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A formação do secretário executivo que atua como professor universitário

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Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 12 n.4 – Outubro/Dezembro 2014.

Recebido em 08/11/2013 – Revisado em 11/03/2014 - Aprovado em 23/03/2014 – Publicado em 30/12/2014.

A formação do secretário executivo que atua como professor

universitário

The formation of the executive secretary that acts as university

theacher

Conceição de Maria Pinheiro Barros 1 Joelma Soares da Silva 2

Danielle Mascena Lopes 3

Resumo

Os cursos de graduação em Secretariado Executivo surgiram para atender a uma demanda cada vez maior por profissionais qualificados, que satisfaçam às exigências impostas pelas mudanças constantes no mundo globalizado, caracterizado pela integração econômica e social entre os países, evolução tecnológica, rápida disseminação das informações e necessidade de construção de novos conhecimentos. Com a atualização e aperfeiçoamento dos cursos de graduação surge a necessidade de profissionais para atuar na área do ensino em Secretariado. Objetivou-se investigar a formação dos profissionais de Secretariado Executivo que atuam na docência universitária. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário voltado para professores universitários que possuem graduação em Secretariado Executivo, atuantes como docentes em Instituições de Ensino Superior do Brasil. Após a análise dos resultados, inferiu-se que a formação desses profissionais ocorre, principalmente, na graduação bacharelado a qual não tem como foco a preparação para a docência. Os docentes fundamentam seus conhecimentos para o ensino na experiência da prática profissional e nos cursos de pós-graduação. A pesquisa evidenciou a existência de lacunas a serem preenchidas pelos professores bacharéis em Secretariado no que se refere aos conhecimentos docentes visto que a graduação, a vivência profissional e os cursos de pós-graduação não são suficientes para a construção de saberes pedagógicos.

Palavras-Chave: Ensino Superior. Formação Docente. Secretariado Executivo.

1

Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará-UFCE, Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior pela Universidade Federal do Ceará-UFCE, Professora da Universidade Federal do Ceará-UFCE

Brasil. Contato: conceicaompb@ufc.br

2

Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará-UFCE, Mestre em Administração pela Universidade Federal do Ceará-UFCE, Professora da Universidade Federal do Ceará-UFCE, Brasil. Contato: joelmasoares@ufc.br

3

Bacharel em Secretariado Executivo pela Universidade Federal do Ceará-UFCE, Brasil. Contato:

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Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 12 n.4 – Outubro/Dezembro 2014.

Recebido em 08/11/2013 – Revisado em 11/03/2014 - Aprovado em 23/03/2014 – Publicado em 30/12/2014.

Abstract

Degree courses in Executive Secretariat emerged to meet a growing demand for qualified professionals who meet the requirements imposed by the constant changes in the globalized world, characterized by economic and social integration between countries, technological change, rapid dissemination of information and need to construct new knowledge. With the updating and improvement of undergraduate arises the need for professionals to work in education in the Secretariat. This study aimed to investigate the formation of the Executive Secretariat professionals working in university teaching. This is a qualitative study. For data collection, a questionnaire based on university professors who have graduated in the Executive Secretariat, acting as teachers in higher education institutions in Brazil was used. After analyzing the results, it was inferred that their training occurs mainly in undergraduate baccalaureate which has focused on preparation for teaching. Teachers base their knowledge for teaching experience in professional practice and graduate courses. The research showed that there are gaps to be filled by graduates teachers is a Secretariat with regard to faculty knowledge since graduation, professional experience and graduate courses are not sufficient for the construction of pedagogical knowledge.

Key words: Higher Education. Teacher Education. Executive Secretary.

1 Introdução

Os cursos de graduação em Secretariado Executivo surgiram para atender a uma demanda cada vez maior por profissionais qualificados, que satisfaçam as exigências impostas pelas mudanças, consequências da evolução tecnológica e do aprofundamento da globalização. Essas mudanças fizeram com que o papel do secretário nas organizações fosse repensado; atualmente exige-se desse profissional formação acadêmica específica (ALMEIDA; ROGEL; SHIMOURA, 2010). Acompanhando essas mudanças os cursos tiveram que aperfeiçoar suas integralizações curriculares.

Com a atualização e o aperfeiçoamento dos cursos de graduação surge a necessidade de profissionais para atuar na área do ensino em Secretariado. O curso de Secretariado Executivo, assim como em outras áreas, forma bacharéis, não tendo como foco a preparação para a docência. A questão norteadora desta pesquisa é: como ocorre a formação dos egressos dos cursos de graduação em Secretariado Executivo que atuam no magistério superior? O presente trabalho tem por objetivo investigar a formação dos profissionais de Secretariado Executivo que atuam na docência universitária.

