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Análise dos diagnósticos de enfermagem relacionados a conforto do paciente internado por politrauma

Rosilda Veríssimo Silva

1. Revisão de Literatura

2.1 Análise dos diagnósticos de enfermagem relacionados a conforto do paciente internado por politrauma

víduo implicam pensar no processo físico, mental e ambiental com impactos na vida do usuário do serviço de saúde. O conforto se refere ao domínio 12 da Taxonomia II da NANDA-I e sua elaboração pode se relacionar com três classes para a definição do diagnóstico. Especificamente no ambiente hospitalar e relacionado ao politrau- ma, tais impactos podem estar presentes simultaneamente nas três classes.

A primeira classe é a correspondente ao conforto físico, a seguinte é a de con- forto ambiental, seguida por conforto social. A definição do diagnóstico corresponde a um “padrão de sensação de conforto, alívio e transcendência nas dimensões física, psicoespiritual, ambiental e/ou social que é suficiente para o bem estar e pode ser fortalecido” (DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DA NANDA, 2013, p. 542).

2.1.1 Conforto físico e ambiental como diagnóstico de enfermagem

Tratar o indivíduo com o foco de estimular a sensação de tranquilidade em seu próprio ambiente e livre da dor é o propósito descrito nestas classes com o objetivo de melhorar o conforto do cliente. Relacionadas com o conforto físico encontramos as classes: 1) disposição para melhora do conforto; 2) conforto prejudicado; 3) dor crônica e 4) náusea. Já no conforto ambiental aparecem duas classes semelhantes às duas primeiras relativas ao conforto físico. Sobre o conforto social temos três diagnósticos de enfermagem, sendo a disposição para melhora do conforto, confor- to prejudicado e isolamento social. Apresentamos a seguir aqueles relacionados ao paciente que teve politrauma.

A coleta de informações no prontuário do paciente, somada à coleta diária para proceder aos cuidados de enfermagem, pode trazer informações que evidenciem a sua vontade de autoajuda na internação. Esses elementos são utilizados para fazer o diagnóstico de disposição para conforto melhorado; este pode ser caracterizado na abordagem ao paciente quando ele relatar o desejo de melhorar o relaxamento e conforto e, ainda, de intensificar a resolução dos problemas relativos ao trauma que está vivenciando.

O conforto prejudicado se relaciona com a falta percebida de sensação de con- forto e acreditamos que o paciente hospitalizado com traumas múltiplos tem afe- tado o conforto nas três esferas: física, ambiental e social. Primeiro devido à lesão física causada no acidente; segundo, à internação e, finalmente, ao social; porque o paciente é retirado de sua dinâmica de vida, seja no trabalho ou com familiares e amigos. Particularmente no campo social este diagnóstico se refere à solidão que é experimentada e percebida como imposta por outros, sendo considerado um estado ameaçador ou negativo (DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DA NANDA, 2013). Dentre as justificativas para tal diagnóstico, destacamos a ausência de pessoas sig- nificativas e a evidência de deficiências que são situações presentes durante a inter- nação por múltiplos traumas.

Ainda nessas informações sabemos que a hospitalização implica relativa perda de controle das situações, que pode resultar em alterações psíquicas. Nesse sentido, o diagnóstico de conforto prejudicado relacionado ao controle situacional e a priva- cidade insuficiente pode ser apontado para direcionar o cuidado com esses sujeitos. Nesse diagnóstico as situações de ansiedade, modificação no padrão do sono e re- pouso, desconforto bem como o desagrado com a situação podem ser características.

Pensando no paciente internado por politraumatismo, após a saída da situação de emergência e urgência, focalizamos a dor aguda como diagnóstico de enferma- gem. A dor é uma repercussão importante nos pacientes com múltiplos traumas, já que existem lesões com variação de amplitude de complexidade. Nesse tipo de lesão os tecidos são agressivamente atingidos e resultam em diferentes percepções dolorosas.

O diagnóstico de enfermagem de dor aguda tem por conceituação a percepção sensorial ou emocional desagradável decorrente da lesão tecidual, real ou potencial ou ainda descrita como tal. A dor inicia de modo súbito ou lento, com intensidade variando de leve à intensa; há um término previsível ou antecipado que tem como prazo de duração um período menor que seis meses (HERDMAN; KAMITSURU, 2015).

