ww w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
original
Características
clínicas
e
frequência
de
polimorfismos
em
TLR4
em
pacientes
brasileiros
com
espondilite
anquilosante
Natalia
Pereira
Machado
a,
Eliana
Nogueira
b,
Karen
Oseki
a,
Pâmela
Carolina
Cruz
Ebbing
a,
Clarice
Silvia
Taemi
Origassa
b,
Tatiane
Mohovic
b,
Niels
Olsen
Saraiva
Câmara
be
Marcelo
de
Medeiros
Pinheiro
a,∗aDivisãodeReumatologia,DepartamentodeMedicina,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(UNIFESP),SãoPaulo,SP,Brasil bDivisãodeNefrologia,DepartamentodeMedicina,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(UNIFESP),SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem10defevereirode2016
Aceitoem1demaiode2016
On-lineem8dejulhode2016
Palavras-chave:
Espondiliteanquilosante
PolimorfismosemTLR-4
HLA-B27
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Aimunidadeinataestáenvolvidanafisiopatologiadaespondiliteanquilosante
(EA),comaparticipac¸ãodebactériasgram-negativas,modulac¸ãodoantígenoleucocitário
humano(HLA)B27eoenvolvimentodereceptoresdereconhecimentodepadrões,comoos
receptoresToll-like(TLR).Oobjetivodesteestudofoiinvestigarascaracterísticasclínicasea
frequênciadepolimorfismosemTLR4(Asp299GlyeThr399Ile)emumacoortedepacientes
brasileiroscomEA.
Métodos:Fez-seumestudotransversalqueenvolveu200pacientescomdiagnósticodeEA
eum grupocontrolesaudávelde 200indivíduos.Mediram-sea atividadeda doenc¸a,a
gravidadeeacapacidadefuncional.Oestudodospolimorfismosem TLR4foifeitocom
ométododepolimorfismodefragmentosderestric¸ão.OHLA-B27foianalisadoporreac¸ão
emcadeiadapolimeraseconvencional.Usou-seoprogramaSPSSStatistics20daIBMpara
aanáliseestatísticaeforamconsideradossignificativosvaloresdepinferioresa0,05.
Resultados:Amédiadeidadeeadurac¸ãodadoenc¸aforamde43,1±12,7e16,6±9,2anos,
res-pectivamente.Aamostrafoipredominantementedosexomasculino(71%)edenãobrancos
(52%).Dogrupodepacientes66%eramHLA-B27positivos.Aamostradepacientesfoi
carac-terizadaporumaalterac¸ãofuncionalmoderadaeumelevadograudeatividadedadoenc¸a.
Nãofoi encontradaassociac¸ãoestatisticamentesignificativaentreospolimorfismosem
TLR4easusceptibilidadeàEA.
Conclusões:OspolimorfismosemTLR4399e299nãoforammaisfrequentesempacientes
comEAemcomparac¸ãocomcontrolessaudáveisenenhumadasvariáveisclínicasesteve
associadaaessespolimorfismos.
©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma
licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:mpinheiro@uol.com.br(M.M.Pinheiro).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.05.004
0482-5004/© 2016 Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY-NC-ND (http://
Clinical
characteristics
and
frequency
of
TLR4
polymorphisms
in
Brazilian
patients
with
ankylosing
spondylitis
Keywords:
Ankylosingspondylitis
TLR-4polymorphisms
HLA-B27
a
b
s
t
r
a
c
t
Objectives: Innateimmunityisinvolvedinthephysiopathologyofankylosing
spondyli-tis(AS),withtheparticipationofGram-negativebacteria,modulationofhumanleukocyte
antigen(HLA)B27andtheinvolvementofpatternrecognitionreceptors,suchasToll-like
receptors(TLRs).Theaimofthisstudywastoinvestigatetheclinicalcharacteristicsand
fre-quencyofTLR4polymorphisms(Asp299GlyandThr399Ile)inacohortofBrazilianpatients
withAS.
Methods: Across-sectionalstudywascarriedoutinvolving200patientswithadiagnosis
ofASandahealthycontrolgroupof200individuals.Diseaseactivity,severityand
functi-onalcapacityweremeasured.ThestudyofTLR4polymorphismswasperformedusingthe
restrictionfragmentlengthpolymorphismmethod.HLA-B27wasanalyzedbyconventional
polymerasechainreaction.TheIBMSPSSStatistics20programwasusedforthestatistical
analysis,withp-valueslessthan0.05consideredsignificant.
Results: Meanageanddiseasedurationwere43.1±12.7and16.6±9.2years,respectively.
Thesamplewaspredominantlymale (71%)andnon-Caucasian(52%).Atotalof66%of
thegroupofpatientswerepositiveforHLA-B27.Thesampleofpatientswascharacterized
bymoderatefunctionalimpairmentandahighdegreeofdiseaseactivity.Nosignificant
associationwasfoundbetweenthetwoTLR4polymorphismsandsusceptibilitytoAS.