O estudo foi realizado a partir de um levantamento bibliográfico e pesquisa de campo do tipo qualitativa visando coletar informações sobre a formação para a docência em Secretariado Executivo. A preocupação com a formação para a docência universitária tem sido ressaltada por estudiosos da área educacional. Nesta investigação destacam-se autores, como: Vasconcelos (1996), Masetto (1998), Veiga (2006) e Cunha (2009), dentre outros. Essa discussão tem envolvido as diversas áreas de atuação de professores bacharéis na educação superior, incluindo-se nesse contexto o ensino secretarial. Ao desenvolver atividades docentes os profissionais secretários perpassam o desenvolvimento de saberes docentes que não são o foco de sua formação inicial.

Ressalta-se a relevância desta pesquisa visto que a crescente necessidade de aperfeiçoamento por parte desses profissionais culminou no aumento da demanda por cursos técnicos e superiores em Secretariado. Entretanto, tal demanda requer do secretário docente

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uma preparação pedagógica para a atuação do secretário executivo no âmbito universitário. Nessa perspectiva, este trabalho pode contribuir para o delineamento de reflexões acerca dos desafios relativos à formação do secretário executivo que atua como professor universitário.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Os desafios da formação do professor universitário

A palavra docência tem sua origem do vocábulo docere, que significa ensinar, instruir, mostrar, indicar, dar a entender; docência seria o trabalho dos professores (VEIGA, 2006). Para Isaia (2006, p. 73) a docência, em termos de atribuição, “engloba todas as atividades desenvolvidas pelos professores que estão orientados para a formação de seus alunos e deles próprios”. O trabalho docente vai além da tarefa de ministrar aulas, Zabalza (2004 apud VEIGA, 2006, p. 86) atribui três funções ao professor do ensino superior: “o ensino (docência), a pesquisa e a administração em diversos setores da instituição”. A estas se acrescenta a orientação de trabalhos acadêmicos. Para Isaia (2006, p. 68) as funções básicas do professor universitário são:

Formar profissionais para diversificadas áreas de atuação; formar futuros professores [...]; gerar conhecimentos em seus domínios específicos, bem como saberes próprios de ser professor. Dessas, considera-se que, para as duas primeiras e para a última função, os professores não apresentam preparação específica, o que justifica por que a docência superior tem frágil identidade profissional.

Nota-se uma ampliação do campo de atuação do professor universitário, requerendo deste uma formação específica e habilidades próprias para o exercício da docência (VEIGA, 2006). Na percepção de Cunha (1990 apud MOROSINI, 2000, p. 11):

Com o processo de globalização, que se adentrou de forma acentuada pelo panorama nacional, a concepção de docência universitária está sofrendo alterações. No plano da didática, embora esses parâmetros não sejam claros, da etapa da docência universitária, caracterizada pelo laisse-faire, passa-se à etapa da exigência de desempenho docente de excelência. Tornam-se definidores: um cidadão competente e competitivo; inserido na sociedade e no mercado de trabalho; com nível de escolarização e de melhor qualidade; utilizando tecnologias de informação na sua docência, produzindo seu trabalho não mais de forma isolada, mas em redes acadêmicas nacionais e internacionais; dominando o conhecimento contemporâneo e manejando-o para a resolução de problemas, etc. Um docente que domine o trato da matéria do ensino, a integre ao contexto curricular e histórico-social, utilize formas de ensinar variadas, domine a linguagem corporal/gestual e busque a participação do aluno.

Vários são os desafios da docência em nível superior, Isaia (2006) destaca a necessidade de investimentos em sua formação pedagógica para a docência universitária envolvendo:

[...] atividades e valores traduzidos em sensibilidade ante o aluno; valorização dos saberes da experiência; ênfase nas relações interpessoais; aprendizagem compartilhada (professores e alunos); integração teoria/prática; e, também, o ensinar a partir do respeito à aprendizagem do aluno (ISAIA, 2006, p.76).

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Muito embora o docente domine os conteúdos de sua área específica, essas informações em situação de ensino e aprendizagem requerem algumas competências pedagógicas. Com relação à formação para a docência universitária, reflete-se que durante muito tempo acreditou-se que quem domina conteúdo de uma determinada área, sabe ensinar a outros. Masetto (1998, p. 11) informa que “os cursos superiores ou faculdades procuravam profissionais renomados, com sucesso em suas atividades profissionais e os convidavam a ensinar seus alunos a serem tão bons profissionais como eles”.

Atualmente, para ser professor universitário no Brasil é preciso ter diploma de curso superior, domínio em determinada área do conhecimento e ser egresso de curso de pós-graduação stricto sensu (mestrado ou doutorado). A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 66, estabelece que: “A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado” (BRASIL, 1996). Acrescenta-se que “o notório saber, reconhecido por faculdade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir exigência de título acadêmico” (BRASIL, 1996). Sob esse aspecto, Cunha (2009, p. 85) afirma:

A carreira universitária se estabelece na perspectiva de que a formação do professor requer esforços apenas na dimensão científica do docente, materializada pela pós-graduação stricto sensu, nos níveis de mestrado e doutorado. Explicita um valor revelador de que, para ser professor universitário, o importante é o domínio do conhecimento de sua especialidade e das formas acadêmicas de produção.

