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Palavras-chave: Avaliação física Percentual de gordura corporal Educação Física Nutrição.

Introdução

Os profissionais da saúde, especialmente da Educação Física e Nutrição, ocu- pam um lugar de destaque na sociedade contemporânea, devido a estarem direta- mente associados à qualidade de vida e promoção da saúde das pessoas. A partir desta perspectiva, estes profissionais são vistos e avaliados pela sociedade como exemplos de pessoas saudáveis, tanto pelo seu conhecimento sobre o exercício físico como sobre a dieta saudável, respectivamente. O excesso de tecido adiposo corporal pode resultar em diversos danos à saúde, ao passo que uma massa magra desenvol- vida garante uma taxa metabólica basal adequada, facilitando o controle do peso corporal (KENNEY et al., 2013).

Com base no exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar o perfil da composição corporal dos acadêmicos de Educação Física (Licenciatura e Bacharela- do) e Nutrição da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC. A literatu- ra apresenta baixa incidência investigativa que aborda sobre o perfil de composição corporal de estudantes universitários comparando-os com acadêmicos de outros cursos.

O trabalho se justifica ainda pela necessidade de retratar aos futuros profis- sionais as suas condições antropométricas, pois estes possuem a responsabilidade de atuar na sociedade como promotores de saúde. Deseja-se perceber também, ao fim da pesquisa longitudinal, se os acadêmicos utilizam o conhecimento adquirido na faculdade para o cuidado do próprio corpo e saúde. A proposta foi ainda um im- portante instrumento para o desenvolvimento de iniciação científica, essencial no contexto acadêmico.

Sabe-se que a obesidade é uma doença crônica causada por diversos fatores: ambientais, culturais, sociais, comportamentais, psicológicos, metabólicos e gené- ticos. Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura corporal resultante do desequilíbrio entre a ingestão de calorias e o gasto energético (KENNEY et al., 2013). A obesidade é um dos principais problemas de saúde contemporâneos e está associada a diver- sos fatores de risco, incluindo doenças do sistema cardiocirculatório, distúrbios no metabolismo e problemas ortopédicos (PRESTES, 2012).

A prática regular de atividade física está associada à melhoria da saúde e qua- lidade de vida de seus adeptos. Grande número de estudos científicos demonstrou que o hábito de praticar exercícios físicos regularmente gera inúmeros benefícios e constitui um instrumento fundamental nos programas voltados à promoção da saúde. Essas atividades físicas provocam alterações fisiológicas, bioquímicas e psi- cológicas (PRESTES, 2012).

No estudo de Prestes (2012) não foi encontrada diferença significativa no Ín- dice de Massa Corporal (IMC) entre acadêmicos de Educação Física e Nutrição de

uma instituição de ensino superior do município de Canoas/RS, os integrantes de ambos os cursos apresentaram resultados dentro da normalidade, embora tenha sido apontado que os acadêmicos de Educação Física se declararam mais ativos fisi- camente do que os acadêmicos de Nutrição.

Em outro estudo, de Reuter et al. (2012), foi comparada a composição corporal de estudantes universitários dos últimos semestres dos cursos de Medicina e Edu- cação Física de uma universidade de Blumenau/SC. Concluíram que os acadêmicos de Educação Física possuíam menor percentual de gordura (24,2% contra 27,1%) e maior massa magra (72,2% contra 69,4%) em comparação aos estudantes de Medi- cina. Tais resultados foram atribuídos ao estilo de vida, especialmente com relação à quantidade de exercícios físicos praticados.

1. Metodologia

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Associação Educacional Luterana BOM JESUS/IELUSC e aprovada em 31 de ju- lho de 2014 sob parecer n° 727.815. A divulgação do estudo ocorreu nas salas de aula das primeiras fases dos cursos de Educação Física e Nutrição. Todos estes estudan- tes foram convidados a participar e a adesão naquele momento foi maior que 90%. Somente participaram do projeto os acadêmicos que após a leitura das explicações e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Entretanto, ficou a critério deles a desistência da participação no decorrer do projeto. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Fisiologia do Exercício da Faculdade IELUSC.

Os testes antropométricos foram realizados no prazo de dois meses, individu- almente, no tempo previsto de 10 a 15 minutos de duração. Para tanto, o grupo de pesquisa esteve disponível em horário anterior ao início das aulas e em horário de intervalo entre aulas, com agendamento dos participantes. Aderiram ao estudo e foram avaliados 12 estudantes de Bacharelado em Educação Física, 12 estudantes de Licenciatura em Educação Física e 14 acadêmicas de Nutrição.

