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Pontos fixos por grupos finitos agindo sobre grupos solúveis de tipo FP infinito

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PONTOS FIXOS POR GRUPOS FINITOS AGINDO

SOBRE GRUPOS SOLÚVEIS DE TIPO F P infinito

CAMPINAS 2013

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Biblioteca do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Ana Regina Machado - CRB 8/5467

Lima, Francismar Ferreira,

L628p LimPontos fixos por grupos finitos agindo sobre grupos solúveis de tipo FP infinito / Francismar Ferreira Lima. – Campinas, SP : [s.n.], 2013.

LimOrientador: Dessislava Hristova Kochloukova.

LimDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica.

Lim1. Teoria dos grupos. 2. Invariantes geométricos. 3. Grupos solúveis. I.

Kochloukova, Dessislava Hristova,1970-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Fixed points by finite groups acting on soluble groups of type FP

infinity

Palavras-chave em inglês:

Group theory

Geometric invariants Soluble groups

Área de concentração: Matemática Titulação: Mestre em Matemática Banca examinadora:

Dessislava Hristova Kochloukova [Orientador] Adriano Adrega de Moura

Aline Gomes da Silva Pinto

Data de defesa: 13-09-2013

Programa de Pós-Graduação: Matemática

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ABSTRACT

This work discusses the Theory of Groups and it specically discusses a especial class of groups, that is, groups of type F P∞. A group G is of type F P∞ if it is of type F Pm for all

m ∈ Z+∪ {0} and it is of type F Pm if there is a partial projective resolution of the trivial

ZG-module Z where each projective in dimension less than or equal to m is nitely generated. The main aim of this work is to show that the xed points by nite groups acting on soluble groups of type F P∞ form a subgroup of type F P∞ as well as proved in C. Martinez-Perez,

B. E. A. Nucinkis. Virtually soluble groups of type F P∞. Comment. Math. Helv., 2010. no

1 v. 85. p. 135-150. One of the essentials tools that was used to demonstrate this fact was the Bieri-Strebel geometric invariant Σ as well as some results about soluble groups of type F P∞.

Keywords: niteness conditions, soluble groups of type F P∞, Bieri-Strebel geometric

invariant Σ, nilpotent-by-abelian-by-nite groups, constructible groups

RESUMO

Este trabalho aborda a Teoria de Grupos e, especicamente, uma classe especial de grupos: grupos de tipo F P∞. Um grupo G é de tipo F P∞ se é de tipo F Pm para cada m ∈ Z+∪ {0}

e é de tipo F Pm se existe uma resolução parcial projetiva do ZG-módulo trivial Z onde cada

projetivo em dimensão menor ou igual a m é nitamente gerado. O objetivo principal deste trabalho é mostrar que os pontos xos por grupos nitos agindo sobre grupos solúveis de tipo F P∞ formam subgrupo também de tipo F P∞ como mostrado em C. Martinez-Perez,

B. E. A. Nucinkis. Virtually soluble groups of type F P∞. Comment. Math. Helv., 2010.

no 1 v. 85. p. 135-150. Para a demonstração desse fato, uma das ferramentas essenciais

utilizadas foi o invariante geométrico Σ de Bieri-Strebel, bem como alguns resultados sobre grupos solúveis de tipo F P∞.

Palavras-chaves: condições de nitude, grupos solúveis de tipo F P∞, invariante

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SUMÁRIO

Epígrafe xi

Agradecimentos xiii

Tabela de Símbolos Especiais xv

Prefácio xvii

Introdução 1

1 Propriedades Básicas de Grupos e Módulos e Denições Preliminares 3

1.1 Propriedades Básicas de Grupos e Denições Preliminares . . . 3

1.1.1 Alguns Resultados sobre Grupos Arbitrários . . . 3

1.1.2 Cálculos com Comutadores, Série Central Descendente e Grupos Nil-potentes . . . 13

1.1.3 Ações de Grupos sobre Conjuntos e sobre Grupos . . . 20

1.1.4 Alguns Resultados sobre Grupos Finitamente Gerados . . . 24

1.1.5 Alguns Resultados sobre Grupos Abelianos Finitamente Gerados . . . 25

1.1.6 Alguns Resultados sobre Grupos Finitamente Apresentáveis . . . 27

1.1.7 Extensões HNN e Grupos Solúveis Construtíveis . . . 43

1.2 Propriedades Básicas de Módulos e Denições Preliminares . . . 44

1.2.1 Alguns Resultados sobre Módulos Arbitrários . . . 44

1.2.2 Anel de Grupo e Ações de Grupos sobre Aneis e Módulos . . . 46

1.2.3 Produto Tensorial de Módulos . . . 55

1.2.4 Aneis e Módulos Noetherianos . . . 68

1.2.5 Anel de Fração e Localização . . . 75

2 Invariante Geométrico Σ de Bieri-Strebel 81 2.1 Denições e Alguns Resultados . . . 81

2.2 Alguns Exemplos . . . 92

3 Propriedades de Grupos de Tipo F P∞ 97 4 Centralizadores de Grupos Finitos em Grupos Solúveis de Tipo F P∞ 117 4.1 Denições e Resultados Preliminares . . . 117

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Chora de manso e no íntimo... procura Tentar curtir sem queixa o mal que te crucia: O mundo é sem piedade e até riria Da tua inconsolável amargura. Só a dor enobrece e é grande e é pura. Aprende a amá-la que a amarás um dia. Então ela será tua alegria, E será ela só tua ventura... A vida é vã como a sombra que passa Sofre sereno e de alma sombranceira Sem um grito sequer tua desgraça. Encerra em ti tua tristeza inteira E pede humildemente a Deus que a faça Tua doce e constante companheira... Manuel Bandeira

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AGRADECIMENTOS

Aqui cometerei injustiças, uma vez que foram tantas pessoas, momentos, situações, ex-periências que, de uma forma ou outra, direta ou indiretamente, contribuíram e ajudaram para que este trabalho existisse que ca difícil mencionar todos, do contrário, eu precisaria de capítulos e não só de duas páginas. Cometerei a injustiça, então, de mencionar somente alguns.

Gostaria de agradecer, e muito, à minha orientadora, professora Dessislava, pela atenção aguçada, a prestatividade, as inúmeras dicas e conselhos valiosos, o compromisso, a serie-dade, a paciência enorme e a dedicação incansável. Posso dizer que com ela aprendi bastante Matemática. Além disso, a professora Dessislava teve uma participação decisiva nesta Dis-sertação. Sua paciência para abrir inúmeras contas no papel e sua dedicação em me mostrar os caminhos foram inestimáveis para este trabalho. Por isso tudo a ela sou realmente muito grato.

Agradeço à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico) que possibilitaram a minha dedicação a este trabalho por meio do apoio nanceiro, à UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e ao IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Cientíca) pela oportunidade de estar aqui, ao SAE (Serviço de Apoio ao Estudante) e ao PME (Programa de Moradia Estudantil) pela ajuda incomensurável.

Agradeço aos professores (ou ex-professores) do IMECC pela dedicação e pela minha formação. Muitos deles ajudaram muito a amainar a aspereza das tecnicidades matemáticas e conseguiram me fazer ver a beleza sutil da Matemática. Em especial, agradeço aos professores Adriano, Christina, Daniela, Dessislava, Plamen, Sérgio pela caminhada de anos e pelos ensinamentos de vida.

Agradeço aos colegas de Mestrado e de Doutorado do IMECC por uma ou outra ajuda com materiais, informações, alguma continha ou exercício, ou mesmo a companhia em algum almoço ou jantar. Em especial, ao Nuno por contribuições signicativas em meu aprendizado em Matemática ao longo destes anos.

Agradeço aos amigos em Minas Gerais e em São Paulo pelos momentos de conversa (que com alguns duravam horas a o...), de reexão, de acolhida, ou de puro extravasamento que, mesmo indiretamente, ajudaram na conclusão deste trabalho. Em especial, à Iza e ao Márcio pelas acolhidas carinhosas em São Paulo (e pelo computador, que me ajudou muito com parte da digitação deste trabalho) e, em especial também, aos amigos de escalada por me propiciarem momentos ímpares em cada rocha, ou em cada bandejão...

Agradeço à minha mãe pelo amor incondicional, pela força hercúlea, pelo exemplo de postura perante a vida, pela alegria e o bom humor sempre, sempre presentes, pelo carinho,

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situações hostis. Agradeço ao meu pai pela sabedoria, pela calmaria, pela doçura no trato, pela bondade na alma, pelo exemplo de humildade, coisas essas que sempre me foram fonte de força e vontade.

Agradeço à Vida pelos sabores e dissabores... Por cada Leão que me foi dado e, muitos dos quais, venho conseguindo matar. Pois, de fato, o conceito de vitória só faz sentido se existiu batalha. E pela batalha que foi este trabalho e muitas outras, menores ou maiores, sou real e profundamente grato.

À Bia: meu Deus! Que sorte a minha te encontrar! Agradeço pelo amor, pela dedicação rme, pelo cuidado sempre presente. Agradeço por ter dividido comigo momentos tão sem-palavras... e, principalmente, pelo tão vibrante e gostoso sorriso...

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TABELA DE SÍMBOLOS ESPECIAIS

R - anel associativo com identidade Z - conjunto dos números inteiros

Z+ - conjunto dos números inteiros positivos

Q - conjunto dos números racionais R - conjunto dos números reais

R+ - conjunto dos números reais positivos

Sn - esfera n-dimensional contida em Rn+1

Z - grupo abeliano usual dos inteiros, ou anel usual dos inteiros Q - corpo usual dos racionais, ou Q-espaço vetorial

R - grupo abeliano cujo conjunto de elementos é o conjunto dos números reais R e a operação é a soma usual em R

Zn - grupo abeliano cujo conjunto de elementos é o conjunto de n-uplas de números

inteiros Zn e a operação é a soma usual em Zn

Rn - grupo abeliano cujo conjunto de elementos é o conjunto de n-uplas de números

reais Rn e a operação é a soma usual em Rn

0- subgrupo trivial de grupo com a operação com notação aditiva, ou submódulo trivial de módulo

1 - subgrupo trivial de grupo com a operação com notação multiplicativa

1G ou 1 - elemento neutro do grupo G com operação com notação multiplicativa

0A ou 0 - elemento neutro do grupo A com operação com notação aditiva, ou elemento

neutro do módulo A

Hom(G, H) - grupo abeliano aditivo dos homomorsmos de grupo de um grupo G em um grupo H 1

1A operação + de grupo abeliano aditivo em Hom(G, H) é tomada como sendo, ∀ϕ1, ϕ2∈ Hom(G, H)e

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do módulo B

A ≥ B - signica que o grupo B é subgrupo do grupo A, ou que o módulo B é submódulo do módulo A

|X| - cardinalidade do conjunto X

|g| - ordem do elemento g pertencente a algum grupo G1× G2 - produto direto dos grupos G1 e G2

- - símbolo que signica "não divide" C - símbolo que denota subgrupo normal

Ccar - símbolo que denota subgrupo característico

= - símbolo que signica "isomorfo a"