Conclusions: TLR4polymorphisms399and299werenotmorefrequentinpatientswithAS
incomparisontothehealthcontrolsandnoneoftheclinicalvariableswereassociatedwith
thesepolymorphisms.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCC
BY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Receptores de reconhecimento de padrões (PRR) são um
conjunto de receptores envolvidos no reconhecimento de
patógenosemorganismosmulticelulares.ReceptoresToll-like
(TLR)1atuamcomoPRRedesempenhamumpapelessencial
noreconhecimentodecomponentesmicrobianoseligantes
endógenosinduzidosdurantearespostainflamatória.2–4
Entre os polimorfismos genéticos do TLR, alguns dos
maisamplamenteestudadossãoduasmutac¸õesfuncionais
cossegregadasnodomínioextracelulardoTLR4humano,
loca-lizadasnocromossomo4eassociadasarespostadiminuída
alipopolissacarídeos bacterianos (LPS).5 Com baseem sua
evidênciadeassociac¸ãoaumrisco aumentadodeinfecc¸ão
por bactérias Gram-negativas,5 esses polimorfismos foram
avaliados em algumas doenc¸as inflamatórias nas quais a
participac¸ãodessesmicrorganismos temsido implicada na
etiopatogenia,comoaespondiliteanquilosante(EA).
Baseadonapremissadecolitesubclínicaempacientescom
EAe modelos animais que demonstram a participac¸ão de
umgatilhoinfecciosoporbacilosgram-negativos6,7modulada
pelaapresentac¸ãodoantígenoaoHLA-B27,8oobjetivodo
pre-senteestudofoiidentificarafrequênciadepolimorfismosem
TLR4(Asp299GlyeThr399IIe)empacientesbrasileiroscomEA
einvestigarpossíveisassociac¸õesentreessespolimorfismose
umamaiorsuscetibilidadeàdoenc¸a,bemcomoaspectos
clí-nicoselaboratoriaisdaatividadedadoenc¸aecronicidade.
Osresultadosdaassociac¸ãoentrepolimorfismosemTLR
eaEAforamcontroversosemalgunsensaiosclínicos,9
pro-vavelmenteporcausadapopulac¸ãodistintaestudada.Esse
fatomotivaainvestigac¸ãodestaassociac¸ãoempopulac¸ões
miscigenadas,comoabrasileira.
Material
e
métodos
Duzentos pacientescom diagnóstico de EA deacordo com
os critérios de Nova York modificados10 ou
espondiloar-triteaxial11 foram recrutadosda clínicadeespondiloartrite
do Setor de Reumatologia da Universidade Federal de São
Paulo(Brasil);selecionaram-seainda200indivíduossaudáveis
entrevoluntáriosquedoaramsanguenohospitaldamesma
instituic¸ãoentremaiode2011eoutubrode2013.Todosos
par-ticipantesconcordaramemparticipardoestudoeassinaram
um termo de consentimento informado (pesquisa número
1.804/10noComitêdeÉtica).
Coletaram-se dados demográficos e clínicos e
empregaram-seferramentasdeavaliac¸ãoespecíficasparaa
caracterizac¸ãoda atividadeegravidade dadoenc¸a,como o
BathAnkylosingSpondylitisDiseaseActivityIndex(Basdai),12
An-kylosingSpondylitisDiseaseActivityScore(Asdas),13Bath
Anky-losing Spondylitis Functional Index (Basfi),14 Bath Ankylosing
Spondylitis Metrology Index (Basmi)15 e Modified Stoke
An-kylosingSpondylitisSpineScore(mSASSS).16
A análisedos polimorfismosAsp299Gly e Thr399Ile nos
TLR4foifeitacomareac¸ãoemcadeiadapolimerase(PCR),
seguida peladigestão com enzimas de restric¸ão paracada
alelo (NCOI para 299 e Hinfl para 399).17,18 A extrac¸ão do
DNAgenômicofoifeitacomsanguetotalcom
etilenodiami-notetraacetato(EDTA)comumkitdeextrac¸ãodeDNA(DNA
feitacom50ngdoDNAaserestudadoemumvolumetotal
de20Lcom0,8Ldecloretodepotássio50mM,2LdeTris
(pH8,4),0,6mMdecloretodemagnésio,0,4mLdecadaprimer
(10nM),0,4Ldemisturadedesoxirribonucleotídeos(dATP,
dCTP,dGTPedTTP)e0,06Ldeunidadesde PlatinumTaq
DNAPolimerase(0,015U/L).
O termociclador automático (MJ Research PTC-200) foi
programado para amplificac¸ão: desnaturac¸ão inicial (95◦ C
durantequatrominutos),seguidode35ciclosde95◦Cdurante
45 segundos, 55◦ C durante 30 segundos e 72◦ C durante
90segundos,comumaextensãofinala72◦Cdurante10min.
Osprimers forwardereverseforam,respectivamente,5′-GAT
TAGCATACTTAGACTACTACCTCCATG-3’e5′-GATCAACTT
CTGAAAAAGCATTCCCAC-3’paraoAsp299Glye5′-GGTTGC
TGTTCTCAAAGTGATTTTGGGAGAAe5′-CCTGAAGACTGG
AGAGTGAGTTAAATGCT-3’paraoThr399Ile.Fez-se
eletro-foreseemgeldeagarosea2%paraconfirmaraamplificac¸ão
deDNA.
