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J. Pediatr. (Rio J.) vol.93 número2

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Academic year: 2018

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www.jped.com.br

ARTIGO

ORIGINAL

Breastfeeding

duration

and

associated

factors

between

1960

and

2000

,

夽夽

Danielle

Soares

de

Oliveira

a

,

Cristiano

S.

Boccolini

b

,

Eduardo

Faerstein

a

e

Eliseu

Verly-Jr

a,∗

aUniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro(Uerj),InstitutodeMedicinaSocial(IMS),RiodeJaneiro,RJ,Brasil bFundac¸ãoOswaldoCruz(Fiocruz),RiodeJaneiro,RJ,Brasil

Recebidoem14dedezembrode2015;aceitoem25demaiode2016

KEYWORDS Breastfeeding; Survivalanalysis; Childhealth; Timeseries

Abstract

Objective: Todescribeahistoricalseriesonthemediandurationofbreastfeedingina popula-tionofmotherswhosechildrenwerebornfromthe1960sonwards,identifyingfactorsassociated withtheinterruptionofbreastfeedingineachdecade.

Methods: DatawereanalyzedfromthePró-SaúdeStudy,alongitudinalepidemiological investi-gationstartedin1999amongtechnicalandadministrativeemployeesofauniversityinthestate ofRiodeJaneiro.Breastfeedingdurationwascollectedintwostudyphases:phase1(1999), andphase4(2011-2012).Ofthese,thosewhohadatleastonechildandreportedtheduration ofbreastfeedingforthefirst childwere selected(n=1539).Toanalyzethedurationof bre-astfeeding,survivalcurveswereconstructedusingtheKaplan-Meiermethodandtheeffectof covariatesonthedurationofbreastfeedingwasestimatedbyCoxregressionmodel.

Results: Itwasfoundthatthemediandurationofbreastfeedingwashigherinthe1990sand 2000sandlowerinthe1970s, comparedtothe1960s.Inaddition,therewasanassociation betweenhigherincomeandmaternalagewithbreastfeedinginterruption,whichwasfocused inthe1970s.

Conclusion: Therewasshorterdurationofbreastfeedinginthe1970scomparedtothe1960s. Increaseddurationandprevalenceofbreastfeedingfromthe1970sonwardscoincidedwiththe nationaltrendandthepromotionofthispracticesince1980.

©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/ 4.0/).

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.05.005

Comocitaresteartigo:OliveiraDS,BoccoliniCS,FaersteinE,Verly-JrE.Breastfeedingdurationandassociatedfactorsbetween1960

and2000.JPediatr(RioJ).2017;93:130---5.

夽夽TrabalhovinculadoàUniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro(Uerj),RiodeJaneiro,RJ,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:eliseujunior@gmail.com(E.Verly-Jr).

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PALAVRAS-CHAVE Aleitamentomaterno; Análisedesobrevida; Saúdedacrianc¸a; Sériestemporais

Durac¸ãodoaleitamentomaternoefatoresassociadosentre1960e2000

Resumo

Objetivo: Descrever uma série histórica sobre a durac¸ão mediana da amamentac¸ão em populac¸ão de mães comcrianc¸as nascidasa partir dadécadade 1960e identificar fatores associadosàsuainterrupc¸ãoemcadadécada.

Métodos: Foram analisados dados de 1.539 participantes do Estudo Pró-Saúde (EPS), uma investigac¸ão epidemiológica longitudinal iniciada em 1999 entre trabalhadores técnico--administrativosdeumauniversidadenoEstadodoRiodeJaneiro.Foramusadasinformac¸ões sobredurac¸ãodoaleitamentomaternodoprimeirofilhocoletadasemduasfasesdoEPS(1999e 2011-12).Paraanálisedadurac¸ãodoaleitamentomaternoforamconstruídascurvasde sobre-vidapelométododeKaplan-Meieresuaassociac¸ãocomcovariáveisfoiestimadapelomodelo deregressãodeCox.

Resultados: Verificou-sequeadurac¸ãomedianadoaleitamentomaternofoimaiornasdécadas de1990e2000emenornadécadade1970,emcomparac¸ãocomadécadade1960.Alémdisso, houveassociac¸ãoentremaiorrendaefaixaetáriamaternascominterrupc¸ãodoaleitamento materno,queseconcentrounadécadade1970.

