliografia básica e complementar da disciplina. O plano de ensino norteará o trabalho docente e facilitará o desenvolvimento da disciplina pelos alunos. O plano é um tipo de planejamento que busca a previsão mais global para as atividades de uma determinada disciplina durante o período do curso (período letivo ou semestral). Para sua elaboração, os professores precisam considerar o conhecimento do mundo, o perfil dos alunos, para então tratar de seus elementos que constituem o plano de ensino que são: os objetivos gerais e específicos, os conteúdos, os procedimentos (as estratégias metodológicas, as técnicas), como também os recursos didáticos e a avaliação.

Cada um desses aspectos irá depender das intenções do professor, sendo que este poderá fazer combinados prévios com os alunos, sobre cada um deles.

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5 2. IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO

O plano de ensino é de extrema importância para que o docente possa pensar na avaliação e promover o desenvolvimento do aluno. Visto que esse processo significa que todo trabalho deve ser planejado com qualidade de forma que o planejamento e a avaliação estejam diretamente direcionados para a construção do conhecimento do educando.

Contribuindo assim para a rotina e a realização dos objetivos visados promovendo a eficiência do ensino.

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3. PLANO DE ENSINO

CURSO TECNOLOGIA EM ALIMENTOS

DISCIPLINA FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETÉTICA

PROFESSOR VANESSA MENEZES MORAES

Nº DE CRÉDITOS 4 CARGA HORÁRIA 80 HORAS

MARCO REFERENCIAL

PERFIL DO EGRESSO

É o profissional com a competência para planejar serviços, implementar atividades, administrar e gerenciar recursos, promover mudanças tecnológicas e aprimorar condições de segurança, qualidade, saúde e meio ambiente na indústria de alimentos. Este profissional é capaz de absorver e desenvolver novas tecnologias, de forma racional e sustentável, com o intuito de resolver problemas e contribuir com os processos na indústria de alimentos, podendo ainda atuar na área de pesquisa e desenvolvimento, em IES, pesquisa e consultorias.

CONTEXTUALI- ZAÇÃO DA DISCIPLINA

A disciplina fisiologia da nutrição e dietética é fundamental para a compreensão do aluno para o entendimento do funcionamento dos órgãos do aparelho digestório e sua relação com os nutrientes.

EMENTA

Introdução ao estudo da Fisiologia da Nutrição; Mecanismos da digestão e absorção dos nutrientes; Energia e Necessidades Energéticas dos alimentos;

Metabolismo dos nutrientes.

MARCO OPERACIONAL OBJETIVO GERAL

DA DISCIPLINA

Conhecer a fisiologia da nutrição e sua importância para o equilíbrio do sistema digestório e demais sistemas do corpo humano e sua relação com os nutrientes.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA

DISCIPLINA

Compreender o estudo da fisiologia da nutrição;

Analisar os mecanismos do sistema digestório;

Listar as necessidades energéticas do corpo humano;

Discutir o metabolismo dos nutrientes.

MÉTODOS Aula expositiva; Estudo de texto para debater o conteúdo em sala de aula; Aula assistida; Estudo dirigido; PBL.

RECURSOS

Data show; Notebook; Internet; Áudio; Quadro branco; Pincel.

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UND ASSUNTO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I

UNIDADE I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO:

Conceitos; O sistema gastrointestinal; Visão geral Sistema Gastrointestinal; Breve revisão dos processos de digestão e absorção;

Enzimas envolvidas na digestão; Regulação da função gastrointestinal;

Hormônios do SGI.

II

UNIDADE II: MECANISMOS DA DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS NUTRIENTES: Digestão na boca; Digestão no estômago; Digestão no intestino delgado; O intestino delgado primeiro local de absorção dos nutrientes, Estrutura e função; Intestino Grosso; Digestão e absorção de Tipos de específicos nutrientes,

III

UNIDADE III: ENERGIA E NECESSIDADES ENERGÉTICAS DOS ALIMENTOS:

Necessidades energéticas; Componentes do gasto energético; Fatores que afetam o gasto energético de repouso; Efeito térmico do alimento;

Termogênese por atividade; Medição do gasto energético; Calorimetria direita e esquerda; Cálculo de energia do alimento.

IV UNIDADE IV: METABOLISMO DOS NUTRIENTES: Alimentos;

Carboidratos; Proteínas; Lipídios.

AVALIAÇÃO

a) PARCIAL 1- Debate em sala de aula;

b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 – Prova individual escrita (0-10 pontos) contendo 5 questões objetivas e 5 discursivas;

c) PARCIAL 2 – Relatório de aula prática de laboratório em grupo;

d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 – Prova individual escrita (0-10 pontos) contendo 6 questões objetivas e 6 discursivas;

REFERÊNCIAS BÁSICAS

- MAHAN L K, Escott – Stumo S. Krause: Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. 13 edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

- Princípios de Anatomia humana/Gerard J. Tortora; Mark T. Nielsen. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

- Nutrição moderna de Shils na saúde e na doença. -11. Ed. -Barueri ,S P : Manole, 2016.

REFERÊNCIAS COMPLEMEN

TARES

- SILVA, S. M. C.; MURA, J.D.P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2010. XVIII, 1256 p. ISBN 978-85-7241- 872-0.

FONTES DA INTERNET

- Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição: www.nutricao.saude.gov.br - Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde: http://ecos-redenutri.bvs.br

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4.1-MODULO I - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETÉTICA

O sistema digestório contribui para a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do nosso corpo. Mas o que significa esse equilíbrio? E porque o sistema digestório contribui para manter essa homeostasia? Para responder a essa questão nada melhor do que compreender a definição do termo homeostasia que define: a manutenção de condições quase constante do meio interno (todos os órgãos e tecidos do corpo humano realizam funções que contribui para manter a constância). No sistema digestório essa homeostasia contribui decompondo alimentos em formas que são absorvidas e usadas pelas células do corpo. Além disso, absorve também água, vitaminas e minerais, e elimina resíduos do corpo. Os alimentos que ingerimos contêm uma variedade de nutrientes que são usadas para formar novos tecidos corporais e reparar tecidos danificados. O alimento também é vital para a vida, porque é nossa única fonte de energia química. No entanto, a maior parte dos alimentos que ingerimos consiste em moléculas muito grandes para serem usadas pelas células do corpo.