Usou-seumaalíquotade5Lcomaenzimaderestric¸ão
adequadaparaadigestãodoprodutodaPCRa37◦Cdurante
duashoras.Fez-seeletroforeseemgeldeagarosea4%
(Aga-rose1000Invitrogen,Eugene,Oregon,EUA)paraaidentificac¸ão
dosalelosdoTLR4.OgelfoicoradocomSybrGold(Nucleicacid
gelstain,Invitrogen,Eugene,Oregon,EUA)evisualizadocom
oStorm849system(MolecularDynamics,EUA).
AanálisedoHLA-B27foifeitacomaPCRconvencionalem
umtermociclador automático(MJ ResearchPTC-200): 70ng
deDNAdecadaamostra,0,9mol/Ldecadaprimerforwarde
reverse,1,1mmol/Ldecloretodemagnésio,200mol/Lde
mis-turadedesoxirribonucleotídeos(dATP,dCTP,dGTPedTTP)e
2UdeTaqDNAPolymeraseparaumvolumetotalde25L.Os
primersforwardereverseforam,respectivamente,E91S(5′-GGG
TCTCACACCCTCCAGAAT-3′)e136AS(5′-CGGCGGTCCAGG
AGCT-3′).Ascondic¸õesdosciclosforamde100segundosa
94◦C,seguidopor30ciclosdeumminutoa94◦C,umminuto
a64◦Cedoisminutosa72◦C,comumaextensãofinala72◦C
durante10minutosem40ciclosconsecutivos.
Paraavaliaraqualidade da reac¸ão(controleinterno), as
reac¸õesforamfeitas comprimersparaß-globinaparatodas
asamostras,nasmesmascondic¸õesusadasparaasreac¸ões
do HLA-B27. Os primers para essas reac¸ões foram o PCO4
(5′-CAA CTTCATCCACGTTCACC-3′)eGH20(5′-GAAGAG
CCAAGGACAGGTAC-3′).OsprodutosdaPCRforam
analisa-dospormeiodaeletroforeseemgeldeagarosea1%durante
umahoraa100V.
Os dados numéricos foram expressos como a média e
desviopadrão.Usou-seotestedeKolmogorov-Smirnovpara
determinaradistribuic¸ãodosdados(normalounãonormal).
Usou-seotestedeMann-WhitneyouotestedeKruskal-Wallis
para comparac¸ões entre dados categóricos e numéricos.O
testedequi-quadradofoiusadoparadeterminaradistribuic¸ão
dospolimorfismosemTLR4entreosgrupos,bemcomoparaa
comparac¸ãodasvariáveiscategóricas.Calcularam-seos
coe-ficientesdecorrelac¸ãodeSpearmanparadeterminaraforc¸a
da correlac¸ãoentre as variáveis contínuas. Construíram-se
modelosderegressãologísticabivariadaemultivariadacom
asvariáveisqueapresentaramassociac¸õesestatisticamente
significativasnostestesanteriores.Usou-seoprogramaSPSS
20daIBMparaaanáliseestatísticaeforamconsiderados
sig-nificativososvaloresdepinferioresa0,05.
Resultados
A tabela1apresenta os dados clínicosedemográficosdos
200pacientes.Comoesperado,osexomasculinofoi
predo-minante.Aproximadamenteumquartodospacientestinha
antecedentesfamiliaresdeEAemetadedaamostrarelatou
envolvimentoperiférico atualou pregresso.Quase 40%dos
pacientes tinha uveíteanterior.As taxasde prevalênciade
tabagismoatualeapráticaregulardeexercíciosfísicosforam
baixas.
A média na atividade da doenc¸a foi elevada, com um
comprometimentosignificativonafunc¸ãoemobilidadeque
refletiuadurac¸ãoprolongadadadoenc¸a.Maisde60%dos
paci-entesfaziausoregulardeumfármacoanti-inflamatórionão
esteroidee35%usavamumfármacoantirreumático
modifi-cadordadoenc¸asintético.Quasemetadedospacientesusava
inibidoresdoTNF-␣,comigualdistribuic¸ãoentreetanercept,
infliximabeeadalimumabe.
OestudodoHLA-B27foifeitoem197(98,5%)pacientescom
EAe60(30%)indivíduossaudáveis,66%(n=130)e1,6%(n=1)
dosquaistestarampositivo,respectivamente.Manifestac¸ões
extra-articulares foramencontradasem80pacientes (40%),
a mais frequente das quais foi a uveíte anterior aguda
(n=74;37%),seguidapelabalanitecircinada(n=3;1,5%),colite
nãoespecífica(n=2;1%)euretriteestéril(n=1;0,5%).
