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A inserção das grandes economias em desenvolvimento nas cadeias globais de valor e seus efeitos sobre a captura de valor

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ECONOMIA. Débora Bellucci Modolo. A Inserção das Grandes Economias em Desenvolvimento nas Cadeias Globais de Valor e seus Efeitos sobre a Captura de Valor. Campinas 2019.

(2) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ECONOMIA. Débora Bellucci Modolo. A Inserção das Grandes Economias em Desenvolvimento nas Cadeias Globais de Valor e seus Efeitos sobre a Captura de Valor. Prof. Dr. Célio Hiratuka– orientador. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutora em Ciências Econômicas na área de concentração: Teoria Econômica.. ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA DÉBORA BELLUCCI MODOLO ORIENTADA PELO PROF. DR. CÉLIO HIRATUKA.. Campinas 2019.

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(4) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ECONOMIA. Débora Bellucci Modolo. A Inserção das Grandes Economias em Desenvolvimento nas Cadeias Globais de Valor e seus Efeitos sobre a Captura de Valor. Prof. Dr. Célio Hiratuka – orientador. Defendida em 27/02/2019 COMISSÃO JULGADORA Prof. Dr. Célio Hiratuka Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Prof. Dr. Mariano Francisco Laplane Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Prof. Dr. Antonio Carlos Diegues Junior Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Prof. Dr. Clésio Lourenço Xavier Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Prof. Dr. Joaquim José Martins Guilhoto Universidade de São Paulo (USP) A Ata de Defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica da aluna..

(5) A Deus “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas” Ao meu marido, aos meus pais e irmãos, com muito amor.

(6) Agradecimentos A Deus, pelo dom da vida, por me sustentar e me conduzir até aqui. Ao meu marido, pelo seu amor, incentivo, compreensão e apoio sem medidas. Aos meus pais, pelo amor incondicional, investimento e apoio aos estudos. Aos meus irmãos, demais familiares e amigos, pelo carinho, motivação e compreensão. Ao professor orientador Célio Hiratuka, pelo valioso apoio na elaboração desta tese e parceria de pesquisa desde o Mestrado. Ao professor Joaquim Guilhoto, pelo rico conhecimento transmitido e apoio a minha trajetória acadêmica da graduação à participação na Banca de Defesa desta tese. Aos professores Mariano Laplane e Clésio Xavier pela participação na Banca de Defesa e valiosas sugestões a este trabalho. Ao professor Antônio Carlos Diegues, pelos comentários importantes tanto no exame de qualificação quanto na seção de Defesa desta tese. À professora Carolina Baltar pelas relevantes sugestões no exame de qualificação. Aos demais professores, funcionários e colegas, da escola à universidade, que contribuíram de uma maneira especial para minha formação acadêmica-profissional. À Fiesp e equipe de trabalho pelo conhecimento compartilhado e valiosa contribuição ao meu desenvolvimento profissional..

(7) Resumo A maior integração nas cadeias globais de valor (CGVs) costuma ser apresentada como meio inequívoco para o desenvolvimento econômico. Este trabalho busca verificar se, nas grandes economias em desenvolvimento, a maior participação nas CGVs leva aos ganhos previstos pela literatura. Os países em desenvolvimento costumam ser tratados como um todo homogêneo, porém nas grandes economias o mercado doméstico tende a ser mais relevante e diversificado do que nas pequenas, provavelmente afetando o grau de integração nas CGVs e os benefícios decorrentes desta. Assim, foi estimado e analisado o grau de integração nas CGVs das sete maiores economias em desenvolvimento (Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia e Turquia) no período de rápida expansão global (2000 a 2008) e no período de desaceleração global (2010 a 2014) com base na metodologia de Wang et al. (2016). Uma das inovações dessa abordagem é a mensuração do grau de integração dos países nas CGVs em relação ao tamanho das economias, diferentemente da metodologia convencional que mede quanto do comércio bruto se relaciona às CGVs. Dessa forma, estimou-se também a inserção dos países selecionados nas CGVs por setor de atividade de acordo com o nível tecnológico e a intensidade do conhecimento. A partir desses indicadores foi possível avaliar, por meio de abordagem econométrica, os efeitos da inserção das grandes economias em desenvolvimento nas CGVs sobre a captura de valor, definida como a participação de cada país no valor adicionado mundial, por setor analisado. As estimações foram realizadas para o painel das sete maiores economias em desenvolvimento, 56 setores, e dois períodos mencionados. As evidências encontradas apontam que a maior integração nas CGVs para trás teve efeito predominantemente negativo sobre a captura de valor em ambos os períodos. O único país que se beneficiou da maior integração nas CGVs para trás foi a China, no segmento industrial, de 2000 a 2008. Quanto ao impacto da integração nas CGVs para frente, de maneira geral, as conclusões não foram estatisticamente significantes. Notou-se também uma tendência geral dos impactos negativos terem ampliado sua magnitude no período de desaceleração global. Essa tendência fica mais evidente no caso do Brasil, cujo impacto negativo e significativo da integração nas CGVs para frente e para trás foi o mais intenso entre os países analisados no período de 2010 a 2014. Portanto, a tese contribui para a literatura sobre o tema tanto por preencher uma lacuna nos estudos empíricos sobre países em desenvolvimento, destacando os efeitos setoriais da inserção nas CGVs em países com mercado interno relevante, como por avaliar seus efeitos em termos de captura de valor na produção global..

(8) Palavras-chave: cadeias globais de valor; rede de produção global; comércio em valor adicionado; desenvolvimento econômico; valor adicionado; modelo de insumo-produto; dados em painel; países em desenvolvimento..

(9) Abstract Greater integration into global value chains (GVCs) is often presented as an unequivocal way for economic development. This paper seeks to evaluate if increasing GVC integration in large developing economies lead to the expected gains foreseen by literature. Developing countries are usually treated as a homogeneous whole, but in large economies the domestic market tends to be more relevant and diversified than in the small ones, probably affecting the degree of GVC integration and the benefits arising from it. Therefore, the degree of GVC integration of the seven largest developing economies (Brazil, China, India, Mexico, Russia and Turkey) was estimated and analyzed, during the period of rapid global expansion (2000 to 2008) and the period of global deceleration (2010 to 2014), based on the methodology of Wang et al. (2016). One of the innovations of this approach is the measurement of GVC integration in relation to the size of the economies, unlike the conventional methodology that measures how much of gross trade relates to the GVCs. Thus, it was also estimated the degree of GVC integration of the selected countries by sectors according to the technological level and knowledge intensity. Based on these indicators, it was possible to estimate, through an econometric approach, the effects of GVC integration on value capture in the largest developing economies, defined as each country’s share of world value added, by sector analyzed. Estimates were made using panel data of the seven largest developing economies, 56 sectors, and the two stated periods. The evidences from this paper point out that the greater backward GVC integration had a predominantly negative effect on the value capture on both periods. The only country that benefited from greater backward GVC integration was China, within the manufacturing sector, from 2000 to 2008. As for the impact of forward GVC integration, the results were not statistically significant in general. The results also indicated as a general trend that the negative impacts have been increasing in magnitude during the period of global deceleration. This trend was most evident in the case of Brazil, which negative and significant impact of backward and forward GVC integration was the most intense among the analyzed countries during the period from 2010 to 2014. Therefore, the thesis contributes to the literature both filling the gap of empirical studies on developing countries, regarding the sectorial effects of GVC integration in countries with relevant domestic market, as for evaluating the effects in terms of value capture in global production.. Keywords: global value chains; global production network; trade in value added; economic development; value added; input-output model; panel data; developing countries..

