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Ficha técnica. Corpo Editorial. Capa: Agência Experimental de Publicidade e Propaganda (coordenação: Prof. Me. Ricardo Steiner) Faculdade IELUSC

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Diretor do Ensino Superior: Prof. Me. Paulo Renato Manetzeder Aires

Editoras: Prof. Dra. Maria Elisa Máximo e Prof. Dra. Solange Abrocesi

Projeto gráfico: Prof. Me. Kérley Winques

Imagens de capa: Agência Experimental de Publicidade e Propaganda (coordenação: Prof. Me. Ricardo Steiner)

Editoração e diagramação: Prof. Me. Kérley Winques

Revisão de originais: Prof. Me. Kérley Winques

Ma. Andréia Fernanda Moletta Ma. Cíntia Brasil

Dra. Érika Dantas de Medeiros Rocha Dra. Juliana Cemin

Dra. Maria Elisa Maximo Ma. Mariana Dátria Schulze

Dra. Marilyn Goncalves Ferreira Kuntz Me. Maurício Mélim

Ma. Patrícia Villar Branco Dra. Solange Abrocesi Iervolino

Corpo Editorial

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Redes | Revista interdisciplinar da Faculdade IELUSC [recurso eletrônico] / Faculdade IELUSC. - Vol.1, n.1 (ago. 2018)- . – Joinville, SC, 2018- .

Anual

ISSN (publicação online): 2595-4423 1. Revista interdisciplinar. 2. Iniciação cientí-fica. I. Faculdade IELUSC.

CDD 22. ed. – 001

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Apresentação ...5

Maria Elisa Maximo e Solange Abrocesi

A estomia mudando a vida...13

Antônia Maria Grigol, Ieda Maria Loika da Silva e Josiane dos Santos

A motivação de estudantes do ensino médio para aulas de educação física...23

Andréia Fernanda Moletta, Marilda Moraes da Costa, Ana Carolina Pedrosa e Otávio Augusto Mantova de Greiffo

Ácidos orgânicos de cadeia curta: eficácia no controle higiênico sanitário usado como sanitizante de frutas e hortaliças...33

Tânia Regina de Oliveira Rosa e Priscila Sohn Neumann

Avaliação da composição corporal de acadêmicos dos cursos de educação física e nutrição………...47

Paulo Henrique Foppa de Almeida, Darci Venâncio Rosa Filho e Ana Paula Nunes

Determinação e verificação de adequação de macro e micronutrientes de fórmulas infantis para lactentes………...55

Beatriz Granza de Mello e Tânia Regina de Oliveira Rosa

Diagnósticos de enfermagem: avaliação do conforto do paciente hospitalizado por múltiplos traumas………...65

Luana Sell e Rosilda Veríssimo Silva

Enfermagem pediátrica: ensino, estrutura curricular e perspectiva do

docente………...75

Luana Cláudia dos Passos Aires, Lidiane Ferreira Schultz e Beatriz Schumacher

Gerenciamento de pessoal: atribuições da enfermeira em unidades

hospitalares...85

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Oficinas de equidade: uma ferramenta para ensinar promoção da saúde para acadêmicos da área da saúde………...109

Solange Abrocesi, Beatriz Schumacher, Vanessa Cardoso Pacheco e Isabela Soter Correa

Prevenção e estimulação da linguagem oral e escrita: o fazer fonoaudiológico junto a criança que não apresenta dificuldade de aprendizagem ...119

Geovane Kubiaki Babireski, Ana Paula Duca e Claudia Maria Sedrez Gonzaga

Redução de excesso de peso e de carências nutricionais: avaliação em pacientes pré e pós cirurgia bariátrica………...127

Cíntia Andrioli e Marilyn Gonçalves Ferreira Kuntz

Slackline na escola: para o desenvolvimento do equilíbrio dinâmico e

estático………...139

Flávio Medeiros Viana, Karoline Sisnandes da Silva Kilim, Anita Massena Mello da Rocha Pereira e Andréia Fernanda Moletta

Vivências e percepções dos familiares/acompanhantes frente ao tratamento

oncológico em crianças e adolescentes………...147

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Apresentar esta primeira edição da Revista Redes nos coloca diante da praze-rosa tarefa de contar o que vivemos até chegarmos aqui. Nesses últimos meses não foram raros os momentos em que nos projetamos exatamente neste instante: o de poder contar como foi a caminhada, como sonhamos este projeto e como, apesar das dificuldades, das dúvidas, dos descompassos, acreditamos o tempo todo que era possível realizá-lo. “Viver para contar”1 como esta revista foi planejada, concebida e

organizada é uma honra e uma satisfação. Não é só trabalho, é também e principal-mente um deleite.

É difícil precisar a hora exata em que decidimos criar uma revista científica institucional, interdisciplinar, que se abrisse a todos os cursos de graduação da Fa-culdade Ielusc. Foram muitas as vozes e momentos que apontaram na direção desta ideia desde que, em 2012, começamos a abrir as trilhas para a estruturação e expan-são das atividades de pesquisa e de extenexpan-são da instituição. Mas, como contar impli-ca também em escolher os marcos históricos que enimpli-caminham uma narrativa, diga-mos que o “martelo” foi batido no mesmo momento em que decididiga-mos organizar o I Conipe, o Congresso Integrado de Pesquisa e Extensão do Ielusc. Foi como dar um salto daqueles “duplo mortal”, sabe? No curso da institucionalização da pesquisa e da extensão, com editais internos funcionando e diversos projetos sendo executados

1.Alusão ao título do livro autobiográfico de Gabriel García Márquez, Viver para Contar (2002).

Maria Elisa Maximo

Solange Abrocesi

A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para conta-la. Gabriel García Márquez

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lançar uma revista científica que pudesse abrigar uma seleção de artigos resultantes dos projetos desenvolvidos na instituição2. No nosso horizonte, estavam o desejo e a

necessidade de comunicar a produção científica do Ielusc para a própria comunida-de acadêmica, comunida-de fazer com que nossos estudantes e corpo docente pucomunida-dessem dizer que, sim, fazemos pesquisa e extensão e estamos empenhados na sua qualificação e ampliação, de olho na excelência acadêmica.

O impulso para este “salto” foi dado ainda em 2016 e em 2017, logo na abertura do ano letivo, o desafio foi compartilhado com todos os docentes da instituição. O engajamento coletivo fazia-se imprescindível neste momento: era preciso que cada um de nós, professores e professoras, constituíssemo-nos como multiplicadores desse sonho para que ele fosse, enfim, sonhado por todos (ou, pelo menos, por mui-tos). Afinal, só teríamos congresso e revista científica se tivéssemos quem os alimen-tasse com seus projetos e resultados.

Ao abrirmos a chamada para a submissão de trabalhos no Conipe pensamos na convergência entre a recepção de trabalhos para o congresso e para a revista. Nesse sentido, admitimos dois formatos de trabalho: o e-pôster, encaminhado exclusiva-mente para apresentação no congresso, e o artigo, encaminhado para a apresenta-ção e para a publicaapresenta-ção na revista. Pressupondo que muitos veriam este momento como oportuno para uma iniciação na produção científica, uma das preocupações era otimizar os esforços criando um caminho contínuo entre a participação no con-gresso e a possibilidade de publicação na revista. Tendo isso em vista, uma Comis-são Científica foi composta pelos coordenadores de núcleo de pesquisa e extenComis-são e pelos professores atuantes nos componentes curriculares de metodologia científica e metodologia da pesquisa e a ela coube uma dupla e árdua tarefa: analisar os traba-lhos submetidos para o congresso e, no caso dos artigos, avaliá-los também segundo os critérios para a publicação. Fomos aprendendo a fazer isso no processo, fazendo, pois independentemente de titulação e trajetória acadêmica dos envolvidos, vivía-mos uma experiência inédita no Ielusc. E como aprendevivía-mos!