 - símbolo utilizado para funções que são sobrejetivas  - símbolo utilizado para funções que são injetivas ,→ - símbolo utilizado para funções que são inclusões ↔ - símbolo utilizado para bijeção entre conjuntos

[G : H] - símbolo que denota o índice do subgrupo H no grupo G MR - classe dos R-módulos à direita

RM - classe dos R-módulos à esquerda

RMS - classe dos (R − S)-bimódulos, sendo S um anel associativo com identidade •

[ - símbolo utilizado para união disjunta Ns

ZA - símbolo utilizado para indicar A ⊗Z. . . ⊗ZA

| {z }

svezes

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PREFÁCIO

Quando escrevi este trabalho, o meu compromisso para com o leitor era criar um texto que fosse o mais autocontido possível, fazendo pressupostos apenas de teoria de grupos básica e de noções básicas de teoria de módulos. O motivo desse compromisso era criar um texto que fosse acessível, principalmente, aos alunos de graduação em Matemática que tivessem curiosidade em relação à Álgebra e, mais especicamente, à Teoria de Grupos. Um texto que não afugentasse os graduandos, pelo contrário, atraísse-os. Um texto que desse, principal-mente, ao estudante de graduação em Matemática um pouco de noção dessa área de estudo antes mesmo dele ingressar no Mestrado. No entanto, uma autocontinência absoluta em uma Dissertação de Mestrado é, no mínimo, difícil na minha opinião, hajam vista a limitação de tempo para se concluir o trabalho, a grande quantidade de páginas que a mesma teria e o fato de talvez não ser esse o espírito da coisa. Dessa forma, embora a autocontinência de teoria não fora absoluta neste trabalho, essa motivação de escrever um trabalho que fosse também útil aos estudantes de graduação explica o porquê do grande volume de páginas desta Disser-tação, bem como a insistência em enunciar e demonstrar resultados óbvios (principalmente no primeiro capítulo) e a delonga em algumas demonstrações.

Com relação à classicação de fatos matemáticos em Lemas, Proposições e Teoremas, como tal classicação é de certa forma subjetiva, nesta Dissertação classiquei como Lemas resultados menores, ou técnicos, ou mesmo resultados que foram utilizados imediatamente em seguida de serem enunciados e demonstrados, classiquei como Proposições resultados mais relevantes no trabalho, ou resultados de interesse mais geral para a teoria de grupos ou módu-los e como Teoremas os resultados mais importantes no trabalho, ou resultados consagrados como teoremas, ou ainda resultados de demonstrações mais delicadas e intrincadas.

Espero que esse material atenda, pelo menos em parte, essas minhas expectativas e, oxalá, seja também útil a outrem que o leia como também me fora escrevê-lo.

Francismar Ferreira Lima Agosto de 2013 Campinas, SP

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Introdução

Seja R um anel associativo com identidade arbitrário. Dizemos que um R-módulo M é de tipo F Pn, com n ∈ Z+∪ {0}, se existe uma resolução parcial projetiva do R-módulo M

Pn→ . . . → P0 → M →0

onde, para 0 ≤ i ≤ n, cada R-módulo Pi é nitamente gerado. Temos, assim, que um

módulo é de tipo F P0 se, e somente se, é nitamente gerado e um módulo ser de tipo F P1

é equivalente ao mesmo ser nitamente apresentável. Se um módulo é de tipo F Pn, então,

obviamente, o mesmo é de tipo F Pi para 0 ≤ i ≤ n, daí que os tipos F P2, F P3, etc são

restrições sucessivamente mais fortes impostas ao módulo. Um módulo é de tipo F P∞ se é

de tipo F Pn para cada n ∈ Z+∪ {0}.

Nesta dissertação estudamos os pontos xos por grupos nitos que agem sobre grupos solúveis de tipo F P∞. Um grupo é de tipo F P∞ se é de tipo F Pn para cada n ∈ Z+∪ {0} e

ser de tipo F Pn signica que existe resolução parcial projetiva do ZG-módulo trivial Z onde

cada projetivo em dimensão menor ou igual n é nitamente gerado.

No primeiro capítulo desta Dissertação, estudamos propriedades básicas de grupos que foram usadas mais tarde, ao longo do texto. Os resultados desse primeiro Capítulo são basica-mente "lemas" para o restante do trabalho. Em [12], temos resultado que classica os grupos solúveis de tipo F P∞ como grupos obtidos do grupo trivial por meio de extensões nitas,

ou extensões HNN, isto é, como grupos solúveis construtíveis. Por causa disso, estudamos também, nesse primeiro Capítulo, grupos livres, grupos nitamente apresentáveis e exten-sões HNN. Existem outras construções importantes, como produtos livres amalgamados, mas como esses, em geral, não geram grupos solúveis, não os mencionamos neste trabalho.

A parte principal da Dissertação é estudar o artigo [14]. Uma das ferramentas principais usadas é o invariante geométrico Σ de Bieri-Strebel denido para grupos nilpotente-por-abeliano-por-nitos no artigo [7]. Este invariante generaliza o primeiro invariante Σ denido em [8]. Observamos ainda em [7] que os grupos solúveis construtíveis nitamente gerados são nilpotente-por-abeliano-por-nitos e que o invariante geométrico Σ de Bieri-Strebel foi crucial para caracterizar os grupos metabelianos nitamente apresentáveis no artigo [8]. Támbem existe classicação de grupos nilpotente-por-abeliano-por-nitos de tipo F P∞ por meio do

invariante geométrico Σ de Bieri-Strebel, o que é enunciado no Capítulo 3.

Estudamos o invariante geométrico Σ de Bieri-Strebel no Capítulo 2 deste trabalho. Como este invariante é denido usando módulos, estudamos, na parte preliminar, teoria de módu-los noetherianos e localização em aneis comutativos. Embora exista conexão entre teoria de valorizações e o invariante geométrico Σ de Bieri-Strebel, não abordamos esse fato na Dissertação. Entretanto, o estudo deste invariante, em geral, é baseado em métodos de Álge-bra Comutativa. A demonstração do resultado principal usa técnicas de grupos nilpotentes,

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como série central descendente de grupo nilpotente e apresentação de fatores desta série como quocientes de potências tensoriais da abelianização do grupo em questão. Assim, incluímos, na parte preliminar, resultados básicos sobre produto tensorial.

O Capítulo 3 cou dedicado a denições preliminares e a alguns resultados sobre grupos de tipo F P∞.

O resultado principal, que diz que se G for um grupo solúvel de tipo F P∞com grupo nito

F agindo sobre G, então o subgrupo de pontos xos CG(F ) = {g ∈ G : gf = g, ∀f ∈ F } é

também de tipo F P∞, é demonstrado no último capítulo desta Dissertação. Esse resultado é o

principal resultado no artigo [14]. Uma vez que CG(F )é de tipo F P∞, temos como implicação

que NG(F ) = {g ∈ G : Fg = F } é também de tipo F P∞, pois [NG(F ) : CG(F )] < ∞. Em

[14] é mostrado também que cada extensão H de G por F tem número nito de classes de conjugação de subgrupos nitos. Assim, aplicando um teorema de W. Lück ([14, Theorem 1.2, p. 136]), cada extensão H de G por F tem modelo de tipo nito para EH, isto é, existe um H-CW -complexo X, denominado de espaço de classicação de ação própria, tal que XS = {x ∈ X : xs = x, ∀s ∈ S} é contráctil se S é subgrupo nito de H e XS = ∅ se S

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Capítulo 1

Propriedades Básicas de Grupos e

Módulos e Denições Preliminares

1.1 Propriedades Básicas de Grupos e Denições

Preli-minares

1.1.1 Alguns Resultados sobre Grupos Arbitrários

Teorema 1.1 (1o Teorema de Isomorsmo para Grupos). Sejam G, H grupos e ϕ : G → H

um homomorsmo de grupos. Então,

ker(ϕ) C G e G/ker(ϕ) ∼= Im(ϕ). Tal isomorsmo de grupos é dado por

gker(ϕ) 7→ ϕ(g).

Demonstração. (Ver [16, Theorem 1.76 (First Isomorphism Theorem, p. 50].)

Teorema 1.2 (2o Teorema de Isomorsmo para Grupos). Sejam G um grupo, H C G e K

um subgrupo de G. Então, HK é subgrupo de G, H ∩ K C K e K/(H ∩ K) ∼= HK/H.

Demonstração. (Ver [16, Theorem 1.80 (Second Isomorphism Theorem, p. 52].)

Teorema 1.3 (3o Teorema de Isomorsmo para Grupos). Sejam G um grupo e H, K C G

tais que K ⊆ H. Então, H/K C G/K e

(G/K)/(H/K) ∼= G/H.

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Teorema 1.4 (Teorema de Correspondência para Grupos). Sejam G um grupo, H C G, π : G  G/H a projeção canônica, A a família de subgrupos de G os quais contêm H e B a família de subgrupos de G/H. Então, existe uma função bijetiva θ : A → B dada por

A 7→ π(A) = A/H, para todo A ∈ A, onde θ−1 : B → A é dada por

B 7→ π−1(B), para todo B ∈ B.

Além disso, dados A1, A2 ∈ A, A1 ⊆ A2 se, e somente se, A1/H ⊆ A2/H e A1 C A2 se, e

somente se, A1/H C A2/H.

Demonstração. (Ver [16, Proposition 1.82 (Correspondence Theorem, p. 53].)

Lema 1.1. Sejam I um conjunto de índices, G um grupo e {Gi : i ∈ I} uma família de

subgrupos de G. Temos que \

i∈I

Gi é subgrupo de Gi, ∀i ∈ I.

Demonstração. Sejam g1, g2 ∈

\

i∈I

Gi. Temos, então, que g1, g2 ∈ Gi, ∀i ∈ I. Como Gi é

grupo, ∀i ∈ I, segue que g1g2−1 ∈ Gi, ∀i ∈ I, logo g1g2−1 ∈

\

i∈I

Gi.

Lema 1.2. Sejam G grupo e F = {HiC G : i ∈ I} uma família de subgrupos normais de G

(onde I é algum conjunto de índices). Então, \

i∈I

HiC G.

Demonstração. Pelo Lema 1.1 (p. 4), temos que \

i∈I

Hi é subgrupo de G. Seja x ∈

\

i∈I

Hi.

Então, x ∈ Hi, ∀i ∈ I. Como HiC G, ∀i ∈ I, segue que, gxg−1 ∈ Hi, ∀g ∈ G e ∀i ∈ I. Daí

que, ∀g ∈ G, gxg−1 \

i∈I

Hi. Como x ∈

\

i∈I

Hi foi tomado arbitrário, segue que g(

\ i∈I Hi)g−1⊆ \ i∈I Hi, ∀g ∈ Ge, portanto, \ i∈I HiC G.

Lema 1.3. Sejam G um grupo, S um subgrupo de G e H C G. Então, H ∩ S C S.

Demonstração. Dado s ∈ S, seja x ∈ s(H ∩ S)s−1. Então, x = sys−1, para algum y ∈ H ∩ S.