Consequentemente, os alimentos precisam ser decompostos em moléculas menores o suficiente para entrarem nas células, por um processo conhecido como digestão. Os órgãos que participam da decomposição do alimento – coletivamente chamados de Sistema digestório – são o foco desse estudo.

O trato alimentar é uma estrutura tubular que se estende da boca até ânus. Sua principal função é digerir e absorver os alimentos ingeridos.

Conceitos e terminologias importantes

Alimentos: É toda substância introduzida no organismo, serve para nutrição dos tecidos e para produção de energia.

Nutrientes: É qualquer elemento ou composto químico necessário para o metabolismo de um organismo vivo e compõem os alimentos. Nutrientes são essenciais para a vida e são formados pelos elementos químicos.

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Alimentação: Denomina-se alimentação ao processo de ingestão de alimentos a fim de proporcionar os nutrientes necessários para o desenvolvimento do organismo.

Nutrição: É um processo biológico em que os organismos utilizando-se alimentos assimilam nutrientes para realização das suas funções vitais.

Absorção: É a propriedade que alguns corpos têm de assimilar algo. Assim, há matérias que permitem captar substâncias com maior ou menor facilidade.

Digestão: Quebra de componentes dos alimentos em moléculas menores, possíveis de absorção e posterior utilização pelo organismo.

Metabolismo: Originado a partir do termo grego metábole, que significa “mudança” ou

“troca”, o metabolismo acontece com a ajuda de enzimas, por meio de uma cadeia de produtos intermediários.

O sistema gastrointestinal

O sistema gastrointestinal (SGI) serve para (1) digerir as proteínas, carboidratos e lipídios dos alimentos e bebidas ingeridos; (2) absorver fluidos, micronutrientes e oligoelementos; e (3) fornecer uma barreira física e imunológica para microrganismos, corpos estranhos e possíveis antígenos consumidos com o alimento ou formados durante a passagem do alimento pelo SGI. Além disso, desempenham diversas outras funções regulatórias, metabólicas e imunológicas que podem afetar o corpo inteiro.

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O SGI humano foi “bem elaborado” para digerir e absorver os nutrientes de uma imensa variedade de alimentos, incluindo carnes, produtos lácteos, frutas, vegetais, grãos, amidos complexos, açucares, gorduras e óleos. Dependendo das características da dieta consumida, cerca de 90% a 97% dos alimentos são digeridos e absorvidos; grande parte do material não absorvido é de origem vegetal. Os seres humanos não possuem as enzimas que hidrolisam as ligações químicas responsáveis por ligar as moléculas de açucares que compõem as fibras vegetais. Os alimentos fibrosos e quaisquer carboidratos não digeridos são fermentados em diferentes estágios por bactérias presentes no cólon humano, mas apenas 5% a 10% da energia necessária aos humanos é obtida por esse processo. O funcionamento do SGI humano parece depender de um fornecimento constante de alimentos em vez de uma ingestão de quantidades elevadas de alimento interrompidas por jejum prolongado. A saúde do corpo depende de um SGI saudável e funcional.

Visão geral do sistema digestório

Dois grupos de órgãos compõem o sistema digestório (Fig 1) : o trato gastrointestinal (GI) e os órgãos acessórios da digestão. O trato gastrintestinal (GI), ou canal alimentar, é um tubo continuo que se estende da boca até ao ânus, passando pelas cavidades torácicas e abdominopélvica. Os órgãos do trato gastrointestinal incluem a boca, grande parte da faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. O comprimento do trato gastrointestinal é de aproximadamente 5 a 7 m, em uma pessoa viva. Os órgãos acessórios da digestão incluem dentes, língua, glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas. Os dentes auxiliam a ruptura mecânica do alimento, a língua auxilia a mastigação e a deglutição.

No entanto, os outros órgãos acessórios nunca entram em contato direto com o alimento.

Produzem ou armazenam secreções que fluem para o trato GI pelos ductos; as secreções auxiliam a decomposição química do alimento.

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O trato GI contém o alimento do momento em que é ingerido até que seja digerido e absorvido ou eliminado. As contrações musculares na parede do trato GI decompõem mecanicamente o alimento, misturando-o vigorosamente e empurrando-o ao longo do trato, do esôfago até o ânus. As contrações também ajudam a dissolver os alimentos, misturando-os com os líquidos secretados no trato. As enzimas secretadas pelos órgãos acessórios da digestão e as células que revestem o trato decompõem o alimento quimicamente.

Figura 1. Fonte: (Princípios de Anatomia humana/Gerard J. Tortora;)cap.24.

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O sistema digestório, de uma forma geral, realiza seis processos básicos:

1. Ingestão. Este processo compreende a introdução de alimentos e líquidos na boca (comer).

2. Secreção. Todos os dias, as células no interior das paredes do trato GI e dos órgãos acessórios da digestão secretam um total de aproximadamente 7 litros de água, ácido, tampões e enzimas no lume (espaço interior) do trato.

3. Mistura e propulsão. A contração e o relaxamento alternador do músculo liso nas paredes do trato GI misturam o alimento e as secreções, empurrando-os em direção ao ânus. Essa capacidade do trato GI de misturar e mover material ao longo de sua extensão é denominado motilidade.

4. Digestão. Processos químicos e mecânicos decompõem o alimento ingerido em partículas menores. Na digestão mecânica, os dentes cortam e trituram o alimento antes de ser deglutido e, em seguida, os músculos lisos do estômago e intestino delgado misturam vigorosamente o alimento. Como resultado, as moléculas de alimento são dissolvidas e completamente misturadas com as enzimas digestivas. Na digestão química, grandes moléculas de carboidratos, lipídios, proteínas e ácido nucleico, presentes no alimento, são fragmentadas em moléculas menores, por hidrolise. As enzimas digestivas produzidas pelas glândulas salivares, língua, estômago, pâncreas e intestino delgado catalisam essas reações catabólicas. Umas poucas substâncias presentes no alimento são absorvidas sem digestão químicas, incluindo vitaminas, íons, colesterol e água.