Vencida esta etapa das decisões sobre a forma de recepção e avaliação dos

2.A organização do Conipe coube às professoras Marilyn Gonçalves Ferreira Kuntz e Patrícia Villar Branco e a edição da revista coube às professoras Maria Elisa Máximo e Solange Abrocesi Iervolino. A escolha destas lideranças se deu no Núcleo de Pesquisa e Extensão da Faculdade IELUSC, num processo horizontal e democrático, vislumbrando-se a possibilidade de um revezamento nas

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Recebemos mais de 80 trabalhos, dentre eles 32 artigos, e todos passaram pelo crivo da Comissão Científica.

Paralelamente ao processo de avaliação dos artigos, a revista ganhou nome e identidade. Foi na Agência Experimental de Publicidade e Propaganda (AEP), sob a coordenação do professor Ricardo Steiner, que a Redes se concretizou em imagem, numa marca. Nenhuma decisão prescindiu do diálogo entre os diferentes atores que, dia após dia, envolveram-se neste projeto. E o nome da nossa revista – Redes – quis traduzir exatamente a perspectiva em que se deu sua concepção: uma rede que foi se construindo em torno de um projeto de expansão institucional, com foco na qualificação da pesquisa, da extensão e da iniciação científica. A imagem a qual a rede remete é, de algum modo, a da diversidade na unidade, a de pontos de vista di-versos unidos e construindo consensos em torno de um interesse comum. Declinada no plural – Redes – esta marca se compõe das diferentes áreas do conhecimento que habitam o Ielusc e que se conectam por meio da revista, numa experiência de cooperação e colaborativismo.

A edição da revista se iniciou mais precisamente após a realização do Conipe, em outubro de 2017, mediante a decisão de que seria uma publicação exclusivamen-te online, seguindo a exclusivamen-tendência que atualmenexclusivamen-te se consolida entre os periódicos científicos4. Neste momento, formatamos o site5 e começamos a alimentá-lo com o

conteúdo que caracteriza a Redes: sua linha editorial, as normas para a publicação, as diretrizes para leitores, autores e avaliadores, seus protocolos de edição. Todo o processo editorial foi organizado no Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), suportado pela plataforma OJS (Open Journal Systems).

As autoras e autores foram cadastrados no sistema e a comissão científica foi convidada a revalidar seus pareceres na plataforma editorial própria da Redes, atra-vés de formulários específicos e de um processo padronizado visando as futuras edições. Este talvez tenha sido o momento mais desafiador de toda esta história, pois, para muitos, representou uma dupla aprendizagem: conciliar as demandas específicas de uma publicação científica qualificada com a necessária inserção e fa-miliarização com a linguagem e o modo de funcionamento da plataforma online. Combinar qualidade com inovação exigiu, de alguns, um descentramento subjetivo,

3.O Conipe foi realizado entre 02 e 04 de outubro de 2017.

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34 autoras e autores. Todos os artigos foram escritos em coautoria por professores e estudantes ou egressos.

A imagem que o leitor vê na capa6 desta edição de lançamento é o mais próximo

que conseguimos chegar de uma “trama” que coloca docentes e discentes em cola-boração na consolidação e qualificação da produção científica do Ielusc, como parte fundamental da política institucional de iniciação científica. Os barbantes entrelaça-dos, ora coloridos ora não, formando figuras distintas, remetem a uma memória de infância, uma brincadeira que muitos conhecem por “cama de gato”7. Para nós, que

sonhamos juntos a revista Redes, esta memória simboliza tanto o processo quanto o propósito da revista: um jogo pra ser jogado junto, um jogo sem ganhador ou per-dedor onde, num circuito infinito, cada ação cria uma nova forma, cada forma pede uma outra ação que, por sua vez, cria uma nova forma e assim sucessivamente. É isso! A primeira edição é só o começo do jogo. Há muitas mãos que entrarão no cir-cuito e muitas formas ainda surgirão pelas ações combinadas e infinitas de um jogo que só pode ser jogado por mais de um. De preferência, e cada vez mais, por muitos.

Como se trata de uma edição de lançamento, pedimos licença para uma quebra de protocolos. Ao invés de apresentarmos aqui artigo por artigo, convidamos você, leitor e leitora, a explorar o conteúdo da revista. O projeto gráfico, cuidadosamente

criado pela Kérley Winques8, segue um padrão alinhado aos principais periódicos

científicos do país apresentando, na abertura de cada texto, uma “folha de rosto” que contém o título, seus autores(as), resumo e palavras-chave. O sumário foi organiza-do em ordem alfabética pelos títulos, sem a delimitação por áreas ou identificação dos cursos dos quais os artigos decorrem. O objetivo desta “mistura” é justamente o de provocá-lo a “folhear” a revista, seja online ou na sua versão impressa, rendendo--se à experiência de transitar pelos títulos e temas e abrirrendendo--se às descobertas que a

6.Produzida, também, pela Agência Experimental de Publicidade e Propaganda da Faculdade IELUSC, sob a coordenação do pro-fessor Ricardo Steiner, com a participação de estudantes do Curso de Publicidade e Propaganda.

7.Agradecemos o colega André Scalco (coordenador do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Administração) por traduzir numa lin-guagem lúdica e pueril a ideia que esta imagem da capa teve o intuito de transmitir. A produção da imagem, realizada também pela AEP, não foi inspirada na “cama de gato”. Mas, ao ser apresentada aos coordenadores dos núcleos de pesquisa e extensão do Ielusc, fez o colega imediatamente lembrar desta brincadeira infantil onde um barbante é enlaçado às mãos e, a cada “jogada”, ganha uma nova forma e assume uma nova trama.

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que temos aqui, portanto, são escritos elaborados por aquelas e aqueles que apenas se iniciaram na experiência de produção do conhecimento científico e, ainda que conduzidos e orientados por professores experientes e titulados, vivenciaram todos os percalços, dificuldades e limitações desta iniciação. Isso significa que todas as fragilidades e lacunas dos trabalhos aqui publicados são inerentes ao próprio pro-pósito da Redes: o de abrir espaço para aqueles que estão só começando a trilhar os caminhos de uma carreira acadêmica. Da mesma forma, todos os méritos se devem à coragem e ao despojamento de “dar a cara a tapa”, oferecendo-se à leitura e abrin-do o caminho para o futuro. Afinal, como qualquer periódico científico, a Redes está para o agora e também para o amanhã e, certamente, será ponto de encontro para aqueles que continuam caminhando e para os que passarão a trilhar o caminho em breve.

É bom poder contar esta história, mas será ainda melhor continuá-la. Que ve-nham, então, outras mãos, outros textos e outros narradores.

Boa leitura!

Sobre as editoras

Maria Elisa Maximo: Doutora em Antropologia Social (UFSC). Professora titular da Faculdade IELUSC e editora da 1ª edição da Revista Redes.

Solange Abrocesi: Doutora em Saúde Pública (USP). Professora titular da Faculdade IELUSC e coeditora da 1ª edição da Revista Redes.