Por um lado, y ∈ S implica que x = sys−1 ∈ S. Por outro lado, y ∈ H e H C G acarretam

que x = sys−1 ∈ H. Daí que x ∈ H ∩ S e, portanto, como x ∈ s(H ∩ S)s−1 foi tomado

arbitrário, temos que s(H ∩ S)s−1 ⊆ H ∩ S, ∀s ∈ S. Segue, assim, que H ∩ S C S.

Lema 1.4. Sejam G um grupo e S, A, B subgrupos de G. Se B C A, então B ∩ S C A ∩ S. Demonstração. Dado a ∈ A ∩ S, seja x ∈ a(B ∩ S)a−1. Então, x = aya−1, para algum

y ∈ B ∩ S, e como a, a−1, y ∈ S, segue que x ∈ S. Agora, y ∈ B e B C A, logo aya−1 ∈ B, o que acarreta que x ∈ B e, consequentemente, x ∈ B ∩ S, daí que, como x ∈ a(B ∩ S)a−1 foi

(23)

Lema 1.5. Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. Se [G : H] < ∞, então existe um subconjunto nito T de G tal que

\

g∈G

g−1Hg = \

t∈T

t−1Ht.

Demonstração. Como [G : H] < ∞, existe um subconjunto nito T de G tal que G =

[

t∈T

Ht (T é uma transversal à direita de H em G). Assim, dado g ∈ G, segue que existe único t ∈ T tal que g ∈ Ht e, portanto, existe único h ∈ H tal que g = ht, logo

g−1Hg = (t−1h−1)H(ht) = t−1Ht. Daí que \ g∈G g−1Hg = \ t∈T t−1Ht, onde T é nito.

Proposição 1.1. Sejam G, H grupos e ϕ : G → H um homomorsmo de grupos. a) Se A é subgrupo de G, então ϕ−1(ϕ(A)) = Aker(ϕ).

b) Se B é subgrupo de H, então ϕ(ϕ−1(B)) = B ∩ Im(ϕ), onde para um subgrupo C de

H, temos que ϕ−1(C) = {g ∈ G : ϕ(g) ∈ C} é subgrupo de G.

Demonstração. a) Primeiramente, vamos mostrar que Aker(ϕ) ⊆ ϕ−1(ϕ(A)). Temos que

ker(ϕ) = ϕ−1({1H}) ⊆ ϕ−1(ϕ(A)) e A ⊆ ϕ−1(ϕ(A)). Como ϕ−1(ϕ(A)) é subgrupo de G,

segue que Aker(ϕ) ⊆ ϕ−1(ϕ(A)). Para mostrar a inclusão inversa, seja g ∈ ϕ−1(ϕ(A)). Logo,

ϕ(g) ∈ ϕ(A), isto é, existe a ∈ A tal que ϕ(g) = ϕ(a), o que implica que ϕ(a)−1ϕ(g) = 1H,

ou seja, ϕ(a−1g) = 1

H, o que acarreta que a−1g ∈ ker(ϕ). Portanto, existe g0 ∈ ker(ϕ)

tal que g = ag0 ∈ Aker(ϕ). Como g ∈ ϕ−1(ϕ(A)) foi tomado arbitrário, concluímos que

ϕ−1(ϕ(A)) ⊆ Aker(ϕ).

b) Das denições de imagem e pré-imagem de uma função segue que ϕ(ϕ−1(B)) ⊆ B ∩

Im(ϕ). A m de mostrarmos a inclusão inversa, seja b ∈ B ∩ Im(ϕ). Como b ∈ Im(ϕ), existe g ∈ G tal que b = ϕ(g). Como b ∈ B, b = ϕ(g) ∈ B, daí que g ∈ ϕ−1(B) e,

portanto, b = ϕ(g) ∈ ϕ(ϕ−1(B)). Como b ∈ B ∩ Im(ϕ) foi tomado arbitrário, segue que

B ∩ Im(ϕ) ⊆ ϕ(ϕ−1(B)).

Lema 1.6. Sejam G um grupo, A, B subgrupos de G tais que A C G ou B C G e N C G tal que N ⊆ A, B. Então, A/N · B/N = (AB)/N.

Demonstração. Como N C G, resulta que A/N, B/N são grupos e se A C G ou B C G, então AB é subgrupo de G, daí que AB/N também é grupo. Assim, dadas as classes laterais aN ∈ A/N e bN ∈ B/N, segue que aN · bN = abN. Concluímos, portanto, que A/N · B/N = (AB)/N.

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Lema 1.7. Sejam G um grupo, H C G e π : G  G/H o homomorsmo de grupos projeção canônica. Sejam também C um subgrupo de G/H e B C G/H. Então,

π−1(BC) = π−1(B)π−1(C).

Demonstração. Como C é subgrupo de G/H e B C G/H, pelo Teorema 1.4 (p. 4) (Teorema de Correspondência para Grupos), segue que

π−1(C)é subgrupo de G e π−1(B) C G com B = π(π−1

(B)) = π−1(B)/H e C = π(π−1(C)) = π−1(C)/H.

Assim, BC = (π−1(B)/H) · (π−1(C)/H)e, pelo Lema 1.6 (p. 5), (π−1(B)/H) · (π−1(C)/H) =

(π−1(B)π−1(C))/H, isto é,

BC = (π−1(B)π−1(C))/H o que implica que

π−1(BC) = π−1(B)π−1(C).

Lema 1.8. Sejam G um grupo, N C G e K, H subgrupos de G tais que K ⊆ H. Se [H : K] < ∞, então [NH : NK] < ∞.

Demonstração. Como N C G, temos que NH, NK são subgrupos de G. Além disso, como K ⊆ H, segue que NK ⊆ NH e, por hipótese,

H =

[

t∈T

Kt,

onde T é subconjunto de H e |T | < ∞ (T é uma transversal à direita de K em H). Obser-vamos, assim, que

N H = N ( • [ t∈T Kt) = [ t∈T N Kt. Portanto, [NH : NK] ≤ |T | < ∞.

Proposição 1.2. Sejam G, H grupos e π : G  H um epimorsmo de grupos.

a) Se B e A são subgrupos de H tais que B ⊆ A, então [π−1(A) : π−1(B)] = [A : B].

b) Se B C A C H, então π−1

(B) C π−1(A) C G e π−1(A)/π−1(B) ∼= A/B.

Demonstração. a) Como B é subgrupo de A, temos que π−1(B) é subgrupo de π−1(A), daí

que π−1(A) = • [ t∈T π−1(B)t, (1.1)

(25)

para algum subconjunto T de π−1(A), onde π−1(B)t é classe lateral à direita de π−1(B) em

π−1(A), ∀t ∈ T (T é uma transversal à direita de π−1(B) em π−1(A)). Logo, A = π(π−1(A)) = π( • [ t∈T π−1(B)t) = [ t∈T π(π−1(B))π(t) = [ t∈T Bπ(t) = [ π(t)∈π(T ) Bπ(t) = = • [ π(t)∈π(T ) Bπ(t), (1.2)

onde essa última união é, de fato, disjunta, pois, do contrário, existiriam π(t1), π(t2) ∈ π(T )

tais que π(t1) 6= π(t2)e Bπ(t1) = Bπ(t2). Logo, π(t1)π(t2)−1 = π(t1t−12 ) ∈ B, o que implicaria

que t1t−12 ∈ π−1(B) e, portanto, π−1(B)t1 = π−1(B)t2. Mas, t1 6= t2, pois π(t1) 6= π(t2).

Assim, teríamos uma contradição com a união disjunta em (1.1) (p. 6).

Temos também que |T | = |π(T )|, pois, dados t1, t2 ∈ T, se t1 6= t2, então por (1.1) (p. 6)

π−1(B)t1 6= π−1(B)t2, logo t1t2−1 ∈ π/ −1(B), o que implica que π(t1t−12 ) /∈ B e, portanto, por

(1.2) (p. 7) π(t1) 6= π(t2). Por (1.1) (p. 6) e (1.2) (p. 7), segue que

[π−1(A) : π−1(B)] = |T | = |π(T )| = [A : B].

b) Como BCACH, pelo Teorema 1.4 (p. 4) (Teorema de Correspondência para Grupos), temos que π−1

(B) C π−1(A) C G. Sejam ρ : A  A/B o homomorsmo de grupos projeção canônica e ψ : π−1(A) → A denida por ψ(x) = π(x), ∀x ∈ π−1(A). Denamos

θ : π−1(A) → A/B por θ := ρψ.

Como ψ e ρ são epimorsmos de grupos, segue que θ também o é. Pelo Teorema 1.1 (p. 3) (1o Teorema de Isomorsmo para Grupos), π−1(A)/ker(θ) ∼

= Im(θ) = A/Be, por outro lado, ker(θ) = θ−1(1) = (ρψ)−1(1) = ψ−1ρ−1(1) = π−1(B). Daí que π−1(A)/π−1(B) ∼= A/B. Corolário 1.1. Sejam G, H grupos, ϕ : G → H um isomorsmo de grupos e A1, B1 subgrupos

de G tais que B1C A1. Então, A1/B1 ∼= ϕ(A1)/ϕ(B1).

Demonstração. Basta usar o Teorema 1.4 (p. 4) (Teorema de Correspondência para Grupos) e a Proposição 1.2 b) (p. 6).

Proposição 1.3. Sejam G um grupo e A, B subgrupos de G. Se [G : A] < ∞, então [B : A ∩ B] < ∞.

Demonstração. Por hipótese [G : A] < ∞, logo G/A = {Ag : g ∈ G} é um conjunto nito, onde, ∀g ∈ G, Ag denota a classe lateral à direita de A em G. Temos que ∆ = {Ab : b ∈ B} é também um conjunto nito, pois B ⊆ G. Vamos mostrar que existe uma bijeção entre os conjuntos ∆ e B/(A ∩ B) = {(A ∩ B)b : b ∈ B}. Seja ϕ : B/(A ∩ B) → ∆ dada por

ϕ((A ∩ B)b = Ab

Então, ϕ está bem denida, pois, dados (A∩B)b1, (A∩B)b2 ∈ B/(A∩B)tais que (A∩B)b1 =

(A ∩ B)b2, segue que b1b−12 ∈ A ∩ B ⊆ A, logo Ab1 = Ab2, isto é, ϕ((A∩B)b1) = ϕ((A ∩ B)b2).

(26)

ϕ((A∩B)b1) = ϕ((A∩B)b2), então Ab1 = Ab2, o que implica que b1b−12 ∈ A. Como b1, b2 ∈ B,

temos também que b1b−12 ∈ B. Daí que b1b−12 ∈ A ∩ B, ou seja, (A ∩ B)b1 = (A ∩ B)b2.

Além disso, observe que, por construção, ϕ é sobrejetiva. Desta forma, concluímos que |∆| = |B/(A ∩ B)|e, portanto, B/(A∩B) é um conjunto nito. Assim, [B : A∩B] < ∞. Proposição 1.4. Sejam G, H grupos, ϕ : G → H um homomorsmo de grupos, A, B subgrupos de G tais que B ⊆ A. Se [A : B] < ∞, então [ϕ(A) : ϕ(B)] < ∞.