Igualmente, o paciente que sofreu politrauma e foi internado é uma pessoa saudável que pode ficar apreensivo em função de seus compromissos de trabalho e cuidado com a família, o que pode provocar mudanças na qualidade e quantidade de horas de sono. Ainda, pode apresentar amedrontamento com os sintomas de so- frimento. Por essas razões o diagnóstico de dor aguda certamente estará presente. Isso pode ser relacionado com a condição pós-trauma caracterizada por expressão facial de dor, mudanças no padrão de sono e relatos de dor (DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM DA NANDA, 2013; HERDMAN, KAMITSURU, 2015).

2.1.2 Conforto social

A partir dos Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (2013) e de Herdman e Kamitsuru (2015), analisamos que a retirada abrupta de uma pessoa de seu convívio familiar pode conduzir ao diagnóstico de isolamento social relacionado à alteração do bem-estar e incapacidade e engajar-se em relacionamentos pessoais satisfató- rios. Acreditamos que o paciente possa apresentar os sinais e sintomas de afeto tris- te, condição de incapacitante e percepção de se sentir diferente dos outros, os quais seriam elementos caracterizadores do diagnóstico.

Fundamentadas nas autoras entendemos que o paciente internado por múlti- plos traumas tem, na classe três – relativa ao conforto social, o diagnóstico de risco de solidão. Este pode estar relacionado ao tempo de hospitalização, o paciente pode evitar a convivência com os demais pacientes, bem como evitar o contato com a

equipe de enfermagem ou mesmo familiares. Estas condições caracterizam o isola- mento físico, social, afetivo e emocional do diagnóstico de enfermagem.

Considerações finais

Promover o conforto ao paciente pelos profissionais da enfermagem é o que caracteriza esta profissão como a arte de cuidar. Florence Nightingale, personagem marcante para a enfermagem, a partir de 1850 já prestava seus cuidados aos doentes e proporcionava conforto básico, priorizando a melhoria da qualidade de vida des- ses clientes e reduzindo o número de mortes ocasionadas por infecções. Atualmen- te, a enfermagem se fundamenta em métodos científicos, composto por ferramentas que auxiliam no tratamento ao usuário, como os diagnósticos de enfermagem da NANDA, abordados neste texto.

Para atingir a sensação do bem-estar do paciente no ambiente hospitalar, isto é, livre da dor ou qualquer sintoma de interfira no seu conforto, o enfermeiro necessita ampliar sua visão. Neste texto foram utilizadas as três classes de conforto descritas no domínio 12 da NANDA, considerando o cliente hospitalizado por trauma, vítima de acidente de trânsito. Foram descritos cinco diagnósticos conforme a organização do domínio nas classes de conforto físico/ ambiental e conforto social.

Os diagnósticos de enfermagem evidenciam o saber específico da profissão e conferem autonomia ao profissional na prescrição de cuidados independentes. Vale lembrar que compõem ainda os diagnósticos de enfermagem aqueles que implicam na colaboração e dependência de outros profissionais de saúde, a exemplo: nutricio- nista, médico, fisioterapeuta, psicólogo e terapeuta ocupacional. Portanto, o cuida- do do paciente hospitalizado pode ser feito de modo ampliado e dinâmico resultan- do em saída e retorno mais breve ao seu convívio social.

Como se aponta neste artigo, os diagnósticos de enfermagem ocupam destaque e importância para a profissão e para o cuidado com os pacientes e são fundamen- tais para melhoria do desenvolvimento da enfermagem e qualificação dos cuidados. Igualmente, trata-se de uma contribuição social desta instituição de ensino na divul- gação e fortalecimento de instrumentos qualificadores do cuidado de enfermagem.

Referências

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Sobre as autoras

Luana Sell: Acadêmica da 7ª fase do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade IELUSC.

Rosilda Veríssimo Silva: Enfermeira. Doutora. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade IELUSC.

ensino, estrutura curricular e perspectiva do