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mudando a vida

Antônia Maria Grigol

Ieda Maria Loika da Silva

Josiane dos Santos

Resumo

O termo ostoma ou estoma é oriundo do grego e significa boca ou abertura,

indica a exteriorização de qualquer órgão através do corpo e possui a função

de drenar o órgão afetado. Esta pesquisa tem como objetivo conhecer as

vi-vências de usuários que após procedimento cirúrgico tiveram de aderir a

esto-mia. A pesquisa, descritiva e qualitativa, contou com 20 usuários cadastrados

no serviço de atenção à pessoa estomizada, no município de Joinville-SC. O

método de coleta de dados foi realizado por meio de um roteiro de entrevista,

com perguntas abertas e fechadas. Os dados coletados foram analisados por

meio da Análise Temática, que consiste em três etapas. Na primeira etapa

foi realizada uma pré-análise com o objetivo de organizar as informações em

busca de rumos interpretativos. A segunda etapa, denominada exploração,

consistiu na classificação dos elementos conforme sua semelhança. Na

ter-ceira etapa foi realizado o tratamento dos resultados, com interpretações das

falas e fundamentos teóricos. Nos resultados da pesquisa emergiram quatro

categorias: 1) Mudanças ocorridas devido ao estoma; 2) Atividades

labora-tivas; 3) A vida familiar; e 4) Enfrentamento. A análise dos dados permitiu

compreender que o procedimento cirúrgico que resultou em uma estomia

pode tornar as pessoas “incapacitadas para atividade profissional”, a maioria

dos usuários entrevistados aposentou-se por invalidez, determinando assim

sua capacidade produtiva.

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Introdução

Este artigo foi extraído do trabalho de conclusão de curso (TCC) realizado para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem, no curso de graduação do Instituto Educacional Luterano Bom Jesus/IELUSC, em 2015.

A prevalência de doenças crônicas, bem como o aumento no número de aciden-tes, resulta no comprometimento e qualidade de vida das pessoas. Por este motivo, a cada dia, os números de procedimentos cirúrgicos são maiores e, alguns, necessitam da realização de estomias.

A estomia é confeccionada cirurgicamente, cria-se um orifício que se comunica com o meio externo do corpo. Por meio da abertura ocorrem as eliminações fisioló-gicas, que ficam depositadas em uma bolsa coletora (CAETANO et al., 2014).

Dependendo do órgão exteriorizado podem ocorrer várias outras denomina-ções, como colostomia, quando a cirurgia é na região do cólon intestinal; ileostomia na região do íleo intestinal; urostomia, quando ocorre no sistema urinário. Em re-lação à classificação das estomias, estas podem ser temporárias ou definitivas (CA-ETANO et al., 2014).

A doença crônica, principal causa da realização das estomias, é o câncer color-retal, seguido das incidências de traumas e doenças inflamatórias intestinais, poli-pose adenomatosa familiar entre outras condições de doenças (LUZ, 2013).

O enfermeiro atua na promoção do autocuidado e na reabilitação, principal-mente, por meio de atividades educativas e dialogadas, sendo facilitador neste pro-cesso de aceitação. Por isso, este profissional deve ficar atento às dificuldades de ordem física, psíquica, social, espiritual e econômica (CAETANO et al., 2014).

A ausência do ânus e a consequente presença de um dispositivo aderido ao abdome para coleta de efluentes gera sentimento de inferioridade, indiferença e ex-clusão. Estes sentimentos estão relacionados à cultura de que o indivíduo está inse-rido, fazendo com que ele construa um estereótipo do seu próprio corpo (COELHO, 2013). Portanto, esta pesquisa teve como objetivo conhecer a vivência dos usuários após procedimentos cirúrgicos que resultaram em uma estomia.

1. Revisão de Literatura

1.1 Definições Conceituais

O vocábulo estoma é de origem grega e compreende a abertura de uma boca visando à exteriorização de qualquer víscera oca existente no corpo, com objetivo de eliminação dos efluentes.

A nomenclatura define o tipo de estoma, que advém do segmento exterioriza-do. Os estomas urinários são chamados de urostomias, as derivações urinárias

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man-têm o escoamento da urina produzida pelos rins, para o meio externo e o estoma intestinal podendo ser: ileostomia, intestino delgado, abertura realizada na parede íleo terminal, e colostomias do intestino grosso, uma abertura na parede cólica e exteriorizada através da parede abdominal (FERNANDES, 2011).

1.2 Definições e Classificação das Estomias

1.2.1 Quanto ao Tempo de Permanência

• Temporária: são aquelas que ficam por tempo determinado;

• Permanente ou definitiva: o próprio nome já diz, para vida toda, feitas por amputação de reto ou patologias que comprometem a função de drenagem do efluente (SCHWARTZ, 2011).

1.2.2 Quanto ao Tipo de Construção e Confecção Cirúrgica

• Em alça: geralmente são temporários. É realizada a abertura em duas saídas, somente uma será funcionante. No momento da realização é colocado uma haste ou bastão que será retirada no pós-operatório tardio;

• Terminal: geralmente permanente, a abertura realizada somente com uma boca intestinal (boca única);

• Duas bocas: quando é realizada a confecção de dois estomas terminais, o proximal distante do distal, o proximal será funcionante, estes estomas são comu-mente realizados em crianças (SCHWARTZ, 2011).

2. Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido no Serviço de Atenção às Pessoas Estomizadas, localizado na Policlínica Boa Vista, na Rua Helmuth Falgather, nº321, município de Joinville/SC. Participaram da pesqui-sa 20 usuários que atenderam aos critérios de inclusão: estomizados há mais de 12 meses, acima de 18 anos, de ambos os sexos, colostomizados, ileostomizados e ou urostomizados.

Conforme Resolução 466/12, os participantes desta pesquisa assinaram o Ter-mo de Consentimento Livre e Esclarecido em (TCLE), em duas vias: uma via assina-da ficou com as pesquisadoras e a outra com caassina-da participante. Cabe destacar que foi garantindo a manutenção do sigilo e da privacidade dos participantes durante todas as fases da pesquisa, assegura-se que os participantes não foram expostos a nenhuma situação de risco físico, moral ou psicológico, garantindo a privacidade, ressaltando o benefício da pesquisa para posterioridade (BRASIL, 2012).

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parecer favorável com o nº 1.044.938. A coleta de dados ocorreu nos meses de maio e junho de 2015, a aproximação com o usuário se deu por contato prévio e agenda-mento de entrevista em local conveniente para o usuário.

Para estabelecer um vínculo das pesquisadoras com os usuários, e com intuito de esclarecer qualquer dúvida existente, aproveitaram-se das reuniões mensais. As-sim, também foi possível conciliar a participação dos usuários na pesquisa.

Um roteiro foi utilizado na realização das entrevistas, as respostas foram trans-critas na íntegra. Também foram realizados encontros únicos e individuais de inte-ração entre o pesquisado e as pesquisadoras; não foi apenas um trabalho de coleta de dados.

Para maior confiabilidade na entrevista foi aplicado um pré-teste, que garante a credibilidade na pesquisa. Desta forma, problemas podem ser evidenciados na fase de aplicação, o que garante a efetividade dos dados. Vale destacar que os parti-cipantes do pré-teste não foram incluídos no estudo.

Para identificação dos usuários entrevistados, adotou-se a letra “E” seguido de números arábicos de 01 a 20. No processo de análise e interpretação foi utilizada a técnica de análise temática, que contempla pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretados (MINAYO, 2013).

3. Resultados e Discussão

Os resultados obtidos nas entrevistas foram analisados, após leitura exaustiva de todo material coletado. Quanto ao gênero, ficou definido: dez masculinos e dez femininos. Em relação à raça/cor, dezenove brancos. A faixa etária ficou distribuída de 52 a 57 anos.

Em relação à ocupação após a cirurgia, dez entrevistados relatam: “aposenta-doria por invalidez”. Quanto ao número de filhos: dezessete possuem filhos. Escola-ridade: oito com ensino fundamental incompleto, sete com ensino médio completo, quatro com ensino superior completo e um cursou o ensino fundamental completo. Quanto ao tipo da estomia: dez colostomias, nove ileostomias e uma urosto-mias. No que se refere à caracterização do procedimento, quinze são definitivos e cinco temporários. Em relação ao estado civil, quinze são casados. Quanto à religião, treze católicos. Referente às causas das estomias, nove neoplasias malignas. O tem-po estomizado: no mínimo de 02 anos e no máximo 23 anos usando bolsa coletora.