Os dados antropométricos foram coletados conforme abaixo descrito:

O peso foi aferido com uma balança eletrônica portátil. A balança foi colocada em local plano e os indivíduos foram pesados sem sapatos, agasalhos (blusas) ou objetos nos bolsos (BRASIL, 2004). A estatura foi determinada com fita métrica fixada junto à parede e medida em posição ereta, com os braços estendidos para baixo, os pés unidos e encostados à parede. Para a aferição, utilizou-se um esquadro de madeira colocado rente à cabeça (BRASIL, 2004). Em todos os participantes da pesquisa foram aferidos o peso e a estatura para determinação do Índice de Massa Corporal (IMC), utilizando-se a seguinte fórmula: IMC: Massa Corporal/estatura² (WHO, 1997).

A composição corporal (percentual de gordura) foi determinada pela técnica de dobras cutâneas. Foram utilizadas equações de Petroski (1995 apud SALEM et al., 2007) validadas para a população brasileira com altos índices de correlação e determinação e baixo erro de estimativa (SALEM et al., 2007). Para as mulheres foi utilizada a equação F10 (que utiliza a somatória das dobras cutâneas axilar média, suprailíaca, coxa média e panturrilha, incluindo ainda a idade, massa corporal e estatura). Para os homens foi utilizada a equação M8 (que utiliza a somatória das dobras cutâneas subescapular, suprailíaca, tricipital e panturrilha, incluindo ainda a idade e as circunferências de antebraço e abdome).

As equações citadas estimam a Densidade (D) dos sujeitos, sendo necessária ainda a equação de SIRI (apud SALEM et al., 2007) para a determinação do percen- tual de gordura corporal (%G=(495/D)-450).

Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa estatístico SPSS versão 13.0. As comparações entre os grupos foram feitas por meio de análise de variância. Foram comparadas as variáveis IMC e Percentual de Gordura entre os três grupos do estudo (Nutrição, Educação Física Licenciatura e Bacharelado). Quando signi- ficativos, todos os testes foram complementados pelo post hoc Tukey. Foi adotado um nível de significância de p≤0,05. Foi ainda calculada a correlação (r) entre as variáveis de IMC e Percentual de Gordura Corporal.

2. Resultados e Discussão

Os acadêmicos dos primeiros anos dos cursos considerados não apresentaram diferença estatisticamente significativa em relação à idade de ingresso na faculdade (p>0,05), conforme apresentado no Quadro 2. No entanto, percebe-se que as estu- dantes de Nutrição apresentam uma média menor de idade e menor desvio-padrão, representando um grupo mais homogêneo quanto à idade de ingresso na faculdade.

Quadro 1: Equações para estimativa da densidade corporal

F10 M8 D = 1,03465850 – 0,00063129 (Y4) + 0,00000187 (Y4)2 – 0,00031165 (Idade) - 0,00048890 (Peso) + 0,00051345 (Estatura) D = 1,09255357 – 0,00067980 (X4) + 0,00000182 (X4)2 – 0,00027287 (Idade) + 0,00204435 (CAT) – 0,00060405 (CAB) Fonte: Petroski (1995).

As acadêmicas do curso de Educação Física apresentaram uma tendência de maior peso corporal em virtude da maior massa muscular observada por meio do Percentual de Gordura Corporal, embora não houve diferença significativa em ne- nhuma das variáveis estudadas (p>0,05), conforme apresentado no Quadro 3. A maior relação de peso pela estatura (IMC) com menor percentual de gordura corpo- ral é indicador de maior muscularidade.

Os estudantes ingressantes do curso de Licenciatura em Educação Física apre- sentaram uma tendência de menor Percentual de Gordura Corporal quando com- parados aos estudantes do Bacharelado, embora não tenha havido diferença signi- ficativa em nenhuma das variáveis estudadas (p>0,05), conforme apresentado no Quadro 4.

As pequenas diferenças entre os grupos, que foram apresentadas nos resulta- dos acima, não foram estatisticamente significativas. Desta forma, os acadêmicos ingressantes no ano de 2014 nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física e Nutrição apresentaram idade, Índice de Massa Corporal (IMC) e Percentual de Gordura Corporal semelhantes. Estes resultados são importantes para a futura comparação que será realizada com a coleta de dados no final dos cursos destes mes-

Quadro 2: Amostra e idade dos participantes Educação Física

Bacharelado

Educação Física Licenciatura

Nutrição

N Idade N Idade N Idade

12 23,23 + ou - 4,94 12 22,65 + ou - 5,90 14 20,29 + ou - 3,02 Fonte: Elaboração dos autores.