5. Absorção. A entrada de líquidos, íons e produtos da digestão secretados e ingeridos nas células epiteliais que revestem o lume do trato GI é chamada de absorção. As substâncias absorvidas passam para o sangue ou linfa e circulam por todo o corpo para as células.

6. Defecação. Resíduos, substâncias indigeríveis, bactérias, células desprendidas do revestimento do trato GI e materiais digeridos, que não foram absorvidos no processo pelo trato digestório deixam o corpo através do ânus, em um processo chamado de defecação. O material eliminado é chamado de fezes.

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Breve revisão dos processos de digestão e absorção

A visão, o olfato, o paladar e até mesmo o fato de pensarmos em alimentos ativam as secreções e os movimentos do SGI. Na boca, a mastigação reduz o tamanho das partículas de alimentos, que são misturadas com secreções salivares para então serem engolidas. Uma pequena quantidade de amido é degradada pela amilase salivar, mas a digestão completa dos carboidratos é mínima. O esôfago transporta alimentos e líquidos da cavidade oral e faringe para o estômago. No estômago, o alimento é misturado com líquido ácido e enzimas proteolíticas e lipolíticas. Há digestão de pequena quantidade de lipídios, e algumas proteínas têm a sua estrutura alterada ou são parcialmente digeridas em grandes peptídeos.

Quando o alimento atinge consistência e concentração apropriadas, o estômago permite que o seu conteúdo passe para o intestino delgado, o qual ocorre a maior parte da digestão.

O álcool, como uma exceção, é absorvido pelo estômago.

Nos primeiros 100 cm do intestino delgado, ocorre uma enxurrada de atividades, resultando em digestão e absorção da maior parte dos alimentos ingeridos. Nessa parte, a presença de alimento estimula a liberação de hormônios que estimulam a produção e liberação de enzimas potentes pelo pâncreas e intestino delgado e da bile pelo fígado e vesícula biliar. Os amidos e as proteínas são reduzidos em carboidratos de menor peso molecular e peptídeos de tamanhos médio e grande. As gorduras dietéticas, primeiramente, são reduzidas de glóbulos visíveis de gordura a gotas microscópicas de triglicerídeos e, então, a ácidos graxos livres e monoglicerídeos. As enzimas da borda em escova do intestino delgado reduzem ainda mais os carboidratos remanescentes em monossacarídeos e peptídeos em aminoácidos simples, dipeptídeos e tripeptídeos. Juntas, as secreções do pâncreas, intestino delgado e vesícula biliar, além da salivar e gástrica, fornecem cerca de 7 a 9 L de líquidos em um dia, cerca de três a quatro vezes mais líquidos do que são normalmente consumidos por via oral. Da quantidade total de líquidos que entram no lúmen intestinal, apenas 100 mL a 150 mL não são reabsorvidos.

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O movimento do material ingerido e secretado no sistema GI é regulado principalmente por hormônios peptídeos, nervos e músculos entéricos. Ao longo do intestino delgado, quase todos os macronutrientes, vitaminas, minerais, oligoelementos e líquidos são absorvidos antes de chegar ao cólon. O cólon e o reto absorvem a maior parte do fluido restante vindo do intestino delgado. O cólon absorve eletrólitos e apenas uma pequena quantidade de nutrientes restantes.

A maioria dos nutrientes absorvidos pelo SGI chega ao fígado pela veia porta, na qual podem ser armazenados, transformados em outras substâncias ou liberados na circulação. Os produtos finais da maioria das gorduras dietéticas são transportados para a corrente sanguínea por meio da circulação linfática.

As fibras remanescentes, amidos resistentes, açúcar e aminoácidos são fermentados pela borda em escova do cólon. A fermentação dos carboidratos remanescentes resulta na produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e gás. Os AGCC ajudam a manter a função da mucosa normal, liberam uma pequena quantidade de energia de alguns dos carboidratos e aminoácidos residuais e facilitam a absorção do sal e da água. Alguns dos carboidratos e fibras resistentes à digestão no SGI superior servem como material “prebiótico” pela produção de AGCC, diminuindo o pH do cólon e aumentando a massa de bactérias

“auxiliares”. As substâncias prebióticas apoiam a relação simbiótica entre o SGI e seu ambiente microbiológico.

Enzimas envolvidas na digestão

A digestão de alimentos é acompanhada pela hidrolise enzimática. Cofatores, como ácido clorídrico, bile e bicarbonato de sódio, facilitam os processos de digestão e absorção. As enzimas digestivas são sintetizadas em células especializadas da boca, estômago, pâncreas e intestino delgado e secretadas no lúmen. Tabela 1 lista as enzimas GI e suas funções.

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Regulação da função gastrintestinal

Os vários mecanismos de controle da função gastrintestinal incluem:

Reflexos longos integrados no sistema nervoso central (SNC): Um reflexo neural clássico é iniciado com um estímulo transmitido por um neurônio sensorial para o SNC, onde o estímulo é integrado e atua. No sistema digestório alguns reflexos clássicos se originam no trato GI, enquanto outros se originam fora. Os reflexos digestórios integrados no SNC são denominados reflexos longos. Reflexos longos que se originam completamente fora no trato GI incluem reflexos antecipatórios e reflexos emocionais. São denominados reflexos cefálicos, pois iniciam no encéfalo. Os reflexos antecipatórios iniciam com estímulos que preparam o sistema digestório para a refeição que o encéfalo está antecipando. Nos reflexos longos a musculatura lisa e as glândulas estão sob controle do sistema nervoso autônomo.

Neurônios parassimpáticos são excitatórios e estimulam a função GI e os neurônios simpáticos inibem as funções GI.

Tabela 1-1. Resumo da Digestão e absorção Enzimática

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Reflexos curtos integrados ao sistema nervoso entérico: O controle neural do GI não conta somente com o SNC. O plexo nervoso entérico permite que os estímulos sejam iniciados, integrados e concluídos inteiramente no trato GI. Os reflexos que iniciam no sistema nervoso entérico (SNE) e são integrados por ele sem estímulo externo é chamado de reflexo curto. Os processos controlados pelo SNE são relacionados com a motilidade, secreção e crescimento.

O plexo submucoso contém neurônios sensoriais que recebem sinais do lúmen. A rede do SNE integra a informação sensorial e inicia respostas por neurônios submucosos que controlam as secreções das células epiteliais GI e por neurônios mientéricos que influenciam a motilidade.

