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A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo com gestores e não gestores de organizações da região do Nordeste do Brasil.

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Academic year: 2017

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Faculdade Boa Viagem

DeVry Brasil

CPPA

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

MPGE - Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Lindevany Hoffimann de Lima Mendes

A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo

com gestores e não gestores de organizações da região

do Nordeste do Brasil

(2)

Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

CPPA

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

MPGE - Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:

 Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

 Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

 Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo com gestores e não gestores de organizações da região do Nordeste do Brasil”

Nome do(a) autor(a): Lindevany Hoffimann de Lima Mendes

Data da Aprovação: 30 de Agosto de 2012

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Recife, 30 de Agosto de 2012

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Lindevany Hoffimann de Lima Mendes

A relação entre espiritualidade e dignidade: um estudo

com gestores e não gestores de organizações da região

do Nordeste do Brasil

Orientadora: Profª Drª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira

Dissertação

apresentada

como

requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração - CPPA da

Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil.

(5)

Dedico este trabalho, especialmente, aos meus pais e amigos inseparáveis, insubstituíveis e genuínos - Sebastião Gonçalves de Lima e Luiza Hoffimann de Lima - pelos princípios e valores grandiosos que sempre nortearam as suas práticas, traduzidos essencialmente na retidão de caráter, integridade e humanismo, atributos que serviram de base no meu processo de formação enquanto Ser Humano. Eles são exemplos de dedicação e superação frente aos inúmeros obstáculos e adversidades que já vivenciaram nas suas vidas.

A minha avó paterna, carinhosamente chamada de Mocinha (in memoriam), pelo espírito guerreiro, empreendedor e incansável na busca de uma vida mais digna, atributos tão presentes no seu comportamento cotidiano e que me inspiraram na construção do meu projeto de vida. Apesar do seu nível de escolaridade baixo, mesmo sem o saber, já era, no seu tempo, a grande mentora da família.

A meu marido Rigoberto Mendes da Silva pela compreensão diante das minhas inúmeras ausências quando requerida pelos momentos de dedicação aos estudos, pelo companheirismo e apoio incondicional à produção das minhas tarefas sempre que precisei de ajuda, procurando suprir as minhas faltas junto à família e, principalmente, pela grande torcida à realização dos meus sonhos.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, meu maior amigo de todas as horas e aliado presente em todos os momentos da minha vida e em todas as minhas empreitadas.

Considero-me uma pessoa afortunada por ter obtido tantas contribuições valiosas de pessoas especiais com as quais pude contar ao longo deste estudo.

Não haveria espaço suficiente para contemplar a todas, porém gostaria de oferecer os meus agradecimentos especiais a algumas delas.

Aos meus pais por me fazerem existir e sempre estarem presentes em minha vida, clarificando o valor e o significado que as coisas têm em si mesmas.

Especialmente a minha orientadora Professora Lúcia Maria Barbosa de Oliveira que de forma competente, dedicada e comprometida esteve sempre presente ao longo do meu curso do mestrado. Ela foi decisiva na escolha do meu tema, oferecendo-me a possibilidade de descoberta do construto espiritualidade, despertando o meu gosto pelo mundo da pesquisa, encorajando-me e estimulando-me à produção de um trabalho de qualidade superior.

À Professora Sônia Maria Rodrigues Calado Dias agradeço pelo acolhimento e apoio extraordinário oferecido durante a produção da minha pesquisa da dissertação, emprestando os seus saberes com propriedade, consistência e leveza no trato das questões de pesquisa. O entusiasmo e pela pesquisa também corresponde a um dos seus traços mais marcantes. Ela, juntamente, com a Profª Lúcia Barbosa, viabilizou a minha inserção no Grupo de Estudos da Mackenzie-SP.

À Professora Maria Luisa Mendes Teixeira (Mackenzie-SP) pelo gigantesco aprendizado e apoio genuíno e incondicional que me proporcionou, sendo inspiradora para os meus futuros passos enquanto pesquisadora, além de ter me instigado o raciocínio crítico. As suas contribuições foram fundamentais para fortalecer o meu caminhar na produção deste trabalho. Na fase final da minha pesquisa, a sua disponibilidade e dedicação ultrapassaram fronteiras.

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revelando-me capacidade extremada de entrega e doação à causa, além de serenidade e compromisso com a pesquisa.

À Professora Maria Auxiliadora Diniz de Sá pelo carinho, entusiasmo e vibração inabaláveis, capaz de me contagiar e de me fortalecer no caminho da pesquisa. Ao longo da nossa convivência sempre emprestou a sua alegria, bom humor, otimismo, acolhimento e, principalmente, a doação enquanto educadora.

Ao Professor James Falk não poderia deixar de registrar os meus agradecimentos pela competência e leveza com que conduziu as suas aulas, sendo a serenidade, simplicidade, organização e foco alguns dos seus principais atributos.

Ao Professor Augusto Oliveira, o meu agradecimento pelo apoio nos momentos em que a “Estatística” me pareceu algo intransponível e difícil de solução. A sua paciência, dedicação e vontade de ajudar me fez desconstruir o fantasma que existia em relação à disciplina.

Agradecimento especial e carinhoso a admirável amiga do mestrado Sophia Moreira Reis Lapenda pelo extraordinário espírito de ajuda, disponibilidade, capacidade de compartilhar ideias, espírito incansável de doação e foco em objetivos coletivos. Ela teve um papel importante nesta minha empreitada. Ao longo da nossa convivência pude descobrir o quanto ela é uma pessoa digna e espiritualizada.

Ao marido de Sophia - Marcos Lapenda pelo apoio oferecido durante as resoluções das questões de estatística, dedicando o seu precioso tempo, ensinando-me pacientemente, colocando-se à disposição para esclarecer as minhas dúvidas, o que consequentemente, contribuiu para a minha aprovação na disciplina de estatística - um dos créditos do mestrado.

Agradeço com muito apreço a amizade incondicional de Tânia Kaufman, demonstrando genuinamente interesse em contribuir com a sua vasta experiência e irrefutável prática acadêmica essencial para a minha inserção como pesquisadora. As várias literaturas interessantes que me permitiu acesso e as valiosas orientações relativas à prática de pesquisa serão sempre lembradas.

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Lima Cruz, Heloísio Malta Leite, Luiz Ferreira Júnior pelo companheirismo, simplicidade, capacidade de ajuda e espírito solidário sempre presentes.

Imensamente agradeço aos amigos Eduardo Santos Cabral, Patrícia Siebra, Maria Helena Lira, Eliabe Serafim, Fred Arruda, Fernando Thompson, Nadja Medeiros, Rosana Freire, Sylvinha Celeste Vasconcelos, Maria Elysia Cavalcanti de Albuquerque, Rosângela Carvalho, Pérola Campos, Ana Thereza de Almeida, Ana Elizabeth Hirschle, Fabiano Lopes, Jonatas Nascimento, Luciana Melo, Paulo Erlich, Cynthia Andrade, Henrique de Freitas, Cibelli Pinheiro, Júlio Borba, Leonardo Lourença e Ana Emília Baracuhy, que tão gentilmente e fraternalmente contribuíram disseminando amplamente para as suas redes de relacionamentos. Sem a contribuição deles o meu trabalho não teria sido agregado de tanto valor.

