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Ciênc. saúde coletiva vol.1 número1

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Academic year: 2018

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Papel d o M o v i m e n t o S a n i t á r i o n a

C o n s t r u ç ã o d o N o v o

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Ga s t ã o W a g n e r d e So u za Ca m p o s

1

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"Política d e Saúde no Brasil: a Universali-zação Tardia co mo Possibilidade d e Constru-ção d o Novo", artigo de Maria Elizabeth D. Barros, é um trabalho estimulante. Ela apoia o projeto de construção d o SUS, mas o faz de maneira crítica. Enfrenta de peito aberto no s-sas dificuldades técnicas e políticas. Nem tapa o sol co m a peneira, nem adere aó senso comum das receitas do s banco s internacionais. Sua elabo ração persegue a idéia d o SUS co mo um sistema solidário. Senti-me obrigado a re-fletir so bre o papel d o chamad o movimento sanitário na nova conjuntura tão bem descrita pela autora. Nós, to d o s aqueles co m uma mirada um p o uco mais longa que a d o pró-prio umbigo, o que poderíamos fazer ? Elizabeth Barros, apesar d o bo m-mo cismo d e grande parte deste antigo e velho movimento sanitá-rio, fustiga as políticas estatais brasileiras, cla-mando po r um sistema que defenda a vida e saúde d o po vo . Essencialmente, fo ge da lamú-ria simplista da falta de dinheiro.

Recentemente, um dirigente da Secretaria de Estado da Saúde de SP duvidava da capa-cidade d o Ministério pagar pelo esquema tríplice para pacientes co m AIDS. Argumentava, bran-dindo o s três critérios d e eleição de priorida-des d o CENDES/ OPS, que nem para vacinas o SUS teria recurso. Ingenuidade ? Cegueira ins-titucional de governantes procurando justificar sua própria paralisia ? Inteligência interesseira

1 Departamento d e Medicina Preventiva e Social —

Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp, Campinas, São

Paulo.

posta a serviço d o s p o d ero so s ? Os motivos não interessariam tanto, interessaria antes des-mascarar esta argumentação transformada em verd ad e dura, em d ad o o bjetivo e pétreo : para um p ensamento d essa natureza o Brasil realmente não teria d inheiro para garantir a universalidade da atenção integral.

Ou seja, ao s go v ernantes não restaria outra alternativa que a d e d esmo ntar políti-cas so ciais. To lice. Trata-se d e eleição de prioridades, nada mais d o que isto. Observan-do -se apenas que a esco lha não deveria ocor-rer entre vacinas ou remédios para pacientes graves e, sim, entre so co rro genero so ao sis-tema financeiro o u investimento em saúde, ou em ed ucação , o u em saneamento básico . Luiz Nassif pergunto u: se 60 bilhõ es d o ad o s ao s banco s não p ro v o caram inflação , po r que 6 bilhõ es investidos no s SUS desequilibrari-am as co ntas d o país ?

Elizabeth Barro s trata desta discussão : se-ria po ssível utilizar o SUS para incrementar o s co eficientes d e cidadania d o s brasileiros ? A imp lementação d o SUS contribuiria para diminuir as imensas disparidades sociais d o Brasil ? Parece uma p o lêmica estéril, mas não é. A final, o p ensamento neo liberal passo u a questio nar a eficácia d e to d a e qualquer política so cial e muitas auto ridades passaram a repetir estas baboseiras d e forma acrítica. Por isto, o artigo é o po rtuno , aponta caminhos — vários, hetero d o xo s e po lêmico s — possíveis para a co nso lid ação de um sistema que asse-gure acesso e atenção integral a todos.

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mais carinho e cuid ad o . A lém d o co ntexto político e eco nô m ico adverso , a o p eracio nalização d o SUS ressentese d e um outro pro -blema. Refiro-me ao mo d elo de atenção a ser implementad o . Obtid o financiamento , co m o organizaríamos o sistema ? Se o ho rizo nte for o mo d o de p ro d ução de serviço s d e saúde no rte-americano , po r exemp lo , po d eríamo s afirmar que a universalização seria impossí-vel, ou não ?