(10) Lista de Tabelas Tabela 1 – Matriz de insumo-produto global ........................................................................... 57 Tabela 2 – Classificação setores WIOD conforme intensidade tecnológica e do conhecimento .................................................................................................................................................. 68 Tabela 3 – Evolução da participação do valor adicionado de cada país no valor adicionado global (em %, 2000 a 2008 e 2010 a 2014) ............................................................................ 105 Tabela 4 – Evolução da participação do valor adicionado de cada país no valor adicionado global da indústria (em %, 2000 a 2008 e 2010 a 2014) ........................................................ 106 Tabela 5 – Resultados das estimações (2000 a 2008) para o segmento industrial ................. 108 Tabela 6 – Resultados das estimações (2000 a 2008) para o segmento industrial por GPED 110 Tabela 7 – Resultados das estimações (2000 a 2008) para todos os setores da economia ..... 113 Tabela 8 – Resultados das estimações por setor de atividade segundo a intensidade tecnológica e a intensidade de conhecimento (2000 a 2008) ..................................................................... 114 Tabela 9 – Resultados das estimações (2010 a 2014) para o segmento industrial ................. 117 Tabela 10 – Resultados das estimações (2010 a 2014) para todos os setores da economia ... 118 Tabela 11 – Resultados das estimações por setor de atividade segundo a intensidade tecnológica e a intensidade de conhecimento (2010 a 2014) ..................................................................... 120.

(11) Lista de Gráficos Gráfico 1 – Razão entre exportações de bens e serviços intermediários e exportações de bens e serviços finais (2000-2014) ...................................................................................................... 34 Gráfico 2 – Taxa de Crescimento Anual do PIB Mundial e das Exportações Mundiais de Bens e Serviços de 1980 a 2017 (% a.a.) .......................................................................................... 35 Gráfico 3 – Taxa de crescimento anual do PIB dos Países em Desenvolvimento, PIB dos Países Avançados e das Exportações mundiais de bens e serviços (2000 a 2014) ............................. 66 Gráfico 4 – Participação dos GPEDs na CGV para frente 2000/2008 (total, simples e complexa) em % do VA doméstico ............................................................................................................ 77 Gráfico 5 – Participação na CGV para trás 2000/2008 (total, simples e complexa) ................ 79 Gráfico 6 – Participação na CGV para frente 2010/2014 (total, simples e complexa) ............ 81 Gráfico 7 – Participação na CGV para trás 2010/2014 (total, simples e complexa) ................ 83 Gráfico 8 – Participação da Produção Primária na CGV ......................................................... 85 Gráfico 9 – Participação da Indústria de Baixa Tecnologia na CGV ....................................... 86 Gráfico 10 – Participação da Indústria de Média-Baixa Tecnologia na CGV ......................... 87 Gráfico 11 – Participação da Indústria de Média-Alta Tecnologia na CGV ............................ 87 Gráfico 12 – Participação da Indústria de Alta Tecnologia na CGV ....................................... 88 Gráfico 13 – Participação de Serviços Pouco Intensivos em Conhecimento na CGV ............. 89 Gráfico 14 – Participação de Serviços Intensivos em Conhecimento na CGV ........................ 90 Gráfico 15 – Participação de Serviços de Alta Tecnologia na CGV ........................................ 91 Gráfico 16 – Participação de Serviços Financeiros na CGV .................................................... 92.

(12) Lista de Figuras Figura 1 – Quadro comparativo-resumo da abordagem de Wang et al. (2016) com medidas tradicionais (VS e VS1) ............................................................................................................ 42 Figura 2 – Esquema da decomposição do PIB na ótica da CGV para frente ........................... 60 Figura 3 – Esquema da decomposição da produção final na ótica da CGV para trás .............. 62 Figura 4 – Decomposição do PIB dos GPEDs na ótica da CGV para frente ........................... 70 Figura 5 – Decomposição da produção final dos GPEDs na ótica da CGV para trás .............. 72 Figura 6 – Indicadores de participação nas CGVs para frente e para trás: metodologia de Wang et al. (2016) x TiVA (em %) .................................................................................................... 75.

(13) Sumário Introdução ................................................................................................................................. 15 Capítulo 1 – Cadeias Globais de Valor: definições, contextualização, mensuração e impactos .................................................................................................................................................. 20 1.1. Aspectos históricos e conceituais das Cadeias Globais de Valor .................................. 20 1.1.1. O que são CGVs ..................................................................................................... 20 1.1.2. Como surgiram as CGVs ........................................................................................ 23 1.1.3. Tipologia das CGVs e upgrading ........................................................................... 26 1.1.4. Distribuição geográfica das CGVs ......................................................................... 31 1.1.5. Mudanças no comércio internacional ..................................................................... 33 1.2. Mensuração das Cadeias Globais de Valor ................................................................... 38 1.2.1. Desenvolvimento dos indicadores de participação nas CGVs ............................... 38 1.2.2. Comparativo do novo indicador de participação nas CGVs aos indicadores tradicionais ....................................................................................................................... 40 1.3. Efeitos da participação nas Cadeias Globais de Valor .................................................. 43 1.3.1 Possíveis efeitos da participação nas CGVs ............................................................ 43 1.3.2 Estudos empíricos sobre o impacto da participação nas CGVs............................... 48 Capítulo 2 – Análise da participação dos GPEDs nas CGVs ................................................... 56 2.1. Aspectos metodológicos ................................................................................................ 56 2.1.1. Conceitos básicos da matriz de insumo-produto global ......................................... 56 2.1.2 Decomposição do PIB na ótica da CGV para frente ............................................... 57 2.1.3 Decomposição da produção final na ótica da CGV para trás .................................. 61 2.1.4. Índices de participação na CGV ............................................................................. 63 2.1.5. Descrição dos dados ............................................................................................... 65 2.2. Análise de Resultados .................................................................................................... 69 2.2.1. Análise da decomposição do valor adicionado e da produção de bens finais ........ 69 2.2.2. Análise da participação dos GPEDs nas CGVs para frente e para trás .................. 74 2.2.2.1. Participação dos GPEDs nas CGVs no período de rápida expansão global (2000-2008) .................................................................................................................. 74 2.2.2.2. Participação dos GPEDs nas CGVs no período de desaceleração global (20102014) ............................................................................................................................. 81 2.2.3. Análise da participação dos GPEDs nas CGVs por setor de atividade econômica 83 2.2.3.1. Análise da participação dos GPEDs nas CGVs por intensidade tecnológica .. 84.