Nãoforamencontradasdiferenc¸asestatisticamente
signi-ficativasentreospacientesecontrolessaudáveisemrelac¸ão
aospolimorfismosAsp299GlyeThr399Ile.Emdecorrênciada
quantidademuitobaixadehomozigotos,osheterozigotose
os homozigotosforam incluídos no mesmogrupo para os
testes. Os polimorfismos 299 e 399 estavam em equilíbrio
deHardy-Weinberg(HW)nospacientes(HW-2=0,73,p=0,39
e HW-2=0,22,p=0,63, respectivamente) e controles
(HW--2=0,68,p=0,41eHW-2=0,26,p=0,61,respectivamente),
oquedemonstraaconservac¸ãodefrequênciasdegenótipos
aolongodasgerac¸ões(tabela2).Encontrou-seumatendência
amaiorfrequênciadenãocossegregac¸ãodosalelosnogrupo
controleemcomparac¸ãocomospacientescomEA(tabela3).
Paraumaanálisemaisdetalhada,ospacientesforam
divi-didosemsubgruposcombaseemcaracterísticasclínicas.As
pacientes dosexofemininotinham maioríndicedemassa
corporal(IMC),bemcomomaioresescoresnoHAQ-Se
Asdas--VHS.Asmulherestambémtinhamumamenordurac¸ãoda
doenc¸a,menorgravidadedoenvolvimentosacroilíaco,bem
comomenoresescoresnomSASSSeBasmiemcomparac¸ão
com oshomens(tabela3). Depoisdecontrolarvariáveis de
confusão no modelo de regressão logística, apenas o IMC
(p=0,014)eapontuac¸ãono Basmi(p=0,02) permaneceram
significativamenteassociadosaosexo.
Na análise de regressão logística, com a positividade
para o B27 como variável dependente, foram encontradas
associac¸õessignificativascomaartriteperiférica(p=0,039),
uveíte (p=0,033) e uso de inibidores do TNF-␣ (p=0,003)
(tabela4).EntreospacientesHLA-B27positivos,encontrou-se
umatendênciaaumpredomíniodebrancos(p=0,058).Além
disso, encontraram-senessegrupomaiorestaxas de
preva-lênciadeuveíteanterior,envolvimentosacroilíacomaisgrave
(grauIV),maiortempodedurac¸ãoda doenc¸aeumamaior
Tabela1–Dadosclínicosedemográficosdepacientescomespondiliteanquilosanteecontrolessaudáveis
Característicasclínicas Pacientes(n=200) Controles(n=200) p
Idade(anos) 43,1±12,7 38,5±11,2 0,001
Sexomasculino(n,%) 142(71) 121(60,5) 0,027
Etniabranca(n,%) 96(48)
Durac¸ãodossintomas(anos) 16,6±9,2
Tempodediagnóstico(anos) 7,6±6,2
AntecedentesfamiliaresdeEA(n,%) 46(23)
Presenc¸adeHLA-B27(n,%) 130(66)
Envolvimentoperiférico(n,%)
Artrite(pregressaouatual) 99(49,5) Entesite(pregressaouatual) 129(64,5)
Envolvimentoaxialisolado(n,%) 42(21)
Envolvimentodoquadril(n,%) 26(13)
Uveíteanterior(pregressaouatual)(n,%) 74(37)
Hábitosdevidaatuais(n,%)
Tabagista 19(9,5)
Atividadefísicaregular 44(22)
Índicesdedoenc¸asespecíficos
BASDAI 2,25±2,02
BASMI 4,28±2,30
BASFI 3,80±2,52
ASDAS-VHS 2,20±1,06
ASDAS-PCR 2,07±1,08
HAQ-S 1,05±1,35
mSSASS 19,0±22,32
Testesdaatividadeinflamatória
VHS(mm) 21,92±20,47
PCR-us(mg/dL) 8,96±13,53
Tratamentoconvencionalatual(n,%)
AINE 125(62,5)
Glicocorticoides 12(6)
Metotrexato 34(17)
Sulfassalazina 18(9)
InibidoresdoTNF-˛(n,%) 81(40,5)
Infliximabe 35(17,5)
Etanercept 24(12)
Adalimumabe 22(11)
AINE,anti-inflamatórionãoesteroide;ASDAS,AnkylosingSpondylitisDiseaseActivityScore;BASDAI,BathAnkylosingSpondylitisDiseaseActivity Index;BASFI,BathAnkylosingSpondylitisFunctionIndex;BASMI,BathAnkylosingSpondylitisMetrologyIndex;EA,espondiliteanquilosante;HAQ-S,
HealthAssessmentQuestionnaire-Spondylitis;mSSASS,modifiedStokesAnkylosingSpondylitisSpineScore;PCR-us,proteínaCreativaultrassensível; VHS,velocidadedehemossedimentac¸ão.
TesteUdeMann-Whitney.
Tabela2–FrequênciadepolimorfismosemTLR4(299 e399)empacientesecontroles
Polimorfismos emTLR4
Pacientes n=200
Controles n=200
p
Asp299Gly
Selvagem 182(91%) 178(89%) 0,505 Heterozigoto 17(8,5%) 22(11%)
Homozigoto 1(0,5%) 0
Thr399IIe
Selvagem 187(93,5%) 186(93%) 0,50 Heterozigoto 13(6,5%) 14(7%)
Homozigoto 0 0
Testedequi-quadrado.
