Comentários a partir do Texto de Elizabeth Barros zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Am é li a Co h n
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E
imp o rtante, d e início , frisar q ue as reflexõ es q ue serão feitas a seguirpartem da co nco rd ância c o m as teses p
re-sentes no texto d a A uto ra. N esse sentid o , o s
co m entário s q u e aqui serão ap resentad o s
visam tão so m ente d estacar algumas d
imen-sõ es ap o ntad as p ela auto ra, ressaltand o
al-guns p o nto s.
O p rimeiro d eles é a imp o rtância d e se
d eslo car o d eb ate ag end ad o p elo id eário
neo liberal d a eq u aç ão "mais Estad o / meno s
M ercad o ", o u v ice-v ersa, no q u e diz resp eito
à qualid ad e e à natureza d o Estad o . Mais q ue
isso , ressalto o p ap el central e imp rescind ív el
d o Estad o — d e um Estad o fo rte e d em o
crá-tico , c o m o chama a atenção Peter Ev ans —
so bretud o em so cied ad e marcad as p o r p ro
-fund as d esiguald ad es so ciais, c o m o é o caso
brasileiro .
O seg und o p o nto a ser d estacad o é a
imp o rtância d o p ap el regulad o r d o Estad o
nas três esferas d e p o d er. E aqui faz -se
n e c e s s ári o d e stac ar d u as d i m e n s õ e s : a
p ri m e i ra d e l as d iz r e s p e i to ao p a p e l
redistributivo da União e d o s Estad o s, não só
na alo c aç ão d e recurso s, mas no p ró p rio
ap o io técnico à imp lementação d o SUS através
d e uma real d escentraliz ação d o sistema.
Tarefa sem dúvida co m p lexa, à med id a em
que implica a necessária d escentraliz ação d e
p o d er a favo r d o nível municip al, o q ue está
em co nflito c o m a ló gica p rev alecente d e
imp lantação d o SUS, em q ue, so bretud o , o
p red o m ínio d o m ec anism o "co nv enial" d e
rep asse d e recurso s, asso c iad o ao "d esfi¬
1 Dep artamento d e Med icina Preventiva/ FMUSP &
CEDEC, São Paulo , SP.
nanciam ento " q ue v em o co rrend o no seto r e
à i n s ta b i l i d a d e d e s u as f o n te s d e
f i n a n c i a m e n t o , i m p r i m e u m p e rf il d e
rec o nc entraç ão d e p o d er ao p ro c esso d e
d escentraliz ação nas esferas fed eral e, em
m eno r grau, estad ual.
Em d eco rrência, um terceiro p o nto a ser
d estacad o , e tam b ém ab o rd ad o no texto ,
em b o ra talv ez sem a d ev id a ênfase, é a
nec essid ad e d e se d eslo c ar o d eb ate d a
e q u aç ão "fo c aliz aç ão / u niv ersaliz aç ão " d as
p o líticas so ciais — e d e saúd e, em particular
— p ara a articulação entre am bas. Essa
arti-culação , no entanto , d ev e ser regid a p elas
d iretrizes o rientad as p ela necessid ad e d e
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su¬peração da pobreza, q ue imp rimirão a ló gica
so bre as p o líticas e p ro g ramas ho je v o ltad o s
para o alívio da pobreza.
Há, no entanto , q u e se ter c o nsc iênc ia
d a c o m p le x id ad e d esse d esaf io . Isso p o
r-q u e , d e um lad o , ele c o lid e c o m a o p ç ão
atual p o r um m o d e lo d e ajuste estrutural
d a e c o n o m ia e d e estab iliz aç ão m o netária
ab so lu tam ente inc o m p atív el c o m inv
estim ento s d e p o rte na área so c ial. Caso exeestim
-p lar d esse f e n ô m e n o é o -p ró -p rio CPMF,
q u e sig nifica b u sc a d e rec u rso s
alternati-v o s, não fiscais, p ara o f inanc iam ento d a
saú d e.