À ajuda especial de alguns clientes que, mesmo com inúmeras atribuições e responsabilidades, se dispuseram a colaborar com a minha pesquisa, não somente respondendo-a como também exercendo um papel de multiplicadores para as suas redes, atribuindo elevado grau de importância ao meu pedido. Dentre eles, podem ser citados profissionais do Sistema Jornal do Commércio de Comunicação, Shopping Tacaruna, Shopping Plaza, Shopping Recife, Rexam-PE, Rexam-AM, Receita Federal (Digep04), Vitarella, Grupo Fernandes Vieira, Total combustíveis, Pontes Hotéis e Resorts, Receita Federal e UFPE.

A todos os respondentes da pesquisa - amigos, clientes, alunos de graduação e de pós-graduação das diversas instituições com as quais interajo, parceiros de projetos e centenas de profissionais do mundo corporativo, assim como, aos amigos virtuais do Facebook que mesmo sem me conhecer tiveram a boa vontade de me ajudar.

Finalmente, meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que estiveram direta ou indiretamente apoiando, incentivando e tornando possível a concretização deste meu sonho.

(9)

“ Espiritualidade é a nossa consciência interior. É a fonte de inspiração, criatividade e sabedoria. O que é espiritual vem de dentro e transcende nossas crenças e valores programados ”.

Guillory

“ A felicidade é o significado e o objetivo da vida, o propósito e a finalidade da existência humana. ”

(10)

Resumo

Os temas espiritualidade e dignidade vêm ganhando expressão no contexto das organizações, principalmente, em resposta às inquietações e sinais de infelicidade manifestados pelos seus diversos stakeholders, em decorrência da visão exacerbadamente voltada para resultados financeiros em detrimento do equilíbrio e bem estar das pessoas. A partir dessa problemática, este estudo se propôs a analisar a relação existente entre espiritualidade e dignidade na avaliação de gestores e não gestores de organizações da região do Nordeste do Brasil. Os estudos foram embasados nos modelos de espiritualidade (contendo 19 assertivas) e de práticas de dignidade (contendo 31 assertivas) desenvolvidos e validados pelos autores Rego; Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011), respectivamente, sendo estas escalas os instrumentos de medição para a realização da análise de correlação entre os dois construtos. A Pesquisa teve uma natureza descritiva e exploratória, sendo utilizado o método quantitativo. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário aplicado via web (survey monkey), utilizando-se a técnica do “snowball”. A amostra foi não probabilística, obtendo-se um número de 1.159 respondentes válidos, entre gestores e não gestores. Pelos resultados foi possível a confirmação de que existe relação entre os dois construtos, independentemente das características demográficas (relativas ao próprio respondente) e funcionais (relativas à empresa) apresentadas pelos respondentes, assim como, identificar a influência de cada uma das variáveis pesquisadas. A análise evidenciou que a relação entre fatores de Espiritualidade e Dignidade é estável, independentemente do cargo ocupado, quer de natureza gerencial ou não gerencial. Os fatores de Espiritualidade “Alinhamento com valores” e “Alegria no Trabalho” são os que apresentaram as maiores correlações com os fatores de Práticas de Dignidade no Trabalho. No tocante à Espiritualidade os fatores “Sentido de Serviço” e “Alegria no Trabalho” traduzem positivamente a vivência dos respondentes, enquanto que a menor percepção ficou com “Sentido de Comunidade” e “Oportunidade para Vida Interior”. Em relação à Dignidade os fatores mais percebidos favoravelmente são “Direito dos Empregados” e “Não Engana Stakeholders”. Por outro lado os fatores que evidenciam menor satisfação por parte dos respondentes são “Desenvolvimento do Empregado” e “Favorecimento ao Meio Ambiente e Social”.

(11)

Abstract

The themes of spirituality and dignity are gaining expression in the context of organizations, mainly in response to the concerns and signs of unhappiness expressed by its various stakeholders, due to the vision exaggeratedly facing financial results at the expense of the balance and well being of people. Based on this issue, this study aims to analyze the relationship between spirituality and dignity in the evaluation of managers and non-managers of the region of Northeast Brazil. The studies were based on models of spirituality (containing 19 statements) and practices of dignity (containing 31 assertions) developed and validated by the authors Rego; Cunha; Souto (2005) and Teixeira et al (2011), respectively, whose scales are the measuring instruments for performing the correlation analysis between the two constructs. A descriptive and exploratory research was utilized, by means of a quantitative methodology. Data collection was conducted through a questionnaire applied on the web (survey monkey), using the "snowball" technique. The consequent non-probabilistic sample yielded 1,159 valid respondents, between managers and non-managers. From the results it was possible to confirm that there is a relationship between the two constructs, regardless of demographic (related to respondent him/herself) and functional (for the company) characteristics informed by the respondents, as well as to identify the influence of each of the variables. The analysis showed that the relationship between the factors of Spirituality and Dignity is stable regardless of the position held, whether of managerial nature or not. The factors of Spirituality "Alignment Values" and "Joy at Work" are the ones that were more correlated with the factors of Practice of Dignity at Work. Regarding Spirituality, the factors of "Sense of Service" and "Joy at Work" positively translate the experience of the respondents, while the lowest perception was recorded for "Sense of Community" and "Opportunity for Inner Life". With regards to Dignity, the factors most favorably perceived were "Employee Rights" and "Do not mislead stakeholders." On the other hand, the factors that show lower satisfaction among the respondents are "Employee Development" and "Environmental and Social Favoring."

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...26

1.1 Contextualização...27

1.2 Objetivos...30

1.2.1 Objetivo geral...30

1.2.2 Objetivos específicos...30

1.3 Justificativas...31

1.3.1 Justificativa teórica...31

1.3.2 Justificativa prática...34

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...37

2.1 Espiritualidade numa Perspectiva Histórica Contemporânea...37

2.2 Espiritualidade - Um Conceito em Discussão...39

2.3 Espiritualidade nas Organizações...44

2.4 Um Breve Caminhar sobre a Evolução Histórica e Conceitual da Dignidade...52

2.4.1 Dignidade da pessoa humana...54

2.4.2 Dignidade no trabalho...56

2.4.3 Dignidade do trabalho...57

2.4.4 Dignidade do trabalhador...58

(13)

3 METODOLOGIA DE PESQUISA...65

3.1 Delineamento da pesquisa...65

3.1.1 Natureza da pesquisa...67

3.1.2 Operacionalização das variáveis...67

3.1.3 População e amostra...70

3.1.4 Instrumento de pesquisa e estratégia de coleta de dados...71

3.1.5 Técnica de coleta de dados...71

3.1.6 Tratamento e análise dos dados...73

3.2 Limites...73

3.3 Limitações...73

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...75

4.1 Característica da amostra...76

4.2 Análise descritiva das frequências por fator...81

4.2.1 Análise das frequências por fator...82

4.2.1.1 Espiritualidade...82

4.2.1.2 Práticas de dignidade organizacional...86

4.3 Análise das diferenças entre grupos, de acordo com características da amostra...90

4.3.1 Objetivo específico 1: Identificar diferenças de avaliação dos fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade entre homens e mulheres...90

4.3.2 Objetivo específico 2: Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes faixas etárias quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade...95

(14)

4.3.4 Objetivo específico 4: Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes tempos de empresa quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de

Dignidade...107

4.3.5 Objetivo específico 5: Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de diferentes tamanhos quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade...112

4.3.6 Objetivo específico 6: Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de diferentes tipos quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade ...118

4.4 Comparação entre Gestores e Não Gestores...124

4.4.1 Objetivo Específico 7: Identificar diferenças entre indivíduos de cargos gerenciais e não gerenciais quanto à avaliação de fatores relativos à Espiritualidade e Práticas de Dignidade...124

4.4.2 Características das amostras...124

4.5 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de gestores e não gestores...130