A percepção de Cunha (2009) sobre a maior relevância dada aos conhecimentos específicos da área é ratificada por Vasconcelos (1996, p. 3), ao considerar que os cursos de pós-graduação:

[...] dedicam-se exclusivamente à formação do pesquisador. Dirigem-se à transmissão, em alto nível, do conteúdo específico de cada área de pesquisa, descuidando do fato de que esse pesquisador, em muitos casos, se tornará um professor, isto é, alguém encarregado de uma prática específica e distinta da pesquisa: a docência, muitas vezes exercida por excelentes pesquisadores, mas com sérias deficiências enquanto professores.

O que se observa nas universidades brasileiras é uma supervalorização das qualificações acadêmicas, constituída pelos títulos, produções científicas e publicações, em detrimento da preparação para a ação pedagógica. Apesar de ser a exigência inicial para inserção na docência universitária, os cursos de pós-graduação stricto sensu não consideram como essencial a prática docente, tendo a pesquisa como foco principal.

2.2 Formação para a docência e as competências do professor universitário em Secretariado Executivo

Na atualidade emergem questões acerca da formação para a docência universitária, como: Que tipo de formação seria necessária para desenvolver as competências específicas para o ensino superior? O que pode ser conceituado como “formação de professores”? Segundo Garcia (1999 apud ZANCHET et al, 2008, p. 6) “a formação está na boca de todos, e não me refiro apenas ao contexto escolar, mas também ao contexto empresarial (formação na empresa), social (formação para a utilização dos tempos livres), político (formação para a tomada de decisões) [...]”. Nessa linha de pensamento, a formação se dá

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em todas as dimensões que perpassa a vida do ser humano, é um processo dinâmico diretamente relacionado com a “vontade do indivíduo” e envolve “elementos pessoais, profissionais e sociais”.

Discutir uma formação direcionada para a docência em Secretariado ressalta a necessidade de se refletir acerca das lacunas existentes no que se refere aos conhecimentos exigidos para o ensino. A formação pode ser compreendida como um ato propositado do sujeito sobre si mesmo, visando criar a sua identidade a partir da construção de conhecimentos a serem implementados no cotidiano universitário. Relaciona-se a uma “trajetória do professor que integra elementos pessoais, profissionais e sociais na sua constituição como profissional autônomo, reflexivo, crítico e colaborador” (CUNHA, 2010, p. 134).

No Brasil a atividade docente é exercida por profissionais com características diversas, sem identidade única. Segundo Morozini (2000, p. 19) as características dos professores brasileiros “são extremamente complexas, como complexo é o sistema de educação superior brasileiro: temos instituições públicas e privadas, universidades e não universidades, em cinco regiões da Federação de características étnicas, sociais e econômicas diferentes”.

O docente universitário transita por diferentes ambientes, muitas vezes não trabalha exclusivamente na instituição de ensino, mas também fora dela, desenvolvendo diversas atividades e trabalhando seu conhecimento de diversas maneiras. Alguns estudiosos (PERRENOUD, 2000; MASETTO, 1998, 2003; VASCONCELOS, 1996) trabalham com a ideia de que a formação para a docência na educação superior requer o desenvolvimento de competências específicas. A prática docente passou por uma renovação mediante as mudanças que ocorreram no mundo em geral, mudanças estas que continuam ocorrendo continuamente, obrigando os profissionais de diversas áreas repensarem constantemente sobre sua atividade laboral. O magistério abandonou a [...] preocupação total e exclusivamente voltada para a transmissão de informações e experiências, iniciou-se um processo de buscar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos [...] (MASETTO, 2003, p. 19).

Essas mudanças alteraram o perfil dos professores universitários, uma vez que atingindo o mundo do trabalho afetou o local de formação de profissionais para o mundo, a Universidade. “[...] as mudanças no contexto do Ensino Superior levam a alteração nas demandas dirigidas à universidade e seus professores, o que repercute no perfil necessário a esse professor e, consequentemente, em suas necessidades formativas” (PACHANE, 2009, p. 256-257). Nessa perspectiva, reflete-se: Que perfil deve ter o professor universitário de Secretariado Executivo? Que competências compõem esse perfil? As respostas a esses questionamentos requerem o aprofundamento de estudos acerca dos conhecimentos e das competências pedagógicas a serem buscados por esses profissionais.

Perrenoud (2000, p. 15) define o termo competência como sendo “uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar tipos de situações”. Relacionando com as competências para ensinar, o termo seria definido como a habilidade do professor de dispor de diferentes recursos, de conhecimentos e atitudes que o auxiliariam a lidar com situações inesperadas e inéditas no ambiente da sala de aula, local de prática do processo de ensino - aprendizagem. Durand (1998 apud ALMEIDA, ROGEL E SHIMOURA, 2010) apresenta as três dimensões em que fundamenta o seu conceito de competência, são: conhecimentos, habilidades e atitudes. Portanto, “para trabalhar utilizando as competências faz-se necessário ter conhecimento (saber), habilidades (saber fazer) e atitude (querer fazer)” (ALMEIDA; ROGEL; SHIMOURA, 2010, p. 54).