Demonstração. Por hipótese temos que existe um subconjunto T de A tal que A =

[

t∈T

Bt e |T | < ∞, (T é uma transversal à direita de B em A). Daí que

ϕ(A) = ϕ( • [ t∈T Bt) = [ t∈T ϕ(B)ϕ(t) = [ ϕ(t)∈ϕ(T ) ϕ(B)ϕ(t).

Visto que ϕ(B)ϕ(t) é classe lateral à direita de ϕ(B) em ϕ(A) para todo ϕ(t) ∈ ϕ(T ), podemos tomar essa última união como sendo também disjunta, bastando para isso que eliminemos da união as classes laterias repetidas. Assim, teremos que

ϕ(A) =

[

y∈Y

ϕ(B)y, onde Y ⊆ ϕ(T ).

Daí que [ϕ(B) : ϕ(A)] = |Y | ≤ |ϕ(T )| ≤ |T | < ∞.

Notação 1.1. Seja G um grupo. Denotemos por G0 o grupo comutador de G, isto é,

G0 = h{[g1, g2] ∈ G : g1, g2 ∈ G}i, onde [g1, g2] = g1−1g −1

2 g1g2 ∈ G.

Proposição 1.5. Sejam G um grupo e H C G. Então, G/H é grupo abeliano se, e somente se, G0 ⊆ H. Em particular G/G0 é grupo abeliano.

Demonstração. Vamos mostrar que se G/H é grupo abeliano, então G0 ⊆ H. Seja x ∈ G0.

Então, x = [y1, z1]ε1 · . . . · [yn, zn]εn, com n ∈ Z+, yi, zi ∈ G e εi ∈ {−1, 1}, onde 1 ≤

i ≤ n. Agora, ∀i ∈ {1, . . . , n}, sejam yiH, ziH classes laterais em G/H. Como G/H é

grupo abeliano, temos que yiH · ziH = ziH · yiH e, portanto, y−1i z −1

i yiziH = H. Segue que

[yi, zi] ∈ H. Como H é grupo, obtemos que x ∈ H. Daí que, por x ∈ G0 ter sido tomado

arbitrário, G0 ⊆ H.

Mostraremos agora a armação recíproca. Sejam xH, yH classes laterais em G/H, onde x, y ∈ G. Como G0 ⊆ H, temos que [x, y] ∈ H e, portanto, x−1y−1xy ∈ H. Daí que

x−1y−1xyH = H e, consequentemente, xyH = yxH, isto é, xH ·yH = yH ·xH. Assim, G/H é grupo abeliano.

(27)

Demonstração. Se G0 =1, então G ∼= G/1 = G/G0, logo G é grupo abeliano pela Proposição

1.5 (p. 8). Caso G seja um grupo abeliano, então G/1 é grupo abeliano e, portanto, G0 1

pela Proposição 1.5 (p. 8).

Proposição 1.6. Sejam G, H grupos e ϕ : G → H um homomorsmo de grupos. Se G é um grupo abeliano, então ϕ(G) é um grupo abeliano. Em particular, se H C G e G é grupo abeliano, então G/H é grupo abeliano.

Demonstração. ∀ϕ(g1), ϕ(g2) ∈ ϕ(G), ϕ(g1)ϕ(g2) = ϕ(g1g2) = ϕ(g2g1) = ϕ(g2)ϕ(g1).

Se H C G e G for grupo abeliano, basta aplicar o resultado acima para o homomorsmo de grupos projeção canônica π : G  G/H, que é epimorsmo de grupos.

Proposição 1.7. Sejam G um grupo, A, B C G tais que B ⊆ A. Então, ϕ : G/B → G/A dada por

ϕ(gB) = gA,

para toda classe lateral gB ∈ G/B, é um epimorsmo de grupos. Além disso, ker(ϕ) = A/B. Demonstração. Primeiramente, vamos mostrar que ϕ está bem denida. Dados g1B, g2B ∈

G/B, se g1B = g2B, então g1g−12 ∈ B. Como B ⊆ A, segue que g1g2−1 ∈ A e, portanto,

g1A = g2A, isto é, ϕ(g1B) = ϕ(g2B).

Agora, ϕ é homomorsmo de grupos, pois, dados g1B, g2B ∈ G/B, temos que

ϕ(g1B · g2B) = ϕ(g1g2B) = g1g2A = g1A · g2A = ϕ(g1B)ϕ(g2B)

e é sobrejetivo, pois, para todo z ∈ G/A, segue que z = gA, para algum g ∈ G, ou seja, z = ϕ(gB).

Para vermos que ker(ϕ) = A/B, para toda classe lateral xB ∈ G/B, temos que xB ∈ ker(ϕ) se, e somente se, ϕ(xB) = 1G/A = A, o que é equivalente a x ∈ A e que, por sua vez,

é equivalente a xB ∈ A/B.

Lema 1.9. Sejam G um grupo e G1, G2, G3C G tais que G2 ⊆ G1. Então,

a) G2G3C G1G3 e, portanto,

G1G3

G2G3

é grupo quociente. b) G1∩ (G2G3) = G2(G1∩ G3).

Demonstração. a) Observemos que, como G2 C G e G3 C G, segue que G2G3 C G. Visto

que G2 ⊆ G1, temos que G2G3 ⊆ G1G3. Daí que G2G3 C G1G3 e, portanto,

G1G3

G2G3

é grupo quociente.

b) Vamos mostrar que G1 ∩ (G2G3) ⊆ G2(G1 ∩ G3). Seja x ∈ G1 ∩ (G2G3). Logo,

x = g1 e x = g2g3, com g1 ∈ G1, g2 ∈ G2 e g3 ∈ G3. Daí que g1 = g2g3, o que implica

que g−1

2 g1 = g3. Como G2 ⊆ G1, segue que g3 ∈ G1 e, portanto, x = g2g3 ∈ G2(G1 ∩ G3).

Como x ∈ G1∩ (G2G3) foi tomado arbitrário, segue que G1∩ (G2G3) ⊆ G2(G1∩ G3). Para

mostrarmos a inclusão inversa, seja x ∈ G2(G1 ∩ G3). Logo, x = g2g, com g2 ∈ G2 e

g ∈ G1∩ G3. Daí que x ∈ G2G3. Como G2 ⊆ G1 e g ∈ G1, segue que x = g2g ∈ G1. Temos,

assim, que x ∈ G1∩ (G2G3). Como x ∈ G2(G1∩ G3) foi tomado arbitrário, concluímos que

(28)

Lema 1.10. Sejam G um grupo e G1, G2, G3C G tais que G2 ⊆ G1. Então G1G3 G2G3 ∼ = G1 G2(G1∩ G3) . Demonstração. Pelo Lema 1.9 a) (p. 9) G1G3

G2G3

é grupo quociente. Seja µ : G1 →

G1G3

G2G3

dada por µ(g1) = g1G2G3, ∀g1 ∈ G1. Temos que µ é homomorsmo de grupos, pois, dados

g1, g01 ∈ G1, temos que µ(g1g10) = g1g10G2G3 = g1G2G3· g01G2G3 = µ(g1)µ(g01). Além disso, µ

é sobrejetivo. De fato, ∀x ∈ G1G3

G2G3

, x = g1g3G2G3, com g1 ∈ G1 e g3 ∈ G3. Assim,

x = g1g3G2G3 = g1G2G3· g3G2G3 =

= g1G2G3· g3G3G2 = g1G2G3· G3G2 = g1G2G3· G2G3 = µ(g1).

Agora, vamos mostrar que ker(µ) = G1∩ (G2G3). Seja g1 ∈ ker(µ). Logo, µ(g1) = G2G3,

isto é, g1G2G3 = G2G3, o que implica que g1 ∈ G2G3, isto é, g1 ∈ G1 ∩ (G2G3). Como

g1 ∈ ker(µ)foi tomado arbitrário, temos que ker(µ) ⊆ G1∩ (G2G3). Para mostrar a inclusão

inversa, seja x ∈ G1 ∩ (G2G3). Então, µ(x) = xG2G3 = G2G3. Logo, x ∈ ker(µ). Como

x ∈ G1∩ (G2G3) foi tomado arbitrário, concluímos que ker(µ) ⊇ G1∩ (G2G3). Pelo Lema

1.9 b) (p. 9), segue que

ker(µ) = G2(G1∩ G3).

Pelo 1o Teorema de Isomorsmo para Grupos, G

1/ker(µ) ∼= Im(µ). Logo,

G1 G2(G1∩ G3) ∼ = G1G3 G2G3 .

Denição 1.1. Sejam P1, P2, · · · , Pn propriedades de grupos que são preservadas por

isomor-smos de grupos, onde n ∈ Z+. Dizemos que um grupo G é P1-por-P2-por-. . .-por-Pn se

existem A1, A2. . . , An−1C G tais que A1 ⊆ A2 ⊆ . . . ⊆ An−1 ⊆ G e A1 possui a propriedade

P1, A2/A1 possui a propriedade P2, . . . , An−1/An−2 possui a propriedade Pn−1 e G/An−1

possui a propriedade Pn.

Notação 1.2. A classe dos grupos nilpotente-por-abeliano-por-nitos é denotada por NAF. Assim, se G é um grupo nilpotente-por-abeliano-por-nito, escrevemos G ∈ NAF.

Proposição 1.8. Sejam G, H grupos e ϕ : G → H um isomorsmo de grupos. Se G é P1-por-P2-por-. . .-por-Pn, então H é P1-por-P2-por-. . .-por-Pn.

Demonstração. Por hipótese G é P1-por-P2-por-. . .-por-Pn, logo existem A1, A2. . . , An−1C G

tais que A1 ⊆ A2 ⊆ . . . ⊆ An−1 ⊆ Ge A1possui a propriedade P1, A2/A1possui a propriedade

P2, . . . , An−1/An−2 possui a propriedade Pn−1e G/An−1possui a propriedade Pn. Temos que

ϕ(A1), ϕ(A2), . . . ϕ(An−1) C H e ϕ(A1) ⊆ ϕ(A2) ⊆ . . . ⊆ ϕ(An−1) ⊆ H. Além disso, temos

que A1 ∼= ϕ(A1) e, pelo Corolário 1.1 (p. 7), Ai+1/Ai ∼= ϕ(Ai+1)/ϕ(Ai), com 1 ≤ i ≤ n − 2,

e G/An−1 ∼= H/ϕ(An−1). Segue que ϕ(A1) também possui a propriedade P1, ϕ(A2)/ϕ(A1)

também possui a propriedade P2, . . . , ϕ(An−1)/ϕ(An−2) também possui a propriedade Pn−1

e H/ϕ(An−1)também possui a propriedade Pn. Assim, concluímos que H é também P1

(29)

Proposição 1.9. Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. Se G é grupo abeliano-por-nito, então H também o é.