4.5.1 Validade convergente dos construtos...130

4.5.2 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de gestores...131

4.5.3 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de não gestores...132

4.5.4 Relação entre os fatores de Espiritualidade e Práticas de Dignidade na avaliação de gestores e não gestores...132

CONCLUSÃO...134

REFERÊNCIAS ...141

APÊNDICES...149

APÊNDICE A - Dados sócio-demográficos...149

(15)

APÊNDICE C - Mensagem de reforço da pesquisa...151

ANEXOS...152

ANEXO A - Instrumento de medição de espiritualidade...152

ANEXO B - Instrumento de medição de dignidade...154

(16)

Lista de siglas ou abreviaturas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística...70

IES Instituição de Ensino Superior...72

MacGVal Núcleo de Estudos baseado em Valores...29

TQM Total Quality Management ...79

Lista de símbolos

F Número de respondentes...77

FR Frequência...77

FRAC Frequência acumulada...77

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Lista de figuras

FIGURA 1 - Pessoa integrada - Fonte: Guillory, 2000...41

FIGURA 2 - Paradigma da pessoa integral e as necessidades e motivações básicas - Fonte: Covey (2005)...42

FIGURA 3 - Escopo da espiritualidade - Fonte: Vasconcelos (2008)...47

FIGURA 4 - Três perspectivas da espiritualidade em relação ao desempenho - Fonte: Karakas (2010) - Tradução da própria pesquisadora ...49

FIGURA 5 - Condições para a dignidade em uma relação - Fonte: Adaptado de Jacobson (2009)...62

FIGURA 6 - Modelo de delineamento de pesquisa - Fonte: Adaptado de Gil (2002, p. 21) ...66

FIGURA 7 - Variáveis analisadas e suas respectivas amostras - Fonte: Dados da pesquisa...70

FIGURA 8 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável gênero - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa...94

FIGURA 9 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável faixa etária - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa...101

FIGURA 10 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável escolaridade - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa...106

FIGURA 11 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável tempo de empresa - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa...111

(18)

FIGURA 13 - Pontos destacados em relação à Espiritualidade e Dignidade, considerando-se a variável tipo de empresa - Fonte: Autoria da própria pesquisadora, baseando-se nos dados da pesquisa...123

(19)

Lista de quadros

QUADRO 1 - Justificativas teóricas - Fonte: Elaborado pela autora...35

QUADRO 2 - Justificativas práticas - Fonte: Elaborado pela autora...36

QUADRO 3 - Dignidade no trabalho - Fonte: Hodson (2004, p.17)...57

QUADRO 4 - Escala de dimensões da espiritualidade (05 dimensões) - Fonte: Rego; Cunha; Souto (2005)...68

QUADRO 5 - Escala de dimensões de práticas de dignidade (05 dimensões) - Fonte: Teixeira (2011)...69

QUADRO 6 - Espiritualidade - Escala integral e reduzida - Fonte: Rego; Cunha; Souto (2005) ...81

QUADRO 7 - Dignidade - Escala integral e reduzida - Fonte: Teixeira et al (2011)...81

QUADRO 8 - Espiritualidade - Fatores e assertivas melhor avaliados com percentual igual ou superior a 50% - Fonte: Elaborado pela autora ...133

(20)

Lista de tabelas

TABELA 1 - Índice de confiabilidade dos fatores de espiritualidade...75

TABELA 2 - índice de confiabilidade dos fatores de práticas de dignidade...75

TABELE 3 - Número de respondentes por variável analisada... 76

TABELA 4 - Frequência de respondentes por gênero... 77

TABELA 5 - Frequência de respondentes por faixa etária... 77

TABELA 6 - Frequência de respondentes por grau de escolaridade ...78

TABELA 7 - Frequência de respondentes por cargo ...78

TABELA 8 - Frequência de respondentes por tempo de empresa ...79

TABELA 9 - Frequência de respondentes por tipo de empresa ...80

TABELA 10 - Frequência de respondentes por tamanho de empresa... 80

TABELA 11 - Concordância e discordância com relação ao fator “sentido de comunidade na equipe” ...82

TABELA 12 - Concordância e discordância com relação ao fator “alinhamento do indivíduo com os valores da organização” ...83

TABELA 13 - Concordância e discordância com relação ao fator “sentido de serviço à comunidade” ...85

TABELA 14 - Concordância e discordância com relação ao fator “alegria no trabalho” ...85

TABELA 15 - Concordância e discordância com relação ao fator “oportunidade para a vida interior” ...86

TABELA 16 - Concordância quanto à prática do fator “promoção do desenvolvimento do empregado” ...87

(21)

TABELA 18 - Concordância quanto à prática do fator “respeito ao direito dos empregados” ...89

TABELA 19 - Concordância quanto à prática do fator “favorecimento do meio ambiente” ...89

TABELA 20 - Concordância quanto à prática do fator “engana Stakeholders” ...90

TABELA 21 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por gênero... 91

TABELA 22 - Diferenças entre homens e mulheres quanto aos fatores de espiritualidade ...92

TABELA 23 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por gênero ...92

TABELA 24 - Diferenças entre homens e mulheres quanto aos fatores de práticas de dignidade ...93

TABELA 25 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por grupo de idade... 96

TABELA 26 - Diferenças entre grupos de diferentes faixas etárias quanto aos fatores de espiritualidade... 97

TABELA 27 - Teste Scheffé - Faixas etárias versus fatores de espiritualidade... 97

TABELA 28 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por faixa etária... 98

TABELA 29 - Diferenças entre os grupos de diferentes faixas etárias quanto aos fatores de práticas de dignidade... 99

TABELA 30 - Teste de Scheffé - Faixas etárias versus fatores de práticas de dignidade... 100

TABELA 31 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por grupo de escolaridade... 102

TABELA 32 - Diferenças entre grupos de diferentes níveis de escolaridade por fator de espiritualidade... 103

(22)

TABELA 34 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por grupo de escolaridade...104

TABELA 35 - Diferenças entre os níveis de escolaridade quanto aos fatores de práticas de dignidade...105

TABELA 36 - Teste Scheffé - Níveis de escolaridade versus fatores de práticas de dignidade...105

TABELA 37 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por tempo de empresa...107

TABELA 38 - Diferenças entre os tempos de empresa quanto aos fatores de espiritualidade...108

TABELA 39 - Teste Scheffé - Tempos de empresa versus fatores de espiritualidade ...108

TABELA 40 - Diferenças entre os tempos de empresa quanto aos fatores de práticas de dignidade...109

TABELA 41 - Teste Scheffé - Tempo de empresa versus fatores de práticas de dignidade...110

TABELA 42 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por tempo de empresa...110

TABELA 43 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por tamanho de empresa...113

TABELA 44 - Diferenças entre tamanho de empresa quanto aos fatores de espiritualidade...114

TABELA 45 - Teste Scheffé - Tamanho de empresa versus fatores de espiritualidade ...114

TABELA 46 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por tamanho de empresa...116

TABELA 47 - Diferenças quanto ao tamanho da empresa com relação aos fatores de práticas de dignidade...116

(23)

TABELA 49 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por tipo de empresa...119

TABELA 50 - Diferenças quanto ao tamanho de empresa com relação aos fatores de práticas de dignidade...120

TABELA 51 - Teste Scheffé - Tipos de empresa versus fatores de espiritualidade...120

TABELA 52 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por tipo de empresa...121

TABELA 53 - Diferenças quanto ao tipo de empresa com relação aos fatores de práticas de dignidade...122