3.1 Como é Viver com Estomia

A análise foi realizada por temas, os quais exprimem sua condição de estomi-zado no cotidiano, procurando desvendar suas percepções de como vivem, o que pensam, o que sentem e a maneira que enfrentam a nova situação.

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No conhecimento dos dados qualitativos, emergiram quatro categorias temáti-cas: Mudanças ocorridas devido ao estoma; Atividades laborativas; A vida

fami-liar; e Enfrentamento.

Mudanças ocorridas devido ao Estoma

Considerando as mudanças ocorridas na vida das pessoas estomizadas, ressal-tamos que a alimentação interfere em todos os aspectos, sendo necessária uma ava-liação sistemática. Encorajando uma dieta balanceada, com a finalidade de evitar constrangimentos em público (LUZ, 2013). As respostas demonstram:

“Alimentação! Muita mudança. Antigamente eu tinha intestino preso, hoje preciso controlar. Tenho Diabetes Mellitus, e o meu estoma é pequeno; tem que cuidar com alimentos que não fazem digestão”. (E15)

“Não posso comer côco e amendoim, já fui parar no pronto socorro por causa de amendoim”. (E17)

Outro aspecto relacionado à alteração da imagem corporal é a mudança no pa-drão da vestimenta. Frequentemente, usam roupas mais largas a fim de disfarçar o equipamento coletor (CAETANO et al., 2014). Conforme relato:

“Nos primeiros dias fiquei chateada. Chorava. Tinha nojo. No começo você fica perdida, gostava de roupa colada apertada. Comprei vestidos, mas não gosto. Quando você está esperando é diferente. Fico com medo depois da cirurgia, quan-do venho pra casa. Seria pior se tivesse que ficar pra sempre”. (E18)

A alteração do sono está relacionada à presença do estoma, ao medo do futuro e ao fato de apresentar complicações com adaptação ao equipamento coletor. São questões que tornam o sono insatisfatório, pontos que podem alterar o rendimento profissional e cognitivo (LUZ, 2013). A resposta demonstra:

“Dormir é complicado devido às mudanças de posições, pois sempre me vi-rava muito à noite. Agora não tem como! Não posso mais dormir de barriga pra baixo nem do lado esquerdo. Anteriormente não levantava, hoje levanto duas ve-zes por noite. E ainda instalei um impermeável no colchão que faz barulho ao mo-vimento e incomoda para pegar no sono”. (E1)

As alterações impostas, ocasionadas pela cirurgia de desvio do trânsito intes-tinal, apesar de significarem possibilidade de melhora dos sintomas da doença, ca-racterizam um processo que gera sofrimento, medo, dor e insegurança. Isso leva as

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pessoas a terem interpretações marcantes sobre o corpo modificado pela estomia (CAETANO et al., 2014), evidenciadas no relato:

“Tive câncer recessivo três vezes no ânus, fiz quimioterapia e radioterapia. A radioterapia queimou toda musculatura dos órgãos genitais. Da parte íntima ti-raram toda minha vagina e perdi toda sensação urinária, rasparam todo meu pe-ríneo. Fizeram enxerto da região vaginal com tecido da coxa interna, porém ainda ficou uma dobra dificultando a higiene. Uso fralda por opção minha, os médicos deram a sugestão de colocar mais uma bolsinha para a urina”. (E19)

As avaliações das características do estoma e necessidades individuais permi-tem prevenir o acréscimo de danos, detectar precocemente o surgimento de compli-cações e facilitar o processo de seleção dos dispositivos adequados aos estomizados (LUZ, 2013). As falas demonstram:

“Além da ileostomia, que ocorre vazamentos devido à retração, tenho várias fístulas. Quando resolve drenar é um incomodo”. (E4)

Nos envolvimentos com novos parceiros, os estomizados relatam que enfren-tam dificuldades em revelar sua nova situação, sentem-se inseguros, envergonhados e com medo de não serem aceitos pelo parceiro (PEREIRA, et al.,2012). Podemos constatar:

“A relação sexual só aconteceu depois de cinco meses. Fiquei bem apreensiva, por causa do barulho de gases e, porque, a ileostomia está sempre funcionante”.

(E18)

“O marido separou de quarto, sexo não tem como, não tem mais introdução. Ele não comenta. Ele é muito quieto e muito reservado”. (E19)

Não temos um corpo, mas somos um corpo, que percebe ao mesmo tempo em que é percebido. Ele é o mediador da relação entre o ser humano e o mundo. (...) O corpo é o meio pelo qual o sujeito está no mundo (DELAVECHIA et al., 2010). Constatamos nos relatos:

“Superação. Hoje vejo parte do meu corpo, olhar no espelho não é legal, hoje ajo com naturalidade, porque venci o câncer”. (E9)

(19)

Atividades laborativas

O “trabalho” é tido como essencial na vida do ser humano, sendo uma atividade inerente à vida ativa, apresenta um caráter duplo: pessoal e socioeconômico. Além disso, o trabalho está relacionado à preservação da autoestima e ao processo de in-clusão social (CRUZ, 2011). Isso fica evidente no depoimento abaixo:

“Complicou bastante! Faço visitas mensais e quinzenais para os clientes, po-rém, têm alguns que sabem da minha situação, outros não. Me sinto desconfortável com aqueles que não tenho intimidade para falar, tenho medo que faça barulho. Eu até achava que seria algo normal para falar, mais acabei vendo que as coisas não são bem assim, que não dá pra falar para todo mundo, que eles não entendem ou, às vezes, sinto que não querem entender, parece que ficam assustados”. (E15)

O retorno ao trabalho é um dilema, tendo dificuldades de reintegração, pois se sentem inseguros para cuidar da estomia no ambiente de trabalho. O uso do equipa-mento coletor simboliza a mutilação sofrida, apresentando uma relação direta com a perda da sua capacidade produtiva (CRUZ, 2011). Verifica-se no relato:

“Estou aposentado por invalidez. Comecei a ajudar o pedreiro lá em casa, mas comecei a sentir dor e parei” (usuário tem 27 anos). (E10)

A vida familiar

A família é o primeiro núcleo social de relação do indivíduo, também é a fonte de apoio mais próxima do paciente com estomia e, por isso, seu envolvimento neste momento é de fundamental importância para a reabilitação e reinserção social (CA-ETANO et al., 2014). É possível perceber isso nos trechos que seguem:

“Tive duas filhas após a estomia. Meu primeiro filho tinha três anos e meu pai era estomizado, assim como minha tia e meu tio. Desde os sete anos eu já evacuava sangue, aos 17 anos fiz minha primeira cirurgia. Ao todo são 36 familiares que já morreram por essa doença”. (E5)

“A esposa sempre me falou que eu conseguiria sobreviver e que vamos conse-guir conviver, minha filha estranhou a bolsa”. (E9)

As reações de aversão ou até mesmo de pena surgem nos pensamentos dos usuários. Como contar para os outros sobre a estomia? O medo da rejeição e do nojo são relatados pelas pessoas estomizados (POLETTO, 2011).

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da minha internação. Minha ex-esposa não sabe”. (E6)

“Não posso contar com eles. Minha filha depois que fiquei doente foi morar com o pai, optou em ficar com ele e com a mulher dele. Ele me largou para ficar com ela...choro”. (E17)

Enfrentamento

O estoma intestinal não altera somente o sistema biológico, mas também afe-ta o emocional e o físico do indivíduo, prejudicando sua relação social (COELHO, 2013). Nos relatos é possível compreender:

“Senti rejeição! Hoje restringi as informações devido à falta de conhecimento das pessoas”. (E15)

“Tinha medo, não olhava, tinha nojo, chorava, quando meu marido ia trocar a bolsa eu chorava, tapava o rosto”. (E18)

Considerações finais

A análise dos dados permitiu compreender que o procedimento cirúrgico que resultou em uma estomia pode tornar as pessoas “incapacitadas para atividades profissionais”. A maioria dos usuários entrevistados aposentou-se por invalidez, de-terminando assim sua capacidade produtiva.