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Reflexos envolvendo peptídeos GI: os peptídeos secretados pelas células GI podem atuar como hormônios ou sinais parácrinos. Os hormônios são secretados no sangue e atuam no TGI, em órgãos acessórios, ou em locais mais distantes, como o encéfalo. Moléculas parácrinas são secretadas para dentro do lúmen do trato GI ou para o LEC. Sinais parácrinos luminais se ligam a receptores na membrana apical e produzem uma resposta. Moléculas parácrinas no LEC atuam localmente, em células próximas de onde foram secretadas. No sistema digestório, os peptídeos GI estimulam ou inibem a motilidade e a secreção.

Hormônios do sistema gastrointestinal

O processo da digestão é controlado pelo sistema nervoso autônomo e por hormônios. A visão o cheiro e o sabor do alimento estimulam o sistema nervoso central, e este por meio de nervos, estimula as glândulas salivares a secretar salivas, fenômeno conhecido como salivação e as glândulas estomacais a secretar enzimas digestivas e acido clorídrico. Alem da estimulação nervosa o estomago também recebe estimulações hormonais. A regulação do TGI envolve

vários hormônios peptídicos que podem agir local ou distalmente. Esses reguladores podem atuar localmente de forma autócrina, parácrina ou como hormônios endócrinos “viajando”

pelo sangue para seus órgãos-alvo. Mais de 100 hormônios peptídicos e fatores hormonais de crescimento semelhantes foram identificados. Suas ações são quase sempre complexas e vão muito além do SGI. Alguns dos hormônios da família da colecistocinina (CCK) e somatostatina também funcionam como neurotransmissores entre neurônios.

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O SGI secreta mais do que 30 famílias de hormônios neuropeptídicos e é o maior órgão endócrino no corpo. Os hormônios GI estão envolvidos na iniciação e finalização da alimentação, trazendo a sensação de fome e saciedade, aumentando ou diminuindo os movimentos do SGI, acelerando ou retardando o esvaziamento esofágico e gástrico, regulando o fluxo sanguíneo, a permeabilidade e as funções imunológicas, estimulando o crescimento de células (dentro e fora do SGI).

Os hormônios GI são geralmente divididos em três famílias. Todos os membros de uma família têm sequência de aminoácidos semelhantes:

1. Família gastrina: gastrina e a colecistocinina (CCK), além de muitas variantes destas moléculas. Tanto a gastrina quanto a CCK podem ligar-se e ativar o receptor CCKb encontrado em células parietais;

2. Família secretina: secretina; peptídeo intestinal vasoativo (VIP) e o GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Outro membro da família secretina é o peptídeosemelhante ao glucagon-1 (GLP-1).

3. A terceira família contém aqueles que não se encaixam nas outras duas famílias. O membro principal é o hormônio motilina.

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19 Hormônio liberado no estômago:

Gastrina: estimulada por peptídeos e aminoácidos; alvos primários são as células enterocromafinas e as células parietais; estimula a secreção de ácido gástrico e o crescimento da mucosa; somatostatina inibe sua liberação.

Hormônios liberados no intestino:

Colecistocinina (CCK): estimulada por ácidos graxos e alguns aminoácidos; alvos primários são a vesícula biliar, pâncreas e estômago; estimula a contração da vesícula biliar e a secreção de enzimas pancreáticas, inibe o esvaziamento gástrico e a secreção ácida; promove saciedade.

Secretina: estimulada por ácido no intestino delgado; alvos primários são o pâncreas e o estômago; estimula a secreção de bicarbonato e inibe o esvaziamento gástrico e a secreção gástrica.

Motilina: estimulada pelo jejum (liberação periódica a cada 1,5 a 2 horas); alvos primários são os músculos lisos gástricos e intestinais; estimula o complexo motor migratório; é inibida pela ingestão de uma refeição.

GIP: estimulada por glicose, ácidos graxos e aminoácidos no intestino delgado; alvo primário é a célula beta do pâncreas; inibe o esvaziamento gástrico e a secreção ácida, estimula a liberação de insulina (mecanismo antecipatório).

Peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1): estimulada por refeição mista que inclui carboidratos ou gorduras no lúmen; alvo primário é o pâncreas endócrino; estimula a liberação de insulina, inibe a liberação de glucagon e a função gástrica; promove saciedade.

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4.2-MODULO II - MECANISMOS DA DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS NUTRIENTES

Digestão na Boca

O processo de digestão na boca occore da seguinte forma, os dentes trituram e esmagam os alimentos em partículas pequenas. O bolo alimentar é simultaneamente umedecido e lubrificado pela saliva. Três pares de glândulas salivares parotída, submaxilar e sublingal – produzem cerca de 1,5 L de saliva diariamente.

Uma secreção serosa contendo amilase (ptialina) inicia a digestão do amido. Essa digestão é mínima e a amilase se torna inativa quando alcança o conteúdo ácido do estômago. Um outro tipo de saliva contém muco, uma proteína que faz com que as partículas do alimento se unam e lubrifiquem o bolo para ser engolido. As secreções orofaríngeas também contêm uma lipase que é capaz de digerir uma pequena quantidade de lipídios.A massa alimentar mastigada, ou bolo, atravessa a faringe sob controle voluntário, mas pelo esôfago o processo de deglutição é involuntário.

A peristalse então move o alimento rapidamente para o estômago.

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Digestão no Estômago

No estômago as partículas dos alimentos são propulsionadas para frente e misturadas com secreções gástricas por contrações em forma de onda que progridem da porção superior do estômago (fundo), para a porção média (corpo) e, então, para o antro e piloro. No estômago, as secreções gástricas são misturadas com alimentos e bebidas. Em média, 2.000 a 2.500 mL de suco gástrico são secretados diariamente. As secreções gástricas contêm ácido clorídrico (secretado pelas células parietais localizadas nas paredes do fundo e corpo), uma protease, lipase gástrica, muco, fator intrínseco (uma glicoproteína que facilita a absorção de vitamina B12 no íleo) e o hormônio GI gastrina. A protease é a pepsina, que também é secretada por glândulas no fundo e corpo. Ela é secretada em uma forma inativa, pepsinogênio, que é convertida pelo ácido clorídrico em sua forma ativa. A pepsina se torna ativa apenas no ambiente ácido do estômago e serve principalmente para modificar a forma e o tamanho de algumas proteínas presentes em uma refeição normal.