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Perrenoud (2000) cita dez competências necessárias ao docente para o processo de ensino, são elas: organizar e dirigir situações de aprendizagem; administrar a progressão das aprendizagens; conceber e fazer evoluir os dispositivos da diferenciação; envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; trabalhar em equipe; participar da administração da escola; informar e envolver os pais; utilizar novas tecnologias, enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão e administrar sua própria formação contínua. No entendimento de Masetto (1998) os docentes universitários, devem possuir competências relacionadas a uma área específica do conhecimento; à pedagogia e à competência no exercício da dimensão política. Kertész e Lorenzoni (1991 apud VASCONCELOS, 1996) complementa essa relação, ressaltando as seguintes características: comunicabilidade, comportamento ético, equilíbrio emocional, criatividade, boa expressão verbal, bom relacionamento interpessoal e comportamento funcional adequado.

Observa-se que entre as competências apresentadas como necessárias à docência universitária, algumas são próprias da prática secretarial, tais como trabalhar em equipe, utilizar novas tecnologias, competência em sua área de conhecimento.

Além da formação, o profissional de Secretariado:

Deve ter um elevado senso crítico, postura ética, capacidade de articulação, utilizar as competências específicas, ter visão generalista e sistêmica, ser empreendedor, gerenciar informações com eficácia, atuar proativamente, ser criativo, trabalhar em equipe fazendo uso de liderança, ter maturidade emocional, enfim, estar aberto ao aprendizado contínuo (ALMEIDA; ROGEL; SHOMOURA, 2010, p. 52).

Por outro lado, as competências que envolvem de forma direta os processos de ensino e aprendizagem, como as ressaltadas por Perrenoud (2000), não fazem parte da formação profissional do secretário. Esse é o principal desafio da docência em Secretariado Executivo que deve ser levado em consideração por aqueles que optam por essa área de atuação.

Muito se fala sobre o domínio teórico que o professor universitário deve ter sobre as disciplinas ministradas, mas e o conhecimento prático, não seria importante? Quando Masetto (1998, p. 19) fala que a docência na universidade exige do professor “competência em determinada área de conhecimento” ele abrange os conhecimentos teóricos e a experiência profissional “de campo”, que segundo o autor se adquire “em geral, por meio dos cursos de bacharelado que se realizam nas universidades e/ou faculdades e de alguns anos de exercício profissional”.

Relacionar teoria e prática eleva a qualidade do ensino, a teoria desvinculada da prática não gera significado para os alunos, não visualizar a aplicabilidade da teoria dificulta o aprendizado da disciplina ministrada. “[...] fica claro que o professor que tenha experiência profissional no campo específico de atuação do curso no qual atue será um docente mais atualizado e com uma visão mais ampla da aplicação da teoria à prática ocupacional futura do seu alunado” (VASCONCELOS, 1996, p. 27). Na visão de Silva, Barros e Sousa (2010), embora a vivência profissional em Secretariado contribua para a prática da docência, é primordial que os professores busquem os conhecimentos pedagógicos.

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Toda pesquisa possui uma intencionalidade, que é a de produzir um novo conhecimento, capaz de compreender e dar nova forma a realidade (PÁDUA, 2004). A presente pesquisa é classificada como qualitativa e descritiva, visto que segundo Rodrigues (2006, p.90) procura “observar, registrar, analisar e interpretar os fenômenos por meio de técnicas padronizadas de coleta de dados”.

Para Severino (2007, p. 125) as técnicas de pesquisas “são procedimentos operacionais que servem de mediação prática para a realização das pesquisas”. A coleta de dados foi realizada a partir da aplicação de um questionário enviado por meio de correio eletrônico para docentes dos cursos de graduação em Secretariado Executivo.

O questionário é um “conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudos” (SEVERINO, 2007, p. 125). O instrumento de pesquisa foi constituído por questões que tratam sobre o tema proposto, organizado em duas partes. A primeira foi composta por 7 (sete) questões de múltipla escolha cujo objetivo foi delinear o perfil dos sujeitos da pesquisa, e a segunda parte, composta por 8 (oito) questões de múltipla escolha, algumas com espaços para justificativa das respostas, abordando a formação do secretário e xecutivo que atua como professor universitário.

O universo desta pesquisa é formado por professores universitários em Secretariado Executivo. Os participantes foram selecionados a partir dos seguintes critérios: a) ser graduado em Secretariado Executivo;

b) atuar como docente em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.

A amostra desta investigação foi composta por 12 (doze) professores distribuídos da seguinte forma: 9 (nove) docentes atuantes em IES na esfera pública e 3 (três) docentes que atuam na esfera privada, de seis estados brasileiros, a saber: Ceará, Pernambuco, Amapá, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Para a análise dos dados, e a título de sigilo quanto as identidades dos investigados, os sujeitos desta pesquisa foram denominados como “Docente 1”, “Docente 2”, “Docente 3”, sucessivamente.

