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Braz. j. . vol.83 número4

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www.bjorl.org

Brazilian

Journal

of

OTORHINOLARYNGOLOGY

ARTIGO

ORIGINAL

The

importance

of

clinical

monitoring

for

compliance

with

Continuous

Positive

Airway

Pressure

Lucas

B.

Pelosi

a

,

Mariana

L.C.

Silveira

b

,

Alan

L.

Eckeli

c

,

Emilia

M.P.C.

Chayamiti

b,d

,

Leila

A.

Almeida

c

,

Heidi

H.

Sander

c

,

Daniel

S.

Küpper

b

e

Fabiana

C.P.

Valera

b,

aUniversidadedeSãoPaulo(USP),FaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto,RibeirãoPreto,SP,Brasil bUniversidadedeSãoPaulo(USP),FaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto,DepartamentodeOftalmologia,

OtorrinolaringologiaeCirurgiadeCabec¸aePescoc¸o,RibeirãoPreto,SP,Brasil

cUniversidadedeSãoPaulo(USP),FaculdadedeMedicinadeRibeirãoPreto,DivisãodeNeurologia,RibeirãoPreto,SP,Brasil dSecretariaMunicipaldeSaúdedeRibeirãoPreto,RibeirãoPreto,SP,Brasil

Recebidoem3defevereirode2016;aceitoem23demaiode2016 DisponívelnaInternetem27demaiode2017

KEYWORDS

CPAP; OSAS; Apnea; Compliance; Positivepressure device;

Obstructivesleep apnea

Abstract

Introduction:Obstructivesleepapneasyndromeiscurrentlyapublichealthproblemofgreat importance. When misdiagnosed or improperly treated, it can lead to serious consequen-ces onpatients’ qualityoflife.The goldstandardtreatment for casesofobstructive sleep apnea syndrome,especiallyinmildtosevereandsymptomaticcases,iscontinuous positive airwaypressuretherapy.Compliancewithcontinuouspositiveairwaypressuretherapyis direc-tlydependentontheactiveparticipationofthepatient,whichcanbeinfluencedbyseveral factors.

Objective: Theobjectiveofthisstudyistodescribethefactorsrelated tocompliancewith continuouspositiveairwaypressuretherapy,andtoanalyzewhichassociatedfactorsdirectly influencetheefficiencyofthetreatment.

Methods:Patientswhoreceivedcontinuouspositiveairwaypressuretherapythroughthe Muni-cipalHealthDepartmentofthecityofRibeirãoPretowererecruited.Astructuredquestionnaire wasadministeredtothepatients.Compliancewithcontinuouspositiveairwaypressuretherapy wasassessedbyaveragehoursofcontinuouspositiveairwaypressuretherapyusagepernight. Patients with good compliance (patients using continuous positive airway pressure therapy

≥4h/night)werecomparedtothosewithpoorcompliance(patientsusing<4h/night). Results:138patientswereanalyzed:77(55.8%)wereconsideredcompliantwhile61(44.2%) werenon-compliant.Thecomparisonbetweenthetwogroupsshowedthatregularmonitoring by aspecialist considerably improved compliancewith continuous positive airwaypressure therapy(oddsratio,OR=2.62).

DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.05.013

Comocitaresteartigo:Pelosi LB,Silveira ML,EckeliAL, ChayamitiEM,Almeida LA, SanderHH, etal. Theimportanceof clinical monitoringforcompliancewithContinuousPositiveAirwayPressure.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:439---44.

Autorparacorrespondência.

E-mails:facpvalera@fmrp.usp.br,facpvalera@uol.com.br(F.C.Valera).

ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.

(2)

Conclusion:Compliancewithcontinuouspositiveairwaypressuretherapyisrelatedto educa-tionalcomponents,whichcanbeenhancedwithcontinuousandindividualizedcaretopatients withobstructivesleepapneasyndrome.

© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY license (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

PALAVRAS-CHAVE

CPAP; SAOS; Apneia; Adesão;

Aparelhodepressão positiva;

Apneiaobstrutivado sono

AimportânciadoseguimentoclínicoparaadesãoaoCPAP

Resumo

Introduc¸ão:Síndrome daapneiaobstrutiva do sono(SAOS)é,atualmente, um problemade saúdepúblicadesumaimportância.Quandomaldiagnosticadaoutratadainadequadamente, podelevarasériasconsequênciasnaqualidadedevidadopaciente.Otratamentopadrão-ouro para casosde SAOS,principalmente noscasosmoderados agrave esintomáticos, éoCPAP (ContinuousPositiveAirwayPressure).AadesãoaoCPAPdependediretamentedaparticipac¸ão ativadopaciente,quepodeserinfluenciadaporváriosfatores.