Ospacientescomaformaadultadadoenc¸ativeramuma maiorpontuac¸ãonoBasfi,BasdaieHAQ-S,tinhammaisidade emaiortempodedurac¸ãodadoenc¸a.Aquelescomaforma juvenildadoenc¸aapresentavammaisrelatosde anteceden-tes familiares de EA, faziam mais uso de sulfassalazina e relatavammaisefeitoscolateraisdeinibidoresdoTNF-␣.No entanto,nenhumadessasvariáveispermaneceu estatistica-mentesignificativanomodeloderegressãomúltiplafinal.
Pacientesnãobrancostiverammaiorpontuac¸ãonoIMCe Basmi emcomparac¸ãocom brancos(tabela6).Noentanto,
apenasapontuac¸ãodoBasmipermaneceuestatisticamente
significativanaanálisederegressãologística(p=0,004).Ograu
mais frequente de sacroileíte radiográfica foi o III (n=103;
Tabela3–Característicasdospacientescomespondilite anquilosantedeacordocomosexo
Variáveis Masculino (n=142)
Feminino (n=58)
p
Etnia
Branca 67(47,2%) 29(50%) 0,717 Nãobranca 75(52,8%) 29(50%)
Início
Adulto 118(83,1%) 50(86,2%) 0,586 Juvenil 24(16,9%) 8(13,8%)
HLA-B27+ 96(67,6%) 34(58,6%) 0,158
Artrite 68(47,9%) 31(53,4%) 0,475
Entesite 93(65,5%) 36(62%) 0,646
Uveíteanterior 53(37,3%) 21(36,2%) 0,882
Antecedentesfamiliares deEA
36(25,3%) 10(17,2%) 0,216
Envolvimentoaxialpuro 29(20,4%) 13(22,4%) 0,754
IMC(kg/m2) 24,81±3,72 25,80±3,87 0,02
BASMI 4,63±2,22 3,43±2,27 0,001
mSASSS 22,54±23,34 10,64±17,2 <0,0001
ASDAS-VHS 2,11±1,05 2,42±1,04 0,036
HAQ-S 1,03±0,61 1,11±2,33 0,03
VHS(mm) 19,3±19,6 28,35±21,31 0,001
Durac¸ãodadoenc¸a (anos)
17,5±9,43 14,43±8,5 0,02
Sacroileíteradiográfica
II 11(7,7%) 4(7,0%) 0,044
III 66(46,5%) 38(65,5%)
IV 65(44,0%) 16(27,6%)
ASDAS, Ankylosing Spondylitis Disease ActivityScore; BASMI, Bath Ankylosing Spondylitis Metrology Index; EA, espondilite anquilo-sante;IMC,índice demassacorporal; HAQ-S,HealthAssessment Questionnaire-Spondylitis;mSASSS,modifiedStokesAnkylosing Spondy-litisSpineScore;VHS,velocidadedehemossedimentac¸ão.
Testesdequi-quadradoeMann-Whitney. Thepvalueinboldmeansstatisticallysignificant.
Entre os pacientes em uso de inibidores do TNF-␣, 20 (24,7%)precisarammudardeagentes:cinco(6,2%)em decor-rênciadefalhaprimária(6,2%),seis(7,4%)emrazãodefalha secundáriae13 (16%)emdecorrência deeventosadversos, especialmentereac¸õesàinfusãoeinfecc¸ões.Alémdisso, qua-tro(2%)dessespacientes mudarammaisdeduas vezesde inibidoresdeTNF-␣.
Auveíteanterioresteveassociadaaummaiortempode durac¸ãoda doenc¸a(p=0,002),masperdeusuasignificância estatísticanomodelofinal.Oenvolvimentodoquadrilesteve associadoacronicidadeecontagensmaisbaixasdeatividade dadoenc¸a (dadosnãomostrados).Nomodelo deregressão logísticafinal,omaiortempodedurac¸ãodadoenc¸a(p=0,039), umapontuac¸ãomaiselevadanoBasfi(p=0,027)eumamenor pontuac¸ão no Basdai (p=0,024) mantiveram-se estatistica-mentesignificativos.
Os pacientes com maior tempo de durac¸ão da doenc¸a tinhammaiorpontuac¸ãonomSASSSeBasmi,bemcomoum menorescorenoAsdas-VHS.Nomodelofinal,apenasoescore doAsdas-VHS(p=0,015)permaneceusignificativo.A maior durac¸ãodossintomassecorrelacionoucomescoresmaisaltos noBasmi,Basfi,HAQ-SemSSASS,bemcomoaumapontuac¸ão maisbaixanoBasdai.Nomodelofinal,osescoresdoBasmi
Tabela4–Característicasdospacientescomespondilite anquilosantedeacordocomapositividade
paraoHLA-B27
Variáveis HLA-B27
positivo (n=130)
HLA-B27 negativo (n=67)
p
Etnia
Branca 69(53,1%) 26(39%) 0,058 Nãobranca 61(46,9%) 41(61,2%)
Início
Adulto 103(82,4%) 55(87,3%) 0,386 Juvenil 22(17,6%) 8(12,7%)
Artrite 58(44,6%) 40(59,7%) 0,045
Entesite 85(65,4%) 43(64,2%) 0,867
Uveíte 56(43,1%) 17(25,4%) 0,015
Antecedentesfamiliares deEA
31(23,8%) 14(20,9%) 0,640
Sacroileíteradiográfica
II 9(6,9%) 6(8,9%) 0,01
III 59(45,4%) 44(65,7%)
IV 62(47,7%) 17(25,4%)
Envolvimentoaxialpuro 28(21,5%) 12(17,9%) 0,549
Durac¸ãodadoenc¸a (anos)
8,28±6,57 6,39±5,07 0,039
InibidoresdoTNF-˛ 59(45,4%) 16(23,9%) 0,003
EA,espondiliteanquilosante.