A análise e a interpretação dos resultados buscou a compreensão, por meio da descrição e da leitura crítica de pontos fundamentais, para o alcance dos objetivos da pesquisa, por meio da interpretação, bem como apreensão de significados nas respostas obtidas durante a aplicação do questionário. Utilizou-se a análise hermenêutica relacionando os resultados ao referencial teórico. Segundo Köller (2003) a interpretação hermenêutica na pesquisa qualitativa busca a reconstrução dos processos interativos de modo que produzam o “sentido prático” ou a construção social da realidade.

4 Resultados e discussão

4.1 A formação dos docentes de Secretariado Executivo

Dentre os participantes da investigação observa-se a preponderância do sexo feminino, uma marca já predominante se tratando de profissionais Secretários Executivos. A maioria dos docentes que participaram da pesquisa possui mais de 35 anos de idade, nesta faixa estão 75% dos entrevistados, as outras faixas etárias apresentadas são: entre 20 e 25 anos, nenhum entrevistado está entre essa faixa etária; entre 26 a 30 anos estão 8% dos entrevistados; e entre a faixa de 31 a 35 anos estão 17% dos docentes desta pesquisa.

Sobre a formação dos Secretários Executivos que atuam como professores no ensino superior foram feitas duas perguntas aos entrevistados desta pesquisa. A primeira

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sobre qual programa de pós-graduação haviam feito e a segunda em que área do conhecimento se enquadra seu programa de graduação. Sobre qual o programa de pós-graduação haviam cursado, obteve-se o seguinte resultado:

a) um docente dos entrevistados não havia feito pós-graduação, lecionava apenas com a graduação em Secretariado Executivo;

b ) um docente possui pós-graduação lato sensu;

c) u m docente possui pós-graduação lato sensu e Mestrado Acadêmico; d) três docentes possuem pós-graduação lato sensu e Mestrado Profissional; e) três docentes possuem apenas Mestrado Acadêmico;

f) três docentes possuem Mestrado Acadêmico e Doutorado; g) um docente possui Mestrado Profissional e Doutorado.

Com relação à área de conhecimento dos programas de pós-graduação, os participantes citaram: Educação, Administração, Secretariado Executivo, Assessoria Executiva, Gestão Pública, Gestão Privada e Outras. Percebeu-se que a predominância é de pós-graduação em Administração, seguida de programas de pós-graduação lato sensu em Secretariado Executivo. Em terceiro lugar ficaram os programas nas áreas de Educação e Gestão Pública. Os outros cursos de pós- graduação citados foram de Economia e Desenvolvimento Regional, Cultura Organizacional, Inovação e Competitividade e Sociologia.

Os dados denotaram que 35% dos docentes concluíram algum curso de pós-graduação lato sensu, a mesma porcentagem frequentou programas de Mestrado, 23% cursaram programas de Mestrado Acadêmico e 12% cursaram Mestrado Profissional, 24% chegaram ao Doutorado e 6% não cursaram nenhum programa de pós-graduação. Além disso, a área de predominância é a administração. Essas informações acerca da formação dos participantes revelaram que a formação acadêmica dos docentes em Secretariado Executivo apresenta uma carência de preparação para a docência, prevalecendo o interesse por conhecimentos específicos da profissão. Acrescente-se que, embora a LDB determine que formação para a docência na educação superior deva ser realizada em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado (BRASIL, 1996), tais programas dedicam-se à formação de pesquisadores dos quais muitos se tornam docentes, exercendo a profissão como ótimos pesquisadores, mas com a existência de lacunas relativas aos conhecimentos pedagógicos (VASCONCELOS, 1996).

Tais resultado corroboram com a percepção de Masetto (2003, p. 13) ao ressaltar que a atividade docente no ensino superior “exige competências específicas, que não se restringem a ter a um diploma de bacharel, ou mesmo de mestre ou doutor, ou ainda apenas o exercício de uma profissão. Exige isso tudo, além de outras competências próprias”. Segundo o citado autor só recentemente os professores universitários começaram a se conscientizar sobre a necessidade de capacitação própria para a docência. Normalmente, os professores possuem “conhecimentos estanques sobre a matéria de ensino e sobre a organização escolar e a didática. Mas falta-lhe maior articulação desses componentes, especialmente diante do campo complexo e exigente que é a sala de aula contemporânea” (CUNHA, 2010, p. 137).

De acordo com Vasconcelos (1998), o que se observa nos cursos de pós-graduação é o enfoque principal ficando em torno da pesquisa ou da competência técnica. Para a autora, “há pouca preocupação com o tema da formação pedagógica de mestres e doutores oriundos dos diversos cursos de pós-graduação do país” (VASCONCELOS, 1998, p. 86). Os participantes destacaram que fundamentam sua prática docente nos conhecimentos adquiridos nas disciplinas de natureza humanística e social, vistas na graduação em

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Secretariado Executivo, reforçando a ideia defendida por alguns autores (FARIA; REIS, 2008; MAIA; MORAES, 2007) de que a citada graduação oferece elementos e desenvolve habilidades que auxiliam na prática docente.