E neste asp ecto a d iscussão av anço u muito p o uco . O mo vimento sanitário p ad ece de subserviência à racio nalidade e à prática médico -ho spitalar. Quase nunca a criticamo s, e, quand o a analisamo s, co stumamo s fazê-lo de fora. Em geral, pro d uzind o alternativas po bres e carentes d e legitimidade so cial. As-sim, há o v elho discurso de se priorizar açõ es coletivas. Muito bem, fazer funcio nar a saúde pública, ou a vigilância à saúde é difícil, mas isto não esgotaria o tema da clínica. Haveria d eslo camento d e prio ridades e red efinição de papéis, mas sempre a sociedade demanda-ria cuidado individual às do enças, ou não ?

Na verdade, o s go verno s p ad ecem de imobilismo co m relação à atenção méd ico -hospitalar. Há p o ucas experiências lo cais em que esta lógica foi o bjeto de refo rmulação . A proposta d e dividir o SUS em duas "alas" — a dos distritos de saúd e e a da assistência médica — é apenas mais uma evidência deste imobilismo. Ou seja, sup õ e-se que a prática clínica seguiria sempre segund o sua própria lógica hegemô nica.

O pro jeto Méd ico d e Família apenas arranha esta ló gica. Co ntém diretrizes interes-santes que permitiriam reformar a clínica, mas há uma questão no ar: po r que apenas o méd ico d e família deveria trabalhar co m vín-culo , cuidado integral, atenção domiciliar etc. ? O que fazer co m a imensa rede d e Centros de Saúde criada no s últimos vinte ano s ? Ou seja, p o r que não p o d eríamo s criar uma verdadeira porta d e entrada basead a nesta rede e no s méd ico s d e família, nela integra-d o s, e não integra-dela sep araintegra-d o s, c o m o reza o ¬

pro jeto no rmativo d o Ministério ? Po r que não d elegar a generalistas, pediatras e às equip es d o s centro s d e saúd e o po d er de internar, o p o d er d e solicitar atend imento especializad o etc. ? Po r que não estender as diretrizes d o méd ico d e família para todos o s profissionais que trabalhem na rede básica ? Senão , p o r que co nserv ar esta imensa e dispendio sa recle ? Para transformá-la em am-bulató rio s de baixa reso lutividade, mas co m capacid ad e d e pro nta-atenção , co m o o está fazend o o PAS em São Paulo . O que é o PAS senão uma respo sta d emagó gica à incapaci-dade do s seto res progressistas d e pensarem a prática clínica para to d o o p o v o . O PAS é um imenso pro nto -atend imento , o nd e o aces-so se transfo rm o u em p rincip al d iretriz organizativa. Interessante c o m o este pro jeto , co m um mo d elo clínico tão primário, calou candidato s e assesso rias tucanas e petistas. Eles não têm o que dizer, a não ser que irão corrigir alguns d etalhes. É muita po breza !, o p o v o merecia co isa melho r d epo is de ano s e ano s d e reforma sanitária.

E o s hospitais, estes sim, p ermanecem co m o seres into cáveis. O nd e estão as p ro -postas para sua reestruturação ? Não basta dizer, que queremo s uma so cied ad e de jus-tiça e não d e ho spitais. Na so cied ad e justa haverá hospitais na sua justa medida. Cen-trais d e d ispo nibilização d e vagas, autoriza-çõ es de internação em mão s d e técnico s da rede básica e d o s serviço s d e emergência. Internação domiciliar, cirurgia ambulatorial, ho spitais-dia, reestrutração d o p ro cesso de trabalho e humaniz ação d o s ho spitais, há muito po r fazer. A mpliação d o grau de auto-no mia d o s pacientes c o m o critério d e "cura", valo rização d o auto cuid ad o c o m o antídoto contra a med icalização . Para isto, haveria que se quebrar tanto o ó d io raivo so à clínica, quanto o respeito acrítico a ela dirigido. Caso co ntrário , a idéia d e universalização perma-necerá para semp re uma quimera.

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básica (centro s d e saúde ou méd ico s d e fa-mília). Necessitamo s também de equip es de especialistas em saúd e pública — sanitaristas — em cada distrito, município ou rincão d es-te país. Senão a ines-tegralidade não sairá d o papel. A saúde coletiva deveria ser, ao mes-mo temp o , ferramenta básica d e quase todas as profissões da saúde, e especialidade a cargo de técnico s fo rmad o s para exercê-la. Resga-tar a fo rmação de saniResga-taristas, para além d o s mestrados e d o uto rad o s, seria essencial. Cur¬

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