TABELA 54 - Teste Scheffé - Tipos de empresas versus fatores de dignidade...122

TABELA 55 - Gênero: Gestores X Não gestores...124

TABELA 56 - Idade - Gestores X Não gestores...124

TABELA 57 - Escolaridade: Gestores X Não gestores...124

TABELA 58 - Tipos de empresa: Gestores X Não gestores...125

TABELA 59 - Tamanho da empresa: Gestores X Não gestores...125

TABELA 60 - Tempo de empresa: Gestores X Não gestores...125

TABELA 61 - Médias e desvios padrão dos fatores de espiritualidade por cargo... 126

TABELA 62 - Diferenças entre ocupantes de cargos gerenciais e não gerenciais quanto aos fatores de espiritualidade... 127

TABELA 63 - Médias e desvios padrão dos fatores de práticas de dignidade por cargo... 127

TABELA 64 - Diferenças entre ocupantes de cargos gerenciais e não gerenciais quanto aos fatores de práticas de dignidade... 128

TABELA 65 - Relação entre os fatores de espiritualidade... 130

(24)

TABELA 67 - Relação entre os fatores de práticas de dignidade e espiritualidade na avaliação de gestores... 131

TABELA 68 - Relação entre os fatores de práticas de dignidade e espiritualidade na avaliação de não gestores... 132

(25)

Lista de gráficos

GRÁFICO 1 - Médias dos fatores de espiritualidade por gênero...91

GRÁFICO 2 - Médias dos fatores de práticas de dignidade por gênero... 93

GRÁFICO 3 - Médias dos fatores de espiritualidade por faixa etária... 95

GRÁFICO 4 - Médias dos fatores de práticas de dignidade organizacional por faixa etária...99

GRÁFICO 5 - Médias por fator de espiritualidade, de acordo com o nível de escolaridade..103

GRÁFICO 6 - Médias por fator de práticas de dignidade organizacional de acordo com o nível de escolaridade...105

GRÁFICO 7 - Médias dos fatores de espiritualidade por tempo de empresa...108

GRÁFICO 8 - Médias dos fatores de práticas de dignidade por tempo de empresa... 109

GRÁFICO 9 - Médias dos fatores de espiritualidade, considerando o tamanho da empresa.112

GRÁFICO 10 - Médias dos fatores de práticas de dignidade, considerando o tamanho da empresa...115

GRÁFICO 11 - Médias dos fatores de espiritualidade, de acordo com o tipo de empresa....120

GRÁFICO 12 - Médias dos fatores de práticas de dignidade de acordo com o tipo de empresa ...122

GRÁFICO 13 - Médias dos fatores de espiritualidade, considerando o cargo... 126

(26)

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho trará reflexões sobre algumas variáveis que têm se mostrado cada vez mais presentes no mundo corporativo. Já é do conhecimento de todos que a atual pressão dos negócios para que a empresa funcione melhor vem gerando novas demandas no local de trabalho. Na visão de Guillory (2000) as organizações estão sendo forçadas a aceitar um modo radicalmente diferente de agir para assegurar a sua própria sobrevivência e competitividade. Para tanto, a criatividade e a inovação no local de trabalho nos dias de hoje exige que as pessoas estejam totalmente presentes em corpo, mente e espírito.

Todavia, as pessoas estão sempre tão ocupadas com os seus afazeres e com as inúmeras demandas em suas vidas que raramente param para se perguntar: “De onde vem a energia que nos permite realizar bem o nosso trabalho apesar das pressões esmagadoras as quais somos submetidos cotidianamente”? Qual é a responsabilidade moral que temos uns com relação aos outros? Qual é a força propulsora que nos “inspira naturalmente” a assumir responsabilidades e a realizar ações que produzem mudanças? Como posso construir relações de reciprocidade em um ambiente empresarial tão competitivo? Será que a nossa alma se manifesta livremente nas coisas que fazemos no nosso trabalho e nos nossos relacionamentos? Ou será que estamos tão cheios de tristeza porque aquilo que existe de belo em nós não encontra meios de expressão? (RENESCH, 1994, p. 177). Vem daí toda a inquietação e inspiração para as contribuições que se seguem neste estudo.

O trabalho está estruturado em quatro capítulos, sendo distribuídos em Introdução, Referencial teórico, Metodologia de pesquisa e Apresentação, Análise e interpretação dos resultados. Em cada um deles contém seções que se propõem a oferecer ideias mais organizadas e que facilitem a construção de uma visão acerca dos temas propostos.

O primeiro capítulo que trata da Introdução e é composto de três seções, sendo a primeira dedicada à contextualização e à questão de pesquisa a ser estudada, a segunda seção trata os objetivos - geral e específicos - que nortearam todo o trabalho e a terceira seção aborda as justificativas teóricas e práticas que tornaram possível a escolha do tema e quais as contribuições previstas tanto para o campo da ciência aplicada da administração, como para as organizações.

O segundo capítulo aborda a Fundamentação Teórica e está organizado em duas seções, onde a primeira traz uma abordagem sobre o construto espiritualidade contemplando uma perspectiva histórica contemporânea; discussão do conceito sob a ótica de diversos autores; espiritualidade no contexto das organizações e a apresentação de modelo com as dimensões da espiritualidade, segundo Rego; Cunha; Souto (2005).

Já a segunda seção do referencial teórico aborda sobre o construto dignidade, apresentando como uma breve perspectiva histórica sobre a dignidade; dignidade da pessoa humana; dignidade no trabalho; dignidade do trabalho; dignidade do trabalhador; dignidade no âmbito das organizações e por fim a apresentação do modelo com as dimensões da dignidade desenvolvido por Teixeira et al (2011).

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amostra; instrumento de pesquisa e estratégia de coleta de dados; técnica de coleta de dados e tratamento e análise dos dados.

O quarto capítulo contempla a Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados, sendo detalhado todo o tratamento que foi dado com base nos dados pesquisados, incluindo características da amostra; análise descritiva dos fatores estudados; análise das diferenças entre os grupos pesquisados; tratamento dos objetivos da pesquisa e análise de correlação entre os construtos espiritualidade e dignidade, segundo a percepção de gestores e não gestores de organizações do Nordeste do Brasil.

Por fim o trabalho traz a conclusão e recomendações para pesquisas futuras, uma vez que pela riqueza dos dois construtos eles jamais serão esgotados.

1.1 Contextualização

Paradoxalmente a busca do homem por um sentido maior para a sua vida, as empresas, como um imperativo de sobrevivência, experimentam ritmos alucinantes e cada vez mais frenéticos pela consecução dos resultados esperados pelos seus acionistas e investidores, pondo em risco o reconhecimento desse homem integral em busca de significados para o seu trabalho. Nunca foi tão premente uma revisão das atuais práticas de gestão nas organizações, em consonância com as expectativas e desejos de todos os seus stakeholders. A preocupação com a rentabilidade se sobrepõe às demais e a eficácia da organização, considerada como primordial, absorve com exclusividade todas as atenções (CHANLAT, 2009, p. 18).

Zohar e Marshall (2006), afirmam que a cultura capitalista e suas práticas de negócios estão em crise. Os autores ainda, em complemento à visão de Chanlat (2009), acrescentam que o caráter primordial que é atribuído ao capitalismo, assim como, as hipóteses básicas que determinam este modelo são insustentáveis, uma vez que não oferecem uma perspectiva de longevidade. Para eles, o capitalismo moderno se apoia em duas hipóteses básicas sobre a humanidade – a de que os humanos são seres econômicos com “uma propensão natural de armazenar, negociar e trocar” – palavras de Adam Smith. E a outra hipótese aponta para o ser humano como aquele que sempre agirá, de maneira racional ou intuitiva na busca pelo seu próprio interesse ou benefício.

