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John Kenned Lima Leite Rosilda Veríssimo Silva

1. Diferentes estilos de organização do cuidado no hospital

1.2 Instrumentos para distribuição das atividades de enfermagem

Pensando nas buscas teóricas sobre instrumentos que possam ser arcabouço para a tomada de decisões do enfermeiro quanto a distribuição de pessoal durante o turno de trabalho, trazemos a contribuição de Wolff et al. (2007), que defendem que o cuidado de enfermagem com segurança e qualidade deve contar com quantitativo e qualitativo de pessoal, condizentes com as necessidades dos pacientes atendidos. Nesse sentido, iatrogenias, que são erros decorrentes de assistência, são evitadas.

Em um estudo exploratório os autores relatam o uso de escalas para a medida da carga de trabalho como possibilidade para elaborar o dimensionamento de pes- soal nas unidades. O grau de complexidade dos cuidados requeridos pelo pacien- te está na relação com a carga de trabalho medida pela Nursing Activities Score (NAS). O NAS é um escore de avaliação dos cuidados de enfermagem com pacientes críticos internados em unidades de terapia intensiva. Também em unidades de cui- dados críticos o NAS tem fornecido elementos seguros para dimensionar a carga de trabalho por meio da avaliação dos cuidados. Na pesquisa realizada com pacientes de unidades de cuidados semi-intensivos as autoras estimaram que os pacientes com distúrbios neurológicos apresentam maior grau de dependência de cuidados de enfermagem, seguido por aqueles oriundos da clínica médica e da especialidade de cardiologia (WOLFF et al, 2007). Embora apresentem importantes contribuições, na prática é preciso que seja considerada, pois há profissionais que, embora utilizem uma forma para classificar as necessidades de cuidados dos pacientes, seguem mo- delos de divisão do trabalho conforme a estrutura física da unidade e, independente do quadro de saúde apresentado pelo paciente, um mesmo profissional pode ser es- calado para a assistência daqueles de alta dependência enquanto outros ficam com tempo livre devido à independência do cuidado do paciente.

O sistema de classificação de pacientes é uma forma de dimensionar o quanti- tativo e o qualitativo e está como referência para a enfermagem brasileira (COFEN,

2017). Com isso, entendemos que o enfermeiro, ao seguir regras para classificar os pacientes, deve utilizar tais informações não apenas para o dimensionamento do qualitativo e quantitativo em um determinado espaço de tempo nas instituições. Cabe ao profissional usar de suas características gerenciais e de liderança na equipe para tomar decisões que favoreçam que o trabalho seja feito de modo mais assertivo com seus colaboradores.

Embora não haja registros sobre instrumentos para a divisão da equipe quanto às atribuições, acreditamos que a medida da carga de trabalho (NAS) e o grau de dependência dos cuidados de enfermagem estudados (FUGULIN; GAIDZINSKI; KURCGANT, 2005; MARTINS; ARANTES; FORCELLA, 2008; PERROCA, GAI- DZINSKI, 2002; PERROCA, 2011; DINI; GUIRARDELLO, 2014) possam contri- buir para orientar o enfermeiro no desenvolvimento de escalas de atribuições diá- rias mais equitativas. Também é importante que esse profissional realize no seu dia a dia a reorganização da escala, demonstrando sensibilidade e cuidado com a equipe de enfermagem (COREN-SP, 20011; COFEN, 2017).

É possível perceber que as publicações nacionais priorizam as escalas de maior complexidade em suas discussões, apresentando modelos para classificação dos pacientes conforme suas necessidades de cuidado e dependência para atendê-los e orientações para organização de escalas de férias ou mensal para os trabalhadores de enfermagem. As escalas desenvolvidas pelo enfermeiro a cada turno de trabalho, para organização da assistência são, apesar de relevantes, pouco discutidas. Afinal, elas podem indicar a compreensão deste profissional sobre manutenção de condi- ções adequadas de trabalho em sua equipe como fator cooperativo para a humani- zação do cuidado de qualidade para o paciente.

Considerações finais

Neste ensaio discutimos a responsabilidade do enfermeiro no gerenciamento do cuidado de qualidade prestado ao paciente hospitalizado. Nessa organização o profissional está orientado e alinhado com as políticas internas da instituição. A Enfermagem é uma profissão autônoma e o enfermeiro tem qualificação para argu- mentar junto aos órgãos administrativos e gestores institucionais quanto a necessi- dade de manter a enfermagem atuando como equipe integração. Junto disso, plane- jar escalas de atribuição de atividades ajustadas aos padrões de oferta de cuidados profissionais de mais qualidade e mais humanizadas.

A partir de princípios para a elaboração de escalas de trabalho mais complexas entendemos que a escala de serviço realizada pelo enfermeiro possa, em sua organi- zação diária do cuidado direto ao paciente, considerar a reavaliação dos pacientes e

redistribuição entre os integrantes evitando a sobrecarga de alguns integrantes e o ócio de outros. Esse aspecto do gerenciamento de pessoas no trabalho do enfermei- ro líder da equipe demonstra o seu comprometimento com os colegas de trabalho, com os pacientes e com a instituição empregadora. Ainda, evidencia aspectos éticos do cuidado profissional. Dessa maneira, demonstra a atenção nas necessidades dos pacientes, da equipe e da profissão.

Referências

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM SÃO PAULO (COREN-SP). Parecer

062 de 12 de agosto de 2011. Dimensionamento de pessoal utilizando as recomendações dos

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Sobre os autores

John Kenned Lima Leite: Acadêmico da 7ª fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade IELUSC. Rosilda Veríssimo Silva: Enfermeira. Doutora. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade IELUSC.

notas sobre visibilidade e representatividade