Objetivo:O objetivodeste estudo édescrever os fatores relacionadosàadesão ao CPAPe analisarquaisfatoresassociadosinfluenciamdiretamentenaeficiênciadotratamento. Método: ForamrecrutadospacientesquereceberamCPAPpelaSecretariaMunicipaldeSaúde deRibeirãoPreto.Umquestionárioestruturadofoiaplicadoaopaciente.AadesãoaoCPAPfoi avaliadapelamédiadehorasdeusodoCPAPpornoite.Pacientescomboaadesão(pacientes em usode CPAP≥4horas/noite)foramcomparados aoscommá adesão(pacientes em uso <4horas/noite).

Resultados: Noestudo,138pacientesforamanalisados: 77(55,8%)foramconsiderados ade-rentese61(44,2%)foramnãoaderentes.Acomparac¸ãoentreosdoisgruposdemonstrouque oseguimentoregularcomespecialistamelhorouconsideravelmenteaadesão aoCPAP(odds ratio,OR=2,62).

Conclusão:A adesãoao CPAPestárelacionadaacomponentes educacionais,quepodem ser aprimoradoscomassistênciacontínuaeindividualizadaaopacientecomSAOS.

© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

Introduc

¸ão

Asíndromedaapneiaobstrutivadosono(SAOS)é conside-radahojeumproblemadesaúdepúblicamuitoimportante, com prevalência, respectivamente, de 4 e 2% nos gêne-rosmasculino e feminino.1 Em um estudo epidemiológico

recente,feitonacidadedeSãoPaulo,aprevalênciadaSAOS entreadultosfoide32,8%.2Emcasossubdiagnosticadosou

nãotratados, a SAOS podelevar a repercussões significa-tivas e permanentes na qualidade de vida do paciente e reduzirafunc¸ãoglobalcognitiva.3Alémdisso,elaestá

rela-cionadaàaltataxademorbimortalidadeeestáassociadaa doenc¸ascomohipertensãoarterialsistêmica,4infartoagudo

domiocárdioeacidentevascularisquêmico.

AfisiopatologiadaSAOSenvolveoacometimentodevias aéreassuperioresduranteosono.Osprincipaisagentes asso-ciadossãofatoresobstrutivosanatômicos(comohipertrofia adenotonsilar,hipertrofiadabasedelínguaemassas cervi-cais),alterac¸õesneuromusculares, distribuic¸ãodagordura naregiãocervical5ouaassociac¸ãoentreessascondic¸ões.

O tratamento padrão-ouro para SAOS, principalmente nos casos moderados a grave e sintomáticos, é o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure).6 O CPAP é um

tratamento não invasivo,7 fácil de usar e de alta

eficá-cia. Quandobemadaptado aessetratamento, opaciente apresentasignificativamelhorianaqualidadedevida,com reduc¸ão da sonolência diurna,8 o que diminui os riscos

cardiovasculares.8,9Noentanto,essebenefícioéirrelevante

quandoopacientenãoadereaotratamento.Assim,a ade-são ao tratamento é umimpasse negativo importante no manejodaSAOSedependediretamentedoenvolvimentodo paciente.7

Deacordocomaliteratura,váriascaracterísticaspodem influenciarnaadesãoaoCPAP:outrosproblemasdesaúde, alémdaSAOS;adisponibilidadedepolissonografiapara titu-lar a pressão a ser idealmente usada no CPAP; e fatores psicossociaiseeconômicos.10

(3)

Oobjetivodopresenteestudofoiobservaraadesãoao CPAPnessespacienteseanalisarospossíveisfatores relaci-onados.

Método

OspacientesquereceberamCPAP daSecretariaMunicipal deRibeirãoPretoforamconvidadosaparticipardoestudo. ElesforamorientadosacompareceraoAmbulatóriodos Dis-túrbiosdoSonodoHCFMRPetrazercomelesoequipamento deCPAP.

Os participantes que compareceram foram submetidos a um questionário preestabelecido, que abordava idade; doenc¸as associadas, como depressão, hipertensão arterial sistêmica(HAS),diabete,hipotireoidismo,infartoagudodo miocárdio(IAM),acidentevascularisquêmico(AVC),asmae refluxogastroesofágico(RGE);tabagismo;etilismo;e medi-camentosem uso.O tempode história de diagnóstico de SAOSedeusodeCPAP(emanos)foiregistrado,assimcomo seopacientefaziausodemáscaranasaloufacial.Porfim, foi registrado se o paciente fazia seguimento em servic¸o públicoouprivadodesaúde.