No contexto empresarial, veem-se esses princípios refletidos na ânsia pelo lucro. Seres humanos são medidos pela sua capacidade de consumo, enquanto os funcionários são medidos pela sua capacidade de produzir riqueza. E ambos os casos não são reconhecidos como pessoas que valorizam certos aspectos da vida, que abrigam sentimentos de lealdade e paixões, que se esforçam e sonham, que procuram determinada qualidade de vida (ZOHAR E MARSHALL, 2006).

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seus aspectos objetivos e materiais, devendo ser levada em consideração a sua dimensão subjetiva, a qual é expressa pela pessoa.

Na passagem dos anos 60 para os anos 70, período em que a Igreja passava por grandes transformações, o Papa Paulo VI, fazendo alusão a Constituição Pastoral emite seu parecer: “A pessoa humana é e deve ser o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais” (Gaudim et spes, 10, 1965). Todo homem tem direito ao trabalho, à possibilidade de desenvolver as próprias qualidades e a sua personalidade no exercício da profissão abraçada, a uma remuneração equitativa que lhe permita, a ele e à sua família, “cultivar uma vida digna no aspecto material, social, cultural e espiritual”.¹

Segundo Kerber (2009), a espiritualidade transcende dados e informações e vai a raiz da experiência, provoca um amadurecimento, leva a uma compreensão mais perfeita da vida. Ele ainda afirma que o projeto de vida de cada um é a escolha que cada um faz, uma escolha fundamental que o caracteriza, e esta deve ser uma escolha de amor.

As empresas que têm dado atenção ao intangível e buscado se espiritualizar através da adoção de uma prática pautada no respeito, na moral e na ética, podem estar olhando o seu colaborador de forma humana, tratando o seu fornecedor como um verdadeiro parceiro e procurando empatizar com a situação colocada pelo seu cliente. Com esse comportamento elas estão demonstrando sabedoria espiritual (HUNTER, 2006).

Com base nesse panorama exposto vê-se a necessidade de líderes servidores, legitimados pela retidão de caráter e propósitos grandiosos e, para tal, é preciso compreender a liderança como produto da espiritualidade, ou seja, do sentimento consciente de que somos unos com todas as manifestações de vida (HUNTER, 2006). É exatamente dentro desse contexto que a perspectiva da espiritualidade poderá ganhar força e acenar uma possibilidade de revisão profunda no modo como as organizações estão se relacionando e fazendo as coisas. Daí o porquê do grande interesse pelo tema espiritualidade em si estar notoriamente crescente.

Portanto é a partir dessas questões até então apresentadas que a “Espiritualidade nas Empresas” tem emergido com grande vigor, porém é ainda alvo de escassa pesquisa empírica (REGO; SOUTO; CUNHA, 2007). Embora já existam inúmeros achados disponibilizados nas mídias eletrônicas, especialmente no Brasil, o tema ainda clama por maior investigação e aprofundamento de caráter científico. O tema, de maneira discreta e ao mesmo tempo constante, tem aparecido na literatura nacional acadêmica e profissional como solução para o aumento de produtividade, porém apenas com sentido maior para o trabalhador.

No tocante à espiritualidade nas organizações, a contribuição mais expressiva divulgada até a presente data aponta para os estudos desenvolvidos por Ashmos e Duchon (2000) que serviram como base para pesquisas posteriores. Estes autores desenvolveram e validaram um instrumento de medida da espiritualidade no trabalho, abordando as dimensões (trabalho com significado; sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os valores da organização).

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A partir da escala de Ashmos e Duchon (2000), Milliman; Czaplewski; Ferguson (2003) estabeleceram uma relação destas três dimensões com cinco atitudes no trabalho (comprometimento organizacional; intenção de abandono; satisfação intrínseca no trabalho; envolvimento na função; auto-estima de base organizacional), buscando explicar o grau de relação existente entre elas.

Para dar continuidade aos estudos empíricos sobre o construto espiritualidade Rego; Cunha e Souto (2005) ratificaram os resultados de Ashmos e Duchon (2000) e, além das três dimensões já testadas e validadas, criaram a sua própria escala de medida, adicionando mais duas dimensões (sentido de alegria e respeito pela vida interior). É a partir do instrumento de medida de Rego; Cunha e Souto (2005) que este estudo será orientado.

Todavia, não basta falar da espiritualidade apenas na perspectiva do contexto das organizações, considerando que a busca do indivíduo por um sentido é a motivação primária em sua vida, e não uma “racionalização secundária” de impulsos instintivos. Esse sentido é exclusivo e específico, uma vez que para que possa ser cumprido dependerá unicamente daquela determinada pessoa que o busca. Somente a partir de então é que esse sentido assume uma importância que poderá satisfazer a sua própria vontade de sentido. (FRANKL, 2008). O autor distingue várias formas de neurose e atribui algumas delas (as neuroses noogênicas) à incapacidade do homem de encontrar um sentido e um senso de responsabilidade em sua existência. Em reforço, uma outra visão é trazida por Santos, Silva e Correa (2012), quando destacam que a espiritualidade vem também sendo relacionada como meio de se propiciar a felicidade do indivíduo em seu trabalho e em sua organização, devendo este ser o principal foco de atenção.

Em consonância com a ideia apresentada por Frankl (2008) de que o indivíduo é um ser capaz de dar significado a sua vida, assim como, de satisfazer a sua própria vontade, Teixeira (2008), amplia essa perspectiva quando aponta para a necessidade de construção de um agir digno, no âmbito das organizações de negócios na relação com os seus stakeholders diretos e indiretos. Em complemento a autora traz a visão de Bruni e Uelmen, os quais observam que, no século XVIII, segundo o olhar dos economistas clássicos, a concepção de um mercado de negócios e de relações contratuais já privilegiava o bem-estar ou a felicidade, proveniente de relações interpessoais dotadas de significado (TEIXEIRA, 2008).

Desse modo, para ampliar os estudos e oferecer maiores subsídios à pesquisa sobre espiritualidade, cabe ressaltar que o conceito de dignidade também merece ser abordado de modo particular neste estudo. Desde o filósofo Kant, por meio de sua obra intitulada Fundamentação da Metafísica dos Costumes, datada de 1785, até os dias atuais, o tema dignidade vem sendo discutido por diversos autores, dentre eles podem ser citados (GOSDAL, 2007; MEDEIROS, 2008; SARLET, 2008; ZISMAN, 2005).

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Neste presente estudo os conceitos sobre espiritualidade e dignidade serão tratados conjuntamente como forma de se investigar a existência ou não de alguma relação entre esses dois constructos. Para tanto a pesquisa será sustentada pelas contribuições de duas escalas. A primeira que analisa as dimensões da espiritualidade, segundo Rego; Cunha e Souto (2005), contemplando as dimensões sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os valores da organização; sentido de serviço à comunidade (trabalho com significado); alegria no trabalho; oportunidades para a vida interior. A segunda sobre as dimensões da dignidade, de Teixeira et al (2011), abordando as práticas de dignidade organizacional do ponto de vista de trabalhadores brasileiros.

Com o intuito de ampliar as contribuições sobre os temas em foco, este trabalho se propõe a apresentar a seguinte questão de pesquisa:

Qual a relação entre espiritualidade e práticas de dignidade na avaliação de gestores e não gestores de organizações do Nordeste do Brasil, com base nos modelos de REGO; CUNHA; SOUTO (2005) e TEIXEIRA et al (2011)?