A pesquisa permitiu evidenciar que no escopo dos entrevistados houve predo-mínio da raça branca, casados e com filhos, ensino fundamental incompleto e, em sua maioria, de religião católica. A incidência das neoplasias malignas e as doenças inflamatórias do intestino predominaram nas idades entre 52 a 63 anos, o que tem relação direta com o envelhecimento, sendo os cânceres os maiores motivadores da realização dos estomas. A prevalência foi para as colostomias de caráter definitivo, com tempo de estoma de dois anos chegando a um usuário com vinte e três anos estomizado.

Ao analisarmos a primeira categoria identificamos as mudanças ocorridas de-vido ao estoma, tendo sido necessária uma reestruturação no estilo de vida. Na se-gunda categoria, relacionada às atividades laborativas, fica evidente a necessidade de se estudar esta problemática. Na terceira categoria, a família é o alicerce para auxiliar na recuperação, influenciando na aceitação da nova condição imposta. Na quarta categoria, identificamos prejuízos na relação social causados pelas modifica-ções fisiológicas ocorridas.

Compete ao profissional enfermeiro desenvolver uma educação especializada em saúde, proporcionando simultaneamente apoio psicológico e assistencial,

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den-tro de uma visão holística, de modo a contribuir para autonomia na vida do paciente. Diante do exposto, compete aos profissionais de saúde e gestores a reestru-turação do processo de cuidar, garantindo continuidade das ações e melhor pla-nejamento e resolutividade frente às dificuldades encontradas, principalmente às referentes ao acesso dos usuários ao sistema de saúde. Destacamos que são neces-sários profissionais capacitados em todas as estruturas de atendimento, a fim de garantir o cuidado qualificado às pessoas estomizadas no processo de reabilitação.

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Sobre as autoras

Antônia Maria Grigol: Professora adjunta da Faculdade IELUSC. Mestre em Saúde e Meio Ambiente pela Univille. Ieda Maria Loika da Silva: Enfermeira, egressa da Faculdade Enfermagem IELUSC.

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do ensino médio para

aulas de educação física

Andréia Fernanda Moletta

Marilda Moraes da Costa

Ana Carolina Pedrosa

Otávio Augusto Mantova de Greiffo

Resumo

As aulas de Educação Física podem fortemente influenciar nos hábitos dos estudan-tes, tornando-os fisicamente ativos. Diante disto, percebe-se a importância e a neces-sidade de uma aula de Educação Física que seja capaz de motivar os alunos e, dessa forma, criar o hábito saudável da prática de atividades físicas dentro e fora da escola. Em virtude disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar a motivação de estudantes do Ensino Médio para as aulas de Educação Física. Este estudo é um recorte do TCC do curso de Licenciatura em Educação Física com foco na identificação dos principais motivos para participação de alunos em aulas de Educação Física. O presente estudo consiste em uma pesquisa de cunho quantitativo e de caráter descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos trata-se de uma pesquisa empírica descritiva. A escola esco-lhida foi uma unidade da rede privada de Joinville/SC. A amostra conta 27 estudantes do Ensino Médio (do primeiro e do terceiro ano). Para a coleta das informações foi utilizado um questionário com 16 perguntas divididas em quatro categorias: Compe-tências, Saúde/bem-estar, Lazer/Amizades e Aula/professor. Os principais motivos para a participação relacionada as competências são: adquirir novos conhecimentos, melhorar as habilidades motoras e as capacidades físicas. Por fim, percebe-se que este estudo obteve um resultado positivo, pois os estudantes encontram-se motivados para a participação nas aulas de Educação Física, principalmente por motivos intrínsecos (motivos internos).

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Introdução

A prática de atividade física deve estar presente na rotina dos indivíduos. Con-forme a Organização Mundial da Saúde (2010, p. 7), para a faixa etária entre 5 e 17 anos de idade, as atividades físicas constituem “brincadeiras, jogos, esportes, transporte, recreação, Educação Física ou exercício planejado, no contexto de ativi-dades da família, da escola e da comunidade”. As ativiativi-dades físicas devem acumular, no mínimo, 60 minutos diários, de intensidade moderada à vigorosa. Com predo-minância de atividades aeróbicas e com a inclusão de atividades de fortalecimento ósseo e muscular, que devem ser realizadas, no mínimo, três vezes por semana.

É importante manter o corpo humano ativo e a escola contempla a disciplina de Educação Física com a finalidade de favorecer o desenvolvimento humano a partir das práticas corporais. Dentre as várias competências a serem desenvolvidas pelos estudantes no Ensino Médio, uma delas é permitir que o estudante possa “assumir uma postura ativa, na prática das atividades físicas, e consciente da importância delas na vida do cidadão” (BRASIL, 2000, p.42).

A Educação Física na escola deveria propiciar condições para que os alu-nos obtivessem autonomia em relação à prática da atividade física, ou seja, após o período formal de aulas os alunos deveriam manter uma prá-tica de atividade regular, sem o auxílio de especialistas, se assim deseja-rem. Este objetivo é enormemente facilitado se os alunos encontram pra-zer nas aulas de Educação Física, pois, apreciando determinada atividade é mais provável desejar continuá-la caracterizando uma ligação de prazer (DARIDO, 2004, p.61).

Em outras palavras, as aulas de Educação Física podem influenciar fortemen-te nos hábitos dos estudanfortemen-tes, incentivando-os a tornarem-se fisicamenfortemen-te ativos. Por isso, é importante que os estudantes estejam participando da disciplina, não somente por obrigação, mas por vontade própria. No entanto, para que se alcance este objetivo é de suma importância que os alunos estejam motivados a participar das aulas. A motivação é um fator muito importante no processo de ensino-apren-dizagem, pois um estudante que não se encontra motivado não fará esforços para aprender. Já o estudante motivado, mesmo ao encontrar desafios, persiste e supera (SANTROCK, 2010).

A motivação pode ser dividida em extrínseca ou intrínseca. A motivação ex-trínseca, conforme Tadin et al. (2005), pode ser entendida como sentimento de in-teresse para conseguir uma recompensa. Para Santrock (2010, p. 454), “a motivação extrínseca é geralmente influenciada por incentivos externos como recompensas e

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punições”. O autor utiliza como exemplo, o fato de um aluno estudar bastante para ter a recompensa de uma boa nota.

Segundo Tadin et al. (2005, p. 42), a motivação intrínseca corresponde aos “impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica, afetados por fatores so-ciológicos: necessidades, frustração, aptidões, habilidades, atitudes e interesses”. Para Santrock, (2010, p.454) é a “motivação para realizar algo em si mesmo”. Uti-lizando o mesmo exemplo anterior do estudante, neste caso, ele pode estudar bas-tante porque gosta do conteúdo. Em suma: a motivação intrínseca origina-se do próprio sujeito, inclui fatores internos, considera sua dedicação, satisfação e com-prometimento, enquanto a motivação extrínseca é aquela proveniente de fatores externos, influenciados pelo ambiente o qual o sujeito está envolvido (TESSELE NETO, 2012).

Percebeu-se em estudos, como de Santos e Wittizorecki (2014), que a motiva-ção que levava os jovens a participarem das aulas de Educamotiva-ção Física foi a nota, as-sim promovendo uma perspectiva de obrigação em sua participação. Já na pesquisa de Souza, Rezende e Oliveira (2011) percebeu-se que os estudantes eram motivados a participarem das aulas quando havia atividades de competição. Além disso, esses autores apontaram que os professores não possuíam planejamentos e havia desin-teresse em ministrar uma boa aula.