(14) 2.2.3.2. Análise da participação dos GPEDs nas CGVs por intensidade do conhecimento dos serviços ........................................................................................... 89 2.3. Conclusões do capítulo .................................................................................................. 92 Capítulo 3 – Análise do impacto da participação dos GPEDs nas CGVs sobre a captura de valor .................................................................................................................................................. 95 3.1. Especificação do Modelo............................................................................................... 96 3.1.1. Forma funcional e variáveis de interesse ................................................................ 96 3.1.2. Método econométrico de estimação ..................................................................... 100 3.1.3. Descrição e análise dos dados .............................................................................. 104 3.2. Análise dos Resultados no período de rápida expansão global (2000 a 2008) ............ 107 3.2.1. Impacto da integração dos GPEDs nas CGVs para o segmento industrial: comparativo de metodologias ......................................................................................... 107 3.2.2. Impacto da integração dos GPEDs nas CGVs para todos os setores da economia, por país ........................................................................................................................... 112 3.2.3. Impacto da integração nas CGVs por segmento segundo a intensidade tecnológica e a intensidade do conhecimento .................................................................................... 114 3.3. Análise dos Resultados no período de desaceleração global (2010 a 2014) ............... 116 3.3.1. Impacto da integração dos GPEDs nas CGVs para o segmento industrial .......... 116 3.3.2. Impacto da integração dos GPEDs nas CGVs para todos os setores da economia ........................................................................................................................................ 117 3.3.3. Impacto da integração nas CGVs por segmento segundo a intensidade tecnológica e a intensidade do conhecimento .................................................................................... 119 3.4. Conclusões do capítulo ................................................................................................ 120 Considerações finais ............................................................................................................... 125 Bibliografia ............................................................................................................................. 129 Apêndices ............................................................................................................................... 137.

(15) 15. Introdução Um dos aspectos mais destacados na economia global nos últimos anos diz respeito ao fato de que diferentes etapas da produção de um bem passaram a ser realizadas em múltiplos países por meio de cadeias globais de valor (CGVs), alterando a configuração do comércio internacional com a crescente participação do comércio intermediário. O potencial para a fragmentação geográfica do trabalho foi ampliado, sobretudo, devido aos avanços na tecnologia da informação e comunicação, melhorias nos transportes e logística. Ao mesmo tempo, as grandes empresas dos países avançados buscaram racionalizar sua produção global, buscando formas mais flexíveis de organização da produção recorrendo à intensa terceirização e deslocalização de etapas produtivas. A crescente relevância deste processo resultou em diversos estudos que, em geral, apontam que quanto maior a participação nas CGVs melhor o desempenho econômico do país, uma vez que as CGVs refletiriam uma divisão do trabalho mais eficiente e especializada e que permitiria às firmas explorarem melhor os mercados globais, de maneira compatível com suas vantagens comparativas (Wang et al., 2016). Compartilhar a produção para atender os mercados globais altamente competitivos permitiria ao país especializar-se e ao mesmo tempo alcançar escalas mais eficientes graças ao acesso aos mercados globais. Além disso, as CGVs abririam acesso a fluxos de conhecimento, habilidades, capital e insumos sofisticados que poderiam levar à transformação estrutural e ao crescimento do nível de renda (Boffa et al., 2016). Nessa direção, estudos1 indicam que a maior integração nas CGVs poderia trazer ganhos positivos e significativos de produtividade e transbordamentos de tecnologia (spillovers), aumentando o crescimento econômico. Os transbordamentos tecnológicos, o aprimoramento de habilidades e efeitos de reestruturação de mercado tenderiam a elevar a produtividade das empresas locais nos mesmos setores ou em setores a jusante ou a montante, como resultado da produção em CGV. Além de ganhos de especialização e realocação de recursos, a participação nas CGVs poderia levar a escala mínima de produção em determinados setores, inclusive em infraestrutura que, por sua vez, poderia estimular a produção local em outros setores (Taglioni e Winkler, 2015; Boffa et al., 2016).. 1. Taglioni e Winkler (2016); Kummritz (2016); Constantinescu, Mattoo e Ruta (2017); Baldwin e Yan (2017)..

(16) 16. Baseados nos benefícios que as CGVs podem proporcionar, é muito comum que formuladores de políticas nos diversos países defendam a maior integração nas CGVs como um dos meios inequívocos para o desenvolvimento econômico, muitas vezes sem distinção em termos de grau de desenvolvimento, tamanho relativo das economias, entre outros elementos. Contudo, pesquisas mostram que as CGVs são multifacetadas e tem diferentes características. e. dinâmicas,. e,. portanto,. oferecem. diferentes. oportunidades. para. desenvolvimento econômico, aprendizado tecnológico e modernização industrial (Sturgeon et al., 2017). Sturgeon et al. (2017) destacam que com a fragmentação geográfica das funções de negócios nas CGVs, montadores e fornecedores de insumos intermediários podem nunca estar expostos a funções de maior valor agregado como pesquisa e desenvolvimento (P&D) e marketing, ficando restrito a funções menos sofisticadas e de menor valor agregado, havendo barreiras significativas à agregação de valor por meio das CGVs. Kummritz (2016) também destaca a preocupação dos países de renda baixa e média de que as CGVs sejam simplesmente uma nova maneira de promover antigas políticas comerciais liberais que trazem ganhos unilaterais para o mundo desenvolvido e os forçam a se especializarem em tarefas de baixa produtividade com pouco espaço para desenvolvimento econômico futuro. Portanto, o efeito positivo das CGVs para os países participantes não é automático e, curiosamente, ainda há pouca evidência empírica sobre os impactos da integração nas CGVs, especialmente para países em desenvolvimento. Este trabalho busca preencher esta lacuna na literatura empírica e responder à seguinte questão: Nas grandes economias em desenvolvimento, a maior participação nas CGVs leva aos ganhos previstos pela literatura? Este trabalho se concentra na análise do impacto da integração nas CGVs sobre as grandes economias em desenvolvimento, porque estes países costumam ter um mercado doméstico mais relevante e, em geral, dispõem de uma maior variedade de bens e serviços intermediários em seu próprio território, o que afeta seu grau de integração nas CGVs e os benefícios decorrentes desta. Apesar disso, não se espera que o efeito da integração nas CGVs seja necessariamente igual em todos os países analisados. Uma das contribuições originais deste trabalho é aplicar a metodologia de Wang et al. (2016) para realizar uma análise detalhada da evolução da participação nas CGVs das sete maiores economias em desenvolvimento2, nomeadas neste trabalho pela sigla GPEDs (Brasil,. 2. Em PIB (nominal e paridade do poder de compra), segundo Banco Mundial, 2017..