1.2 Objetivos

Com o objetivo de investigar detalhadamente a questão de pesquisa formulada e, sobretudo, encontrar as possibilidades de respostas que venham a constatar ou não uma possível existência de relação entre espiritualidade e dignidade na percepção dos gestores e não gestores pesquisados, a seguir serrão apresentados os objetivos geral e específicos.

1.2.1 Objetivo geral

Identificar, na avaliação de gestores e não gestores de organizações do Nordeste do Brasil, a relação entre espiritualidade e dignidade, com base nos modelos de REGO; CUNHA; SOUTO (2005) e TEIXEIRA et al (2011), respectivamente.

1.2.2 Objetivos específicos

Com a finalidade de esclarecer e contribuir para o alcance do objetivo geral que foi definido, cujo principal foco está concentrado na investigação das dimensões da espiritualidade e dignidade propõe-se os seguintes objetivos específicos:

1) Identificar diferenças de avaliação dos fatores de espiritualidade e práticas de dignidade entre homens e mulheres;

2) Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes faixas etárias quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade;

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4) Identificar diferenças entre indivíduos de diferentes tempos de empresa quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade;

5) Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de diferentes tamanhos quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade;

6) Identificar diferenças entre indivíduos que trabalham em empresas de diferentes tipos quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade; e

7) Identificar diferenças entre indivíduos de cargos gerenciais e não gerenciais quanto à avaliação de fatores relativos à espiritualidade e práticas de dignidade.

Apresentados a questão de pesquisa e os objetivos cabe, na próxima seção, destacar os elementos que estimularam o pesquisador a dedicar tempo e energia para procurar possibilidades de respostas que pudessem trazer reflexões em torno da relação entre os construtos espiritualidade e dignidade e mais do que isso, pudessem acenar para gestores e não gestores quais elementos desta relação são percebidos como algo significativo para gerar maior satisfação das pessoas no ambiente organizacional.

1.3 Justificativas

1.3.1 Justificativa teórica

A busca pelo transcendente sempre esteve presente na vida da humanidade. Entretanto a temos em companhia da razão desde o mundo grego-latino dos grandes filósofos, como Platão, Aristóteles, Plotino e outros que vêm tentando desvendar esse mistério, passando por Santo Agostinho, Santo Anselmo, Santo Thomas de Aquino, Kant, até os grandes filósofos e pensadores dos nossos dias, como Heidegger e outros (KERBER, 2009).

Segundo Kerber (2009) as pressões e as cobranças presentes no ambiente empresarial podem ser geradores de males psicossociais, psicoemocionais e psicossomáticos. Cury preconiza que o século XXI será o século das doenças psíquicas. Por essa razão é crucial que se busque espiritualizar o ecossistema empresarial, pois os reflexos diretos na vida das pessoas e da própria empresa são rápidos e podem ajudá-los a resgatar a dignidade e autoestima e tornar as pessoas mais felizes, produzindo mais e melhor.

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que o tema trata de algo que já passou do estágio de especulação inicial e por essa condição tem recebido a contribuição de renomados pesquisadores internacionais.

Sinais recorrentes de profissionais infelizes sinalizam a importância e a necessidade de preocupação com a espiritualidade por parte das empresas. GIBBONS (2000) – sugere que talvez isso esteja ocorrendo porque as pessoas têm sido nada além de joguetes e materiais descartáveis dentro de um contexto exageradamente materialista e impregnado de insensibilidade e desconsideração e, nesse sentido, pesquisas, naturalmente seriam bem-vindas para reforçar ou destruir essa suposição.

Como parte dessas inquietações, as discussões sobre o tema dignidade no contexto das organizações, também tem sido recorrente, principalmente, quando o assunto aponta para ambientes de trabalho que não demonstram preocupação em criar mecanismos de equilíbrio entre o dar e receber na relação com os seus colaboradores (STAM, 2006). Segundo o autor este é um princípio que, se bem cuidado, torna as pessoas verdadeiramente mais sensíveis para usarem sua força, criatividade, especialidade e outros talentos a serviço da sua organização. Pelo fato de ainda ser tema pouco explorado no meio acadêmico e com acervo insuficiente o assunto merece ser objeto investigação por parte de pesquisadores.

Diante dessas preocupações, vêm sendo inúmeras as tentativas e ações desenvolvidas pelas organizações, através de eventos e treinamentos sobre temas como “O resgate dos valores essenciais do ser”, “A espiritualidade no trabalho”, “O ser humano e a transformação organizacional”, “O lado humano da qualidade”, “Os novos valores nas organizações” e outros, no sentido de reflexões sobre os rumos do trabalho e do trabalhador para o novo milênio (O’DONELL, 1997). Segundo o autor desde a década de 90 que um movimento em prol de mais espiritualidade nas organizações vem ganhando expressão, em nível mundial. Naquela ocasião, A HR Magazine2, em uma de suas edições, afirmou que a tendência em direção à espiritualidade nas corporações parece ser o resultado dos esforços espontâneos e personalizados de gerentes, departamentos, fábricas e empresas [...].

Essa percepção também é referida por Rego, Souto e Cunha (2007). Segundo estes autores, especialmente desde 1992, vêm se acompanhando um significativo aumento de conferências e workshops, assim como uma explosão de livros (Tischler, 1999; Neal e Biberman, 2003) sobre este tipo de assunto, o que pode ser uma evidência concreta da atenção e preocupação que está existindo em se compreender os alguns fenômenos que ocorrem dentro das organizações relativos ao processo de construção da relação entre e com os seus diversos atores e, principalmente a intenção de se identificar os possíveis impactos das práticas e comportamentos que fazem parte desse universo corporativo.

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2Artigo intitulado “Corporate Pioneers Explore Sprirituality” da revista HR Magazine, de abril de 1996, da

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Como um exemplo concreto, a partir de então, o tema espiritualidade conseguiu ser objeto de reconhecimento pela Academy of Management, que criou, em 1999, o grupo de interesse “gestão, espiritualidade e religião”. Revistas como o Journal of Management Education, o Journal of Management Inquiry, o Journal of Management Psychology, o American Behavioral Scientist e o Journal of Organizational Change Management abriram espaços para seções ou volumes especiais ao assunto, criando um corpo de literatura útil para a comunidade de gestores.

Russell (1982), numa visão mais global e sistêmica do universo, afirma que a sociedade apresenta cada vez maior complexidade e está atravessando um período importante e crucial na história humana: a crescente integração das mentes humanas num único sistema vivo. Para ele um número cada vez maior de pessoas sente que uma nova era começa a despontar para os aspectos relacionados à humanidade, uma era que implicará uma mudança fundamental na consciência humana e na relação entre o ser humano e o resto do planeta. Em particular, haverá grandes modificações nas nossas atitudes face ao trabalho. Todavia essas mudanças irão exigir uma profunda reavaliação do que significa trabalhar. O autor defende que o bem- estar e o conforto material devem ser valorizados por aquilo que são; não podem e não devem ser vistos como a única ou principal fonte do nosso bem-estar interior.

A maior parte da literatura produzida até os dias atuais não tem base empírica. Por essa razão, o ambiente corporativo já vir revelando concretamente sinais de preocupação com o tema, uma vez que os seus gestores e funcionários em geral têm interagido cada vez mais com situações de elevada pressão, estados de estresse elevados e carga desenfreada e desmedida de cobranças constantes por resultados a qualquer custo –“estado”3 esse que pode distanciar as

pessoas da sua real essência. Atualmente, os grandes executivos vivem sob enorme tensão. Queixam-se de não ter tempo para se dedicar aos seus relacionamentos pessoais e reclamam da pouca satisfação que têm na vida, apesar da crescente prosperidade material (CAPRA, 2005).