Diante disto, surgiu a justificativa social em realizar esta pesquisa, pois a partir dos resultados obtidos, pode-se levar as perspectivas dos estudantes frente sua mo-tivação para as aulas de Educação Física aos professores e à instituição investigada. Além disso, preocupou-se em realizar essa aproximação, principalmente, por ser um colégio com característica de formação profissional técnica, a qual distancia a prática de atividades físicas e conhecimentos sobre saúde. Cientificamente, busca-se complementar e comparar com outros estudos acerca do tema, principalmente para a região de Joinville, a fim de buscar melhorias para esta área.

O presente estudo é um recorte do Trabalho de Conclusão do Curso de Licen-ciatura em Educação Física que buscou verificar a motivação dos estudantes do En-sino Médio para as aulas de Educação Física a partir de duas vertentes: as principais características do professor enquanto agente motivador e os principais motivos que levam a participação de alunos nas aulas. A segunda vertente deu origem ao artigo em questão.

1. Metodologia

O presente estudo consiste em uma pesquisa básica de cunho quantitativo. Em relação aos objetivos, a pesquisa é de caráter descritivo. Quanto aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa empírica descritiva.

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O instrumento utilizado foi um questionário elaborado pelos pesquisadores so-bre os motivos para a participação nas aulas de Educação Física. O questionário foi validado por três professores mestres. Ele foi organizado em quatro categorias com quatro afirmativas que os alunos deveriam apontar em uma escala de 1 a 3 (quadro 1): 1 representava “Concordo Muito”; 2 representava “Não concordo nem discordo”; e 3 representava “Discordo”. Para fazer a análise dos dados o item “Não concordo nem discordo” foi mesclado ao item “Discordo”, simplificando em apenas duas es-calas de respostas. Tal opção adveio do irrelevante número de adeptos a resposta “não concordo e nem discordo”, assim não interferindo significativamente na análi-se, pois foram apenas três respostas.

A amostra consiste em estudantes de uma escola da rede particular de Joinvil-le, com o Ensino Médio articulado à educação profissional, onde as aulas de Educa-ção Física são obrigatórias. A amostra foi selecionada por processo de amostragem não-probabilística de conveniência. Foram avaliados dois professores de Educação Física que trabalham na escola. O Professor 1 leciona para três turmas e o Professor 2 leciona para 12 turmas. Para compor a amostra foram escolhidas quatro turmas

Categoria Alternativas

• eu desejo superação esportiva

• eu quero melhorar minhas habilidades motoras • eu quero melhorar minhas capacidades

motoras

• eu quero adquirir novos conhecimentos

Competências

• eu quero melhorar minha saúde • eu quero melhorar qualidade de vida • eu quero melhorar a aparência física

• eu quero liberar a tensão/estresse/ansiedade

Saúde/Bem-estar

• eu gosto de fazer exercícios físicos • eu gosto porque me divirto/distraio • eu gosto de estar com meus amigos • eu gosto de pertencer a um grupo

Categoria Lazer/Amizades

• eu participo porque preciso tirar boas notas • se fosse uma disciplina optativa eu participaria • eu participo para ser reconhecido

• eu participo porque gosto do professor

Categorias Aula/Professor

Quadro 1: Estrutura das categorias e afirmativas do questionário sobre os motivos que levam os estudantes a participarem das aulas de Educação Física

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(aproximadamente 120 estudantes): uma turma do 1° ano e uma turma do 3° ano de cada professor. As turmas foram escolhidas via sorteio, salvo a turma de 3° ano do Professor 1, pois é única. De todos os estudantes convidados, participaram 27.

A seguinte pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética do Bom Jesus/IE-LUSC para avaliar e qualificar o estudo, a fim de garantir a integridade dos sujeitos entrevistados, onde foi aprovada segundo o parecer número 1.637.284/2016. Após aprovada, foi solicitada a permissão de pesquisa para a escola e encaminhados to-dos os termos necessários (Termo de Consentimento Livre Esclarecido e Termo de Assentimento do menor). A coleta de dados foi realizada na própria escola, em uma aula de Educação Física, após as explicações da pesquisadora. E a análise dos dados foi realizada a partir da frequência das respostas e sua porcentagem.

3. Resultados e Discussão

Este estudo buscou analisar a motivação dos estudantes do Ensino Médio para as aulas de Educação Física e em virtude disso, utilizou-se um questionário dividido em categorias (como descrito na metodologia). Os resultados foram descritos de acordo com a quantidade total de respostas por cada categoria do questionário, ou seja, foram exibidos na tabela a soma total de respostas (nr = número de respostas) e não representam a quantidade de sujeitos. Além disso, foram separados por do-cente, isto é, as respostas dos estudantes do professor 1 e do professor 2.

Ao analisar todas as categorias do Professor 1 e do Professor 2 percebeu-se a predominância de resultados concordantes, respectivamente: competência, saúde/ bem-estar, lazer/amizades e aula/professor. A categoria Competência foi a de maior

Tabela 1: Resultado do questionário 1

Categoria Opinião Professor 1 (nr=52) Professor 2 (nr=56)

Competência Saúde/Bem-Estar Lazer/amizades Aula/Professor Nr. % Nr. % Concordo Concordo Concordo Concordo Discordo Discordo Discordo Discordo 39 13 37 15 28 24 27 25 75,00 25,00 71,15 28,85 53,85 46,15 51,92 48,08 53 3 45 11 42 14 14 42 94,64 5,36 80,36 19,64 75,00 25,00 25,00 75,00 Fonte: Autores (2016)

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destaque, pois todas as afirmativas receberam um elevado índice de concordância. Nesta categoria os principais motivos para que os estudantes participem das aulas estão relacionadas a adquirir novos conhecimentos, melhorar suas habilidades e capacidades e se superar no esporte. Dessa forma, entende-se que esses estudantes gostam do conteúdo esportivo e estão buscando melhorias nesta área.

Os estudos como os de Chicati (2000), Fernandes e Ehrenberg (2012) e Marti-nez (2014) corroboram os resultados obtidos, pois em suas pesquisas os estudantes apontaram o esporte como conteúdo que mais gostam. No estudo de Kobal (1996) os estudantes acham importante aumentar seu conhecimento sobre esportes e outros conteúdos. Segundo Chicati (2000), acredita-se que o gosto pelo esporte pode estar relacionado com a mídia, com o incentivo dos pais e a grande utilização do esporte na Educação Física que influenciam os estudantes a gostarem mais de esportes do que outras atividades da Educação Física.

No entanto, mesmo que a maioria dos estudantes goste do conteúdo, o pro-fessor deve se atentar e verificar se todos os estudantes estão sendo atendidos. No estudo de Tessele Neto (2012) os itens relacionados ao aumento dos conhecimentos sobre esporte/conteúdo e sobre aprender uma nova habilidade foram os itens com menores médias motivacionais. Martinez (2014) verificou que alguns estudantes não estavam satisfeitos com o conteúdo esportivo, pois eles não sabiam praticar aquele determinado esporte, não tinham a oportunidade de aprender e eram criti-cados pelos mais habilidosos.

Na categoria Saúde/Bem-estar o resultado encontrado foi favorável, pois mos-trou que os principais motivos para a participação são em relação à melhoria da saú-de e qualidasaú-de saú-de vida, o que aponta que estes estudantes possuem a compreensão dos objetivos da Educação Física. Segundo Brasil (2000), a Educação Física deve ter como uma das suas tendências centrais a educação para a saúde, o que favorece uma postura ativa e cria a consciência da importância da prática da atividade física. Conforme Nahas (2003), ao comparar indivíduos sedentários com os indivíduos re-gularmente ativos, viu-se que os sedentários possuem um risco duas vezes maior de infarto. O autor ainda aponta que há necessidade de combater os malefícios causa-dos à saúde pela inatividade física, tais como as doenças crônicas não transmissíveis e seus fatores de risco.