Conclusão: Observou-semenordurac¸ãodoaleitamentomaternonadécadade1970emrelac¸ão àdécadade1960.Oaumentodadurac¸ãoedasprevalênciasdeamamentac¸ãoapartirdadécada de1970coincidiucomatendêncianacionalecomapromoc¸ãodessapráticaapartirde1980. ©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4. 0/).

Introduc

¸ão

Aamamentac¸ãoéconsideradaumadasestratégiasquemais contribuem para a prevenc¸ão de mortes infantis, tem o potencialdesalvarmaisde800.000vidasdecrianc¸as com menosde5 anospor anoem todoo mundo1,2e reduzir a

mortalidadeneonatal.3Érecomendadasuapráticadeforma

exclusiva atéos6 meses e complementadaatéos 2 anos oumais.4Apesardesuarelevância,circunstânciassociaise

econômicaspodem terprofunda influênciana prevalência edurac¸ãodaamamentac¸ão.5,6

Em meados dos anos 1960 iniciaram-se campanhas macic¸asdemarketingparaasubstituic¸ãodoleitematerno porfórmulasinfantissemqualquertipoderegulamentac¸ão, atingiram-se mães de todos os estratos sociais, que, em conjuntocom mudanc¸asculturais ocorridasem relac¸ãoao papeldaamamentac¸ãonasociedadeeacrescenteinserc¸ão das mulheres no mercado de trabalho,levaram ao declí-niodadurac¸ãodaamamentac¸ão.6-9Emreac¸ão,movimentos

mundiaispró-amamentac¸ão,principalmenteapartirdofim dadécadade1970,culminaramcomacriac¸ãodeum con-juntodenormas,fundamentadasemprincípioséticos,para regulamentarapromoc¸ãocomercialdeprodutosque pode-riaminterferirnoaleitamentomaterno.10,11

Desde o início da década de 1980 leis, normas e programas foram adotados pelo Ministério da Saúde no Brasil para promover e apoiar o aleitamento materno. Foi atribuído a eles o aumento consistente da preva-lência e da durac¸ão mediana da amamentac¸ão desde o fim daquela década,5,6,9,10 como constatado por

inqué-ritos nacionais.12,13 Tais incrementos foram associados à

reduc¸ãodemorbidadesediminuic¸ãodastaxasdeinternac¸ão hospitalar.14,15

Contudo,nãosedispõedesériehistóricasobreadurac¸ão mediana do aleitamento materno anterior à década de 1980,umavezqueoúnicoinquéritonacionalconduzidono período(1974-5)obteveinformac¸õesapenasindiretassobre essaprática.16Paraesclarecerseadurac¸ãodoaleitamento

maternoemnossomeioapresentavatrajetóriaascendente, estável ou decrescente antes dadécada de 1980, é pre-ciso lanc¸ar mão de dados originados de outros estudos, denatureza comparável àqueles dos períodos subsequen-tes.Opresenteestudotemcomoobjetivosdescreveruma sériehistóricasobreadurac¸ãodaamamentac¸ãodecrianc¸as nascidas a partir da década de 1960 e identificar fatores associadosàsuainterrupc¸ãoemcadadécada.

Métodos

Populac¸ãodeestudo

Foram analisados dados do Estudo Pró-Saúde (EPS), investigac¸ão epidemiológica longitudinal iniciada em 1999 com uma populac¸ão de trabalhadores técnico--administrativos de uma universidade no Estado do Rio de Janeiro. O EPS tem por objetivo principal elucidar o papel de determinantes sociais da saúde; entre 1999 e 2013, foram feitas quatro etapas de coleta de dados, incluindo autopreenchimento de questionários, aferic¸ões antropométricaseoutrosexames.

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pormotivosnãorelacionadosà saúde.Osfuncionáriosem licenc¸a médica foram convidados a participar do estudo, atécomvisitadomiciliar, quandonecessária.Foram elegí-veisparao estudotodasasmulheresque tiveramfilhose participaramdafase1edafase4doEPS.Mulheresque par-ticiparamdafase1edafase4foramconsideradassomente umavez.Detalhesdorecrutamentoedapopulac¸ãoestudada sãoencontradosemoutrapublicac¸ão.17

Para o presente estudo, foram utilizados dados de durac¸ãodoaleitamentomaternorelativasaoprimeirofilho coletados em duas fases do EPS: fase 1 (1999), e fase 4 (2011-2).OEPSincluiu,emsuasduasfases,2160mulheres, das quais 1.727 tiveram pelo menos um filho. Para este estudo,foramconsideradassomenteaquelasquesouberam relataradurac¸ãodoaleitamentomaternodoprimeirofilho (n=1.539).

