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Ciênc. saúde coletiva vol.2 número12

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Academic year: 2018

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Debate sobre o Artigo de Alme ida -F ilho:

"T ra nsdisciplina rida de e Saúde Coletiva"

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Luis David Castiel

1

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A

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g rad eço muito à edito ra d e

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Ciência

& Saúde Coletiva, M.C.S. Minayo , p elo co nv ite para participar das p áginas amarelas desta revista. Não quero d eixar d e assinalar que este intró ito , lo ng e d e d esem p enhar o papel d e mero cump rimento d e fo rmalid a-d es, refere-se a vário s sentimento s agraa-d á-veis. Primeiro , satisfação p ela o p o rtunid ad e de d ebater temas que, ap ó s algum tem p o d e co nv iv ência, p assaram a d esfrutar d e tal inti-mid ad e, a p o nto d e terem ad quirid o um "estatuto " d e estimação (não se trata d o sig-nificad o estatístico , mas d o sentid o afetiv o ) tó p ico s c o m o saúd e co letiva, co mp lexid ad e, metáfo ras, o bjeto s ind iscip linad o s...

Dep o is, gratid ão p o r p ro p o rcio nar uma p razero sa o casião d e d ar co ntinuid ad e às fragmentárias tro cas d e id éias co m um (tam-bém estimad o ) co m p anheiro . Ele, da mesma fo rma, um aficcio nad o d e jo rnad as junto a estes "entes d e estimação ". To d as as v ez es que as co nting ências permitiram o co nv ív io , Nao mar é semp re entusiástico , calo ro so , bem humo rad o e p ró d ig o em id éias criativas so -bres estes "bicho s". Pena que, na maio ria das v ezes, o s m o m ento s são c o m o co risco s. Rá-pid o s, mas, intenso s o suficiente d e m o d o a não p assarem d esp ercebid o s e servirem d e insp iraç ão p ara o s inc e rto s v ô o s d este d ebated o r.

Em Salvad o r, ag o sto d e 1995, co nv id ad o para um enco ntro co m seus aluno s d e Pó s-Grad uação , tive a o p o rtunid ad e d e v ê-lo

apre-sentando um esboço de elementos que, posteriormente, vieram a ser desenvolvidos no artigo. Na época, achei bastante promis-sor o esquema que iria desembocar na sua atual visão de transdisciplinaridade (TRDE). Revendo-o, confirmo a impressão de o autor ter dado vazão à sua conhecida capacidade inventiva, propondo encaminhamentos origi-nais e estimulantes.

Redundante mencionar a qualidade do trabalho . Este é um traço característico das p ro d uçõ es d e no sso ep id emio lo g ista baiano . Co nco rd o co m sua p o sição quanto ao s o bs-táculo s c o m q ue as p ro p o stas d e inter/ TRDE ap resentad as se d efro ntam. Na busca d e tó -p ico s -para estimular o d ebate, à guisa d e p ro v o cação , quero ressaltar, c o m o ind iquei em o utro trabalho , q uestõ es que cercam o s o bjeto s ind iscip linad o s, a p o nto d e sugerir uma no ç ão (mal d esenv o lv id a) para abo rd á-lo s a indisciplinaridade (Castiel, 1996).

V iv em o s tem p o s d e p erp lexid ad e no terreno das d em arcaçõ es d isciplinares e das c o r r e s p o n d e n t e s e stru tu ras n o rm ati v o p arad igmáticas q ue referenciem no ssas p ro -p o siçõ es d e c o nhec im ento . Esta -pers-pectiva é discutida p o r Ilya Prigo gine ( 1996) [muito b em exp lo rad a p o r Sev alho ( 1997) ao d iscu-tir a c o nc ep ç ão d e tempo na ep id emio lo gial em sua última o bra, sinto maticamente intitu-lada O Fim das Certezas. Leis da natureza p o d em ser co nsid erad as universais, descritíveis p o r eq u aç õ es lineares, q uand o as co nd içõ es físicas estão p ró ximas ao equilíbrio . Po rém, estas co nstituem exc eç õ es ao p ad rão não -linear, lo ng e d o equilíbrio , exp licáv el p o r leis

==1 Pro fesso r d o Dep artamento d e Ep id emio lo gia e

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particularizadas, sensíveis ao contexto, onde a matéria adquire novas propriedades. Em função de flutuações e instabilidades, a ma-téria se torna mais ativa (Prigogine, 1996).