As células principais do estômago secretam uma lipase estável em ácido. Embora essa lipase seja consideravelmente menos ativa que a lipase pancreática, ela contribui para o processamento geral dos triglicerídeos dietéticos. As lipases secretadas nas porções superiores do SGI podem ter um papel relativamente importante na dieta líquida de crianças no primeiro ano de vida, mas em caso de insuficiência pancreática, torna-se evidente que apenas as lipases lingual e gástrica não são suficientes para evitar a má absorção de lipídios.

No processo de digestão gástrica, a maioria dos alimentos se transforma em quimo semilíquido, contendo aproximadamente 50% de água. As secreções gástricas são também importantes para aumentar a disponibilidade e absorção intestinal de vitamina B12, cálcio, ferro e zinco. Juntamente com o alimento, quantidades significativas de micro-organismos são também ingeridas.

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O estômago mistura e revolve o alimento continuamente e normalmente libera a mistura em pequenas quantidades no intestino delgado. A quantidade liberada a cada contração do antro e piloro varia de acordo com o volume e o tipo de alimento consumido, mas apenas alguns mililitros são liberados por vez. A presença de alimento no intestino e hormônios regulatórios fornecem um feedback para reduzir o esvaziamento gástrico. No caso de refeições líquidas, o esvaziamento gástrico ocorre em 1 a 2 horas, enquanto, para a maioria das refeições sólidas, o esvaziamento gástrico ocorre em 2 a 3 horas. Quando ingeridos isoladamente, os carboidratos deixam o estômago mais rapidamente, seguidos pelas proteínas, lipídios e alimentos fibrosos. Em uma refeição mista, esvaziamento gástrico depende do volume total e das características dos alimentos. O esvaziamento é mais rápido com líquidos do que sólidos, com partículas menores do que maiores e com refeições pobres em calorias do que concentradas. Esses fatores são considerações importantes na prática clínica para o aconselhamento de pacientes com náuseas, vômitos, gastroparesia diabética ou obstrução parcial, ou no monitoramento de pacientes após cirurgia do GI ou desnutridos.

O esfíncter esofágico inferior (EEI) acima da entrada para o estômago impede o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. O esfíncter pilórico na porção distal do estômago ajuda a regular a saída do conteúdo gástrico, impedindo o refluxo de quimo a partir do duodeno para o estômago. Alterações emocionais, alimentos, reguladores do GI e irritação por úlceras próximas podem alterar a atividade dessas estruturas. Determinados alimentos e bebidas podem alterar a pressão do EEI, possibilitando o refluxo do estômago para o esôfago.

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Digestão no Intestino Delgado

O intestino delgado é o principal local para a digestão de alimentos e nutrientes. Ele é dividido em duodeno, jejuno e íleo. O duodeno tem aproximadamente 0,5 m, o jejuno tem de 2 a 3 m e o íleo apresenta um tamanho de 3 a 4 m. A maior parte dos processos digestivos é completada no duodeno e na parte superior do jejuno, e a absorção da maioria dos nutrientes está quase toda completa no momento em que o material chega ao meio do jejuno. O quimo ácido do estômago entra no duodeno, no qual é misturado com sucos duodenais e secreções do pâncreas e do sistema biliar. Como resultado da secreção de líquidos contendo bicarbonatos e diluição por outras secreções, o quimo ácido é neutralizado. As enzimas do intestino delgado e do pâncreas são mais eficazes em um pH mais neutro.

A entrada de alimentos parcialmente digeridos, em especial lipídios e proteínas, estimula a liberação de vários hormônios que, por sua vez, estimulam a secreção de enzimas e líquidos e afetam a motilidade GI e a saciedade. A bile, que é predominantemente uma mistura de água, sais biliares e pequenas quantidades de pigmentos e colesterol, é secretada pelo fígado e pela vesícula biliar. Os sais biliares facilitam a digestão e absorção de lipídios, colesterol e vitaminas lipossolúveis por meio de suas características surfactantes. Os ácidos biliares também são moléculas reguladoras; eles ativam o receptor de vitamina D e vias de sinalização celular no fígado e no SGI, que altera a expressão do gene, de enzimas envolvidas na regulação do metabolismo energético. Recentemente, foi descoberto que os ácidos biliares desempenham um papel importante na fome e saciedade.

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O pâncreas secreta enzimas potentes capazes de digerir todos os principais nutrientes. As enzimas do intestino delgado ajudam a completar o processo. As principais enzimas secretadas pelo pâncreas que digerem lipídios são a lipase pancreática e colipase. As enzimas proteolíticas incluem tripsina e quimotripsina, carboxipeptidase, aminopeptidase, ribonuclease e desoxirribonuclease. A tripsina e a quimotripsina são secretadas em suas formas inativas e são ativadas pela enteroquinase (também conhecida enteropeptidase), que é secretada quando o quimo entra em contato com a mucosa intestinal. A amilase pancreática serve para hidrolisar as grandes moléculas de amido em unidades de aproximadamente dois a seis açúcares. As enzimas que revestem a borda em escova das vilosidades degradam ainda mais as moléculas de carboidrato em monossacarídeos antes de serem absorvidas. Quantidades variadas de amidos resistentes e a maioria das fibras dietéticas não são digeridas no intestino delgado e podem adicionar materiais fibrosos disponíveis para fermentação pelos micróbios do cólon.

O conteúdo intestinal se move pelo intestino delgado em uma velocidade de 1 cm por minuto, levando 3 a 8 horas para percorrer todo o intestino até a válvula ileocecal. Ao longo desse percurso, os substratos continuam a ser digeridos e absorvidos. A válvula ileocecal, da mesma maneira que a válvula pilórica, serve para limitar a quantidade de material intestinal que passa do intestino delgado para o cólon e impede seu retorno. Quando a válvula ileocecal está lesionada ou não funcionante, há uma entrada importante de líquidos e substratos no cólon e maior probabilidade de supercrescimento microbiano no intestino delgado.