(17) 17. China, Índia, Indonésia, México, Rússia e Turquia) em dois períodos: i) 2000 a 2008, que corresponde a um período de elevado crescimento econômico mundial, antes dos efeitos mais pervasivos da crise financeira internacional; ii) 2010 a 2014, que representa o período de desaceleração global que se seguiu à crise financeira internacional. A metodologia de Wang et al. (2016) se diferencia da literatura tradicional, que considera como parte das CGVs somente o comércio que cruza fronteiras pelo menos duas vezes. Wang et al. (2016) consideram que parte importante das CGVs se perde nesse conceito e incluem o comércio de bens e serviços intermediários que cruzam fronteira nacional somente uma vez e participam do processo produtivo e consumo do importador direto como parte das CGVs. Dessa maneira, os autores conseguem decompor a participação dos países e setores nas CGVs entre participação simples (valor adicionado doméstico cruza fronteira nacional somente uma vez) e participação complexa (valor adicionado doméstico cruza fronteiras nacionais pelo menos duas vezes). Além disso, ao invés de medir a participação nas CGVs em relação ao comércio bruto do país, Wang et al. (2016) desenvolvem o indicador de participação nas CGVs em relação ao valor adicionado (VA) e à produção de bens finais. Dessa forma, os indicadores de Wang et al. (2016) vão além do conceito de comércio e contemplam o conceito de produção, mostrando-se oportuno à análise setorial e à comparação entre países, pois quando o comércio em CGV é medido em relação ao comércio bruto de um setor ou país, tende a sobre-estimar a participação na CGV de um setor ou país que exporta pouco. No setor de serviços isso é particularmente importante, pois o segmento tende a realizar poucas exportações diretas. Este trabalho avança em relação a Wang et al. (2016 e 2017) que aplicam sua metodologia de maneira agregada, apresentando indicadores somente de alguns países e setores específicos como exemplos. Nesta tese, emprega-se a metodologia de Wang et al. (2016) para realizar uma análise ampla e sistematizada da integração das maiores economias em desenvolvimento (GPEDs)3 nas CGVs, diferenciando a inserção nas CGVs por setor de atividade de acordo com o nível tecnológico e a intensidade do conhecimento. Contempla-se assim uma análise da participação dos GPEDs nas CGVs também nos setores de serviços, e não apenas na indústria como faz a maioria dos trabalhos na área em razão, justamente, das dificuldades de avaliar a participação do setor de serviços nas CGVs. A partir da mensuração desses indicadores foi possível avançar na questão central da tese, avaliar os efeitos da inserção dos GPEDs nas CGVs sobre a captura de valor. Levando3. O termo GPEDs será utilizado para se referir às sete maiores economias em desenvolvimento selecionadas para análise neste trabalho: Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia e Turquia..

(18) 18. se em consideração que as grandes corporações no âmbito das CGVs estão constantemente em busca da maior fatia do VA em relação ao VA global gerado, desenvolve-se o conceito de captura de valor da perspectiva dos setores e países. A captura de valor dá uma indicação relativa do PIB doméstico comparativamente ao PIB mundial4, por setor analisado. Portanto, além do desempenho doméstico, incorpora uma dimensão de competitividade internacional. Ou seja, o VA pode crescer em um país, mas o país pode estar perdendo espaço no VA global. A análise dos efeitos da integração dos GPEDs nas CGVs sobre a captura de valor é uma contribuição original deste trabalho. Testa-se primeiramente se a maior participação na CGV leva ao aumento da captura de valor global pelos GPEDs no segmento industrial, ou seja, ao aumento da participação dos GPEDs no PIB industrial mundial. Posteriormente, são avaliados os efeitos para o conjunto de todos os setores da economia, como os impactos variam em cada país e, por último, nos setores de atividade agrupados por intensidade tecnológica e de conhecimento. Nas estimações econométricas são empregadas como variáveis de integração nas CGVs os indicadores estimados neste trabalho baseados em Wang et al. (2016). A fim de avaliar se as conclusões do modelo mudariam com o uso de indicadores tradicionais de integração nas CGVs, o modelo econométrico foi também estimado com o uso de variáveis de participação nas CGVs provenientes de TiVA (Trade in Value Added – OCDE). Portanto, os resultados deste trabalho permitem identificar quais dos GPEDs tiveram maior inserção nas CGVs e quais os efeitos dessa maior integração para suas economias em termos de participação no valor adicionado global. Além disso, possibilita reconhecer quais setores da economia, classificados por intensidade tecnológica e intensidade de conhecimento têm mais se beneficiado ou não da expansão das CGVs. Este trabalho está estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo caracteriza brevemente o conceito de CGVs, suas origens, formas de governança, distribuição geográfica e evolução recente do comércio internacional. Em seguida, realiza uma breve revisão da literatura sobre as formas de mensuração das CGVs e os diferenciais da abordagem utilizada neste trabalho. Posteriormente é exposta a lógica dos argumentos que apontam para os benefícios da integração nas CGVs, bem como suas ameaças. Por fim, faz-se uma revisão da literatura dos estudos empíricos que analisam os impactos das CGVs, especialmente sobre a produtividade, o valor adicionado e o crescimento econômico, identificando os principais resultados desses estudos. 4. Ao longo deste trabalho serão utilizadas as expressões PIB e valor adicionado (VA) indistintamente por simplificação..

(19) 19. O segundo capítulo se destina a apresentar a evolução da participação dos países nas CGVs segundo a metodologia adotada neste trabalho. Na primeira parte do capítulo, realizase uma explicação detalhada dessa metodologia. Na segunda parte, são apresentados os resultados da decomposição do valor adicionado na ótica das CGVs para frente e da produção final na ótica das CGVs para trás. A partir daí, são analisadas a participação dos GPEDs nas CGVs, para frente e para trás, tanto para o período de rápida expansão global (2000-2008), quanto no período de desaceleração global, pós crise financeira internacional (2010-2014). Finalmente, os resultados da inserção nas CGVs são desagregados por setor de acordo com a intensidade tecnológica e a intensidade de conhecimento. O terceiro capítulo, por sua vez, tem por objetivo avaliar os efeitos da integração nas CGVs para os GPEDs por meio de análise econométrica. Especifica-se o modelo com base na literatura padrão de crescimento e em estudos empíricos no tema. A variável dependente é definida como captura de valor e o indicador de participação na CGV (estimado também neste trabalho) é a variável explicativa de interesse. Em seguida, são apresentados os resultados das estimações tanto para o período de rápida expansão global (2000-2008), quanto para o período de desaceleração global, pós crise financeira internacional (2010-2014). São realizadas tanto estimações para o segmento industrial, quanto para o conjunto de todos os setores da economia. Além disso, são realizadas estimações separadamente por país e grupo de setores conforme a intensidade tecnológica e de conhecimento, permitindo uma análise mais profunda dos impactos da integração nas CGVs para os GPEDs em ambos os períodos..