Portanto os estudos sobre as dimensões da espiritualidade e dignidade estão pautados no desejo de adentrar mais nesse objeto de pesquisa e investigar, com profundidade e, em âmbito nacional, a percepção e a relevância dessas dimensões na construção de um ambiente mais saudável4 e digno, capaz de promover felicidade nas pessoas dentro das organizações da qual elas fazem parte, dando-lhes maior sentido e significado para as suas vidas.

Freeman (2000), em sua abordagem gerencial sobre as relações entre os stakeholders defende que não basta que as empresas formulem estratégias para gerar riquezas, mas é necessário que os gerentes se perguntem como querem que as organizações alcancem os seus propósitos. ____________________

3A palavra “estado”, no contexto em que aparece, tem o significado de sentimento experimentado.

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4 Saudável aqui quer dizer que os trabalhadores se sentem bem e enxergam na sua organização um lugar bom

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O autor enfatiza que para o alcance desses objetivos organizacionais a resposta deve estar no equilíbrio dos interesses dos diversos grupos que afetam ou por elas são afetados. Ele ainda reforça a existência de uma única teoria de stakeholders que pode ser convergente e se aplicar a todo e qualquer contexto organizacional - ela ser percebida como uma proposta que possa levar as organizações a contribuírem para uma sociedade melhor.

A escolha da espiritualidade e a investigação sobre a existência de relação com dignidade também se propõe a levantar dados e informações que possam ser traduzidos de maneira mais tangível sobre a contribuição que esse tema poderá trazer para as organizações. Permitir aos gestores e não gestores um maior entendimento sobre a importância de contemplar nas suas relações com os seus liderados aspectos associados à espiritualidade e dignidade, como forma de contribuir para a construção de um ambiente que conduza ao bem-estar, satisfação e felicidade das pessoas.

1.3.2 Justificativa prática

A escolha do objeto de pesquisa se fundamenta na possibilidade de fomentar nos gestores e não gestores de organizações uma reflexão sobre as práticas organizacionais que podem estar associadas à espiritualidade e dignidade e que, segundo alguns autores, também podem até exercer influência ou afetar à produtividade da organização e a sua própria existência. Para Kerber (2009), trabalho e humanização são duas dimensões que se realizam no homem e que para conhecê-lo é preciso respeitá-lo na sua condição de dignidade e, mais do que isso, considerar e compreender a sua dimensão transcendente.

Discutir sobre a possibilidade de existência de relação entre espiritualidade e dignidade, também sugere um repensar daqueles gestores e não gestores sobre o modo como as suas relações estão sendo construídas, em que bases elas estão sendo sustentadas, assim como alertá-los para os possíveis impactos que essas dimensões podem trazer para a organização.

Outro propósito nobre será despertar sobre o quanto é importante a espiritualidade na empresa como uma relevante alternativa capaz de assegurar sentimento de pertencer dos funcionários, “estado” de satisfação e bem estar no trabalho, devendo a espiritualidade ser traduzida em valores que fortaleçam a dignidade das pessoas, tais como a ética, respeito, justiça e exercício do “amor” incondicional às pessoas.

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Com base nesse contexto, o papel dos profissionais de Gestão de Pessoas (ou de Recursos Humanos como muitos autores ainda preferem utilizar) poderá ser decisivo no processo de acompanhamento, monitoramento, orientação, intervenção junto à realidade em seu entorno, com fins de adequação ao modelo proposto pelas escalas de espiritualidade e dignidade nas organizações de Rego; Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011), respectivamente. Aqui o desenvolvimento de ações de sensibilização e conscientização direcionada a gestores e não gestores de organizações poderá se consubstanciar em valor agregado para o negócio.

Além das questões já apresentadas, a pesquisa também poderá despertar maior atenção nos gestores, podendo contribuir para torná-los mais humanizados e sensíveis no relacionamento com as suas equipes, através do uso de um tratamento mais espiritualizado e digno e, consequentemente, contribuindo para uma maior retenção dos funcionários na empresa. Atualmente muito do “turnover” das empresas ocorrem em decorrência, em grande escala, de tratamentos desumanizados e práticas constantes de assédio moral, ou seja, pela falta de espiritualidade e dignidade.

Em reforço, o resultado dessa pesquisa poderá ser de grande valia para despertar a atenção de gestores e não gestores de organizações brasileiras sobre os temas investigados e, principalmente, levá-los a refletir sobre a possibilidade de adoção de um comportamento mais humanizado e de novas formas de gerenciar pessoas nas organizações.

Os Quadros 1 e 2 abaixo apresentam um resumo dos principais pontos que aparecem nas justificativas teórica e prática e que se constituíram nos elementos motivadores para a realização dessa pesquisa.

JUSTICATIVA TEÓRICA

Presença de fortes pressões e cobranças por resultados no ambiente empresarial.

Especialmente no Brasil, os temas espiritualidade e dignidade ainda clamam por maior investigação e aprofundamento de caráter científico.

Busca por respostas para as inúmeras discussões sobre transformações nos ambientes organizacionais.

Sinais de infelicidade no contexto organizacional, em razão de um comportamento exageradamente materialista e impregnado de insensibilidade e desconsideração.

Significativo aumento de eventos sobre o assunto

Necessidade de melhor entendimento dos gestores sobre a importância de ambientes dignos e espiritualizados

Quadro 1 - Justificativas teóricas

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JUSTIFICATIVA PRÁTICA

Interesse crescente do mundo corporativo em compreender melhor os fenômenos relacionados à espiritualidade e dignidade.

Pretensão de contribuir com os profissionais que atuam em cargos de gestão em organizações brasileiras sobre práticas de espiritualidade e dignidade, oferecendo-lhes possibilidades de reflexão sobre a sua própria prática.

Participação no Núcleo de Estudos sobre Gestão baseada em Valores – MackGVAL, do Projeto do Procad-235/2007, financiado pela Capes

Quadro 2 - Justificativas práticas

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta pesquisa tem como ponto focal a intenção de realizar uma investigação sobre os constructos espiritualidade e dignidade, à luz dos achados e produções científicas datados de épocas remanescentes até os dias atuais, para respaldar a análise dos dados coletados.

Ao longo dos estudos aqui apresentados serão oferecidas algumas contribuições e reflexões sobre as dimensões da espiritualidade e dignidade, com ênfase na percepção de vários autores e estudiosos que vêm dedicando atenção a pesquisas sobre o significado, importância, possíveis influências e os seus reflexos na prática das organizações contemporâneas. Para embasar os estudos foram adotados os modelos de espiritualidade e dignidade desenvolvidos e validados, pelos autores Rego; Cunha; Souto (2005) e Teixeira et al (2011), respectivamente, como sendo os instrumentos de medição utilizados como âncoras para a realização desta pesquisa, uma vez que esta se propõe a identificar a existência ou não de relação entre espiritualidade e dignidade, segundo os respondentes pesquisados.

Neste capítulo, as seções a seguir apresentam uma possibilidade de compreensão sobre as bases teóricas que sustentam todo o trabalho, através de uma revisão da literatura sobre os construtos Espiritualidade e Dignidade, buscando contemplar aspectos relativos a essas dimensões, segundo a visão de diversos autores, gestores e não gestores de organizações.