Demonstração. Como G é grupo abeliano-por-nito, existe ACG tal que A é grupo abeliano e G/A é grupo nito. Temos que A ∩ H C H pelo Lema 1.3 (p. 4). Além disso, A ∩ H é grupo abeliano, pois A é abeliano, e H/(A∩H) é grupo nto, já que, pelo Teorema 1.2 (p. 3) (2o Teorema de Isomorsmo para Grupos), H/(A ∩ H) ∼= HA/A ≤ G/A, sendo este último

grupo nito. Portanto, H é grupo abeliano-por-nito.

Lema 1.11. [14, Lemma 3.7, p. 143] Sejam G um grupo e N1, . . . , NsC G, onde s ∈ Z+. Se

G/N1, . . . , G/Ns−1 e G/Ns são grupos abeliano-por-nitos, então G/( s

\

i=1

Ni)é grupo

abeliano-por-nito.

Demonstração. Seja π : G → G/N1 × . . . × G/Ns o homomorsmo de grupos dado por

π(g) = (gN1, . . . , gNs). Então, ker(π) = s

\

i=1

Ni e, pelo Teorema 1.1 (p. 3) (1o Teorema de

Isomorsmo para Grupos), G/

s

\

i=1

Ni ∼= Im(π) ≤ G/N1 × . . . × G/Ns, que é

abeliano-por-nito, e, portanto, Im(π) é também abeliano-por-nito pela Proposição 1.9 (p. 11). Pela Proposição 1.8 (p. 10), segue que G/(

s

\

i=1

Ni)é grupo abeliano-por-nito.

Lema 1.12. Sejam G um grupo e A1, . . . , Ansubgrupos de G, onde n ∈ Z+. Se [G : Ai] < ∞,

para 1 ≤ i ≤ n, então [G :

n

\

i=1

Ai] < ∞.

Demonstração. Temos que [G : n \ i=1 Ai] = [G : ( n−1 \ i=1 Ai) ∩ An] = [G : An][An: ( n−1 \ i=1 Ai) ∩ An].

Por hipótese [G : An] < ∞ e, pela Proposição 1.3 (p. 7), [An : ( n−1

\

i=1

Ai) ∩ An] < ∞.

Lema 1.13. Sejam G, H grupos, S C G e ϕ : G → H um homomorsmo de grupos. Se S ⊆ ker(ϕ), então ϕ induz um homomorsmo de grupos θ : G/S → H dado por θ(gS) = ϕ(g), para toda classe lateral gS ∈ G/S.

Demonstração. Vamos mostrar que θ está bem denida. Sejam g1S, g2S ∈ G/S tais que

g1S = g2S. Logo, g1g2−1 ∈ S. Como S ⊆ ker(ϕ), temos que ϕ(g1g−12 ) = 1H, logo ϕ(g1) =

ϕ(g2) e, portanto, θ(g1S) = θ(g2S), isto é, θ está bem denida.

Vamos mostrar agora que θ é homomorsmo de grupos. Sejam g1S, g2S ∈ G/S. Então,

(30)

Lema 1.14. Sejam G1, G2, H grupos, ϕ1 : G1 → H, ϕ2 : G2 → H homomorsmos de grupos

e θ : G1  G2 um epimorsmo de grupos tais que ϕ2θ = ϕ1. Então,

θ(ker(ϕ1)) = ker(ϕ2).

Demonstração. Por hipótese temos que o seguinte diagrama é comutativo G1 θ  ϕ1 // H G2 ϕ2 >>

Vamos mostrar primeiramente que θ(ker(ϕ1)) ⊆ ker(ϕ2). Seja g2 ∈ θ(ker(ϕ1)). Então,

existe g1 ∈ ker(ϕ1) tal que g2 = θ(g1). Daí que, ϕ2(g2) = ϕ2θ(g1) = ϕ1(g1) = 1H. Logo,

g2 ∈ ker(ϕ2). Como g2 ∈ θ(ker(ϕ1)) foi tomado arbitrário, segue que θ(ker(ϕ1)) ⊆ ker(ϕ2).

Para mostrar a inclusão inversa, seja g2 ∈ ker(ϕ2). Então, ϕ2(g2) = 1H. Mas, como θ é

sobrejetivo, existe g1 ∈ G1 tal que g2 = θ(g1). Daí que 1H = ϕ2(g2) = ϕ2(θ(g1)) = ϕ1(g1) e,

portanto, g1 ∈ ker(ϕ1), ou seja, g2 ∈ θ(ker(ϕ1)). Como g2 ∈ ker(ϕ2) foi tomado arbitrário,

segue que θ(ker(ϕ1)) ⊇ ker(ϕ2).

Lema 1.15. Sejam G, G1, G2 grupos e ϕ1 : G  G1, ϕ2 : G  G2, θ : G1  G2 epimorsmos

de grupos tais que ϕ1 = θϕ2. Então, θ é isomorsmo de grupos se, e somente se, ker(ϕ1) =

ker(ϕ2).

Demonstração. Suponhamos primeiramente que θ é isomorsmo de grupos. Pelo Lema 1.14 (p. 12), segue que

ϕ2(ker(ϕ1)) = ker(θ) = 1G1,

logo ker(ϕ1) ⊆ ker(ϕ2). Analogamente, como θ−1ϕ1 = ϕ2, concluímos que

ϕ1(ker(ϕ2)) = ker(θ−1) = 1G2,

logo ker(ϕ2) ⊆ ker(ϕ1). Suponhamos agora que ker(ϕ1) = ker(ϕ2). Pelo Lema 1.14 (p.

12), temos que ϕ2(ker(ϕ1)) = ker(θ), logo ϕ2(ker(ϕ2)) = ker(θ), ou seja, 1G1 = ker(θ)

e, portanto, θ é monomorsmo de grupos. Como θ é epimorsmo de grupos por hipótese, concluímos que θ é isomorsmo de grupos.

Lema 1.16. Sejam G1, G2, G3 grupos e ϕ : G1 → G2, ψ : G2 → G3 homomorsmos de

grupos. Então,

ker(ψϕ) = ϕ−1(ker(ψ)).

Demonstração. Vamos mostrar primeiramente que ker(ψϕ) ⊆ ϕ−1

(ker(ψ)). Tomemos x ∈ ker(ψϕ)arbitrário. Então, ψϕ(x) = 1G3. Segue que ϕ(x) ∈ ker(ψ), ou seja, x ∈ ϕ

−1(ker(ψ)).

Daí que ker(ψϕ) ⊆ ϕ−1(ker(ψ)). Para mostrar a inclusão inversa, seja x ∈ ϕ−1(ker(ψ)).

En-tão, ϕ(x) ∈ ker(ψ) e, portanto, ψϕ(x) = 1G3, ou seja, x ∈ ker(ψϕ). Como x ∈ ϕ

−1

(ker(ψ)) foi tomado arbitrário, concluímos que ker(ψϕ) ⊇ ϕ−1(ker(ψ)).

(31)

a) ϕ∗ : G/A → H/ϕ(A) denida por ϕ∗(gA) = ϕ(g)ϕ(A), para toda classe lateral gA ∈

G/A, é um epimorsmo de grupos;

b) Se ϕ∗ e ϕ|A(restrição de ϕ sobre A) são isomorsmos de grupos, então ϕ é isomorsmo

de grupos.

Demonstração. a) Como A C G, temos que ϕ(A) C H, daí que H/ϕ(A) é grupo quociente. Para vermos que ϕ∗ está bem denida, sejam g1A, g2A ∈ G/A tais que g1A = g2A.

Logo, g1g2−1 ∈ A, o que implica que ϕ(g1g2−1) ∈ ϕ(A), ou seja, ϕ(g1)ϕ(g2)−1 ∈ ϕ(A), logo

ϕ(g1)ϕ(A) = ϕ(g2)ϕ(A) e, portanto, ϕ∗(g1A) = ϕ∗(g2A). E para vermos que ϕ∗ é

ho-momorsmo de grupos, dados g1A, g2A ∈ G/A, temos que ϕ∗(g1A · g2A) = ϕ∗(g1g2A) =

ϕ(g1g2)ϕ(A) = ϕ(g1)ϕ(g2)ϕ(A) = ϕ(g1)ϕ(A) · ϕ(g2)ϕ(A) = ϕ∗(g1A)ϕ∗(g2A). Por m, temos

que ϕ∗é sobrejetivo, pois, dado z ∈ H/ϕ(A), temos que z = hϕ(A), para algum h ∈ H. Como

ϕé sobrejetivo, segue que h = ϕ(g), para algum g ∈ G. Daí que z = ϕ(g)ϕ(A) = ϕ∗(gA).

b) Basta mostrarmos que ker(ϕ) = 1.

Seja g ∈ ker(ϕ). Temos que ϕ(g) = 1H. Logo, ϕ∗(gA) = ϕ(g)ϕ(A) = ϕ(A) = 1H/ϕ(A).

Daí que gA ∈ ker(ϕ∗). Mas, ker(ϕ∗) = 1 = {A}, pois ϕ∗ é isomorsmo de grupos por

hipótese, por conseguinte gA = A, isto é, g ∈ A. Como também g ∈ ker(ϕ), temos que g ∈ ker(ϕ|A). Mas, ker(ϕ|A) = 1 = {1G}, pois ϕ|A também é isomorsmo de grupos, portanto

g = 1G. Como g ∈ ker(ϕ) foi tomado arbitrário, concluímos que ker(ϕ) = {1G} =1.

1.1.2 Cálculos com Comutadores, Série Central Descendente e

Gru-pos Nilpotentes

Notação 1.3. Seja G um grupo. Dado i ∈ Z+, temos a seguinte notação:

[g1, . . . , gi] := [[g1, . . . , gi−1], gi],

onde [g1] := g1, [g1, g2] := g1−1g −1

2 g1g2 e gi ∈ G, ∀i ∈ Z+. Denominamos [g1, . . . , gi] de

comutador normado à esquerda de tamanho i.

Notação 1.4. Sejam G um grupo e A1, . . . , Ai subgrupos de G, onde i ∈ Z+. Temos, então,

a seguinte notação: [A1, . . . , Ai] := [[A1, . . . , Ai−1], Ai], onde [A1] := A1, [A1, A2] = D [a1, a2] ∈ G : a1 ∈ A1, a2 ∈ A2 E

=D{[a1, a2]}a1∈A1,a2∈A2

E .

Lema 1.18. Sejam G, H grupos, ϕ : G → H um homomorsmo de grupos e A, B subgrupos de G. Então,

ϕ([A, B]) = [ϕ(A), ϕ(B)]. Demonstração. Dados a ∈ A e b ∈ B, temos que

(32)

Segue daí que

ϕ([A, B]) = ϕ(h{[a, b]}a∈A,b∈Bi) = hϕ({[a, b]}a∈A,b∈B)i =

= h{ϕ([a, b])}a∈A,b∈Bi = h{[ϕ(a), ϕ(b)]}a∈A,b∈Bi = [ϕ(A), ϕ(B)].

Denição 1.2. Sejam G um grupo e A um subgrupo de G. Denimos e denotamos o cen-tralizador de A em G por

CG(A) = {g ∈ G : ag = ga, ∀a ∈ A}

e o centro de G por

Z(G) = {g ∈ G : xg = gx, ∀x ∈ G}.