Testesdequi-quadradoeMann-Whitney. Thepvalueinboldmeansstatisticallysignificant.
Tabela5–Característicasdospacientescomespondilite anquilosantedeacordocomaetnia
Variáveis Branca
(n=96)
Não branca (n=104)
p
Início
Adulto 78(81,3%) 90(86,5%) 0,3 Juvenil 18(18,7%) 14(13,5%) 0,8
Artrite 47(49%) 52(0,5%) 0,883
Entesite 61(63,5%) 68(65,4%) 0,786
Uveíte 34(35,4%) 40(38,5%) 0,656
Antecedentes familiaresdeEA
23(24%) 23(22,1%) 0,757
Sacroileíteradiográfica
II 6(6,2%) 9(8,6%) 0,037
III 59(61,4%) 45(43,3%)
IV 31(32,3%) 50(48,1%)
Envolvimentoaxial puro
21(21,8%) 21(20,2%) 0,770
IMC(kg/m2) 24,81±3,72 25,8±3,87 0,048
BASMI 3,89±2,18 4,65±2,36 0,023
BASMI,BathAnkylosingSpondylitisMetrologyIndex;EA,espondilite anquilosante;IMC,índicedemassacorporal.
Tabela6–Característicasdospacientescomespondilite anquilosantedeacordocomoenvolvimentodoquadril
Variáveis Envolvimentodoquadril p
Sim(n=26) Não(n=174)
Idade(anos) 47,7±11,3 42,4±12,7 0,035 Tempode
diagnóstico (anos)
10,3±7,9 7,2±5,9 0,04
Durac¸ãoda doenc¸a(anos)
23,4±9,6 15,6±8,8 <0,0001
BASDAI 1,20±1,43 2,42±2,06 0,001 BASMI 5,55±1,52 4,10±2,33 0,002 BASFI 5,03±2,52 3,61±2,48 0,011 mSASSS 27,33±24,46 17,77±21,80 0,035 ASDAS-PCR 1,55±0,88 2,14±1,09 0,009 HAQ-S 1,86±3,72 0,93±0,61 0,017
ASDAS,AnkylosingSpondylitis DiseaseActivityScore;BASDAI,Bath AnkylosingSpondylitisDiseaseActivityIndex;BASFI,BathAnkylosing SpondylitisFunctionIndex;BASMI,BathAnkylosingSpondylitis Metro-logyIndex;mSASSS,modifiedStokesAnkylosingSpondylitisSpineScore. Testesdequi-quadradoeMann-Whitney.
Thepvalueinboldmeansstatisticallysignificant.
(p < 0,0001) e Basdai(p=0,016) permaneceram estatistica-mentesignificativosapósajustesmúltiplos.
Quandoospacientesforamclassificados–deacordocom osescoresdoAsdas–emremissão(<1,3),atividadedadoenc¸a moderada (≥ 1,3 e<2,1), alta (≥ 2,1 e<3,5) ou muito alta (≥3,5),encontraram-seasseguintesfrequências:14%(n=28), 31,5%(n=63),37%(n=74)e17,5%(n=35),respectivamente.
A pontuac¸ão no Basdai se correlacionou positivamente com o Basfi, Asdas-VHS, Asdas-PCR, VHS, PCR e HAQ--S e se correlacionou negativamente com o mSSASS. Após regressão linear multivariada, o Basdai permaneceu significativamente correlacionado com o Basfi (p=0,001), HAQ-S(p=0,047),Asdas-VHS, Asdas-PCReVHS(p<0,0001), masnãocomaPCR(p=0,247).