Buscou-se, ainda, conhecer os motivos que levaram os profissionais de Secretariado entrevistados a optarem pela carreira acadêmica. 36% informaram que gostam de lecionar e desejam contribuir para o crescimento e maior reconhecimento da profissão e do curso de Secretariado Executivo, 18% informaram que foi o interesse pelas pesquisas desenvolvidas nas universidades que os motivaram a seguir a carreira no magistério superior e 5% disseram que o idealismo em relação a carreira, o status e o salário os levaram a esse caminho. Em uma pesquisa intitulada “Contribuindo para a formação de professores universitários: relato de experiência”, a pedagoga Maria Lucia M. Carvalho Vasconcelos averiguou junto a 48 docentes de instituições de ensino superior da Grande São Paulo, por meio de questionário, os motivos que os levaram à docência. No instrumento de pesquisa foi solicitado aos docentes que elencassem três motivos que os levaram a ingressar no magistério, segundo Vasconcelos (1998 p. 82) “conviver com jovens e o mundo acadêmico e gostar de lecionar são as categorias com maior incidência nas respostas”. O interesse pela pesquisa aparece em oitavo lugar no ranking das respostas obtidas na pesquisa citada.

Observa-se que a aspiração pela docência ainda prevalece na hora de escolher essa carreira, a decisão pela profissão está ligada a satisfação que os profissionais sentem com o exercício do magistério. O desejo de contribuir com a melhoria da profissão também é percebido por Vasconcelos (1996) ao considerar que os profissionais que alcançaram sucesso em seus campos de atuação, sentiram as dificuldades da prática profissional e sentem-se bem partilhando suas experiências com os jovens que estão a caminho do mundo do trabalho.

4.2 Percepções dos professores sobre as contribuições da formação em Secretariado Executivo para a prática docente

Sobre a formação em Secretariado Executivo, foi questionado se a graduação desenvolve habilidades que auxiliam na prática docente. Dos professores investigados, 50% responderam que o curso de graduação em Secretariado Executivo desenvolve, em parte, as habilidades importantes para a docência. Outros 25% responderam que o curso oferece os elementos que auxiliam o egresso a atuar como docente e 25% responderam que não, o curso não auxilia na formação do profissional que possa vir atuar na docência universitária.

Reforçando a opinião da maioria dos investigados, Faria e Reis (2008, p.169) ressaltam que “as profissões de secretariado e de educador seguem linhas distintas, mas assemelham-se em diversos pontos”. A semelhança atinge a formação destes profissionais, “formar-se professor requer o conhecimento de algumas técnicas, e o curso Secretariado Executivo, apesar de em sua maioria graduar profissionais para trabalhar em empresas, possui disciplinas que desenvolvem aptidões bastante demandadas na profissão docente [...]” (FARIA; REIS, 2008, p.169)”.

Os docentes que expressaram a opinião de que o curso de graduação em Secretariado Executivo não auxilia na formação de um futuro docente justificaram suas respostas ponderando que a formação técnica para o mercado de trabalho não abre espaço para ensino como possível carreira. Segundo o Docente 8 “o curso não é licenciatura, é um bacharelado que prepara para o mercado”. Esse fato foi ressaltado como obstáculo por Farias e Reis (2008, p. 171) ao afirmarem que “o primeiro obstáculo

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Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 12 n.4 – Outubro/Dezembro 2014.

Recebido em 08/11/2013 – Revisado em 11/03/2014 - Aprovado em 23/03/2014 – Publicado em 30/12/2014.

encontrado pelos egressos da área que queiram lecionar se deve ao fato do curso de Bacharelado em Secretariado Executivo, como o próprio nome diz, não ter como objetivo formar profissionais para a docência”.

O Docente 11 afirmou que “o curso prepara alunos para atuarem como assessores executivos em grandes empresas e multinacionais. Nunca se houve falar em docência como carreira”. O Docente 3 demonstra ter opinião similar, ao afirmar:

[...] como é possível verificar, nos próprios sites das instituições de ensino superior, os cursos de Secretariado Executivo estão voltados para preparar os futuros secretários para atuarem no mercado de trabalho, esquecendo-se que a atuação na área acadêmica também pode ser considerada uma oportunidade de trabalho para os egressos (DOCENTE 3).

Na opinião do Docente 9:

Pela característica do curso não há preparo para a docência, ou seja, disciplinas na área da didática de ensino. Contudo, a parte técnica do curso, principalmente técnicas de Secretariado, contribuem e muito para a organização de qualquer função que o profissional venha a desempenhar (DOCENTE 9).