(20) 20. Capítulo 1 – Cadeias Globais de Valor: definições, contextualização, mensuração e impactos Este capítulo tem como objetivo realizar uma breve revisão da literatura sobre as cadeias de globais de valor, revisitando diferentes formas de mensuração dos indicadores de participação nas CGVs na literatura e discutindo os possíveis efeitos da integração nas CGVs para as economias. Primeiramente, pretende-se expor aspectos gerais da definição de CGVs, bem como suas origens. São discutidas também mudanças na governança do processo produtivo, formas de upgrading, mudanças na distribuição geográfica da produção mundial e no comércio internacional provocadas pelas CGVs. Em segundo lugar, busca-se apresentar a evolução das diferentes formas de mensuração da participação nas CGVs que se desenvolveram com a disponibilidade de tabelas de insumo-produto internacionais até chegar à metodologia utilizada neste trabalho. Em seguida, são apresentados elementos que evidenciam os diferenciais da metodologia empregada neste trabalho e justificam a escolha do indicador para análise que se pretende. Em terceiro lugar, objetiva-se analisar os possíveis efeitos da participação nas CGVs conforme conjunto de relatos na literatura para posteriormente apresentar diversos estudos empíricos que estudaram o impacto da participação das CGVs sobre a produtividade e o PIB (valor adicionado) dos países, entre outras variáveis econômicas.. 1.1. Aspectos históricos e conceituais das Cadeias Globais de Valor 1.1.1. O que são CGVs É amplamente reconhecido que nas últimas décadas a natureza do comércio internacional mudou drasticamente. Uma das mudanças mais importantes envolve a crescente interconectividade dos processos de produção em uma cadeia de comércio global que se estende por muitos países, com cada país se especializando em etapas específicas da sequência de produção de um bem. Esse fenômeno tem sido estudado extensivamente pela literatura e tem sido denominado de diferentes maneiras, entre as quais “vertical specialization”, “fragmentation”, “offshoring”, “outsourcing”, “second unbundling”, “global commodity chain”, “global production network” e mais recentemente, “global value chain” ou, em português, cadeia global de valor (CGV)..

(21) 21. Segundo Hummels et al. (2001), os primeiros trabalhos a notar o fenômeno foram Balassa (1967) e Findlay (1978) e o chamaram de “vertical specialization” (em português, especialização vertical), terminologia também adotada por Hummels et al. (2001). Hummels et al. (2001) foram precursores na mensuração da participação nas CGVs, desenvolvendo uma medida que foi amplamente difundida e será explicitada posteriormente. Essa literatura está associada às teorias de comércio internacional tradicionais. Outra abordagem da literatura fornece uma perspectiva mais histórica e enfatiza a questão das assimetrias entre diferentes regiões no processo de desenvolvimento global. Essa vertente também se difundiu nos anos 1970, sob o conceito de “Global Commodity Chain” (GCC), conforme apontado por Bair e Mahutga (2016). O conceito desenvolvido por Hopkins e Wallerstein (1977) envolvia a análise da cadeia de commodities iniciando-se pelo final da cadeia, rastreando-se os insumos que culminaram no item final consumível, o que engloba transformações anteriores, matérias-primas, mecanismos de transporte, trabalho empregado nas etapas produtivas, entre outros. A esse conjunto de processos empregaram o termo GCC. Segundo essa abordagem, as cadeias de commodities são capazes de integrar unidades geopolíticas ao sistema mundial, mas também de estratificá-las. Isso ocorre porque os retornos da participação das unidades geopolíticas nas cadeias de commodities são desiguais e, assim, criam-se e reproduzem-se zonas centrais (que ganham retornos relativamente altos) e periféricas (que ganham retornos relativamente baixos). A partir dos anos 1990, Gary Gereffi e outros autores começaram a estudar como a participação nas GCCs poderia ser um caminho de mobilidade ascendente de países em desenvolvimento. Esses autores observavam que a participação nas GCCs poderia levar a processos de mudança em direção a atividades de maior valor agregado, conhecido por upgrading (Gereffi, 1999). Assim, o estudo das GCCs foi aos poucos migrando para o estudo de indústrias globais contemporâneas e estruturas de oportunidade que facilitam o desenvolvimento, e incorporando novas áreas de conhecimento, aproximando-se do conceito que conhecemos hoje por cadeia global de valor (CGV). Segundo Inomata (2016), a consolidação do termo "cadeias globais de valor" ocorreu com um abrangente estudo sobre a estrutura e o mecanismo de distribuição de valor entre os países realizada por Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005). As CGVs são na maioria das vezes definidas na literatura de forma descritiva, como um conjunto de atividades realizadas em redes de empresas em escala global. Um único produto acabado geralmente resulta de fabricação e montagem em múltiplos países, com cada etapa do processo tendo adicionado valor ao produto final. Ou seja, diferentes estágios de produção são.

(22) 22. conduzidos por diferentes produtores localizados em vários países, com partes e componentes que atravessam fronteiras nacionais. Gereffi e Fernandez-Stark (2016) as descrevem como o conjunto de atividades que empresas e trabalhadores executam para levar um produto desde a concepção até o uso final e além, o que inclui atividades como pesquisa e desenvolvimento (P&D), design, produção, marketing, distribuição e apoio ao consumidor. A abordagem das redes de produção globais (“Global Production Networks” – GPNs), terminologia que emergiu nos anos 2000 também derivada dos estudos das GCCs e CGVs, descreve o novo padrão de produção global como um arranjo organizacional que compreende atores econômicos e não econômicos interconectados e coordenados por empresas líderes globais que produzem bens ou serviços em múltiplas localizações geográficas para mercados mundiais (Coe e Yeung, 2015). Para Gereffi (2014), apesar de algumas diferenças nas abordagens GCC, GPN e CGV para analisar as cadeias globais de fornecimento5, todas caracterizam a economia global como consistindo em redes econômicas complexas e dinâmicas de relações inter-empresa e intra-empresa. Vale lembrar que os principais atores das CGVs são as empresas. As empresas se inserem nas CGVs quando é do seu interesse comercial fragmentar e internacionalizar os processos de produção de maneira compatível com a lógica da maximização de lucro e do valor acionário (OCDE, 2015). Compreender as CGVs também implica entender a evolução dos padrões de produção e terceirização de empresas multinacionais. Com maior volume de comércio em insumos intermediários, uma grande parte ocorre dentro das cadeias de fornecimento gerenciadas e controladas por multinacionais (OCDE, 2015). Juntamente com as mudanças nas relações inter e intra-empresa, ocorreram mudanças fundamentais nas bases políticas nacionais e internacionais que possibilitaram o surgimento das cadeias de fornecimento globais como conhecemos hoje, conforme destacado por Gereffi (2014). Nesse sentido, a próxima seção realizará uma breve revisão dos fatores que permitiram o surgimento das CGVs.. Para um resumo das diferenças entre as abordagens “Global Commodity Chain”, “Global Production Network” e “Global Value Chain”, ver Marcato (2018). 5.