Discussão
Os polimorfismosem TLR4399 e 299não foram mais fre-quentes em pacientes brasileiros com EA em comparac¸ão com controles saudáveis, pois não houve diferenc¸a esta-tisticamente significativa entre o grupo de pacientes e o grupo controle. A influência dos polimorfismos em TLR4 naetiopatogenia deinfecc¸ões, especialmente porbactérias gram-negativas, é bem conhecida,19 jáque esses
polimor-fismos resultam em um fenótipo que é pouco sensível
às endotoxinas derivadas do processo infeccioso que
pro-vocam a transduc¸ão aberrante do sinal na presenc¸a de
microrganismos.Noentanto,diversosautoresrecentemente
questionaramainfluênciadepolimorfismosdessereceptor
naprogressão,gravidadeedesfechodeinfecc¸ões,oquesugere
queosfatoresrelacionadoscomohospedeirosãomais
impor-tantesdoqueospolimorfismospropriamenteditos.20,21
Componentesbacterianosouintracelularespodeminiciar
oprocessoinflamatórioeprovocarsensibilizac¸ãoaum
antí-geno endógeno por meio do mimetismo molecular, ativar
persistentementeaimunidadeinataadaptativaeperpetuar
oprocesso inflamatório.Ogatilhopodenãoser
necessaria-mentepatogênico, masfazerparteda microbiotaresidente
normalepodeculminarcomodesenvolvimentodedoenc¸as,
comoaEA,emindivíduosgeneticamentesusceptíveis.2
Háalgumasevidênciasdeumaassociac¸ãoentre
polimor-fismosemTLR(299e399)eaEA,6,22,23masessaassociac¸ão
nãofoiconfirmadaporoutrosestudos.24–26Omesmoé
ver-dadeiro para o Asp896Gly.27 O polimorfismoS180L deuma
proteína adaptadora do TLR2 e 4 (TIRAP), que
demons-troudesempenharumpapelprotetorcontraaocorrênciade
lúpus eritematoso sistêmico, também demonstrounão ter
associac¸ãocomaEA.28
Kyo et al. descobriram que camundongos mutantes
(C3H/Hej)paraTLR4nãodesenvolveramartriteapósainjec¸ão
intra-articular de LPSde E. coli, ao contráriodo grupo
sel-vagem.29Issolevantouahipótesedequeamutac¸ãonoTLR4
podediminuiraintensidadedarespostaimuneinataeterum
papelprotetor,emvezdepromoveraautoimunidade.
Os presentes dados mostram que os polimorfismos
299e399emTLR4nãosãofatoresgenéticosdemaior
sus-ceptibilidadeàEA,oqueestádeacordocomumametanálise
recente que envolveu dados compilados de nove estudos
sobre esse tema.30 Além disso, éimportante ressaltar que
umdosmaioresestudosgenéticosfeitos(The
Australo-Anglo--AmericanSpondyloarthritisConsortium),queenvolveumaisde
doismilpacientesdeascendênciaeuropeiacomEA,também
nãoencontrouassociac¸ãoentreosTLR easusceptibilidade
àdoenc¸a.9 Deacordocom osautorescitados, asprincipais
associac¸õesocorreramcomdoisgenesisolados(2p15e21q22),
bemcomocomaIL-23R,IL-1R2,ANTXR2eERAP-1.
A expressão do TLR4 está relacionada com a interface
entreosistemaimuneeoambiente,bemcomocomas
res-postas inflamatórias agudas e crônicas em pacientes com
EA,31–33 masos polimorfismos não parecem estar
associa-dos a um maior risco de desenvolver a doenc¸a.30 Estudos
populacionaisqueenvolveramindivíduossaudáveisindicam
heterogeneidadenadistribuic¸ãogeográficadesses
polimorfis-mos. Asfrequênciasvariaramde 4a10%embrancos34 na
presentecoorte,enquantoserelatouumafrequênciade16%
entreosafricanos.35 Nãohárelatosdessepolimorfismoem
asiáticos.25
Considerandoqueapopulac¸ãobrasileiraéaltamente
mis-cigenadaentrediversosgruposétnicos,nãosepodemgarantir
resultadossemelhantessepacientesdeoutraspartesdopaís,
especialmentesemorigemeuropeia,tivessemsidoincluídos.
Nãosepodedescartarapossibilidadedeumaassociac¸ão
fraca,quepodeserrepresentativaemumtamanhode
amos-tramaiordoqueausadanopresenteestudo.Noentanto,um
trabalhofeitonoReinoUnidoqueenvolveumaisde500
paci-entescomEAtambémnãoencontrouassociac¸ão.6Omesmo
éverdadeparaoutrasetnias,comopopulac¸õeshúngaras,
fin-landesas, coreanas, canadenseseholandesas. Outro ponto
aconsiderar éabaixaprevalênciadegenótipos
homozigo-tosparaospolimorfismosemTLR4napresentecoorte,que
ésemelhanteaosresultadosdescritosemoutraspopulac¸ões.
Demonstrou-sequeratostransgênicosparaHLA-B27não
desenvolvem inflamac¸ãodasêntesesouintestinos,embora
esses animais desenvolvam lesões genitais e de pele sob
condic¸ões estéreis, o que demonstra o papel dos agentes
participac¸ão doambienteéumfatordeterminante no
sur-gimento da doenc¸a, já que apenas 2 a 5% da populac¸ão
positiva para HLA-B27 adesenvolvem. Baseado nestefato,
investigou-seainterac¸ãoentreoHLA-B27epolimorfismosem
TLR4napresenteamostra,masessanãofoiencontrada,pois
nãoforamdetectadasdiferenc¸assignificativasnos
polimor-fismosentreospacientesecontrolessaudáveis.Alémdisso,a
quantidadedepacientescompolimorfismosfoirelativamente
pequena.