O Docente 1 tem a mesma opinião de que não existem no cursos disciplinas específicas voltadas para a prática docente, mas as práticas existentes no curso auxiliam indiretamente na atuação do futuro docente. A falta de disciplinas pedagógicas, como Metodologia do Ensino Superior, fo i citada pelo Docente 6. Em opinião contrária, o Docente 3 vislumbra o destaque que os profissionais formados na área adquirem ao optar pela docência como carreira, devido a sua formação diversificada:

[...] é possível verificar que devido a formação genérica, segundo pressupostos da própria regulamentação da profissão onde o eixo dos cursos se fixa nas disciplinas que abordam outras áreas do conhecimento, com as temáticas dos padrões de comportamento, postura e atitudes, e disciplinas complementares que oferecem um conjunto de informações gerais sobre a organização, tal formação contribui para que os profissionais de secretariado, interessados em atuarem na área acadêmica, se sobressaiam na busca de encontrar ferramentas e planejar seu caminho para que consiga complementar sua formação, para então iniciar suas atividades também nesta área (DOCENTE 3).

O Docente 7, que opinou positivamente sobre a contribuição da formação em Secretariado Executivo para a prática docente, corrobora com a opinião do Docente 3, afirmando:

A formação polivalente, que perpassa por diversas áreas do conhecimento humano, garante condições mínimas necessárias para o exercício de quaisquer atividades que envolvam o trato com pessoas. Assim, mesmo ausente a formação Didática, a formação humanística compensa aquela possível deficiência (DOCENTE 7).

O Docente 4, compartilha a experiência de sua formação, onde a universidade que cursou a graduação em Secretariado Executivo oferecia disciplinas optativas na área pedagógica, uma forma indireta de incentivo a carreira docente. Sobre a contribuição das disciplinas ministradas nos cursos de Secretariado para a formação do futuro docente, destaca-se:

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Revista Capital Científico – Eletrônica (RCCe) – ISSN 2177-4153 – Vol. 12 n.4 – Outubro/Dezembro 2014.

Recebido em 08/11/2013 – Revisado em 11/03/2014 - Aprovado em 23/03/2014 – Publicado em 30/12/2014. Temos disciplinas que exigem a apresentação de seminários e a organização de dinâmicas de grupo, além de outras que oferecem preparação em oratória, e apresentação de trabalhos empresariais (organizações de eventos, preparação de slides e utilização de Power Point), todas permitem aos acadêmicos se preparar para falar em público, estimulam o senso de organização e ajudam o profissional a desenvolver um certo “jogo de cintura” nos relacionamentos intergrupais, o que considero essencial para um professor no momento em que vai transmitir conteúdos, pois são técnicas que auxiliam a prender a atenção do ouvinte e a promover o envolvimento dos alunos no processo de ensino e aprendizagem (DOCENTE 10).

Entretanto, a diversidade de disciplinas ofertadas em Secretariado ressaltada pelos participantes, não abrange conteúdos capazes de contribuir para a construção de saberes pedagógicos necessários à docência universitária. Em busca da identidade docente e de melhoria no exercício do seu trabalho é necessário que os professores bacharéis procurem cursos na área de educação, além da sua formação inicial, na pós-graduação. Espera-se que esses cursos confrontem a teoria educacional com a prática, buscando uma maior compreensão dos processos de ensino e aprendizagem e instigando nos docentes desses cursos o interesse em “investigar a própria atividade para, a partir dela, construírem e transformarem os seus saberes-fazeres docentes num processo contínuo de construção de suas identidades como professores” (PIMENTA, 1996, p. 75).

Com o intuito de conhecer as disciplinas dos cursos de Secretariado Executivo que colaboram para a docência, apresentou-se uma amostra de disciplinas das integralizações curriculares de alguns cursos de graduação em Secretariado Executivo existentes no Brasil e solicitou-se que os participantes expressassem sua opinião acerca dessa contribuição.

Em temos percentuais, a disciplina mais destacada entre as elencadas foi a Didática em Secretariado, com 14% de relevância em se tratando das disciplinas que auxiliam na formação dos Secretários Executivos que desejam atuar no magistério superior. Em seguida destacam-se as disciplinas da área de Psicologia (Psicologia das Relações Interpessoais, Psicologia das Relações Humanas no Trabalho e Psicologia Aplicada ao Trabalho), as disciplinas da área de Comunicação (Introdução à Comunicação, Comunicação Organizacional), as disciplinas de Língua Portuguesa com foco na oralidade (Língua Portuguesa: Oralidade, Técnicas e Tecnologia da Comunicação Oral) e a disciplina Dinâmica de Grupo, apresentam-se, cada uma, com 11% da preferência. No grupo de disciplinas escolhidas que aparecem em terceiro lugar, em termos percentuais, estão as de Língua Portuguesa com foco na escrita/produção de textos (Prática da Leitura e Produção de Textos, Prática de Revisão de Textos, Língua Portuguesa: redação técnica, científica e acadêmica) e as disciplina na área de recursos humanos (Recursos Humanos e Gestão de Pessoas), com 9% para cada grupo.

