• Nenhum resultado encontrado

Ciênc. saúde coletiva vol.2 número12

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Ciênc. saúde coletiva vol.2 número12"

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

En tre a C i ê n ci a e a C u l tu ra: O C as o d a

H o m e o p a t i a B ras i l e i ra

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A Arte de Curar versus A Ciências das Doenças: História Social da Homeopatia no Brasil - Madel T. Luz

São Paulo: Dynamis Editorial,

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1996

342 páginas zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Luiz O távio Ferreira

Dep artamento d e Pesquisa Histó rica, Casa d e O sw ald o Cruz, Fund ação O sw ald o Cruz

Os estudo s so bre a insti-tucio nalização da med icina no Brasil no s século s XIX e XX têm sugerido a inexistên-cia de mo vimento s alternati-vos que tivessem o ferecid o resistência à mo no p o lização dos saberes e práticas rela-cio nad o s à saúde po r parte dos representantes da medi-cina científica. A o co ntrário do que o co rreu, po r exem-plo, no s Estados Unidos da A mérica do Norte, o nd e a institucionalização da medi-cina científica foi seriamente dificultada po r um

expressi-vo movimento de sistemas médicos heterodoxos e sei-tas curativas de cunho popu-lar, no Brasil este tipo de re-sistência cultural teria sido difusa e não organizada.

A hegemo nia da medici-na científica, alcançada apa-rentemente sem nenhum co n-flito sóciocultural mais sério , é co mumente atribuída ao ca-ráter oficial que as instituiçõ es respo nsáveis pela pro -d ução e repro -d ução -d o sa-ber méd ico tiveram no país d esd e suas o rigens, no iní-cio de século XIX. Co mo

ór-gãos associados ao Estado, as instituições médicas esti-veram, desde sempre, inves-tidas de legalidade e isso parece ter sido suficiente para garantir, aos saberes e práti-cas relacionados à medicina científica, algo muito mais importante e decisivo que é a legitimidade social.

O mais recente livro de Madel T. Luz, A Arte de

Cu-rar v ersus A Ciência das Doenças: História Social da

Homeopatia no Brasil, o

(2)

a hegemonia da medicina científica foi construída sem que a ela se opusesse nenhu-ma fornenhu-ma de resistência so-cialmente organizada. Além disso, ao estudar o longo processo de institucionaliza-ção da homeopatia focalizan-do suas estratégias de legiti-mação político-institucional e as contra-estratégias perpe-tradas pelos representantes da medicina oficial, Madel Luz desenvolve uma vigo-rosa reflexão a respeito de uma questão pouco explo-rada nos estudos sobre o processo de institucionaliza-ção da medicina em nosso país: as contradições entre a legalidade e a legitimida-de social.

Os 150 ano s que totali-zam o lo ng o p ercurso da ho m eo p atia brasileira em busca da sua institucionali-zação fo ram d ivid id o s p o r Madel Luz em seis p erío d o s

analiticamente co nsid erad o s zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

conjunturas institucionais

distintas, o u seja, m o m en-to s p o lítico s d ecisiv o s para o av anço o u recuo d o p ro -c e sso d e le g itim aç ão d a m ed icina ho m eo p átic a. O primeiro d eles, d eno m inad o

período de implantação

( 1840- 1859) , fo i a etap a ini-cial na qual o s fund ad o res da ho m eo p atia brasileira, através d e uma articulad a estratégia d e p ro p ag and a e de fo rmação d e p raticantes leigo s, co nseg uiram fazer a med icina ho meo p ática avan-çar rumo à so cied ad e civil,

obtendo legitimidade pe-rante diferentes grupos so-ciais, malgrado o bloqueio imposto pelos representan-tes da medicina oficial no que se refere à sua legali-zação perante o Estado.