(23) 23. 1.1.2. Como surgiram as CGVs Com o avanço dos modos de transporte, da tecnologia de informação e comunicação, os processos de produção puderam ser "fragmentados" em vários segmentos de produção, cada um correspondente a uma tarefa específica tal como projeto, montagem, distribuição. Esses segmentos são realocados, muitas vezes além das fronteiras nacionais, para os locais onde as tarefas possam ser realizadas mais eficientemente. Assim, o assunto central da literatura hoje não é apenas o movimento dos produtos finais, como as teorias clássicas concentraram-se, mas também a transferência de tarefas entre nações, ou o valor adicionado gerado por estas tarefas (Inomata, 2017). Com a revolução das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), a globalização entrou numa nova fase que permitiu às firmas desenvolverem essas tarefas, antes entendidas como não comercializáveis, fora das fronteiras nacionais, o que se tornou lucrativo devido às diferenças salariais entre países. Assim, a competição internacional não se dá no velho paradigma, ou seja, entre firmas e setores de países diferentes somente, mas ocorre entre indivíduos trabalhadores que desempenham tarefas semelhantes em países diferentes, o que caracteriza o novo paradigma. Isso torna os efeitos da globalização muito menos previsíveis, da perspectiva das firmas e setores (Baldwin, 2006). É mais fácil de entender o velho e o novo paradigma da globalização pensando em duas importantes separações espaciais. A primeira ocorreu com a rápida redução dos custos de transportes acabando com a necessidade de produzir bens próximos aos locais de consumo, que vem acontecendo desde meados do século 19. Essa primeira separação com a globalização permitiu o distanciamento físico entre fábricas e consumidores (Baldwin, 2006). Com a rápida redução dos custos de informação e comunicação em meados dos anos 1980, houve a segunda separação com a globalização que representou o fim da necessidade de desenvolver os estágios da produção próximos uns dos outros. Essa segunda separação permitiu o distanciamento espacial entre fábricas e escritórios. Um exemplo foi o deslocamento de atividades intensivas em trabalho do Japão para países do Leste Asiático com salários muito mais baixos. Mais recentemente, a segunda separação espacial com a globalização atingiu escritórios e o exemplo foi a mudança dos call centers dos EUA para a Índia (Baldwin, 2006). Antes dessa segunda separação, entendia-se que nenhuma nação poderia se tornar globalmente competitiva sem uma base industrial ampla e profunda e, portanto, os países buscavam reunir todo capital, tecnologia e mão-de-obra necessária para desenvolver suas.

(24) 24. cadeias industriais por completo. Foi assim que os primeiros países industrializados como EUA, Alemanha e Japão, construíram cadeias industriais domésticas praticamente completas. Países em desenvolvimento tentaram reproduzir o sucesso desses primeiros países industrializados por meio do modelo de industrialização por substituição de importações, buscando atrair corporações transnacionais para construir indústrias modernas em seus países nos anos 1960 e 1970. Contudo, para alguns autores como Gereffi e Wyman (1990), foi o modelo de industrialização orientada pelas exportações que levou ao "milagre do leste asiático" no Japão e nos tigres asiáticos (Cingapura, Coréia do Sul, Hong Kong e Taiwan). Assim, o desenvolvimento orientado para a exportação tornou-se a recomendação para as economias em desenvolvimento em todo o mundo, como parte do "consenso de Washington". Entendia-se que a industrialização orientada pelas exportações ofereceria a pequenas economias em desenvolvimento a oportunidade de se beneficiar de economias de escala e aprender com a exportação para uma ampla gama de parceiros comerciais (Gereffi, 2014). Assim, a era da industrialização orientada para a exportação às vezes também chamado de segunda separação da globalização por Baldwin abriu um novo caminho de desenvolvimento. A rápida expansão das capacidades industriais e a propensão à exportação de diversas economias recentemente industrializadas na Ásia e na América Latina permitiu que as corporações transnacionais acelerassem seus esforços próprios para terceirizar atividades relativamente padronizadas a fim de reduzir custos locais de produção em todo o mundo (Gereffi, 2014). Isso foi possível também porque no final da década de 1970, as economias avançadas da América do Norte e da Europa Ocidental começaram a experimentar uma transformação radical em seus sistemas de produção fordistas em direção a um modo de organização econômica mais flexível e espacialmente disperso. Um movimento no sentido da "especialização flexível", manifestada em relações intra-empresa mais flexíveis, rápida desintegração vertical dos processos de produção e surgimento de formas híbridas e não hierárquicas de organização da produção, como subcontratação e empresas derivadas. As empresas líderes em diferentes indústrias foram impulsionadas principalmente por três dinâmicas capitalistas: custo, flexibilidade e velocidade (Coe e Yeung, 2015). Assim, mudanças na ordem econômica mundial observadas a partir dos anos 1970 suscitaram um profundo processo de reestruturação nas grandes corporações. Nas palavras de Sarti e Hiratuka (2010, p. 6):.

(25) 25. As grandes empresas transnacionais se viram diante do desafio de reforçar e sustentar vantagens competitivas diante de um novo ambiente de acirramento da concorrência e de maior instabilidade e volatilidade macroeconômica, com baixas taxas de crescimento nas principais economias centrais. A necessidade de construir ativos intangíveis capazes de alavancar ganhos monopólicos recebeu, assim, um novo impulso. A busca de capacitação para inovação em produtos e processos e o aumento em gastos de P&D deu origem a uma aceleração na mudança tecnológica, com intensa difusão das tecnologias de informação e comunicação. A estabilidade tecnológica do período anterior foi rompida, em especial através do aumento do peso do complexo eletrônico na indústria mundial. Embora a questão da inovação tenha sido a mais enfatizada, o desenvolvimento de outros ativos intangíveis também passou a receber crescente atenção: diferenciação de produtos, vantagens organizacionais, qualificação e experiência da mão-de-obra, patentes, marcas e marketing etc. Isso significou esforço adicional e uma necessidade muito maior de comprometimento de recursos para enfrentar a competição a partir de então, justamente em uma situação de maior volatilidade e incerteza quanto ao crescimento da demanda e a outras variáveis macroeconômicas. À medida que a concorrência global se intensificou e os ciclos de vida dos produtos encurtaram na década de 1990, as empresas líderes ficaram mais preocupadas com os direcionadores de custos, particularmente os custos de produção. Com maior maturidade em tecnologias de fabricação, padronização e modularização de produtos e componentes, e menores margens de lucro, a produção industrial poderia ser terceirizada para fabricantes especializados, que desfrutavam de economias de escala e escopo e, portanto, vantagens de custo significativas. Essa possibilidade de terceirização também permitiu que as empresas líderes se concentrassem em suas principais competências e novas áreas estratégicas de negócios, além de mitigar os riscos de investimento associados a flutuações severas na demanda do mercado (Coe e Yeung, 2015). A partir da década de 1990, as empresas líderes perceberam que a vantagem competitiva poderia ser obtida através de uma forma mais flexível e eficiente de organizar a produção em escala global. As novas vantagens competitivas proporcionadas pelas melhorias na tecnologia de transporte e comunicação aumentaram substancialmente a demanda por redução do tempo da concepção do produto até sua comercialização. Além da flexibilidade organizacional, a adoção de novas soluções tecnológicas melhorou significativamente a capacidade de tempo para comercialização da empresa líder (Coe e Yeung, 2015). Assim, empresas líderes da Ásia desenvolvida, dos EUA e da Europa obtiveram ganhos de escala a partir da expansão crescente de filiais descentralizadas geograficamente via.