Emrelac¸ãoaos aspectosclínicos,os homens
apresenta-ramdanos radiográficos axiais maisgraves emaior tempo
dedurac¸ão da doenc¸a doqueas mulheres,o queé
seme-lhanteaosresultadosdescritosporoutracoortebrasileira,37
bemcomoemoutraspopulac¸ões,emborasemdiferenc¸a
signi-ficativadegêneroemrelac¸ãoaoenvolvimentoperiférico.38No
entanto,essesachadosdevemserinterpretadoscomcautela,
umavezqueasúnicasdiferenc¸asestatisticamente
significati-vasapósocontroleporvariáveisdeconfusão,especialmente
adurac¸ãodadoenc¸aeaidade,foramapontuac¸ãonoBasmi,
quefoimaiornosexomasculino,eoIMC,quefoimaiorentre
asmulheres.
A miscigenac¸ão provavelmentecontribuiu para as duas
peculiaridadesencontradasnapresenteamostra.Aprimeira
foiamenorfrequênciadepositividadeparaoHLA-B27(66%)
emcomparac¸ãocomoutracoortebrasileira(78,2%)37e
estu-dosqueenvolverampopulac¸õesbrancas(maisde90%).39Da
amostra emquestão,52% eram não brancos, o quereflete
melhorapopulac¸ãobrasileiraemcomparac¸ãocomestudos
anteriores(75,5%depacientesbrancos).37Asegunda
particu-laridadefoiomaiorenvolvimentoperiféricooumisto,oque
tambémfoirelatadoemoutraspopulac¸õesmiscigenadas.39,40
Entre apenas os pacientes brancos do presente estudo, a
frequênciadepositividadeparaoHLA-B27foide75%,oque
émuitopróximodafrequênciarelatadaemumacoorte
bra-sileiraanterior,39bemcomoarelatadaemumestudofrancês
recente.41
Ospacientescomaltosescoresnoíndicedecronicidade
geralmentetinhammenorpontuac¸ãonoíndicedeatividade
da doenc¸a,tal como aassociac¸ãoentreo envolvimentodo
quadrileumapontuac¸ãopior noBasfiemenorno Basdai.
Domesmomodo,adurac¸ãodadoenc¸asecorrelacionoucom
umamenorpontuac¸ãonoBasdaieumamaiorpontuac¸ãono
Basmi.Curiosamente,apontuac¸ãonoBasdaisecorrelacionou
comoutrosmarcadoresdeatividade(Asdas-VHSePCR),bem
comocomumapiorfuncionalidade,masacorrelac¸ãocoma
PCR,queéumdosparâmetrosmaispadronizadospara
estu-daraatividadeinflamatóriaempacientescomEA,42nãofoi
significativa.
Como esperado, a presenc¸a de HLA-B27 esteve
signi-ficativamente associada a manifestac¸ões extra-articulares
(uveíte)43 emenorenvolvimentoperiférico, masnãoforam
encontradasassociac¸õescomo escoreradiológico ou
qual-querferramenta deavaliac¸ãoespecífica da EA,incluindo a
atividade,func¸ãoemobilidade.Esseachadorefleteo
conhe-cimentomaisrecentedequeesseaspectogenéticonãoéum
fatorassociadoaumpiorprognósticoemrelac¸ãoàformac¸ão
denovoosso.44
A prevalência da forma juvenil (16%) foi semelhante à
encontradaemcaucasianos(8,6a21%),turcos(13,4%)eoutra
coortebrasileira(16%),45bemcomomaisbaixadoqueastaxas
relatadasparamexicanos(28a54%)ecoreanos(41,3%).46A
inclusão desses pacientes nãoexerceuum impacto
impor-tantesobreosdesfechosclínicos,laboratoriaisedeimagem
analisados,oqueestádeacordocomanoc¸ãodequeesse
sub-grupoépartedomesmoespectrodadoenc¸a.Emcontraste,
alguns autoresrelataram menorenvolvimentoaxialeuma
maiorproporc¸ão deenvolvimentoperiférico, especialmente
nosjoelhos,emcomparac¸ãocomoiníciodadoenc¸aapósos
16anos.37,45,46
O presente estudo tem limitac¸ões que devem ser
abor-dadas, como o tamanho da amostra para estudos sobre
polimorfismosgenéticoseamaiorproporc¸ãodeindivíduos
caucasianosnessacoorte,oquepodenãorefletirapopulac¸ão
brasileiracomEA.Osdadosdopresenteestudosugeremque
essasvariac¸õesemTLR4nãosãosusceptíveisdeinfluenciar
naetiopatogeniadaEA.Esseachado,noentanto,nãoexclui
apossibilidadedequeasanormalidadesfuncionaisnosTLR
ououtrasmoléculasintimamenteassociadasàsinalizac¸ãode
TLR sejamimportantesnapatogênesedas
espondilartropa-tias.
Financiamento
Bolsa de pesquisa da agência de fomento brasileira
Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp2011/05517-6).
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
ÀDivisãodeReumatologiaeNefrologiadaEscolaPaulistade
MedicinadaUniversidadeFederaldeSãoPaulo(EPM/Unifesp).
r
e
f
e
r
ê
n
c
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a
s
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