2.1 Espiritualidade numa Perspectiva Histórica Contemporânea

Para compreender o surgimento do conceito de espiritualidade cabe se percorrer os movimentos e transformações pelas quais as sociedades já passaram. Há mais de um século, nossa sociedade é palco de inúmeras transformações econômicas, sociais, políticas e culturais e todas elas tiveram as suas origens em acontecimentos que representaram grandes marcos na história. Nessa sequência de episódios, o historiador e sociólogo americano I. Wallerstein destacou o chamado capitalismo histórico (1985) que se caracteriza pela ascensão da racionalização (Weber, 1971), pela acumulação de capital (Marx, 1970), pela hegemonia das categorias econômicas (Polanyi, 1983), pelo desenvolvimento do individualismo (Dumont, 1983), pela obsessão do progresso (Rostow, 1968), pela urbanização (Castells, 1975) e pela explosão tecnológica (Ellul, 1964; Landes, 1975). Com o advento dessas mudanças, o campo do comportamento humano nas organizações passou a ser mais requisitado e transformou-se gradativamente em um objeto científico específico (Audet e Malouin, 1986; Côté et al., 1986; Lorsch, 1987; Cooper e Robertson, 1987, dentre outros) (CHANLAT, 2009).

A preocupação com o estudo do comportamento do homem e suas implicações dentro do contexto organizacional passou a ser explorado, mais notadamente, após a Revolução Industrial, considerando-se que naquela ocasião, se instalava uma significativa mudança na forma de relação entre capital e trabalho, em decorrência do modelo de produção que passou a vigorar com ênfase na eficiência e na produtividade (FLEURY, 2002).

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Desde o Modelo das Relações Humanas criado por Elton Mayo no fim dos anos 1920, a Maslow (1943) com a sua Teoria da Hierarquia das Necessidades, Herzberg (1959), com a sua Teoria dos dois fatores até os dias atuais muito tem sido discutido em torno do comportamento do homem e as variáveis envolvidas nesse fenômeno. Sobre essa perspectiva Sievers, 1997 (apud FLEURY, 2002) colabora com a ideia de que as questões relacionadas ao que pode motivar o indivíduo ganhou maior atenção quando o sentido do próprio trabalho desapareceu ou então foi perdido ao longo da relação capital x trabalho. O autor afirma que a crescente divisão e fragmentação do trabalho, originada pela busca excessiva de eficácia desencadeou uma perda de sentido do próprio trabalho. Para o autor, essa é uma perspectiva sombria da natureza humana, que não considera o subjetivismo do homem e reduz sua atuação profissional a mera relação com um sistema que o controla e dirige (FLEURY, 2002).

Segundo Chanlat (2009), o comportamento organizacional apresenta-se hoje como uma imensa colcha de retalhos, um campo aberto a quase todos os ventos teóricos. Como as ciências administrativas, o campo do comportamento organizacional parece ter se desenvolvido até o presente sob o olhar do isolamento, negligenciando em larga medida os conhecimentos mais recentes das ciências humanas básicas (AUDET; MALOUIN, 1986; DÉRY, 1988a.,1988b; WHITLEY, 1984 apud CHANLAT, 2009).

Quando se considera o vasto panorama da evolução não se pode deixar de considerar as inúmeras mudanças, transformações e eventos que se sucederam na história, o que pode muitas vezes gerar confusão e perda de referência. Ao mesmo tempo, esse processo evolucionário como um todo traz algumas novas configurações e padrões que começam a florescer (RUSSEL, 1982).

Impelidos pela força do amor os fragmentos do mundo buscam-se um ao outro para que o mundo possa vir a existir (CHARDIN, 1993)

Russell (1982), fazendo uma analogia com o mundo contemporâneo resgata que a energia produzida a partir do big-bang construiu uma ordem inteiramente nova de existência: a matéria física. Porém foi a partir dela que surgiu uma nova ordem: a vida e, dessa nova ordem, emergiu a consciência auto-reflexiva. Cada uma dessas novas ordens de existência representou um grande passo no processo evolucionário, trazendo consigo propriedades e características inéditas. Nesse sentido não é apenas no plano material que a sociedade está se organizando. A própria evolução dos seres humanos fez surgir a capacidade de refletir sobre o mundo e com isso abriu-se uma nova possibilidade de haver evolução em nível mental e intelectual. Agora o ponto mais sensível da evolução é a consciência auto-reflexiva e para haver efetivamente uma evolução em níveis superiores de integração, as mudanças mais cruciais terão de ocorrer no domínio da consciência humana – e no da consciência individual em particular.

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tipo de estudo teve as suas pesquisas iniciadas, ainda sob um cunho de experiências religiosas, a partir das contribuições dos psicólogos William James e Carl Jung, seguidos, na década de 1950, por Abraham Maslow, Roberto Assagioli e outros. Talvez uma questão vital para a humanidade nos dias atuais seja o seu despertar interior e com uma maior pressa (RUSSELL, 1982)

2.2 Espiritualidade - Um Conceito em Discussão

O termo “espiritualidade'' vem da palavra latina “spiritus'' ou '' spiritualis” que significa respiração, sopro, ar ou vento. Spiritus é definido como'' uma animação ou princípio vital realizado para dar vida ao organismo físico” (Merriam-Webster Dicionário On line - Enciclopédia Britânica). Isto implica que espírito é a força da vida que habita em nós quando estamos vivos (Garcia-Zamor, 2003). Scott (1994) oferece uma definição paralela para o espírito como sendo ''o princípio vital ou força de seres vivos”. Espiritualidade, conforme definido por Mitroff e Denton (1999), é ''o sentimento básico de estar conectado com o próprio eu, com os outros e com o universo inteiro''. (KARAKAS, 2010).

No mesmo tom, Mitroff (2003) reconhece que há algo profundo e fundamental em todos nós que necessita ser reconhecido e alimentado diariamente. Para ele, espiritualidade tem um papel legítimo a desempenhar no local de trabalho e fica difícil conceber a ideia de que as organizações possam oferecer produtos de padrão mundial ou fornecer serviços do mesmo nível com uma força de trabalho emocionalmente depauperada ou espiritualmente empobrecida. Mitroff (1998) defende que espiritualidade pode ser o mais importante componente de todos os sistemas de gestão.

Fugindo da visão mais comum de que a espiritualidade está apenas relacionada à religião, aqui é trazida uma visão diferente da compreensão cotidiana. Para elucidar essa diferença cabe tratar sobre o conceito puro de espírito. O espírito é o modo de ser. Não é uma parte do ser humano, é uma maneira de ser desse ser exótico na natureza que aparece como homem e mulher, na medida em que ele faz história, isto é, constrói a si mesmo junto com os outros. É um ser cultural, da natureza, mas que atua sobre ela, modificando-a: destruindo-a ou pilotando-a positivamente. É um ser ético, que decide os prós e os contras, que tanto pode desejar o bem do outro, associando-se a ele, como pode rejeitá-lo, eliminando-o […] espiritualidade é captar esse movimento do mundo, o seu dinamismo, a presença do Espírito nas coisas todas (BACELAR, 2009).

Imagem

Figura 3 - Escopo da espiritualidade  Fonte: Vasconcelos (2008) PARADIGMA DA  ESPIRITUALIDADE INDIVÍDUO Consciência Decisões Humanizadas  Responsabilidade  Cidadania  SOCIEDADE ORGANIZAÇÃO
Figura 7 - Variáveis analisadas e suas respectivas amostras  Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 12 - Concordância e discordância com relação ao fator  “ Alinhamento do indivíduo  com os valores da organização”
Tabela 14 -  Concordância e discordância com relação ao fator “Alegria no Trabalho”
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