Nao mar é b em suced id o ao ind icar as armad ilhas da TRDE enquanto resultante da reagregação e rearranjo d e co nstituintes ga-rimpad o s em o utro s d o mínio s d isciplinares. A lg o q u e p r o d u z i s s e , n o lim ite , u m a sup erciência (Fo urez , 1995), p airand o acima das d isciplinas estabelecid as. Seg und o Fo urez (1995), a p o ssibilid ad e p o ssív el (se me p er-mitem o p leo nasm o ) seria aquela d eco rrente d e uma prática que se baseasse em neg o cia-çõ es entre ag entes env o lv id o s, d entro e fo ra d o cam p o científico , incluind o co m p o nentes ético s e p o lítico s ligad o s à vida co tid iana.

A go ra, go staria d e radicalizar a p ro p o sta nao mariana d e TRDE. A meu ver, um asp ec-to a co nsid erar é sua p ersp ectiv a, d igamo s, "preservativa" d e cam p o s d isciplinares que, em graus variad o s, já não p o ssuem d emarca-çõ es co nceituais e teó ricas estáv eis. Sigamo s co m seu exem p lo : Ep id emio lo g ia, Clínica, Bio lo gia, Ciências So ciais. Po ssiv elmente, o s camp o s que aind a mantêm algo co nserv ad as (mas não intactas) suas d elimitaçõ es são (em o rd em d e co nserv ação ): a Clínica e a Ep id e-mio lo gia (a p ro p ó sito ...). Discutir as razõ es disto d emand aria o utro esp aço . Mas, se to -marmo s o s cam p o s da Bio lo gia e das Ciên-cias So ciais, creio não haver dúvidas quanto à falta d e harmo nia no s seus interio res. No esquema p ro p o sto , nas "células X e Y d o s anfíbio s", há um p ressup o sto d e co rresp o nd ência no rmativ o p arand igmática entre o s p ó -lo s teó rico s e ep istemo ló g ico s ao s quais es-tejam ad erid o s seus ag entes.

Po is bem, d ep end end o da natureza das filiaçõ es d e tais p ó lo s o u, m esm o , d o s inte-resses em fo co entre agentes e grup o s d e pesquisa co mp etid o res p o r recurso s (Stengers, 1990), há mais risco s d e cismas (e sismo s) d o que laço s co labo rativ o s. Diante da recente

p o lêmica so bre a reco m end ação d e mamografia c o m o instrumento d e

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screening em mulheres de 40-49 anos nos Estados Unidos

(Taubes, 1997), imagino a baixa resolutividade de um encontro entre radiologistas (favorá-veis) e epidemiologistas e profissionais de saúde pública (contrários) no mesmo campo disciplinar ou sala de reunião... Ou, então, partidários da sociobiologia de E. Wilson e geneticistas simpáticos às idéias ' opostas de R. Lewontin.

Outra questão : o s "o bjeto s co m p lexo s". A rigo r, tratam-se d e sistemas ad ap tativ o s co m p lexo s, c o m graus d iferenciad o s d e co m-p lexid ad e (Gell-Mann, 1996). Co m o circuns-crev ê-lo s para d efinir co rresp o nd entes cam-p o s d iscicam-plinares e rescam-p ectiv o s agentes? No caso esp ecífico da depressão, há co ntro v ér-sias quanto à sua etio lo gia, d iagnó stico , sub-tipo s, tratamento . Co m o reunir rep resentan-tes d o s v ário s sab e re s q u e ab o rd am o p siquismo hum ano (o ficiais o u alternativo s; ligad o s à med icina, às p sicanálises, às ciên-cias humanas e so ciais etc.) para d iscutirem p ro p o stas d e abo rd ag em d e um p ro blema se não há entend imento o u aceitação entre co n-cep çõ es/ v o cabulário s d as várias vertentes que abo rd am este "o bjeto co m p lexo "? Nem mes-mo há co nco rd ância q uanto a resp ectiv o s estatuto s d e cientificid ad e...