Coletadosdados

Foifeitapormeiodequestionáriomultidimensional, auto-preenchíveis,comauxíliodepesquisadoresdecampoeno ambientedetrabalho.Paragarantiraqualidadedosdados foramfeitosestudopiloto,testedeconfiabilidadedos ins-trumentosedupladigitac¸ãoindependente.18Adurac¸ãoda

amamentac¸ãofoi obtidaem meses,pormeiodequestões específicasparamulheresquetiverampelomenosumfilho, incluindo o mês e ano de nascimento, a prática ou não da amamentac¸ão e em que mês havia cessado o aleita-mentomaterno,todasreferentesaoprimeirofilhonascido. Asdatasdenascimentoforamcategorizadasemdécadas,a partirde1960.

Arendafamiliarmensalpercapitafoiobtidapela conver-sãodarendalíquidadomiciliardivididapelototaldepessoas que dependiamdessa renda e categorizada em terc¸osde rendapercapita.Comoforamusadosdadosderenda refe-rentesa doisperíodos distintos,os rendimentosrelatados na fase 1 foram deflacionados com o Índice Nacional de Prec¸os ao Consumidor Amplo (IPCA), para maximizar sua comparabilidadecomaquelarelativaàfase4.Dadossobre cor/etniaautorreferida foramcoletados segundo as cate-goriasdoIBGE:preta,parda, branca,amarelaeindígena. Aidadedasmãesfoireferente àépocaemquetiveramo primeirofilho.Adicionalmente,asmãesforamquestionadas emrelac¸ãoaotipodeparto(cesáreoounormal).

Análisedosdados

Paraanálisedadurac¸ãodoaleitamentomaternoforam cons-truídascurvas de sobrevidapelo método deKaplan-Meier paracadadécadainformada,oquerepresentoua probabili-dadeacumuladadeestaramamentandocomodecorrerdos meses.Otempodealeitamentomaternofoicensuradoaos 12meseseaassociac¸ãodascovariáveiscomadurac¸ãoda amamentac¸ãofoiestimadapormeiodaregressãodeCox. Optou-se pornão incluir nas análises os indivíduos classi-ficadoscomo de cor/etnia amarelae indígenaem func¸ão desuasbaixasfrequências(1,7%e0,7%,respectivamente). Opressupostoderiscosproporcionais,necessárioà regres-sãodeCox,foitestado(incluindointerac¸õesdascovariáveis comotempo)pelosresíduosdeSchoenfeld(1982);também foi feitoo teste dadécada de nascimento como variável

Tabela 1 Terc¸os da idade das mães (em anos) segundo décadade nascimento dofilho.Estudo Pró-Saúde, 1999e 2011-2012

Década 1◦terc¸o 2terc¸o 3terc¸o

1960-69 12-19 19-21 22-33

1970-79 14-20 21-24 24-40

1980-89 13-24 24-28 28-40

1990-99 19-28 28-32 32-51

2000-09 22-32 33-36 37-44

independente. O nível de significância estatística testado foide5%,foiusadoosoftwareStata(StataCorp.2011.Stata StatisticalSoftware:release12.CollegeStation,EUA).

A fase 1 do EPS foi aprovada em 1999, pelo Comitê deÉticaemPesquisa(CEP)doHospitalUniversitárioPedro Ernesto(registron◦224/1999),eem2011afase4foi apro-vadapeloCEPdoInstitutodeMedicinaSocialdaUerj(CAAE n◦ 0041.0.259.000-11).

Resultados

Natabela1,sãoapresentadasaidadeem terc¸osem cada década estudada. Optou-se por essa classificac¸ão porque aidademédiadasmãesaumentoudeacordocomadécada denascimentodoprimeirofilho.

Atabela2mostraadurac¸ãomedianadoaleitamentoea razãodeHazard(HR),queexpressaoriscodeinterrupc¸ãodo aleitamentomaternoemcadadécada,tomou-seadécada de1960comoreferência.Observou-seriscoaumentadode interrupc¸ãonadécadade1970(HR=1,36;p<0,001)emenor risco nadécadade2000(HR=0,52;p <0,001).Ascurvas desobrevidaparaoaleitamentomaternosãoapresentadas

na figura 1,na qual sedestaca a menorprobabilidade de

umamãepermaneceramamentandoaolongodosprimeiros 12 mesesdevidadeseu filho nadécada de1970 emaior incrementodadurac¸ãonoperíodode2000-09.