Na categoria Lazer/amizades, ao observar as duas principais questões (eu gos-to de estar com meus amigos e eu gosgos-to de pertencer a um grupo), percebe-se a diferença de relação que o estudante possui entre o grande grupo (todos os colegas da classe) e o pequeno grupo (somente os amigos). Os estudantes discordam que participam porque gostam de pertencer a um grupo, ou seja, o estar (ou não) perten-cendo ao grande grupo não é um fator influenciador na participação das aulas. Esta questão de não gostar de pertencer ao grupo vai contra o argumento de Tessele Neto

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(2012, p.12) ao abordar que no período da adolescência o “aluno está sob constante mudança física e psicológica, sentindo necessidade de estar incluído e ser aceito no ambiente em que está inserido”. O autor ainda revela que (para o gênero masculino) o fato de se sentir integrado ao grupo é um dos itens de maior motivação para a par-ticipação das aulas. Nesta perspectiva, o estudo de Kobal (1996) corrobora com esta ideia, pois mostra que os estudantes gostam da aula quando se sentem integrados ao grupo.

Em virtude disso, seria necessário investigar mais sobre a dinâmica deste gru-po, pois segundo Moscovici (1995), as pessoas quando pertencem a um grupo agem de forma diferente do que quando estão sós. O grupo não é somente a somatória dos indivíduos e dos seus comportamentos, o grupo possui uma configuração própria e com isso há influência nos sentimentos e ações de cada um. Por meio da interação entre os membros (relação eu-outro), o grupo vai construindo seu próprio clima emocional. Este clima afeta a tarefa e o desempenho global, e pode inclinar para a integração e harmonia ou a conflitos e até separação.

É interessante remeter ao clássico estudo de psicologia social e dinâmica de grupos de Cartwright e Zander (1967), que fala da coesão de grupos para melhor compreender este resultado aparentemente conflitante. A coesão de grupos pode ser entendida como um grupo com um forte sentimento de “nós” (onde seus com-ponentes tendem a falar de “nós” e não através de “eu”) e onde todos são amistosos, ou onde é grande a lealdade aos companheiros. Se não há coesão suficiente no grupo pode-se inferir a possibilidade de haver um clima autoritário ou talvez muito indivi-dualista, isso estimula um maior número de conflitos não resolvidos e o sentimento de não pertencimento ao grupo. Cartwright e Zander (1967) foram colaboradores de Kurt Lewin, criador da teoria de campo (C=f(P,A) – o comportamento é uma função do indivíduo em relação ao ambiente) e seus seguidores no M.I.T. de Massachussets nos Estados Unidos.

Embora discordem que participam porque gostam de pertencer a um grupo, o fato de estar com os amigos (pequeno grupo) favorece a participação dos estu-dantes. Este mesmo resultado foi encontrado em outros estudos, como o de Kobal (1996) e de Tessele Neto (2012), nos quais um dos motivos para a participação nas aulas de Educação Física está associado ao fato de estar com os amigos. Segundo alguns autores, como Kobal (1996) e Reichert (2011), nesta fase os jovens preferem a opinião dos amigos. Portanto, as amizades podem influenciar fortemente nas ati-tudes do estudante, o que afeta seu comportamento. As aulas de Educação Física se tornam importantes porque permitem trabalhar a questão da socialização de forma mais dinâmica (KOBAL, 1996).

Na categoria relacionada à Aula/professor, as questões de destaque foram as mesmas. “Se fosse uma disciplina optativa eu participaria” foi a que mais ganhou

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respostas concordantes para o Professor 1. Para o Professor 2, a resposta ficou divi-dida com 50 % das respostas concordantes. No contexto geral, os estudantes estão motivados e a maioria discorda que participa para tirar boas notas.

O estudo de Santos e Wittizorecki (2014) identificou uma perspectiva antagô-nica a esta apresentada, pois os estudantes são motivados pela nota da disciplina referindo-se que suas participações são fundamentadas pela “obrigação em partici-par da aula” e por “valer nota”. Desta forma, pode-se perceber que a motivação em participar se deu pelo valor de ser aprovado ou reprovado na disciplina e não pelo prazer ou conhecimento que se pode adquirir. No estudo de Kobal (1996, p. 130) também é possível identificar a relação com a participação dos estudantes nas aulas devido à disciplina fazer parte do currículo escolar. Embora nesta situação a autora cita que “concordar que um dos motivos para a participação das aulas é o fato delas fazerem parte do currículo da escola, pode não estar revelando o predomínio de nenhuma tendência motivacional, mas a aceitação de um aspecto incontestável”.

Outra pergunta com respostas discordantes foi sobre o motivo de participar para ser reconhecido pelo professor (50% dos estudantes discordaram). Esses resul-tados opõem-se ao estudo de Tessele Neto (2012), ao perguntar sobre a motivação extrínseca um dos itens de maiores médias motivacionais (para o gênero feminino) foi o fato de o professor e/ou os colegas reconhecerem a atuação do estudante. No estudo de Kobal (1996) esta questão também teve grande incidência de respostas concordantes (para ambos os gêneros).

Considerações finais

Como já foi discutido anteriormente, para motivar os adolescentes à prática de atividade física e assim incentivá-los a serem adultos fisicamente ativos, a disciplina de Educação Física pode exercer grande influência. Cabe então, formular uma aula que seja atrativa e mobilizadora de energias cativantes. Após analisar a motivação dos estudantes do Ensino Médio de uma escola da rede privada de Joinville/SC para as aulas de Educação Física, foi possível constatar que estes estudantes estão moti-vados, principalmente, por motivos intrínsecos (motivos internos). Dentre os prin-cipais motivos para a participação estão: adquirir novos conhecimentos, melhorar as habilidades motoras e as capacidades físicas, estar com os amigos e melhorar a saúde. O resultado mostra que a obrigatoriedade da aula e o fato de participar para tirar boas notas não são fatores relevantes para a participação dos estudantes. Pode--se perceber também que, quanto à categoria “Lazer/amizades”, os resultados sur-preenderam por contrariar a fundamentação teórica, sendo este achado um curioso ponto que merece uma investigação mais pormenorizada no futuro, pois pode-se

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supor que o conjunto de alunos estudado tenha uma característica mais voltada à individualidade ou mesmo que reflita um viés de rejeição social em camadas da po-pulação desta faixa etária. De qualquer forma, merece um olhar mais atento.

Em relação à limitação do estudo pode-se citar pouca participação dos alunos convidados (alguns não quiseram participar, outros faltaram e outros não trouxeram os termos assinados). Outro ponto que dificultou foram os imprevistos que levaram a demora para a aprovação no Comitê de Ética, resultando assim, no atraso para iniciar a coleta de dados. Sugere-se para outros estudos utilizar também questões abertas, pois somente questões fechadas limita o entendimento de certas situações.

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Sobre os autores

Andréia Fernanda Moletta: Mestre em Educação Física. Professora Adjunta da Faculdade IELUSC.

Marilda Moraes da Costa: Mestre em Saúde e Meio Ambiente. Professora do Curso de Educação Física da Facul-dade IELUSC.

Ana Carolina Pedrosa: Professora de Educação Fisíca. Egressa do Curso de Educação Física da Faculdade IELUSC. Otávio Augusto Mantova de Greiffo: Psicólogo. Esp. em Docência para o Ensino Superior.