(26) 26. investimento estrangeiro direto (IED) e por meio da terceirização da atividade produtiva (outsourcing), configurando novas formas de organização industrial em que partes do processo manufatureiro antes produzidas na fábrica central do grupo no país desenvolvido foram transferidas para outras empresas de outros países caracterizando-se o offshoring (Pinto et al., 2017). Pinto et al. (2017) sintetizam que a configuração atual da produção global se tornou possível graças ao desenvolvimento de novos padrões de automação informatizada e da teleinformática (com base na microeletrônica e na produção modular), às mudanças nas estratégias empresariais das corporações multinacionais e às mudanças regulatórias internacionais associadas aos processos de liberalização do comércio e dos investimentos, assim como da regulação e da proteção de propriedade intelectual. A combinação desses fatores ao maior controle das empresas-líderes sobre as operações produtivas fragmentadas proporcionou uma significativa redução dos custos de transação paras as grandes corporações. Com isso, as CGVs se tornaram a forma predominante da organização da produção e generalizaram-se na década de 2000 nos diversos países, sobretudo nas regiões do Leste e do Sudeste Asiáticos e do Leste Europeu. Na dinâmica das CGVs, a produção de bens finais depende da produção de bens intermediários (componentes e partes) de diferentes regiões e países produzidos intra ou extrafirma (Pinto et al., 2017). Dessa forma, a rede de comércio internacional de bens e serviços intermediários tornou-se cada vez mais densa e os processos de produção cada vez mais subdivididos em atividades separadas com os países se especializando em etapas específicas da produção (Los, Timmer e de Vries, 2015). Portanto, as CGVs mudaram o padrão de comércio internacional nas últimas décadas, daí decorre a importância de estudá-las e investigar seus efeitos sobre as economias.. 1.1.3. Tipologia das CGVs e upgrading A complexidade e o dinamismo das relações nas CGVs podem ser analisados a partir de dois conceitos-chaves: a "governança" da CGV, que se concentra principalmente em empresas líderes e na organização de indústrias e o "upgrading" que se concentra nas estratégias utilizadas pelos países, regiões e outras partes interessadas em manter ou melhorar suas posições no mercado global (Gereffi, 2014)6.. 6. Com base na edição de 2011 de Gereffi e Fernandez-Stark (2016)..

(27) 27. A governança é uma peça central da análise das CGVs e a tipologia de governança de Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) se tornou referência no tema das CGVs, sendo amplamente citada. Segundo Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) os cinco tipos de governanças das CGVs podem ser classificados como: 1) Mercado: envolve transações simples de mercado em que os custos de troca de parceiros são baixos para compradores e vendedores, uma vez que as especificações dos produtos são simples, e os fornecedores realizam a produção sem que haja necessidade de informações dos compradores. A governança de mercado responde a especificações de preços definidos pelos fornecedores. 2) Cadeia de valor modular: envolve fornecedores que fabricam produtos de acordo com as especificações do cliente, que podem ser mais ou menos detalhadas, mas utilizando bens de capital/tecnologia padronizados que limitam investimentos específicos. Esse tipo de governança ocorre quando a arquitetura do produto é modular e padrões técnicos simplificam as interações, reduzindo a variação dos componentes e unificando especificações de componentes, produtos e processos, ou quando fornecedores têm a competência de fornecer pacotes e módulos completos, que internalizam informações (tácitas), reduzem a especificidade de ativos e, portanto, a necessidade de um comprador de monitoramento e controle diretos. Os custos de troca de parceiro permanecem baixos neste tipo de governança. Segundo Pinto et al. (2017)7, as cadeias de valor modulares proporcionam economias de escala e escopo para todas as firmas participantes da cadeia e possibilitam o aparecimento dos grandes fornecedores que operam globalmente e atendem a diversas empresas-líderes (detentoras da marca ou de uma plataforma tecnológica). As indústrias de eletrônicos, brinquedos, vestuário, calçados e semicondutores costumam ser alguns exemplos de governança modular. 3) Cadeia de valor relacional: envolve transações complexas entre compradores e vendedores, que muitas vezes criam dependência mútua e apresentam altos níveis de especificidade de ativos. Esse tipo de governança ocorre quando as especificações do produto não podem ser codificadas, as transações são complexas, e as capacidades do fornecedor são altas. Empresas líderes têm motivação para terceirizarem atividades com fornecedores altamente competentes a fim de obter acesso a competências complementares, levando a uma dependência mútua que pode ser regulada pela reputação social, proximidade espacial, laços familiares e étnicos e outros, ou por mecanismos que impõem custos à parte que quebra um. 7. Com base em Sturgeon (2002; 2008); Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005) e Gereffi (2011)..

(28) 28. contrato. A troca de informações tácitas complexas é mais frequentemente realizada por interações cara a cara governadas por altos níveis de coordenação explícita, o que faz com que os custos de mudar para novos parceiros sejam altos. 4) Cadeia de valor cativa: envolve fornecedores “cativos’, ou seja, pequenos fornecedores dependentes de transações de compradores muito maiores. Tais redes são frequentemente caracterizadas por um alto grau de monitoramento e controle por empresas líderes. Esse tipo de governança ocorre quando a complexidade das especificações do produto são altas mas as capacidades dos fornecedores são baixas. O fornecedor costuma ter baixa competência diante de produtos e especificações complexas, o que exige alta intervenção e controle por parte da empresa líder, que buscará excluir a possibilidade de outros colherem os benefícios de seus esforços. Assim, fornecedores cativos são frequentemente confinados a uma faixa estreita de tarefas (por exemplo, montagem simples) e são dependentes da empresa líder para atividades complementares, como projeto, logística, compra de componentes e atualização de tecnologia de processos. Segundo Pinto et al. (2017)8, a indústria automotiva global é um dos principais exemplos de governança cativa. 5) Hierarquia: é representada pela integração vertical em que a governança se dá pelo controle gerencial, de gerentes a subordinados, ou da matriz a subsidiárias e afiliados. Esse tipo de governança ocorre quando as especificações do produto não podem ser codificadas, os produtos exigem fornecedores complexos e altamente competentes indisponíveis, as empresas são forçadas a desenvolver e fabricar produtos internamente. Geralmente, a governança hierárquica é impulsionada pela necessidade de trocas de conhecimento tácito entre as atividades da cadeia de valor, bem como a necessidade de gerenciar redes complexas de entradas e saídas de recursos, especialmente propriedade intelectual. Essa tipologia das governanças das CGVs ajuda na compreensão das estruturas de poder internas às cadeias, revelando como a governança pode mudar conforme uma indústria evolui, como os padrões de governança podem variar de um estágio ou nível da cadeia para outro, auxiliando no entendimento de como as firmas em países em desenvolvimento podem ter acesso ao mercado global e realizar upgrading na cadeia (Gereffi, 2914; Pinto et al., 2017). Gereffi (2014) destaca, contudo, que a capacidade de upgrading varia de acordo com as características dos fornecedores nos países em desenvolvimento, exigências das empresas líderes e os tipos de padrões profissionais internacionais utilizados nestas cadeias9.. 8 9. Idem. Com base em Fernandez-Stark et al. (2011)..