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O intestino delgado: primeiro local de absorção de nutrientes Estrutura e função

O principal órgão para absorção de nutrientes e água é o intestino delgado, que tem uma grande área absortiva. A área de superfície é atribuída a seu grande comprimento e à organização do revestimento da mucosa. O intestino delgado tem dobras características em sua superfície denominadas válvulas coniventes. Essas convoluções são cobertas por projeções em formato de dedo denominadas vilosidades que, por sua vez, são cobertas por microvilosidades, ou borda em escova. A combinação das dobras, projeções em vilosidades e borda com microvilosidades cria uma enorme superfície absortiva de cerca de 200 a 300 m2. As vilosidades repousam sobre uma estrutura de suporte denominada lâmina própria. Dentro da lâmina própria, que é composta de tecido conjuntivo, os vasos sanguíneos e linfáticos recebem os produtos da digestão.

A cada dia, em média, o intestino delgado absorve 150 a 300 g de monossacarídeos, 60 a 100g de ácidos graxos, 60 a 120 g de aminoácidos e peptídeos, e 50 a 100 g de íons. A capacidade de absorção de um indivíduo saudável excede, em muito, as necessidades normais de energia e nutrientes. No intestino delgado, a totalidade dos 7 ou 8 L menos 1 a 1,5 L de líquidos secretados das porções superiores do SGI, além dos 1,5 a 3 L de líquidos dietéticos, é absorvida no momento em que os conteúdos chegam ao final do intestino delgado. Aproximadamente 95% dos sais biliares excretados pelo fígado e vesícula biliar são reabsorvidos como ácidos biliares no íleo distal. Sem essa reciclagem dos ácidos biliares pelo trato SGI (circulação êntero-hepática), a síntese de novos ácidos biliares no fígado não seria suficiente para atender às necessidades para digestão adequada dos lipídios.

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A emulsificação dos lipídios no intestino delgado é seguida pela sua digestão, principalmente pela lipase pancreática, em ácidos graxos livres e monoglicerídeos. A lipase pancreática tipicamente cliva o primeiro e o terceiro ácido graxo, deixando um ligado ao carbono do meio da molécula de glicerol. Quando a concentração de sais biliares alcança uma certa concentração, as micelas (pequenos complexos de ácidos graxos livres, monoglicerídeos, colesterol, sais biliares e outros lipídios) são formadas e organizadas com os terminais polares das moléculas orientadas em direção do lúmen aquoso do intestino. Os produtos da digestão dos lipídios são rapidamente solubilizados na porção central das micelas e carregados para a área da borda em escova.

Na superfície da camada aquosa em repouso (CAR), uma placa levemente ácida e aquosa que forma uma divisão entre o lúmen intestinal e as membranas da borda em escova, os lipídios se desligam das micelas. Os restos das micelas retornam para o lúmen para transporte posterior. Os monoglicerídeos e ácidos graxos, então, se deslocam através da CAR lipofóbica para as membranas celulares mais lipossolúveis da borda em escova. Os lipídios são levados para cima e transportados através do retículo endoplasmático e aparelho de Golgi, onde ácidos graxos são reesterificados para triglicerídeos. Os triglicerídeos são aglomerados junto com outros lipídios, em quilomícrons, que são liberados na circulação linfática. A absorção de colesterol pode ser realizado por transporte passivo e facilitado que envolve um sistema de transporte proteico específico para colesterol, mas não para outros esteróis.

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O intestino grosso

O intestino grosso tem aproximadamente 1,5 m de comprimento e é composto pelo ceco, cólon e reto. O muco secretado pela mucosa do intestino grosso protege a parede intestinal contra escoriação e atividade bacteriana e une as fezes. Os íons bicarbonato secretados em troca pelos íons cloreto absorvidos ajudam a neutralizar a acidez dos produtos finais produzidos por ação bacteriana.

Aproximadamente 2L dos fluidos são ingeridos por meio de alimentos e bebidas durante o dia, e de 7 a 9 L de fluido são secretados ao longo do SGI. Em circunstâncias normais, a maior parte do fluido que é absorvido no intestino delgado e aproximadamente 1 a 1,5 L dos fluidos entram no intestino grosso. Somente 100 mL remanescentes são excretados pelas fezes. O intestino grosso também é o local da fermentação bacteriana dos carboidratos e aminoácidos remanescentes, da síntese de pequenas quantidades de vitaminas, armazenamento e excreção de resíduos fecais. O conteúdo do cólon se move vagarosamente, a uma velocidade de 5 cm/h, possibilitando que alguns nutrientes remanescentes possam ser absorvidos.

A defecação, ou expulsão das fezes pelo reto e ânus, ocorre com frequência variável, de três vezes por dia a uma vez a cada 3 dias ou mais. O peso médio das fezes é de 100 a 200 g e o tempo de trânsito entre a boca e o ânus pode variar de 18 a 72 horas. As fezes geralmente consistem de 75% de água e 25% de sólidos, mas a proporção pode variar consideravelmente. Cerca de dois terços do peso úmido das fezes constituem-se de bactérias, e o restante, de secreções GI, muco, células desprendidas/descamadas e alimentos não digeridos. Uma dieta que inclua frutas, vegetais, legumes e grãos integrais em abundância normalmente reduz o tempo de trânsito GI, leva a defecações mais frequentes e a fezes maiores e mais macias.

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Digestão e Absorção de Tipos Específicos de Nutrientes

Carboidratos

A maioria dos carboidratos dietéticos é ingerida sob a forma de amidos, dissacarídeos e monossacarídeos. Os amidos, ou polissacarídeos, normalmente compõem a maior proporção dos carboidratos. Os amidos são moléculas grandes constituídas por cadeias lineares ou ramificadas de moléculas de açúcar que são unidas em conjuntos de ligações de 1-4 ou 1-6. A maioria dos amidos alimentares são amilo pectinas, os polissacarídeos de ramificação, e amilose, as cadeias de polímeros retas.

Na boca, a enzima salivar amilase (ptialina) funciona em pH neutro ou levemente alcalino e inicia a ação digestiva pela hidrólise de pequena quantidade de moléculas de amido em fragmentos menores. A amilase é inativada após contato com ácido clorídrico. Se os carboidratos digestíveis permanecessem no estômago por tempo suficiente, a hidrólise ácida poderia reduzi-los a monossacarídeos. O estômago, contudo, é esvaziado antes que possa ocorrer uma digestão importante. De longe, a maior parte da digestão dos carboidratos ocorre no intestino delgado proximal.