A fase seguinte, d eno mi-nada período de expansão e

resistência (1860-1882),

carac-terizou-se pela ampliação sig-nificativa da aceitação da me-dicina ho meo p ática junto à so cied ad e civil, so bretud o entre o s seto res po pulares; fato que possibilitou a aber-tura de esp aço s institucionais (hospitais de o rd ens religio-sas e militares), até então reservados exclusivamente à medicina alo pática, à pratica da clínica ho meo p ática. A o mesmo tempo , crescia entre o s m éd ico s o núm ero d e ad ep to s da o rientação que pro pugnava a inco rp o ração da ho meo patia à o rdem mé-dica oficial.

Seguiu-se o período de

re-sistência (1882-1900), mo

men-to em que, apesar da p o p u-larid ad e d o s ho m eo p atas, registra-se o recuo institu-cio nal da ho m eo p atia o ca-sio nad o p ela rejeição cate-gó rica d e sua p retensão d e inco rp o ração à o rd em m é-d ica o ficial.

O período áureo

(19001930) é aquele que, na cro

-no lo g ia histórico-institucional p ro p o sta p o r Madel Luz, ap resenta maio r co m p

lexi-d alexi-d e. É a fase em que o s ho m eo p atas alcançam seus maio res êxito s, co nseg

uin-do não só aprofundar a aceitação popular da home-opatia, mas também con-quistar finalmente a tão desejada oficialização e equiparação da medicina homeopática à medicina alo-pática. São então criadas fa-culdades, hospitais e ligas de orientação homeopática; fatos que foram interpreta-dos como o reconhecimen-to do estatureconhecimen-to científico da homeopatia.

O quinto perío d o da his-tória da ho meo patia no Bra-sil é o d o declínio acadêmico

da homeopatia (1930-1970),

fase em que o s tradicionais embates entre ho meo patas e alo patas d ão lugar ao silên-cio indicativo d o crescente iso lam ento ac ad ê m ic o da ho meo p atia, cada vez mais, vista c o m o uma med icina superad a. No entanto , a ho -meo patia se legitimava, pau-latinamente, em outros espa-ço s so ciais distantes da aca-demia, tais co m o o s centro s espíritas e terreiros de um-band a.

Finalm ente, c heg am o s ao p erío d o da retomada so-cial da homeopatia (

1970-1990), que marca o ressur-g i m e n to d a h o m e o p a ti a co m o uma med icina

alterna-tiva ao m o d elo méd ico do

(3)

saúde. De novo reacende-se o debate em torno do estatu-to científico da homeopatia; debate do qual explicitamen-te faz parexplicitamen-te o livro que aqui está sendo resenhado.

Da análise desenvolvida por Madel Luz, sobressai o

di-lema histórico dos homeopatas, divididos entre a busca obstinada da legalidade pelo

caminho da integ ração ao

Referências

Documentos relacionados

Em segund o lugar, ao mencio nar que a transdisciplinaridade enco ntra-se no registro da "dupla ruptura epistemológica", Carvalheiro insinua sutilmente uma séria crítica à

junto de medidas de conten- ção de custos do sistema Em seguida, analisa a reforma do sistema de saúde e dos ser- viços sociais no Canadá, des- tacando suas particularidades

Quanto ao conjunto da Seguridade Social, a sua face mais po d ero sa, a Previdên- cia Social, é ho je o bjeto de uma reforma que está trami- tando no Co ngresso Nacio - nal.

Os artigos que se debruçaram sobre o VIVA Inquérito apontam para os desafios em relação às vítimas mais vulneráveis das lesões produzidas nos transportes, como os motociclistas,

The edition opens with the subject of road safety “under the auspices of the United Nations,” which reveals the global expectations in relation to the contributions that

The concern is already present in Moscow, when there are claims for infrastructure for all, with emphasis on vul- nerable people (there including unsafe public transport), but

This is a cross-sectional study on the attendanc- es of motorcyclist-related road traffic accidents obtained from the VIVA Survey study conducted in 2014 in 86 urgent and

This paper aims to describe the epidemiolog- ical profile of pedestrians who have suffered road traffic injuries treated at urgent and emergency facilities participating in the