Quadro 3: Comparação entre as mulheres participantes

Nutrição Educação Fisíca IMC % Gordura 23,32 + ou - 3,19 22,80 + ou - 5,93 IMC % Gordura 22,79 + ou - 2,98 25,22 + ou - 4,83 Fonte: Elaboração dos autores.

Quadro 4: Comparação entre os homens participantes

Educação Fisíca - Licenciatura Educação Fisíca - Bacharelado

IMC % Gordura

24,07 + ou - 2,51 17,07 + ou - 6,05

IMC % Gordura

23,63 + ou - 3,44 13,71 + ou - 4,44 Fonte: Elaboração dos autores.

mos estudantes. Acredita-se que no quarto ano do curso os acadêmicos apresentem diferenças conforme encontrado por Reuter et al. (2012) com relação à maior massa magra apresentada pelos estudantes de educação física em decorrência do seu en- volvimento com o exercício físico.

Foi realizado ainda o teste de correlação entre as variáveis de IMC e Percentual de Gordura Corporal, no qual foi encontrada uma correlação muito forte (r=0,90) entre estas variáveis, indicando que o IMC pode ser utilizado para a determinação de sobrepeso e obesidade quando se trata de grupos e populações. Este achado é su- portado por diversos estudos na literatura. Em estudo recente de Silva et al. (2017) o IMC foi comparado com diversas outras técnicas de estimativa de percentual de gordura visando a determinação da obesidade; foram encontradas semelhanças es- tatísticas entre as mesmas para tal finalidade. Tratando-se o IMC de uma técnica simples e barata, é considerado o padrão-ouro para a determinação do sobrepeso e da obesidade na população.

Considerações finais

Os acadêmicos ingressantes no ano de 2014 nos cursos de Licenciatura e Ba- charelado em Educação Física e Nutrição não apresentaram diferenças estatistica- mente significativas em relação à idade, Índice de Massa Corporal (IMC) e Percen- tual de Gordura Corporal.

As variáveis de IMC e Percentual de Gordura Corporal apresentaram correla- ção muito forte (r=0,90), indicando que o IMC pode ser utilizado para determina- ção de sobrepeso e obesidade quando se trata de grupos e populações.

Neste primeiro momento da presente pesquisa foi possível aprovar o projeto no comitê de ética, coletar os primeiros dados do estudo e aplicar testes estatísticos sobre estas informações. Faz-se necessária a coleta dos dados destes mesmos parti- cipantes no período de conclusão dos seus respectivos cursos, visando comparar o efeito de cada curso sobre a composição corporal dos estudantes.

O presente estudo proporcionou ainda a iniciação científica aos acadêmicos do curso de Bacharelado em Educação Física, além de retratar aos futuros profissionais de Educação Física e Nutrição suas atuais condições antropométricas.

Referências

KENNEY, W. Larry; WILMORE, Jack H.; COSTILL, David L. Fisiologia do Esporte

e do Exercício. 5 ed.. São Paulo: Manole, 2013.

PRESTES, Carina Ferreira. Avaliação da composição corporal de acadêmicas do

curso de Educação Física e Nutrição de uma instituição de ensino superior do Mu- nicípio de Canoas, RS. EFDeportes.com, Revista Digital, Buenos Aires, Ano 17, nº 173, 2012.

REUTER, Cristina; STEIN, Carlos Efrain; VARGAS, Deisi Maria. Massa óssea e

composição corporal em estudantes universitários. Rev Assoc Med Bras, v.58, n.3,

p. 328-334, 2012.

SALEM, Marcelo; PIRES NETO, Cândido Simões; WAISSMANN, William. Equações

Nacionais para a Estimativa da Gordura Corporal de Brasileiros. Revista de Educação Física, n.136, p. 66-78, 2007.

SILVA, Thainá C. P.; SILVA, Marcelo H.; MEDEIROS, Alexandre V. M. Resultado de avaliação da densidade corporal por meio de diferentes protocolos. Revista Brasileira de

Prescrição e Fisiologia do Exercício, v.11. n.64. p.20-25, 2017.

WHO. Health Organisation. Obesity: Preventing and Managing the Global Epi-

demic. Report of the WHO Consultation of Obesity. Geneva: World Health Organisation,

1997.

Sobre os autores

Paulo Henrique Foppa de Almeida: Mestre em Educação Física (Fisiologia da Performance). Professor Adjunto dos Cursos de Educação Física da Faculdade IELUSC.

Darci Venâncio Rosa Filho: Acadêmico da 9 fase do Curso de Bacharelado em Educação Física da Faculdade IELUSC. Ana Paula Nunes: Acadêmica da 9a fase do Curso de Bacharelado em Educação Física da Faculdade IELUSC.