Proteínas

A ingestão de proteínas varia entre 50 a 100 g/dia, sendo grande parte da proteína consumida de origem animal. Ao longo do SGI, mais proteínas são adicionadas a partir de secreções GI e células desprendidas de tecidos GI. Em geral, as proteínas animais são digeridas de modo mais eficiente que as proteínas vegetais, mas a fisiologia GI humana permite uma digestão bastante efetiva e absorção de grandes quantidades das fontes proteicas ingeridas.

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A digestão das proteínas é iniciada no estômago, no qual algumas das proteínas são quebradas em proteases, peptonas e grandes polipeptídeos. O pepsinogênio inativo é convertido na enzima pepsina quando em contato com o ácido clorídrico e outras moléculas de pepsina. Ao contrário de outras enzimas proteolíticas, a pepsina digere colágeno, a principal proteína do tecido conjuntivo. A maior parte da digestão das proteínas ocorre na porção superior do intestino delgado, mas continua por todo o SGI. Quaisquer frações proteicas residuais são fermentadas pelos micróbios do cólon.

O contato do quimo com a mucosa intestinal estimula a liberação de enteroquinase, uma enzima que transforma o tripsinogênio pancreático inativo em tripsina ativa, a principal enzima pancreática que digere proteínas. A tripsina, por sua vez, ativa outras enzimas proteolíticas pancreáticas. As enzimas pancreáticas tripsina, quimotripsina e carboxipeptidase degradam a proteína intacta e continuam a degradação iniciada no estômago até que pequenos polipeptídeos e aminoácidos sejam formados. A fase final da digestão de proteínas ocorre na borda em escova, na qual alguns dos di e tripeptídios são hidrolisados em seus aminoácidos constituintes pelas hidrolases de peptídeos.

Os produtos finais da digestão de proteínas são absorvidos tanto como aminoácidos quando como peptídeos pequenos. Os peptídeos e aminoácidos absorvidos são transportados pela veia porta para o fígado, sendo aí metabolizados e liberados novamente na circulação sistêmica. Quase todas as proteínas já foram absorvidas quando atingem o final do jejuno, e apenas 1% das proteínas ingeridas é encontrado nas fezes. Pequenas quantidades de aminoácidos podem permanecer nas células epiteliais e são utilizadas para síntese de novas proteínas, incluindo enzimas intestinais e novas células.

Lipídios

Aproximadamente, 97% dos lipídios dietéticos estão na forma de triglicerídeos, e o restante, na forma de fosfolipídios e colesterol. Apenas pequenas quantidades de lipídios são digeridas na boca, pela lipase lingual, e no estômago, pela ação da lipase gástrica (tributirinase). Entretanto, a maior parte da digestão do lipídio ocorre no intestino delgado, como resultado da ação emulsionante de sais biliares e da hidrólise por lipase pancreática.

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Como no caso dos carboidratos e proteínas, a capacidade de digestão e absorção do lipídio dietético excede as necessidades habituais. A entrada do lipídio e proteína no intestino delgado estimula a liberação de CCK e enterogastrona, que inibe as secreções e motilidade gástrica, retardando, assim, o fornecimento de lipídios. Como resultado, uma refeição grande e gordurosa pode permanecer no estômago por mais de 4 horas. Além de suas funções principais, a CCK estimula as secreções biliares e pancreáticas. A combinação da ação peristáltica do intestino delgado e da ação surfactante e emulsificante característica da bile reduz os glóbulos de gordura em pequenas gotículas, tornando-as mais fáceis de serem digeridas pela lipase pancreática, a enzima mais potente responsável pela digestão de lipídios.

A bile é uma secreção hepática composta de ácidos biliares (primariamente conjugados de ácidos cólico e quenodesoxicólico com glicina ou taurina), pigmentos biliares (que conferem cor às fezes), sais inorgânicos, alguma proteína, colesterol, lecitina e muitos compostos como substâncias desintoxicadas que são metabolizadas e secretadas pelo fígado. Ela é armazenada na vesícula biliar e cerca de 1 L é secretado diariamente em resposta ao estímulo do alimento no duodeno e estômago. Os ácidos graxos livres e monoglicerídeos produzidos pela digestão formam complexos com os sais biliares denominados micelas. As micelas facilitam a passagem dos lipídios pelo ambiente aquoso do lúmen intestinal para a borda em escova. As micelas liberam os componentes lipídicos e retornam ao lúmen intestinal. A maior parte dos sais biliares é reabsorvida de forma ativa no íleo terminal, de onde retorna ao fígado para voltam ao intestino nas secreções biliares.

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As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K são também absorvidas de forma micelar, embora as formas hidrossolúveis dos suplementos de vitamina A, E e K e caroteno possam ser absorvidas na ausência de ácidos biliares. Sob condições normais, cerca de 95% a 97% do lipídio ingerido é absorvido pelos vasos linfáticos. Em função de seu menor comprimento e, portanto, maior solubilidade, os ácidos graxos de oito a 12 carbonos ácidos graxos de cadeia média podem ser diretamente absorvidos pelas células da mucosa do cólon sem a presença de bile e formação de micela. Após penetrarem as células da mucosa, eles são capazes de ir diretamente, sem serem esterificados, para a veia porta, que, por sua vez, os carrega para o fígado. Algumas causas de absorção reduzida de lipídio incluem aumento na motilidade, alterações na mucosa intestinal, insuficiência pancreática ou ausência de bile.

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4.3-MODULO III ENERGIA E NECESSIDADES ENERGÉTICAS DOS ALIMENTOS

A Energia é definida como a “capacidade de realizar trabalho.” A fonte elementar de toda energia nos organismos vivos é o sol. Pelo processo de fotossíntese, as plantas verdes captam uma porção da luz solar que penetra em suas folhas e a retêm dentro das ligações químicas da glicose. As proteínas, lipídios e outros carboidratos são sintetizados a partir deste carboidrato básico para atender às necessidades da planta. Os animais e os seres humanos obtêm esses nutrientes e a energia contida neles consumindo vegetais e a carne de outros animais.