Lema 1.19. Sejam G um grupo, B C G e A um subgrupo de G tais que B ⊆ A. Então, [A, G] ⊆ B se, e somente se, A/B ⊆ Z(G/B).

Demonstração.

[A, G] ⊆ B ⇔ [a, g] ∈ B, ∀a ∈ A, g ∈ G ⇔ a−1g−1agB = B, ∀a ∈ A, g ∈ G ⇔ ⇔ agB = gaB, ∀a ∈ A, g ∈ G ⇔ aB · gB = gB · aB, ∀a ∈ A, g ∈ G ⇔ A/B ⊆ Z(G/B).

Denição 1.3. Seja G um grupo. Para todo i ∈ Z+, denimos indutivamente

γ1(G) := G e γi+1(G) = [γi(G), G].

Lema 1.20. Seja G um grupo. Para todo i ∈ Z+, denamos

Ci := {[g1, . . . , gi] : g1, . . . , gi ∈ G},

conjunto dos comutadores normados à esquerda de tamanho i. Temos, então, que γi(G) = hCii.

Demonstração. Faremos a demonstração por indução sobre i. Caso i = 1, temos γ1(G) =

G = hGi = h{[g1] : g1 ∈ G}i = hC1i. Caso i > 1, segue que γi+1(G) = [γi(G), G]. Pela

hipótese de indução, γi(G) = hCii, daí que, escrevendo C1 = {gi+1 : gi+1∈ G},

γi+1(G) = [hCii, G] = [hCii, hC1i] = D [[g1, . . . , gi], gi+1] : g1, . . . , gi+1 ∈ G E = =D[g1, . . . , gi, gi+1] : g1, . . . , gi+1∈ G E = hCi+1i.

(33)

a) γi(G) CcarG, ∀i ∈ Z+;

b) γi+1(G) C γi(G), ∀i ∈ Z+.

Demonstração. a) Seja ϕ : G → G um automorsmo de grupos. A demonstração será feita através de indução sobre i ∈ Z+.

Caso i = 1, temos que ϕ(γ1(G)) = ϕ(G) ⊆ G = γ1(G). Logo, γ1(G) Ccar G.

Caso i > 1, usando o Lema 1.18 (p. 13) e a hipótese de indução, segue que ϕ(γi+1(G)) =

ϕ([γi(G), G]) = [ϕ(γi(G)), ϕ(G)] ⊆ [γi(G), G] = γi+1(G). Portanto, γi(G) CcarG.

b) Como γi(G) Ccar G, ∀i ∈ Z+, temos que γi(G) C G, ∀i ∈ Z+. Sendo assim, basta

mostrarmos que γi+1(G) ⊆ γi(G), ∀i ∈ Z+. Sejam x ∈ γi(G) e g ∈ G. Como γi(G) C

G, ∀i ∈ Z+, segue que gx−1g−1 ∈ γi(G), o que implica que (gx−1g−1)x ∈ γi(G). Usando

novamente a normalidade de γi(G) em G, concluímos que g−1(gx−1g−1x)g ∈ γi(G), isto é,

g−1gx−1g−1xg = x−1g−1xg = [x, g] ∈ γi(G). Portanto, concluímos que [γi(G), G] ⊆ γi(G), ou

seja, γi+1(G) ⊆ γi(G).

Denição 1.4. Sejam G um grupo, I um conjunto de índices totalmente ordenado e F = {Gi}i∈I uma família de subgrupos de G. Dizemos que F é uma ltração (ou série) do grupo

G se Gi ⊆ Gj, sempre que i ≤ j, para todos i, j ∈ I. E, dizemos que F é uma ltração

descendente (ou série descendente) do grupo G se Gi ⊆ Gj, sempre que j ≤ i, para

todos i, j ∈ I.

Denição 1.5. Sejam G um grupo e F = {Gi}i∈Z+ uma ltração (ou série) de G.

Dize-mos que F é uma ltração normal (ou série normal) de G se, ∀i ∈ Z+, Gi C Gi+1.

Neste caso, denimos o comprimento de uma ltração normal (ou série normal) como sendo o número de grupos quocientes não-triviais da forma Gi+1/Gi, ∀i ∈ Z+.

Deno-minamos tais grupos quocientes de grupos fatores. De forma análoga denimos ltração (ou série) normal descendente e comprimento de uma ltração (ou série) normal descendente.

Denição 1.6. Seja G um grupo. A série central descendente de G é a seguinte ltração descendente:

G = γ1(G) ≥ γ2(G) ≥ . . .1

Denição 1.7. Dizemos que um grupo G é nilpotente se existe c ∈ Z+ tal que γc+1(G) =1.

O menor inteiro positivo c para o qual tal propriedade vale é chamado classe de nilpotência de G.

Proposição 1.11. Sejam G, H grupos, ϕ : G → H um homomorsmo de grupos e A um subgrupo de G. Se A = γ1(A) ≥ γ2(A) ≥ · · · ≥ γk(A) ≥ · · · é a série central descendente de

A, então ϕ(A) = ϕ(γ1(A)) ≥ ϕ(γ2(A)) ≥ · · · ≥ ϕ(γk(A)) ≥ · · · é a série central descendente

de ϕ(A). Em particular, se A é nilpotente, então ϕ(A) é nilpotente.

Demonstração. Basta que mostremos que γk(ϕ(A)) = ϕ(γk(A)), ∀k ∈ Z+. Façamos a

de-monstração por indução sobre k ∈ Z+.

Para k = 1, ϕ(γ1(A)) = ϕ(A) = γ1(ϕ(A)).

(34)

Para k > 1, usando o Lema 1.18 (p. 13) e a hipótese de indução,

ϕ(γk(A)) = ϕ([γk−1(A), A]) = [ϕ(γk−1(A)), ϕ(A)] = [γk−1(ϕ(A)), ϕ(A)] = γk(ϕ(A)).

Agora, se A é nilpotente, então existe s ∈ Z+ tal que γs+1(A) = 1. Daí que γs+1(ϕ(A)) =

ϕ(γs+1(A)) = ϕ(1) = 1 e, portanto, ϕ(A) é nilpotente.

Lema 1.21. Sejam G um grupo nilpotente com classe de nilpotência s, G = γ1(G) ≥ . . . ≥ γs(G) ≥1

a série central descendente de G, H C G tal que H ⊆ γs(G) e

G/H = γ1(G/H) ≥ γ2(G/H) ≥ . . .

série central descendente de G/H. Então, para 1 ≤ i ≤ s, γi(G/H) = γi(G)/H.

Demonstração. Observemos que pela Proposição 1.11 (p. 15), G/H é grupo nilpotente com classe de nilpotência s. Façamos a demonstração por indução sobre i.

Para o caso i = 1 temos que γ1(G/H) = G/H = γ1(G)/H.

Para o caso 1 < i ≤ s, sendo π : G  G/H o homomorsmo de grupos projeção canônica, segue que, usando o Lema 1.18 (p. 13) e a hipótese de indução,

γi(G/H) = [γi−1(G/H), G/H] = [γi−1(G)/H, G/H] = [π(γi−1(G)), π(G)] =

= π([γi−1(G), G]) = [γi−1(G), G]/H = γi(G)/H.

Lema 1.22. Sejam G um grupo, H, S subgrupos de G, H = γ1(H) ≥ γ2(H) ≥ . . . série

central descendente de H e H ∩ S = γ1(H ∩ S) ≥ γ2(H ∩ S) ≥ . . . série central descendente

de H ∩ S. Então, ∀i ∈ Z+,

γi(H ∩ S) ⊆ γi(H).

Em particular, se H é subgrupo nilpotente, então H ∩ S é subgrupo nilpotente. Demonstração. Façamos a demonstração por indução sobre i ∈ Z+.

Caso i = 1, γ1(H ∩ S) = H ∩ S ⊆ H = γ1(H).

Para o caso i > 1, usando a hipótese de indução,

γi+1(H ∩ S) = [γi(H ∩ S), H ∩ S] ⊆ [γi(H), H] = γi+1(H).

Caso H seja subgrupo nilpotente, existe s ∈ Z+ tal que γs+1(H) = 1. Pelo que foi visto

acima, γs+1(H ∩ S) ⊆ γs+1(H) =1, daí que H ∩ S é subgrupo nilpotente.

Lema 1.23. Sejam G um grupo, N, S subgrupos de G e N = γ1(N ) ≥ γ2(N ) . . . série central

(35)

a) γi(N )

γi+1(N )

é grupo abeliano, ∀i ∈ Z+;

b) γi(N ) ∩ S

γi+1(N ) ∩ S

é grupo abeliano, ∀i ∈ Z+.

Demonstração. a) Temos, ∀i ∈ Z+, que γi+1(N ) = [γi(N ), N ]. Logo, pelo Lema 1.19 (p.

14), segue que γi(N )

γi+1(N )

⊆ Z(N/γi(N )), ∀i ∈ Z+, de onde concluímos que

γi(N ) γi+1(N ) é abeliano ∀i ∈ Z+. b) Observemos que [γi(N ) ∩ S, γi(N ) ∩ S] ⊆ [γi(N ) ∩ S, N ∩ S] ⊆ [γi(N ), N ] ∩ S = γi+1(N ) ∩ S, logo γi(N ) ∩ S γi+1(N ) ∩ S

tem grupo comutador [γi(N ) ∩ S, γi(N ) ∩ S]

γi+1(N ) ∩ S

, que grupo é trivial. Portanto, pelo Corolário 1.2 (p. 8), γi(N ) ∩ S

γi+1(N ) ∩ S

é grupo abeliano, ∀i ∈ Z+.

Lema 1.24. Seja G um grupo. Então, dados a, b, c ∈ G, temos que a)

[c, ab] = [c, b][c, a][c, a, b]. b)

[ab, c] = [a, c][a, c, b][b, c]. Demonstração. Para mostrar o item a) do enunciado, temos que

[c, ab] = c−1b−1a−1cab = c−1b−1cbb−1c−1a−1cab =

= [c, b]b−1[c, a]b = [c, b][c, a][c, a]−1b−1[c, a]b = [c, b][c, a][[c, a], b]. E, para mostrar o item b) do enunciado, temos que

[ab, c] = b−1a−1c−1abc = b−1a−1c−1acbb−1c−1bc = b−1a−1c−1acb[b, c] = = b−1[a, c]b[b, c] = [a, c][a, c]−1b−1[a, c]b[b, c] = [a, c][[a, c], b][b, c].

Corolário 1.3. Seja G um grupo. Então, dados n ∈ Z+, a, b, c1, . . . , cn∈ G, temos que

a) [c1, . . . , cn, ab] = [c1, . . . , cn, b][c1, . . . , cn, a][c1, . . . , cn, a, b].

b) [ab, [c1, . . . , cn]] = [a, [c1, . . . , cn]] · [a, [c1, . . . , cn], b] · [b, [c1, . . . , cn]].

Demonstração. Basta usarmos o Lema 1.24 (p. 17) para c = [c1, . . . , cn].