Natabela3sãoapresentadasasestimativas domodelo

de Cox para associac¸ões entre covariáveis e o tempo de aleitamentoparacadadécadaestudada.Associac¸ões esta-tisticamentesignificativas,comarendaeaidadedamãe,

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Probabilidad de

supervivencia acumulada

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Tempo (meses)

1970 - 79 1960 - 69

1990 - 99 1980 - 89

2000 - 09

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Tabela2 Distribuic¸ãodasmulheresqueamamentaram,durac¸ãomedianaeriscodeinterrupc¸ãodoaleitamentomaternono primeiroanodevidapordécadadenascimentodoprimeirofilho.EstudoPró-Saúde,1999e2011-2012

Década na Amamentac¸ão(n,%)b Medianac p25-p75 HRd

1960-69 182 168(92%) 6 4-12 1,00

1970-79 324 292(90%) 5 3-8 1,36(1,08-1,69)

1980-89 592 549(92%) 6 4-10 1,11(0,90-1,36)

1990-99 465 431(92%) 8 6-13 0,80(0,65-1,00)

2000-09 136 131(96%) 12 7-19 0,52(0,39-0,70)

a Totaldemulheresquetiveramoprimeirofilho,pordécada.

b Frequênciaepercentualdemulheresquerelataramteramamentado,pordécada. c Durac¸ãomedianadoaleitamentomaterno,emmeses.

d RazãodeHazard.Adécadade1960éacategoriadereferência.

concentraram-sena décadade1970.Mulheresmaisidosas (3◦terc¸o)apresentaramriscodeinterrupc¸ãodoaleitamento materno39%maiorquandocomparadascomasmaisjovens (1◦ terc¸o).Emrelac¸ãoàrendadomiciliar,participantesno segundo e terceiro terc¸os (maior renda per capita) apre-sentaram maiorrisco deinterrupc¸ão da amamentac¸ão na década de 1970; na década de 2000 houve uma inversão daassociac¸ão,emquemmulheresdosegundoterc¸oderenda apresentarammenorrisco.Asmulheresquesedeclararam de cor preta tiverammenor risco de interrupc¸ão do alei-tamentomaternoquandocomparadascomasdecorbranca nasdécadasde1960e1970equandocomparadascomasde corbrancaepardanadécadade1980.Otipodepartonão seassociouaoriscodeinterrupc¸ãodoaleitamentomaterno.

Discussão

O presente estudo investigou a evoluc¸ão da durac¸ão do aleitamento materno entre asdécadas de 1960 e 2009 e observou inicial declínio da durac¸ão na década de 1970 em comparac¸ão com1960e posteriorretomadanas déca-dasseguintes.Omenorrisco deinterrupc¸ão foiobservado

no período 2000-09. A evoluc¸ão da durac¸ão aqui obser-vadanãopodesercomparadadeformadiretacomoutros estudos que avaliaram a durac¸ão ao longo dos anos em func¸ãodosmétodosempregadosparaanálise,masseguem padrõessemelhantes.5,6,9,10NaPesquisaNacionalde

Mortali-dadeInfantilePlanejamentoFamiliar(PNMIPF)19ePesquisa

Nacionalde Demografia e Saúde (PNDS)12 foram

observa-das,respectivamente, durac¸ões medianas doaleitamento maternode 9 meses (1986) e 14 meses (2006), evoluc¸ão similar à observada na Pesquisa Nacional de Prevalência doAleitamentoMaterno(PPAM),13feitanascapitais

brasilei-rasem1999(9,8meses)e2008(11,3meses).EmSãoPaulo, emestudodebasehospitalarcominformac¸õesrelativasaos anosde1954a1985,adurac¸ãomedianadaamamentac¸ão eradeaproximadamente150diasnadécadade1960ede 100diasna década de1970, composterior aumentopara maisde100diasnadécadaseguinte.6

Amenordurac¸ãodoaleitamentomaternoobservadana décadade 1970,comparada com a décadaanterior, pode estarassociadaadistintosecomplexosdeterminantes soci-oculturais,comoacrescenteinserc¸ãodamulhernomercado de trabalho e as mudanc¸as de paradigma frente à natu-reza do aleitamento materno,8 constructos esses difíceis

Tabela3 Durac¸ãomedianaeriscodeinterrupc¸ãodoaleitamentomaternonoprimeiroanodevidapordécadadenascimento doprimeirofilho.EstudoPró-Saúde,1999e2011-2012