D e o utro lad o , p o rq ue co lid e também
c o m a ag end a d o d ebate atual ditada uma
v ez mais p elo s p receito s neo liberais, d e
en-fatizar a pobreza e não as desigualdades
sociais. Enq uanto estas estratégias v êm
sen-d o asen-d o tasen-d as c o m resultasen-d o s limitasen-d o s p elo s
co nstrang imento s d a o p ç ão ec o nô m ic a d o s
g o v erno s recentes, p o líticas d e superação da
pobreza d em and am iniciativas redistributivas,
Um quarto p o nto a ser d estacad o diz
resp eito ao fato d e q u e ap esar d o s av anço s
que a imp lementação d o SUS v em
alcançand o ( c o m o alcançand emo nstra emp iricamente a A uto
-ra), em q ue p ese o co ntexto ad v erso em q ue
o sistema v em o p erand o , as co nquistas até
ago ra o btid as estão so b sev era am eaça —
haja vista a p ro p o sta d o MARE/ MS, analisad a
no co ntexto . A p esar d essas ameaças, há q ue
se reco nhecer q ue em bo ra a d escentraliz ação
efetiva da saúd e fav o reça a sua d emo
cratiza-ção e em tese a interseto rialid ad e d as po
líti-cas so ciais no nível lo cal dirigidas para a
p ro m o ção da qualid ad e d e vid a, ela p o r si só
não garante am bo s o s fato res.
E se d o p o nto d e vista da d imensão
administrativa da g estão lo cal a interseto
riald ariald e p o riald e ser equacio nariald a, inverter a ló g
i-ca d as p o lítii-cas so ciais — d e rep ro d uto ras
d as d esig uald ad es so ciais p ara c o m p e
nsa-tó rias d essas d e sig u ald ad e s, e p o rtanto
red istributiv istas — imp lica nec essariam
en-te a c o nstru ç ão d e um no v o p ro jeto p ara
a so c ied ad e e a rec o nstru ç ão d e um
Esta-d o c o nEsta-d iz ente c o m esse p ro jeto . O q u e
está em jo g o aqui é a f o rm u laç ão d e um
no v o p ro jeto q u e articule d em o c rac ia p o
-lítica e d em o c rac ia so c ial. N o c aso esp ec
í-fico da saúd e, lem b rem o s q u e a im p lem
en-taç ão d o SUS c o ntem p la um sistema d e
saúd e d esc entraliz ad o v ertical e ho riz o
ntal-m ente, q u e d isting ue o estatal d o p riv ad o ,
mas articula am b o s esses seto res so b a
ég id e d o interesse p ú b lic o e da cid ad ania.
Talv ez ho je o maio r risco q ue o d ireito
à saúd e e o s p rincíp io s d o SUS co rrem não
resid a na p riv atização da saúd e, tal c o m o
esta é classicamente entend id a, mas sim no
transplante — em no m e da eficiência e da
eficácia d o s serv iço s
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estatais d e saúd e — da racio nalid ad e d a iniciativa privada lucrativapara o seto r estatal. Exem p lo s d esse fenô m
e-no não faltam, haja vista a exp eriência d o
PAS no municíp io d e São Paulo . Não se trata
aqui d e neg ar a necessid ad e e a urgência d e
se imprimir maio r eficiência e eficácia ao
Estad o , mas sim d e p rev enir q ue para tanto
há q u e se p ensar na rec o nstru ç ão d esse
Estad o a partir da fo rmulação d e um no v o
p ro jeto d e so cied ad e, e so bretud o co m p
re-end er q ue a racio nalid ad e da garantia d o s
d ireito s da cid ad ania é inco mp atív el c o m a
ló gica d o m ercad o . Aí está o nó gó rd io da
questão , que resid e na inco mpatibilid ad e entre
as fo ntes d e financiamento para o seto r, q ue
não estão assentad as so bre bases universais
e p ro g re ssi v as, f re n te às p ro p o stas d e
univ ersalização d o ac esso à atenção à saúd e.
Reto ma-se assim, a urg ência d a fo
rmula-ção d e um p ro jeto efetiv amente d emo crático
para a so cied ad e — a saúd e aí co ntemp lad a
na sua esp ecificid ad e, c o m ung and o co m a
necessária interseto rialid ad e — e d e refo rma
d e um Estad o q ue seja, d e fato , red istributivo
e v o ltad o para a sup eração d as abismais d
e-siguald ad es so ciais p rev alecentes, inco mp
atí-veis c o m qualquer ap ro fund amento da o