Lema 1.25 (Identidade de Hall-Witt). Seja G um grupo. Então, dados a, b, c ∈ G, temos que

(36)

Demonstração. Observe que

b−1[a, b−1, c]b = b−1[a, b−1]−1c−1[a, b−1]cb = b−1[b−1, a]c−1a−1bab−1cb = = b−1ba−1b−1ac−1a−1bab−1cb = a−1b−1ac−1a−1bab−1cb. Denamos g1 := a−1b−1ac−1a−1, g2 := b−1c−1ba−1b−1 e g3 := c−1a−1cb−1c−1. Segue que g−12 = bab−1cb. Logo, b−1[a, b−1, c]b = g1g−12 .

Através de cálculos análogos, obtemos as seguintes igualdades: c−1[b, c−1, a]c = g2g3−1 e a

−1

[c, a−1, b]a = g3g1−1.

Desta forma, segue que

b−1[a, b−1, c]bc−1[b, c−1, a]ca−1[c, a−1, b]a = g1g2−1g2g−13 g3g1−1 = 1G.

Lema 1.26 (Lema dos Três Subgrupos). Sejam G um grupo, N C G e A, B, C subgrupos de G. Se [A, B, C], [B, C, A] ⊆ N, então [C, A, B] ⊆ N.

Demonstração. Observe que a Demonstração do Lema 1.20 (p. 14) é suciente para armar que [C, A, B] é subgrupo de G gerado por elementos da forma [c, a−1, b], com c ∈ C, a ∈ A e

b ∈ B. Agora, como [A, B, C], [B, C, A] ⊆ N e N C G, concluímos que b−1[a, b−1, c]b ∈ N e c−1[b, c−1, a]c ∈ N.

Pelo Lema 1.25 (p. 17) (Identidade de Hall-Witt), temos também que a−1[c, a−1, b]a ∈ N,

daí que, como N C G, [c, a−1, b] = a(a−1[c, a−1, b]a)a−1 ∈ N. Visto que [C, A, B] é subgrupo

de G gerado por elementos da forma [c, a−1, b], com c ∈ C, a ∈ A e b ∈ B, concluímos assim

que [C, A, B] ⊆ N.

Proposição 1.12. Sejam G um grupo e G = γ1(G) ≥ γ2(G) ≥ . . .a série central descendente

de G. Então, dados i, j ∈ Z+, temos que

[γi(G), γj(G)] ⊆ γi+j(G)

Demonstração. Procedamos por indução sobre j. Caso j = 1 e i ∈ Z+, a armação segue

da denição de γi+1(G). Caso j > 1 e i ∈ Z+, suponhamos, pela hipótese de indução que

[γi(G), γj(G)] ⊆ γi+j(G), ∀i ∈ Z+, observemos que [γi(G), γj+1(G)] = [γj+1(G), γi(G)] =

(37)

[γj(G), G, γi(G)] ⊆ γi+j+1(G), como γi+j+1(G) C G pela Proposição 1.10 a) (p. 14), basta

mostrarmos que

[G, γi(G), γj(G)] ⊆ γi+j+1(G) e [γi(G), γj(G), G] ⊆ γi+j+1(G).

Por um lado, usando a hipótese de indução, temos que

[γi(G), γj(G), G] = [[γi(G), γj(G)], G] = [γi+j(G), G] = γi+j+1(G).

E, por outro lado, usando novamente a hipótese de indução, segue que

[G, γi(G), γj(G)] = [[G, γi(G)], γj(G)] = [[γi(G), G], γj(G)] = [γi+1(G), γj(G)] ⊆ γi+j+1(G).

Lema 1.27. Sejam G um grupo e G = γ1(G) ≥ γ2(G) ≥ . . . a série central descendente de

G. Dados n, s ∈ Z+∪ {0}e c1, . . . , cn, d1, . . . , ds, a, b ∈ G, temos que

[c1, . . . , cn, ab, d1, . . . , ds] ∈ [c1, . . . , cn, a, d1, . . . , ds] · [c1, . . . , cn, b, d1, . . . , ds]γs+n+2(G).

Demonstração. A demonstração será feita por indução sobre s.

Caso s = 0, para todo n ∈ Z+∪ {0}, pelo Corolário 1.3 a) (p. 17), segue que

[c1, . . . , cn, ab] =

[c1, . . . , cn, b][c1, . . . , cn, a][c1, . . . , cn, a, b] ∈ [c1, . . . , cn, b][c1, . . . , cn, a]γn+2(G),

logo, pelo Lema 1.23 a) (p. 16),

[c1, . . . , cn, ab] ∈ [c1, . . . , cn, a][c1, . . . , cn, b]γn+2(G).

Para o caso s > 0 e para todo n ∈ Z+∪ {0}, denamos

ω := [c1, . . . , cn, ab, d1, . . . , ds], ω1 := [c1, . . . , cn, a, d1, . . . , ds−1],

ω2 := [c1, . . . , cn, b, d1, . . . , ds−1]. (1.3)

Pela hipótese de indução,

[c1, . . . , cn, ab, d1, . . . , ds−1] = [c1, . . . , cn, a, d1, . . . , ds−1][c1, . . . , cn, b, d1, . . . , ds−1]β,

onde β ∈ γs+n+1(G). Daí que ω = [ω1ω2β, ds]. Pelo Lema 1.24 b) (p. 17) e pela Proposição

1.12 (p. 18), temos que

ω = [ω1ω2β, ds] = [ω1ω2, ds][ω1ω2, ds, β][β, ds] ∈

[ω1ω2, ds][γn+s(G), G, γn+s+1(G)][γn+s+1(G), G] ⊆ [ω1ω2, ds]γ2(n+s+1)(G)γn+s+2(G) ⊆

[ω1ω2, ds]γn+s+2(G).

Novamente pelo Lema 1.24 b) (p. 17), concluímos que

[ω1ω2, ds] = [ω1, ds][ω1, ds, ω2][ω2, ds],

onde [ω1, ds, ω2] ∈ [γn+s(G), G, γn+s(G)] ⊆ γ2(n+s)+1(G) pela Proposição 1.12 (p. 18). Daí

que

[ω1ω2, ds] ∈ [ω1, ds][ω2, ds]γ2(n+s)+1(G),

pois γ2(n+s)+1(G) C G e, portanto,

ω ∈ [ω1ω2, ds]γn+s+2(G) ⊆ [ω1, ds][ω2, ds]γ2(n+s)+1(G)γn+s+2(G) ⊆ [ω1, ds][ω2, ds]γn+s+2(G).

(38)

1.1.3 Ações de Grupos sobre Conjuntos e sobre Grupos

Ações de Grupos sobre Conjuntos

Notação 1.5. Seja X um conjunto não-vazio. Denotaremos por P erm(X) o grupo de permutações2 de X.

Denição 1.8. Sejam G, H grupos. Um anti-homomorsmo de G em H é uma função ϕ : G → H tal que ϕ(g1g2) = ϕ(g2)ϕ(g1), para todos g1, g2 ∈ G.

Denição 1.9. Sejam X um conjunto não-vazio e F um grupo. Dizemos que F age à direita sobre X se existe um anti-homomorsmo de grupos α : F → P erm(X), denominado ação à direita de F sobre X (observe que α(f) é uma bijeção de X). Denotaremos α(f)(x) por xf, ∀f ∈ F e ∀x ∈ X.

Observação 1.1. Sejam X um conjunto não-vazio e F um grupo agindo à direita sobre X. Temos, então, as seguintes regras:

x1F = x, (xf1)f2 = xf1f2 e (xf)f−1 = (xf−1)f = x,

para todos f1, f2, f ∈ F, x ∈ X.

Sejam X um conjunto não-vazio e F um grupo. Dizemos também que F age à esquerda sobre X se existe um homomorsmo de grupos β : F → P erm(X), denominado ação à esquerda de F sobre X. Denotamos β(f)(x) por fx, ∀f ∈ F e ∀x ∈ X.

Neste caso, com relação às regras descritas na Observação 1.1 (p. 20), dados f1, f2 ∈ F

e x ∈ X, temos que f1f2x = f1(f2x). As demais regras na Observação 1.1 (p. 20) valem de

forma idêntica para a ação à esquerda.

Outro fato a se observar é que, sendo β : F → P erm(X) uma ação à esquerda de F sobre X, podemos obter α : F → P erm(X), que é uma ação à direita de F sobre X, bastando para isso que denamos

α(f )(x) := β(f−1)(x), isto é, xf :=f−1x.

Analogamente, obtemos de uma ação à direita uma outra ação à esquerda. Nesta Dissertação,

toda ação de um grupo sobre um conjunto não-vazio será à direita.

Proposição 1.13. Sejam X um conjunto não-vazio e F um grupo. Então, F age à direita sobre X se, e somente se, existe uma função a : X × F → X tal que, ∀x ∈ X e f, f1, f2 ∈ F,

i) a(x, 1F) = x;

ii) a(x, f1f2) = a(a(x, f1), f2).

(39)

Demonstração. Caso F aja à direita sobre X, denamos a : X × F → X por a(x, f) := xf.

Pela Observação 1.1 (p. 20), temos que a satisfaz i) e ii) do enunciado. Reciprocamente, caso exista uma função a : X × F → X satisfazendo i) e ii) do enunciado, denamos α : F → P erm(X) por α(f)(x) := a(x, f). Vamos mostrar primeiramente que α(f) ∈ P erm(X), ∀f ∈ F. O que equivale a mostrar que α(f) é uma bijeção de X, ∀f ∈ F . Dado x ∈ X,

α(f−1)α(f )(x) = α(f−1)(a(x, f)) = a(a(x, f), f−1) =a(x, ff−1) =a(x, 1F) = x =

=a(x, 1F) = a(x, f−1f ) =a(a(x, f−1), f ) = α(f )(a(x, f−1)) = α(f )α(f−1)(x),

logo α(f−1)é a inversa de α(f), isto é, α(f)−1 = α(f−1). Agora, precisamos mostrar que α

é anti-homomorsmo de grupos. Dados f1, f2 ∈ F e x ∈ X, segue que

α(f1f2)(x) =a(x, f1f2) = a(a(x, f1), f2) = α(f2)(a(x, f1)) = α(f2)α(f1)(x).

Assim, α, de fato, é anti-homomorsmo de grupos e, por denição, F age sobre X.

Denição 1.10. Sejam X um conjunto não-vazio e F um grupo agindo à direita sobre X. Dizemos que F age trivialmente à direita sobre X se xf = x, ∀x ∈ X, f ∈ F.

Notação 1.6. Sejam X um conjunto não-vazio, Y um subconjunto de X e F um grupo agindo à direita sobre X. Então, dado f ∈ F ,

Yf := {yf ∈ X : y ∈ Y }.

Denição 1.11. Sejam X um subconjunto não-vazio, Y um subconjunto de X e F um grupo agindo à direita sobre X. Dizemos que o subconjunto Y é F -invariante se Y for invariante pela ação à direita de F sobre X, isto é, Yf ⊆ Y, para todo f ∈ F .