Segundo Faria e Reis (2008) o curso de Secretariado Executivo possui disciplinas que desenvolvem habilidades requeridas na profissão docente, tais como impostação de voz, esta habilidade é desenvolvida em disciplinas com foco na oralidade, que aparecem na pesquisa entre as que mais auxiliam o profissional de secretariado na prática docente. Outra habilidade citada pelos autores é a coerência e concisão na produção de textos, habilidade desenvolvida nas disciplinas de língua portuguesa, redação técnica e disciplinas afins, ofertadas nos cursos de secretariado, estas aparecem na pesquisa entre as que mais auxiliam na prática docente secretário.

A análise acerca da contribuição da formação em Secretariado Executivo para o desenvolvimento de habilidades necessárias para a prática docente denotou que 50% dos professores responderam que o curso desenvolve em parte essas habilidades. Quando questionados se os conhecimentos adquiridos na graduação foram suficientes para

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fundamentar seus trabalhos como docentes, 100% disseram que somente os conhecimentos adquiridos ao longo da graduação não são suficientes para que o egresso obtenha sucesso no magistério. Tal resultado remete à reflexão de que na formação em Secretariado Executivo existe uma ausência de preparação para o magistério superior por ser um curso voltado para atuação no mundo empresarial, no entanto, a docência emerge como uma das áreas de atuação desse profissional. A formação em Secretariado tem como foco conhecimentos e habilidades profissionais para a assessoria e a gestão, que embora possuam semelhanças com algumas características exigidas na docência, como comunicabilidade, comportamento ético, equilíbrio emocional, criatividade, boa expressão verbal, bom relacionamento interpessoal e comportamento funcional adequado (KERTÉSZ; LOREZONI, 1991, apud VASCONCELOS, 1996) não preenchem lacunas relacionadas aos saberes pedagógicos. Assim sendo, é preciso que se aprofundem as discussões acerca da necessidade de melhor preparação para a docência superior na área por meio de realização de cursos na área educacional que possibilitem o domínio das competências pedagógicas, tais como as mencionadas anteriormente, bem como um olhar das políticas públicas para a necessidade de formação específica para a docência universitária, nas diversas áreas do conhecimento.

5 Considerações Finais

A pesquisa possibilitou o delineamento de algumas considerações conclusivas acerca da formação dos profissionais s ecretários executivos que atuam na docência universitária. Observou-se que os docentes buscam o aperfeiçoamento, em sua maioria, em nível de pós-graduação lato sensu e stricto sensu. Sobre a área de conhecimento dos programas de pós-graduação concluídos pelos docentes, a maioria cursou programas na área da Administração. Embora alguns participantes tenham cursado pós-graduação em Educação, estes são a minoria, o que remete à consideração de que ainda existe uma lacuna a ser preenchida no que diz respeito à construção de saberes pedagógicos para o professorado universitário na área secretarial. Não obstante, destaca-se que a pós-graduação tem como principal objetivo a formação de pesquisadores e não de docentes. Com relação aos motivos que levam os profissionais secretários executivos optarem pela docência a pesquisa revelou como principais fatores a aspiração pela docência e o desejo de contribuir para o crescimento e maior reconhecimento da profissão. No que diz respeito às contribuições do curso de Secretariado Executivo para a formação docente, observou-se a ausência de preparação para o magistério superior, visto que se trata de um curso na modalidade bacharelado. Entretanto, considera-se que a docência emerge como uma das áreas de atuação desse profissional.

Assim como a profissão de Secretário Executivo, a prática docente também evoluiu. Não se admite mais um professor improvisado, sem formação mínima para assumir a preparação de futuros profissionais. Por meio da realização desta pesquisa reflete-se que os conhecimentos pedagógicos são essenciais para a prática docente. No entanto, estes não são trabalhados nos cursos de bacharelado, como é o caso da graduação em Secretariado Executivo. Pouco ou nada se houve falar sobre a carreira acadêmica no âmbito dos cursos de Secretariado Executivo. Infere-se, portanto, que a formação desses profissionais ocorre, principalmente, na graduação bacharelado a qual não tem como foco a preparação para a docência. Os docentes buscam e fundamentam os seus conhecimentos para o ensino na experiência da prática profissional secretarial e nos cursos de pós-graduação.

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preenchidas pelos professores bacharéis em Secretariado Executivo participantes desta investigação no que se refere aos conhecimentos docentes visto que a graduação, a vivência profissional e os cursos de pós-graduação não são suficientes para a construção de saberes pedagógicos. A busca por tais saberes pode ser feita por meio de participação em programas de formação docente, institucionalização de cursos na área educacional nas universidades, bem como a partir de implementação de políticas públicas voltadas à formação do professor universitário. A criação de cursos stricto senso na área secretarial também pode ser um caminho para a construção desses conhecimentos, bem como o desenvolvimento de pesquisa científica em Educação e Secretariado.

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