(29) 29. Dentro da configuração das CGVs, Humphrey e Schmitz (2002) definiram quatro tipos de upgrading (melhorias) que são amplamente conhecidos na literatura: 1) Upgrading de processos: ocorre por meio da transformação de insumos em produtos de forma mais eficiente, reorganizando o sistema de produção ou introduzindo tecnologias superiores. 2) Upgrading de produto: ocorre quando as empresas passam a produzir linhas de produtos mais sofisticadas (ou de maior valor agregado). 3) Upgrading funcional: ocorre quando as empresas adquirem novas funções (ou abandonam funções existentes) para ampliar o conteúdo de suas habilidades, em busca de maior intensidade tecnológica ou maior valor agregado. Por exemplo, ao complementar a produção com design ou marketing ou sair de atividades de produção de baixo valor. 4) Upgrading intersetorial: ocorre quando empresas utilizam competências adquiridas em uma cadeia para aplicar e entrar em um novo setor. Por exemplo, a competência na produção de TVs é usada para fazer monitores e, assim, entrar no setor de computadores. Segundo Pinto et al. (2017), a inserção e o upgrading de países em desenvolvimento nas CGVs dependem basicamente de dois fatores: da disponibilidade de fatores de produção (vantagens competitivas exógenas) e das vantagens competitivas endógenas. Este segundo fator está associado à elaboração de políticas industriais, tecnológicas e comerciais voltadas para a inserção e/ou o upgrading de países em desenvolvimento nas CGVs, coordenadas a um arcabouço institucional que envolve sistemas nacionais de inovação, políticas de transferência tecnológica e outros. Em linhas gerais, pode-se afirmar que, no contexto das CGVs, o processo de endogenização/internalização tecnológica para os países em desenvolvimento – que refletirá no seu potencial de captura local do valor adicionado – está diretamente relacionado às posições hierárquicas das firmas locais dentro das cadeias, assim como às condições estruturais locais para o desenvolvimento e o avanço de atividades mais sofisticadas – associadas, por exemplo, ao Sistema Nacional de Inovação (SNI) e à sua conexão com as firmas nacionais, bem como à sua capacidade de gerar propriedade intelectual (marcas comerciais, patentes etc.) (Pinto et al., 2017, p. 56). Portanto, Pinto et al. (2017) concluem que as vantagens competitivas endógenas, além das exógenas, são fundamentais para determinar se o país em desenvolvimento inserido na CGV conseguirá obter algum tipo de upgrading, ainda que permaneça como país de renda média, ou se conseguirá criar condições para que o upgrading sirva como um mecanismo de catching up..

(30) 30. Outros fatores que podem influenciar no potencial de captura de valor da inserção nas CGVs são a escala do mercado interno e o grau de diversificação das economias. É de se supor que os benefícios decorrentes da integração nas CGVs para grandes economias sejam menos evidentes do que para as pequenas, uma vez que as grandes costumam dispor de maior volume e variedade de bens e serviços intermediários em seu próprio território. De acordo com Imbs e Wacziarg (2003), Klinger e Lederman (2004) e Rodrik (2007), as evidências indicam que a diversificação produtiva é um aspecto chave para o desenvolvimento econômico. Segundo Rodrik (2007), países bem-sucedidos superaram as limitações das suas vantagens comparativas estáticas e foram capazes de diversificar suas economias em novas atividades, anteriormente de domínio de países mais ricos. Para o autor, o sucesso do desempenho econômico de países como a China e a Índia (e anteriormente a estes, Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Malásia) decorreu especialmente da capacidade desses países de terem diversificado rapidamente suas economias em direção a atividades mais sofisticadas e de maior conteúdo tecnológico e de conhecimento. Piorski e Xavier (2018) utilizam o termo vantagens comparativas dinâmicas para se referir às vantagens relativas de um país em relação aos demais que vão além das vantagens de dotação fatorial e resultam do diferencial tecnológico, de conhecimento e capacidade criados e reproduzidos ao longo do tempo. A abordagem da complexidade econômica também relaciona a maior diversificação produtiva ao desenvolvimento econômico. Segundo os principais autores dessa abordagem, Hausmann e Hidalgo, a maior complexidade econômica é determinante para o crescimento econômico de longo prazo. Hausmann et al. (2011) desenvolvem um índice de complexidade econômica (ECI – Economic Complexity Index) que leva em consideração a diversidade (variedade de bens e serviços produzidos) e a ubiquidade (número de países capazes de produzir os mesmos bens e serviços), medido a partir dos dados de exportações. De acordo com Hausmann et al. (2011), economias mais complexas são mais diversificadas, produzem maior variedade de produtos com maior intensidade de conhecimento, que são simultaneamente produzidos por poucos países e tendem a apresentar maior nível de renda per capita. Economias menos complexas produzem menor variedade de produtos, bens mais simples que são produzidos simultaneamente por diversos países, e tendem a apresentar menor nível de renda per capita. Desse ponto de vista, a captura de valor dos GPEDs nas CGVs pode também estar relacionada à capacidade de diversificação das economias. Como as grandes economias em desenvolvimento contam com um potencial de diversificação que não está disponível às.

(31) 31. economias pequenas, é importante uma análise centrada nos GPEDs. O capítulo 3 deste trabalho busca contribuir para esta discussão ao avaliar como a participação dos GPEDs nas CGVs se reflete na captura de valor.. 1.1.4. Distribuição geográfica das CGVs De acordo com Sarti e Hiratuka (2010), um dos aspectos mais visíveis das mudanças da organização industrial mundial no âmbito das CGVs refere-se ao deslocamento da atividade industrial em direção aos países em desenvolvimento e a emergência da região asiática, em especial a China, como grande centro mundial produtor de manufaturas. O Leste e o Sudeste Asiáticos, com destaque para a China e os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático10 (ASEAN, do inglês Association of Southeast Asian Nations) foram as regiões que mais se beneficiaram da nova organização industrial de produção em rede e de especialização ao longo da cadeia (Pinto et al., 2017). Em 1985, a integração econômica regional asiática era comandada pelo Japão que importava recursos naturais e produtivos provenientes de países vizinhos como Indonésia, Malásia e Cingapura para alimentar sua indústria doméstica. Em 1990, o Japão já havia ampliado sua cadeia de insumos intermediários para Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia, enquanto EUA também se relacionava com cadeias de suprimentos asiáticas especialmente via Malásia e Cingapura (Escaith e Inomata, 2013). Ao mesmo tempo em que os países em desenvolvimento (especialmente os asiáticos) têm assumido papel de destaque na produção industrial mundial, a manutenção do controle produtivo das cadeias tendeu a permanecer nas empresas-líderes, geralmente sediadas nos países desenvolvidos, detentoras de patentes e das marcas mundiais (Pinto et al., 2017). Apesar dessa concentração das principais cadeias industriais mundiais em torno de grandes corporações comandando um profundo processo de reorganização de suas atividades internacionais a partir de suas sedes nos países desenvolvidos, Sarti e Hiratuka (2010) destacam também o surgimento de alguns competidores globais dos países em desenvolvimento, como o caso chinês. No ano 2000, a China emergia como o terceiro gigante regional, além do Japão e EUA que dominavam o fluxo de comércio asiático. As redes regionais de produção experimentaram um desenvolvimento dramático a partir de 2000. Em 2005, o centro da rede de. 10. Inicialmente envolvia Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia. Posteriormente, aderiram Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja..

Referências

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