Décadas 1960 1970 1980 1990 2000

Variáveis N mediana HRa p N mediana HRa p N mediana HRa p N mediana HRa p N mediana HRa p

bIdadedamãe

1◦terc¸o 63 8 1,0 97 6 1,0 162 6 1,0 158 8 1,0 51 12 1,0

2◦terc¸o 55 6 1,24 0,34 95 4 1,32 0,11 207 6 1,11 0,36 152 7 1,24 0,12 47 11 1,21 0,48

3◦terc¸o 64 6 1,34 0,17 132 4 1,39 0,04 212 6 1,02 0,82 155 8 1,22 0,17 38 10 1,22 0,48

cRenda

1◦terc¸o 48 8 1,0 88 6 1,0 172 6 1,0 127 8 1,0 44 8 1,0

2◦terc¸o 41 7 1,17 0,49 82 4 1,98 0,00 193 6 1,20 0,11 141 8 0,94 0,69 44 13 0,53 0,03

3◦terc¸o 40 6 1,30 0,26 82 5 1,71 0,00 127 6 1,15 0,25 111 8 1,02 0,85 42 10 0,81 0,44

Parto

Cesárea 19 6 1,0 98 6 1,0 332 6 1,0 306 8 1,0 114 11 1,0

Normal 147 6 0,82 0,57 209 5 0,94 0,69 244 6 0,98 0,88 155 8 0,79 0,07 22 13 0,64 0,22

Cor/etnia

Preta 38 7 1,0 80 6 1,0 104 7 1,0 62 7 1,0 17 7 1,0

Parda 70 7 1,36 0,24 96 6 1,15 0,43 165 6 1,49 0,01 114 6 0,90 0,62 36 8 0,79 0,54 Branca 67 6 1,66 0,05 137 4 1,66 0,00 311 6 1,45 0,01 269 6 1,10 0,60 81 8 0,79 0,48

a RazãodeHazard.

b Terc¸osdeidadedamãe(apresentadosnatabela1).

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deserem mensurados com dadosdisponíveis em estudos. Contudo,éconsensualentreosautoresqueestudaramesse períodoqueessedeclíniocoincidecomoaugedaspráticas demarketingevendaqueocorriamsemregulamentac¸ãopor partedaindústriadealimentosnoBrasilenomundonesse períodoecomaarregimentac¸ãodeprofissionais desaúde queestimulavamousodefórmulasinfantis,então denomi-nadas‘‘substitutasdoleitematerno’’.7-9,13,20Valeressaltar

queodeclínionadurac¸ãodaamamentac¸ãonospaíses desen-volvidos já ocorria em período anterior(anos 1930), com resgatedapráticadeamamentac¸ãotambémapósadécada de1970.21

Nocontextointernacional,aprevalênciaeadurac¸ãodo aleitamentomaternosãomenoresempaísesdesenvolvidos e, ainda assim, nos países em desenvolvimento a preva-lência do aleitamento materno exclusivo é de 37%, com grandes disparidades entre as mães mais pobres e mais ricas.1Nessecenáriodesfavorávelaoaleitamentomaterno,

Rolins et al. conduziram um estudo de caso publicado no Lancet Breastfeeding Series no qual concluem que o Brasilé umdoscasosdesucessodemelhoriasnospadrões deamamentac¸ão devido ao envolvimento da sociedade e forte apoio e investimento do governo para a adoc¸ão de práticascomoomonitoramentodocódigointernacional,a adoc¸ão de licenc¸a maternidade paga e a implantac¸ão de umarededebancosdeleitehumanoedehospitaisamigos dacrianc¸a.22

Naanálisedosfatoresassociadosaoriscodeinterrupc¸ão doaleitamentomaternodestacaram-sea renda e aidade damãe. Mães de idade maiselevada apresentaram risco maior para desmame quando comparadas com as mães mais jovens. Da mesma forma, mães no estrato de renda mais elevado apresentaram risco maior de des-mamecomparadas com asde menor rendimento, padrão semelhante ao encontrado em distintos grupos e países de todas as regiões: ao analisar 98 inquéritos de paí-sesem desenvolvimento,Victora etal.identificaramque, independentemente do país e da região mundial, mães pertencentes aos estratos mais pobres amamentam por mais tempo do que as mais ricas.1 De forma

interes-sante,essasdiferenc¸asseconcentraramnadécadade1970, mesmo período em que foi observada menor durac¸ão do aleitamentomaterno.Arendamaiselevadafavoreciao des-mame por permitir a aquisic¸ão de leites artificiais,14 em

um contexto de importante influência da indústria e de desconstruc¸ão dos benefícios da amamentac¸ão natural.20