Penso q ue, co nfo rm e as características d e co m p lexid ad e d o s sistemas ad aptativo s, lev and o em co nta, inclusiv e, relaçõ es esp eci-ficad as d e d istanciamento / p ro ximid ad e entre sujeito / o bjeto , serão fo rmulad as co nfig ura-ç õ es tentativ as d e ag entes p ertencentes a d istinto s cam p o s d e saber (d iscip linares o u não ), sem seguir regras estabelecid as a priori.

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terreno movediço, evitando-se os excessos

discursivos do

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paradigma da complexidade holística, vigente nos meios "holisticamente

corretos".

Um exemplo bem sucedido de TRDE em relação a um o bjeto p arad igmático no s d o mí-nio s ep id emio ló g ico s o có lera. Neste caso , a reunião d e vário s cam p o s científico s serviu p ara p ro p o r um c o n s i s t e n t e m o d e l o p red itiv o d e surto s d a m o léstia, env o lv en-d o p ro c esso s en-d e ien-d entific aç ão en-d e c ep as en-d o v ibrião c o léric o p o r téc nic as b io q u ím ic as ( c o m o PCR, antic o rp o s m o no c lo nais, so n-d as n-d e ARN m arcan-d as p o r f lu o resc ênc ia) , além d a p ró p ria ep id em io lo g ia, o c eano g ra-fia, ec o lo g ia, m ic ro b io lo g ia, b io lo g ia mari-nha, m ed ic ina, g e o p ro c e ssam e nto via imag ens d e satélite e ab o rd aimag ens c o m p u tac io -nais p ara integ rá-las.

Tal p ro p o sição po stula a influência da

quantid ad e d e z o o p lâncto n marinho quitináceo c o m o o s c o p ép o d es, p eq u eno s crustáce-o s, elementcrustáce-o s da cad eia alimentar d e p eixes,

co m o ho sp ed eiro s d o v ibrião . A p o p ulação de co p ép o d es é função d e alteraçõ es climá-ticas glo bais ( c o m o o fenô m eno El Nino que p ro p o rcio na chuv a, traz nutrientes d as áreas lito râneas e aq uec e a temp eratura d o mar), e seus d eslo cam ento s se relacio nam c o m o regime d o s v ento s e d as co rrentes marinhas. A lém d isto , o bserv o u-se, através d e so nd as genéticas mo leculares, q ue d eterminad as c e-pas d e v ibriõ es assumem um estad o viável e

patogênico, mas refratário ao cultivo laboratorial. Isto permite a detecção e a con-tagem de V. cholerae em amostras ambien-tais, dimensionando o grau de contaminação correspondente (Colwell, 1996).

Mas, o có lera é uma entid ad e no so gráfica muito b em estud ad a e d isp o nd o d e entend i-mento s co nsensuais quanto à etio lo gia, diag-nó stico , subtip o s, tratamento . No caso da d ep ressão , talvez aind a seja esp ec ulaç ão p

re-c o re-c e p ensar- se num a re-c o nf ig u raç ão transd isre-ciplinar exre-c lu siv am ente re-científire-ca (isto sem entrar nas q u erelas q u anto a g raus d e

"d u rez a" d o s c am p o s em q u e stão ) , sufi-c iente p ara d ar sufi-c o nta d a sufi-c o rresp o nd ente hip erc o m p lexid ad e e d as co ntro v érsias teó -ricas q u e c erc am q u estõ es a resp eito d este m ultid im ensio nal ser hu m ano em suas fa-c etas b io ló g ifa-c as, p sifa-c o ló g ifa-c as, sim b ó lifa-cas, só cio -culturais etc .

Um exem p lo d essa TRDE p o d e ser visto no s trabalho s d e Varela et al. (1992) que

reúnem co nteúd o s ligad o s às trad içõ es z enbud istas, à bio lo g ia, à p sico lo g ia, às neuro -ciências, à filo so fia, à lingüística para co

ns-truir uma teo ria da subjetiv id ad e humana. A liás, p enso d e m o d o d iferente em relação à primazia da metáfo ra anfíbia nao mariana em relação a hibrid ismo s. Go stem o s o u não , sin-to que, em tem p o s d e Do lly, surge uma outra c o n te p ç ão d e fertilid ad e(l) - viabilizad o ra d e híbrid o s, clo nes e o utras quimeras

indiscipli-nad as que, p o rv entura, v enham à vid a...

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