O corpo faz uso da energia a partir dos carboidratos, proteínas, lipídios e bebidas alcoólicas na dieta; essa energia é armazenada em ligações químicas do alimento e é libertada por meio do metabolismo. A energia deve ser fornecida com regularidade para suprir as necessidades do organismo e para sobrevivência. Embora toda a energia eventualmente assuma a forma de calor (que é dissipado na atmosfera), os processos celulares únicos primeiramente tornam possível seu uso para todas as atividades necessárias para a vida.

Esses processos envolvem as reações químicas que mantêm os tecidos corporais, condução elétrica da atividade nervosa, o trabalho mecânico dos músculos e a produção de calor para manter a temperatura corporal.

Necessidades energéticas

As necessidades energéticas são definidas como a ingestão de energia dietética necessária para o crescimento ou a manutenção em pessoas de idade, sexo, peso e estatura definidos, e o grau de atividade física desempenhada por elas. Em crianças, gestantes e lactantes, a necessidade energética inclui as necessidades associadas à deposição de tecidos ou à secreção de leite em taxas compatíveis com uma boa saúde. Em pessoas enfermas ou feridas, o estressor pode aumentar ou diminuir o gasto energético.

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O peso corporal é um indicador de adequação ou inadequação de energia. O corpo possui a capacidade única de alterar o abastecimento da combinação de carboidratos, proteínas e lipídios para adequar-se às necessidades energéticas. Entretanto, com o tempo, o consumo excessivo ou deficiente de energia resulta em alterações no peso corporal. Assim, o peso corporal reflete a adequação da ingestão energética, mas não é um indicador confiável da adequação de macro ou micronutrientes. Além disso, em decorrência de o peso corporal ser afetado pela composição corporal, uma pessoa com maior massa livre de gordura em relação à massa corporal gorda ou massa corporal gorda em relação à massa livre de gordura pode exigir diferentes quantidades de ingestão de energia em comparação com o padrão médio de uma pessoa.

Componentes do gasto energético

A energia é despendida pelo corpo humano na forma de gasto energético basal (GEB), efeito térmico do alimento (ETA) e termogênese por atividade (TA). Esses três componentes constituem o gasto energético total (GET) diário de uma pessoa.

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Gasto Energético Basal e de Repouso

O GEB, ou a taxa metabólica basal (TMB), é a quantidade mínima de energia gasta compatível com o estilo de vida da pessoa. O GEB de um indivíduo reflete a quantidade de energia utilizada durante 24h em repouso e descanso mental, em um ambiente termoneutro que impede a ativação de processos de geração de calor, tais como calafrios. As medições do GEB devem ser realizadas antes de um indivíduo fazer qualquer atividade física (de preferência ao acordar) e 10 a 12 horas após a ingestão de qualquer alimento, bebida ou nicotina. O GEB permanece notavelmente constante em uma base diária, representando 60% a 70% do GET.

O gasto energético de repouso (GER), ou taxa metabólica de repouso (TMR), é a energia gasta nas atividades necessárias para manter as funções corporais normais e a homeostase.

Tais atividades incluem respiração e circulação, a síntese de compostos orgânicos, e a bomba de íons através das membranas. Isso inclui a energia exigida pelo sistema nervoso central e para a manutenção da temperatura corporal.

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Fatores que Afetam o Gasto Energético de Repouso

Diversos fatores fazem o GER variar de indivíduo para indivíduo, porém a composição e o tamanho corporal têm o maior efeito:

Idade

Em razão de o GER ser altamente afetado pela proporção de massa corporal livre de gordura (MCLG), ele é maior durante os períodos de rápido crescimento, especialmente nos primeiro e segundo anos de vida (Butte et al., 2000). A energia adicional necessária para sintetizar e depositar o tecido corporal é de aproximadamente 5 kcal/g de tecido ganho (Roberts e Young, 1988). Os bebês em crescimento armazenam de 12% a 15% do valor energético de seu alimento na forma de tecido novo. À medida que a criança cresce, a necessidade energética para o crescimento é reduzida para aproximadamente 1% do GET. Após o início da idade adulta, há um declínio no GER de 1% a 2% por quilograma de massa livre de gordura (MLG) por década (Keys et al., 1973; Van Pelt, 2001).

Felizmente, o exercício pode ajudar a manter maior MCLG e maior GER. Reduções do GER com o avanço da idade podem ser, em parte, relacionadas com as mudanças associadas à idade na proporção relativa dos componentes da MCLG (Gallagher et al., 2006).

Composição Corporal

A massa livre de gordura (MLG), ou MCLG, compreende a maioria do tecido metabolicamente ativo no corpo e é o principal determinante do GER. A MLG contribui com 80% das variações do GER (Bosy-Westphal et al., 2004). Em razão de sua MLG ser maior, os atletas com desenvolvimento muscular maior possuem um metabolismo basal aproximadamente 5% mais alto do que os indivíduos não atletas. Os órgãos contribuem para a produção de calor (Fig. 2-2). Aproximadamente 60% do GER pode ser responsável pelo calor produzido pelos órgãos de taxa metabólica alta (OTMA), ou seja, fígado, cérebro, coração, baço e rins (Gallagher et al., 1998). De fato, as diferenças de MLG entre grupos étnicos podem estar relacionadas com a massa total desses OTMA (Gallagher et al., 2006). A variação individual relativamente pequena na massa de OTMA afeta significativamente o GER (Javed et al., 2010).

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36 Tamanho Corporal

Em geral, pessoas maiores possuem taxas metabólicas mais elevadas que pessoas menores, mas pessoas altas e magras possuem taxas metabólicas mais elevadas que pessoas baixas e gordas. Por exemplo, se duas pessoas possuem o mesmo peso, porém uma delas é mais alta, a pessoa mais alta possui uma área de superfície corporal maior e uma taxa metabólica maior (Cereda, 2009). A quantidade de MCLG está altamente correlacionada ao tamanho corporal total. Por exemplo, as crianças obesas possuem GER maiores que as crianças não obesas, entretanto quando o GER está ajustado à composição corporal, MLG e massa gorda, nenhuma diferença no GER é encontrada (Byrne, 2003).

Referências

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