Proposição 1.14. Sejam X um conjunto não-vazio, Y um subconjunto de X e F um grupo agindo à direita sobre X. Se o subconjunto Y é F -invariante, então Y = Yf, para todo

f ∈ F.

Demonstração. Como Y é F -invariante, temos que Yf ⊆ Y, ∀f ∈ F, logo Yf−1

⊆ Y, o que implica que Y = Yf−1f

= (Yf−1)f ⊆ Yf, ou seja, Y = Yf, ∀f ∈ F.

Ações de Grupos sobre Grupos

Notação 1.7. Seja G um grupo. Denotaremos por Aut(G) o grupo de automorsmos de G. Denição 1.12. Sejam G, F grupos. Dizemos que F age à direita sobre G se existe um anti-homomorsmo de grupos α : F → Aut(G), denominado ação à direita de F sobre G (observe que α(f) é automorsmo de G). Denotaremos α(f)(g) por gf, ∀f ∈ F e ∀g ∈ G.

Observação 1.2. Sejam G um grupo e F um grupo agindo à direita sobre G. Temos, então, as seguintes regras: g1F = g, (gf1)f2 = gf1f2, (g 1g2)f = (gf1)(g f 2), (g f )f−1 = (gf−1)f = g, e (g−1)f = (gf)−1, para todos f1, f2, f ∈ F, g, g1, g2 ∈ G.

(40)

Sejam G, F grupos. Dizemos também que F age à esquerda sobre G se existe um homo-morsmo de grupos β : F → Aut(G), denominado ação à esquerda de F sobre G. Denotamos β(f )(g) porfg, ∀f ∈ F e ∀g ∈ G.

Neste caso, com relação às regras descritas na Observação 1.2 (p. 21), dados f1, f2 ∈ F

e g ∈ G, temos que f1f2g = f1(f2g). As demais regras na Observação 1.2 (p. 21) valem de

forma idêntica para a ação à esquerda.

Outro fato a se observar é que, sendo β : F → Aut(G) uma ação à esquerda de F sobre G, podemos obter α : F → Aut(G), que é uma ação à direita de F sobre G, bastando para isso que denamos

α(f )(g) := β(f−1)(g), isto é, gf :=f−1g.

Analogamente, obtemos de uma ação à direita uma outra ação à esquerda. Nesta Dissertação,

toda ação de um grupo sobre outro grupo será à direita.

Exemplo 1.1. Sejam G um grupo e F um subgrupo de G. A conjugação à direita de elementos de G por elementos de F , isto é, gf := f−1gf, ∀f ∈ F, g ∈ Gé uma ação à direita

de F sobre G. Dizemos que F age à direita sobre G via conjugação à direita.

Proposição 1.15. Sejam G, F grupos. Então, F age à direita sobre G se, e somente se, existe uma função a : G × F → G tal que, ∀g, g1, g2 ∈ G e f, f1, f2 ∈ F,

i) a(g, 1F) = g

ii) a(g, f1f2) =a(a(g, f1), f2);

iii) a(g1g2, f ) =a(g1, f )a(g2, f );

Demonstração. Caso F aja à direita sobre G, denamos a : G × F → G por a(g, f) := gf.

Pela Observação 1.2 (p. 21), temos que a satisfaz i), ii) e iii) do enunciado. Reciprocamente, caso exista uma função a : G × F → G satisfazendo i), ii) e iii) do enunciado, denamos α : F → Aut(G) por α(f)(g) = a(g, f). Para mostrarmos que α é um anti-homomorsmo de grupos, pela Demonstração da Proposição 1.13 (p. 20), basta mostrarmos que, ∀f ∈ F , α(f )é homomorsmo de grupos. Sendo assim, dados f1, f2 ∈ F e g ∈ G, segue que

α(f1f2)(g) =a(g, f1f2) = a(a(g, f1), f2) = α(f2)(a(g, f1)) = α(f2)α(f1)(g).

Portanto, α, de fato, é anti-homomorsmo de grupos e, por denição, F age sobre G. Denição 1.13. Sejam G um grupo e F um grupo agindo à direita sobre G. Dizemos que F age trivialmente à direita sobre G se gf = g, ∀g ∈ G, f ∈ F.

Denição 1.14. Sejam G um grupo, F1 um grupo agindo à direita sobre G e F2 um grupo

agindo à direita sobre F1 e sobre G. Dizemos que a ação à direita de F2 é compatível

com a ação à direita de F1 sobre G se, dados g ∈ G, f1 ∈ F1 e f2 ∈ F2,

(41)

Exemplo 1.2. Sejam G um grupo, F1 um grupo agindo à direita sobre G via conjugação à

direita e F2 um grupo agindo à direita sobre F1 e sobre G via conjugação à direita. Temos,

então, que a ação à direita de F2 é compatível com a ação à direita de F1 sobre G.

Proposição 1.16. Sejam G um grupo, Hom(G, R) visto como grupo munido da operação (v1+ v2)(g) = v1(g) + v2(g), ∀g ∈ G, v1, v2 ∈ Hom(G, R)e F um grupo agindo à direita sobre

G. Então, F age à direita sobre Hom(G, R) através da seguinte ação: vf(g) = v(gf−1),

para todo g ∈ G, f ∈ F, v ∈ Hom(G, R).

Demonstração. Denindo-se a : Hom(G, R) × F → Hom(G, R) por a(v, f)(g) = vf(g) =

v(gf−1), pela Proposição 1.15 (p. 22), basta mostrar os seguintes itens: i) v1F = v, ∀v ∈ Hom(G, R); ii) (vf1)f2 = vf1f2, ∀f 1, f2 ∈ F, v ∈ Hom(G, R); iii) (v1+ v2)f = v1f + v f 2, ∀f ∈ F, v1, v2 ∈ Hom(G, R).

Façamos, então, a demonstração de i), ii) e iii) a seguir.

i) Dados v ∈ Hom(G, R) e g ∈ G, v1F(g) = v(g1−1F ) = v(g). Logo, v1F = v.

ii) Dados v ∈ Hom(G, R), f1, f2 ∈ F e g ∈ G, temos que (vf1)f2(g) = (vf1)(gf

−1 2 ) =

v((gf2−1)f1−1) = v(gf2−1f1−1) = v(g(f1f2)−1) = vf1f2(g). Logo, (vf1)f2 = vf1f2.

iii) Dados v1, v2 ∈ Hom(G, R), f ∈ F e g ∈ G, segue que (v1+ v2)f(g) = (v1+ v2)(gf

−1 ) = v1(gf −1 ) + v2(gf −1 ) = vf1(g) + v2f(g) = (v1f + v2f)(g). Portanto, (v1 + v2)f = v1f + v f 2.

Lema 1.28. Sejam G um grupo, H C G e F um grupo agindo à direita sobre G. Então, Hf C G, ∀f ∈ F .

Demonstração. O resultado segue do fato de que, para todo f ∈ F , a ação de f sobre G é isomorsmo de grupos.

Lema 1.29. Sejam G um grupo, H um subgrupo de G e F um grupo agindo à direita sobre G. Se [G : H] < ∞, então [G : Hf] < ∞, ∀f ∈ F.

Demonstração. Seja α : F → Aut(G) a ação à direita de F sobre G. Temos, então, que, dado f ∈ F , α(f)(G) = G, isto é, Gf = G, ∀f ∈ F. Por hipótese, [G : H] < ∞, logo, pela

Proposição 1.4 (p. 8), temos que [α(f)(G) : α(f)(H)] < ∞, ∀f ∈ F , isto é, [G : Hf] <

∞, ∀f ∈ F.

Lema 1.30. Sejam G um grupo, H um subgrupo de G e F um grupo agindo à direita sobre G. Então, H0 :=

\

f ∈F

(42)

Demonstração. Dado f0 ∈ F, H0f0 = ( \ f ∈F Hf)f0 = \ f ∈F Hf f0 = \ f f0∈F Hf f0 = \ γ∈F Hγ = H0,

onde γ = ff0. Portanto, H0 é F -invariante.

Proposição 1.17. Sejam G um grupo, H C G e F um grupo agindo à direita sobre G. Se H é F -invariante, então existe ação à direita de F sobre G/H, denida por

(gH)f := gfH, (1.4)

para todo f ∈ F e para toda classe lateral gH ∈ G/H.

Demonstração. Vamos mostrar que a ação denida em (1.4) (p. 24) está bem denida. Primeiramente, temos que gfH ∈ G/H, uma vez que que gf ∈ G, pois F age à direita

sobre G. Agora, dados g1H, g2H ∈ G/H, se g1H = g2H, então g2−1g1 ∈ H e, como H é

F-invariante, (g2−1g1)f ∈ H, ∀f ∈ F, portanto (g2−1g1)f = (g−12 )fg f 1 = (g f 2)−1g f 1 ∈ H e, assim,

g1fH = g2fH. Resta mostrar que em (1.4) (p. 24) temos de fato uma ação. Denamos a : G/H × F → G/H por a(gH, f) = (gH)f, para toda classe lateral gH ∈ G/H. Pela

Proposiçao 1.15 (p. 22) basta mostrarmos que a satisfaz i), ii) e iii) dessa mesma Proposição. É o que faremos a seguir, dados f1, f2, f ∈ F e g1, g2, g ∈ G.

i) a(gH, 1F) = (gH)1F = g1FH = gH.

ii) a(gH, f1f2) = (gH)f1f2 = gf1f2H = (gf1)f2H = (gf1H)f2 = ((gH)f1)f2 =

a((gH)f1, f

2) = a(a(gH, f1), f2).

iii) a(g1H · g2H, f ) = a(g1g2H, f ) = (g1g2H)f = (g1g2)fH = g1fg f 2H = g f 1H · g f 2H = a(g1H, f )a(g2H, f ).

1.1.4 Alguns Resultados sobre Grupos Finitamente Gerados

Denição 1.15. Seja G um grupo. Dizemos que G é um grupo nitamente gerado se existe um subconjunto nito X de G tal que G = hXi, isto é,

G = {xε1

1 . . . x εn

n ∈ G : n percorre o conjunto Z+, xj ∈ X e εj ∈ {−1, 0, 1}, com 1 ≤ j ≤ n}.

Neste caso, dizemos que G é grupo nitamente gerado por X, ou que o subconjunto nito X gera o grupo G, ou ainda que X é um conjunto nito de geradores do grupo G.

Proposição 1.18. Sejam G, H grupos e ϕ : G → H um homomorsmo de grupos. Se G é grupo nitamente gerado, então ϕ(G) é grupo nitamente gerado. Em particular, se H C G e G é um grupo nitamente gerado, então G/H é um grupo nitamente gerado.

Demonstração. Sejam n ∈ Z+ e X = {g1, . . . , gn} um conjunto nito de geradores do grupo

G. Então, G = hg1, . . . , gni e, portanto, ϕ(G) = ϕ(hg1, . . . , gni) = hϕ(g1), . . . , ϕ(gn)i. De

fato, dado h ∈ ϕ(G), temos que h = ϕ(g), para algum g ∈ G. Como G é grupo gerado pelo subconjunto nito X, segue que g = gε1

i1 . . . g

εs

Referências

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