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(33)

de cadeia curta:

eficácia no controle higiênico sanitário usado

como sanitizante de frutas e hortaliças

Tânia Regina de Oliveira Rosa

Priscila Sohn Neumann

Resumo

Qualquer alimento que o homem consome pode estar contaminado por micro-orga-nismos, pois os possíveis contaminantes podem estar presentes no ambiente natural, nos seres vivos e no próprio homem. Assim, um alimento, dependendo do seu nível de contaminação microbiana e de suas características pode ocasionar no consumidor infecções e intoxicações alimentares. A seleção do agente sanitizante para vegetais que serão consumidos crus é muito importante, uma vez que, além de ser eficaz na eli-minação de micro-organismos patogênicos, ele deve ser também seguro do ponto de vista toxicológico. O cloro (hipoclorito de sódio) é o sanitizante mais utilizado porque é efetivo contra uma grande variedade de micro-organismos, mesmo em baixas con-centrações. Em outros países, agentes como o vinagre, ácido acético e ácido peracético ganharam aceitação por serem considerados tão eficazes quanto o cloro. Portanto, o objetivo geral deste trabalho é avaliar a eficácia de produtos contendo ácidos orgâni-cos de cadeia curta na sanitização de frutas e hortaliças. Foram adquiridos três tipos de frutas - maçã, morango e uva - e três tipos de hortaliças - agrião, alface e rúcula. Primeiro as amostras foram separadas e o material biológico de sua superfície coleta-do com swabs estéreis. Posteriormente, as amostras foram lavadas em água corrente. Na sequência, as frutas e hortaliças foram colocadas em diferentes sanitizantes por 15 minutos, conforme preconizam as técnicas de sanitização de hortaliças. De modo geral, todas as concentrações analisadas obtiveram resultados positivos, alcançando no mínimo 50% de eficácia na higienização dos vegetais e das frutas. Cabe destacar que o vinagre aparece como um sanitizante promissor, já que o uso do cloro a longo prazo pode trazer inúmeros prejuízos, não só para a saúde dos indivíduos, mas prin-cipalmente enquanto um problema de saúde pública.

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Introdução

O manuseio e o preparo correto de frutas e hortaliças para o consumo humano são cruciais para diminuir a carga microbiana nestes tipos de produtos e, por con-sequência, reduzir a incidência de doenças transmitidas através destes (PINHEIRO et al., 2011). Para tanto, deve-se utilizar água de boa qualidade, bem como fazer a higienização e sanitização das frutas e hortaliças e dos equipamentos e utensílios, de forma a evitar contaminação cruzada e aumentar a segurança microbiológica dos alimentos (ANTONIOLLI et al., 2005).

Uma fase que é considerada especialmente crítica para a qualidade microbioló-gica dos vegetais é a sua higienização, que abrange a lavagem e a sanitização (NAS-CIMENTO, 2005). A sanitização consiste em submeter os vegetais a um tratamento eficaz para destruir ou reduzir o número dos micro-organismos patogênicos, sem afetar a qualidade ou segurança do produto para o consumidor (ANTONIOLLI et al., 2005).

A seleção do agente sanitizante para vegetais que serão consumidos crus é mui-to importante uma vez que, além de ser eficaz na eliminação de micro-organismos patogênicos, deve ser também seguro do ponto de vista toxicológico (FDA, 2003). Sanitizantes são geralmente substâncias químicas que suprimem formas vegetais, mas não fundamentalmente as formas esporuladas de micro-organismos patogêni-cos (NASCIMENTO; DELGADO; BARBARIC, 2010).

A sanitização química é um meio largamente empregado, e diversos são os sa-nitizantes utilizados na indústria de alimentos, como: compostos à base de cloro, iodo, peróxido de hidrogênio, ácido peracético e quaternário de amônio (FIGUEI-REDO, 2000).

Como não existem sanitizantes que possuam todas essas características, bem como, que atendam a todas as necessidades em um único produto, faz-se necessário uma avaliação rigorosa das propriedades de cada um deles, suas vantagens e desvan-tagens de utilização antes da escolha final (ROCHA et al., 2000). A atividade micro-bicida dos sanitizantes utilizados nas indústrias de alimentos depende de algumas condições como: limpeza prévia do local; monitoração das variáveis físico-química dos sanitizantes; tempo de contato com a superfície; tipo de superfície; espécie e concentração dos micro-organismos a destruir (NASCIMENTOS et al., 2003).

Os produtos clorados, como os sais de hipoclorito, constituem o grupo de com-postos sanitizantes mais utilizado. No Brasil, o hipoclorito de sódio é o único agente sanitizante permitido pela legislação (BRASIL, 2001), e vem sendo utilizado nos vegetais minimamente processados para manter sua qualidade microbiológica. É um dos sanitizantes de menor custo encontrado no mercado, eficaz em diferentes diluições e de fácil preparo e aplicação. Porém altamente corrosivo, danifica juntas

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de peças de borrachas e reage com matéria orgânica, podendo irritar a pele, mucosa e vias respiratórias dos manipuladores (EVANGELISTA, 2000).

Os Trialometanos (TAMs) constituem a principal classe de subprodutos típi-cos de desinfecção por cloração. Estudos toxicológitípi-cos sugerem que o clorofórmio seja um composto potencialmente carcinogênico aos humanos (MONTEIRO et al., 2001; PORTO, 2001). Segundo a Portaria n° 518 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), em vigor desde 25 de março de 2004, o valor máximo permissível de TAMs é de 0,1 mg.L-1. Outros países adotaram valores ainda menores (AGRIZZI, 2013).

Os produtos de decomposição são o ácido acético, o peróxido de hidrogênio e a água. O ácido peracético é atualmente um dos desinfetantes de maior aplicação na indústria de alimentos, devido à alta eficácia a frio e à grande diluição dos produtos de degradação, que não oferecem risco de toxicidade nem afetam o sabor e odor dos alimentos (GERMANO; GERMANO, 2003).

Novos produtos estão surgindo no mercado como, por exemplo, o Vortex, que é um desinfetante à base de ácido peracético e ácido peroctanóico utilizado em indús-trias alimentícias. O Vortex possui algumas vantagens como: alta eficiência biocida contra a maioria dos micro-organismos; concentrações muito mais baixas do que os desinfetantes à base de ácido peracético convencionais; elimina a necessidade de múltiplos desinfetantes; elimina a necessidade de enxágue (GORMEZANO, 2007).

A utilização do vinagre na alimentação pode ocorrer nas formas de condimen-to, conferindo sabor ácido, e como conservante, evitando o crescimento de micro--organismos (ENTANI et al., 1998; SEGUN; KARAPINAR, 2004). O vinagre pode apresentar efeitos fisiológicos positivos em relação à regulação da glicose sanguínea (EBIHARA; NAKAJIMA, 1988; JOHNSTON; BULLER, 2005), controle da pressão arterial, auxílio da digestão, estimulação do apetite (XU; TAO; AO, 2007) e pro-moção da absorção de cálcio (HADFIELD; BEARD; LEONARD-GREEN, 1989; XU; TAO; AO, 2007).

A qualidade final do vinagre pode ter influência pela matéria-prima empregada como substrato para sua fabricação, pelo sistema de acetificação utilizado e pela pre-sença ou não de processos de envelhecimento em madeira (TESFAYE et al., 2002).

O vinagre e o limão são há muito tempo conhecidos como conservantes de alimentos, em função do seu alto conteúdo de ácidos orgânicos com ação antimi-crobiana. O vinagre contém ácido acético em uma concentração mínima de 4% e é bastante utilizado na desinfecção de verduras e frutas em nível doméstico, diluído a 6% em água (AQUARONE; ZANCANARO Jr., 1990).

O estudo da eficácia desses métodos de desinfecção se torna importante, pois os produtos envolvidos são de acesso universal (normalmente já estão presentes no ambiente domésticos para outras finalidades) e seu custo é muito mais baixo (MAISTRO, 2001).

Referências

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