Merecedestaque,entretanto,a inversãona relac¸ão entre renda e desmame observada na década de 2000, cujas mães de maior rendimento apresentaram menor risco de desmame(aindaqueestatisticamentesignificantesomente paraoestratointermediário).Essamudanc¸apodeser enten-didacomoumreflexodatransformac¸ãodapercepc¸ãodas mães em relac¸ão à importância do aleitamento materno, fruto do esforc¸o de movimentos pró-amamentac¸ão e da legislac¸ão que regulamentou a publicidade de leites artificiais.9,14

Defato,dadosdeinquéritosnacionais(1975/1989)14

sinalizavamessa tendência.Arelac¸ãoentre adurac¸ão da amamentac¸ãoearendaapresentava-seinversamente asso-ciadaem1975,eraquatrovezesmaioremcrianc¸asdemenor renda comparadascomasde maiorrenda. Em1989, essa

diferenc¸adiminuiparamenosdoque odobroedeixoude ser inversamente linear considerando todos os estratos de renda. Ademais, esse fenômeno se repete em 66 paí-sesestudadosdesdeadécadade1990,nosquaismulheres dosquintosmaispobresamamentampormaistempodoque asmulheresdosquintosmaisricos.22

Comrelac¸ãoàcor/etnia,verificou-senopresenteestudo umadurac¸ãomedianadoaleitamentomaternomenorentre mães brancas em comparac¸ão com asmãesde corpreta. Épossívelquehajainfluênciasculturaissobreospadrõesde alimentac¸ãoinfantilemdiferentesgruposétnicos;porém, hápoucasevidênciasarespeitoedesconhecem-secomotais padrõestêmsemodificadoesetêmsidoinfluenciadospor políticaspúblicas.23

Algumaslimitac¸õesdesteestudodevemserdestacadas. Primeiro,asinformac¸õessobrearendadomiciliarsão refe-rentesàépocadaentrevista,enãodonascimentodofilho; entretanto, como essa renda foi categorizada em termos relativos (terc¸os), é possível que essas posic¸ões tenham semantido estáveis. Segundo,o menortamanhoamostral nas décadas de 1960 e 2000 reduziu o poder estatístico para detectar diferenc¸as entre as variáveis nesses perío-dos; cabe notar, no entanto, que nas décadas de 1980 e 1990otamanhoamostralfoimaiorenãoforamobservadas nesses períodos diferenc¸as estatisticamente significativas em relac¸ão à amamentac¸ão. Quanto ao possível viés de memória,umestudodeteste-retestesobreadurac¸ão autor-relatada do aleitamento materno foi conduzido em uma subpopulac¸ão de mulheres acompanhadas desde 1999 no EPS; a confiabilidadede curto prazo (14 dias)e delongo prazo(13anos)foiconsideradaadequada,indicouqueoviés de memória podenão ser importante no estudo (Robaina etal.,noprelo).Avalidadeexternadoestudopodeser ques-tionada,masasemelhanc¸acomaevoluc¸ãodospadrõesde aleitamentomaternoobservadosnonívelnacionalpermite, ao menos, levantarhipóteses sobre aevoluc¸ão do aleita-mentomaternodesdeadécadade1960.

Os resultados apresentados neste estudo mostraram a dinâmica daevoluc¸ão dadurac¸ãodoaleitamentomaterno no decorrer das décadas, com menor durac¸ão na década de 1970 em relac¸ão à década anterior e subsequente aumento da durac¸ão nas décadas seguintes. Além disso, foram observadas diferenc¸as individuais mais marcantes entreapopulac¸ãodemãesnadécadade1970.Odecorrente aumentodadurac¸ãodoaleitamentomaternonasdécadas seguintessugerequeaadoc¸ãodepolíticas,normase práti-casemfavordapromoc¸ão,protec¸ãoeapoioaoaleitamento materno,adotadasapartirdadécadade1980,foram favo-ráveisaessaprática.

Financiamento

Fundac¸ãodeAmparoàPesquisadoEstadodoRiodeJaneiro (Faperj)eConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientífico eTecnológico(CNPq).

Conflitos

de

interesse

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Referências

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Figura 1 Curvas de sobrevida para o tempo de aleitamento materno segundo década de nascimento do primeiro filho.
Tabela 3 Durac ¸ão mediana e risco de interrupc ¸ão do aleitamento materno no primeiro ano de vida por década de nascimento do primeiro filho

Referências

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