Alémdisso,ospacientesforaminterrogadossobreoque elessabiamsobreadoenc¸a(SAOS),pormeiodeduas ques-tões: a) ‘‘Você sabe qual doenc¸a você tem, tratada com CPAP?’’;b)‘‘Vocêsabequepossíveiscomplicac¸õesocorrem, caso a SAOS nãosejatratada corretamente?’’. O grau de satisfac¸ão com o tratamento foi abordado pela pergunta: ‘‘Oquantovocêestásatisfeitocomoseutratamento?’’’.A sonolênciadiurnatambémfoiavaliadapelaescalade sono-lênciadeEpworth(ESE).12,13

Os pacientesforam, então, submetidos a exame físico geral e otorrinolaringológico. Os seguintes componentes foramregistrados:índicedemassacorpórea(IMC), circun-ferênciacervical, rinoscopia(foramconsideradoso desvio septal e as características das conchas nasais) e orosco-pia (foram consideradas as graduac¸ões das tonsilas, do palatoedalíngua,respectivamente,pelasclassificac¸õesde Brodsky,MallampatieFriedman).14 Osresultadosda

polis-sonografiadiagnóstica,quandodisponíveis,tambémforam anotados.

AadesãoaoCPAPfoideterminadapelocálculodemédia de horas de uso por noite, identificada no horímetro do equipamento.Nosequipamentosquejáofereciamamédia pornoite, essa informac¸ão foiregistrada;nos que tinham apenasainformac¸ãodehoras deuso,o númerofoi regis-trado e o paciente compareceu em umnovo retorno, em média um a dois meses após a primeira consulta, para novo registro do horímetroe cálculo demédia por noite. Além disso, a pressão usada no CPAP (emcm/H2O) foi

registrada.

Ospacientesforamdivididosemdoisgrupos:Grupo1 ---pacientescomboaadesãoaoCPAP(médiadeusodeCPAP>4 horas por noite); e Grupo 2 --- pacientes com adesão ina-dequada(médiadeusodeCPAP<4horaspornoite)15 Após

identificac¸ãodequenãoestavamemusoadequadodo equi-pamento, os pacientes do Grupo 2 receberam orientac¸ão sobreaimportânciadousoeossemseguimentoforam orien-tadosaretornaràinstituic¸ão/clínicanaqualoequipamento foiindicado.Pacientescomdadosincompletosforam excluí-dosdoestudo.

Acomparac¸ãoentreosdoisgruposfoifeitapelostestes:

- Testeexatode Fisher paracomparar dadosde frequên-ciacomo:gênero,doenc¸asassociadas,tipodeservic¸ono qual elefazia seguimento (público ouprivado), tipode máscaraqueusavaeinformac¸õessobreconhecimentoou seguimentoclínico;

- TestetnãopareadodeStudentparacompararosseguintes dados:idade, horas deuso doCPAP, índice deapneia e hipopneia(IAH),IMC,ESEeanosdediagnósticodeSAOS edeusodoCPAP.

Finalmente, o número de horas de uso do CPAP correlacionou-secomosparâmetrosIMC,idade,IAH, pres-sãousada noCPAP e ESE.Para essepropósito, o testede correlac¸ãodePearsonfoiempregado.Paratodasasanálises estatísticas,asdiferenc¸asforamconsideradassignificativas quandop<0,05.

OprojetofoiaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa local,sobonúmero06340012.0.0000.5440.

Resultados

Compareceram 180 pacientes à consulta e para 75 deles uma única consulta foi suficiente para obter-se a média de horas de uso do CPAP; para os outros 105 pacientes, asegundaconsulta fez-se necessáriaparaobtenc¸ãodessa informac¸ãoe42foramexcluídosporquenãocompareceram aoretorno.Assim,138pacientescompletaramtodasasfases doestudo;entreeles,63(45,6%)eramdosexofemininoe 75(54,4%)domasculino.Aidademédia(±desviopadrão) foide58,20±11,02anoseoIMCmédio(±desviopadrão) de33,19±6,20kg/m2.

Foram obtidos dados de IAH de 83 pacientes, o valor médio foi de 45,52±26,56; 27 deles tinham SAOS mode-rada e comorbidades, enquanto 56 tinham SAOS grave. No geral, as doenc¸as associadas estiveram presentes na seguinte frequência: HAS em 87 pacientes; DM em 39; depressãoem31;hipotireoidismoem18;asmaem13;eRGE em19.CincopacientestinhamhistóriadeIAMouAVC pré-vio;37eramoutinhamsidotabagistas,enquanto13tinham históriadeetilismo.

Nogeral,ataxadepacientesquereceberamoCPAPeque tinhamadesãoconsideradacomoadequadafoide55,8%;77 pacientesformaramoGrupo1(boaadesãoaoCPAP)e61o Grupo2(adesãoinadequadaaoCPAP).Amédiadehorasde usodeCPAPnoGrupo1foide6,13±0,15horasenoGrupo2 de1,05±0,17horas.Adiferenc¸amédiaentreosgruposfoi de5horas,estatisticamentesignificante(p<,0001;IC95%: 4,63-5,53).

Acomparac¸ãodosdadosdemográficosentreosdois gru-pos não foi significativa, seja para idade, IMC ou IAH ao diagnóstico(tabela1).Nos83pacientessobreosquais tínha-mosinformac¸ãodoIAH,acorrelac¸ãoentreoIAHeonúmero dehorasdeusonãofoisignificativa(r=0,18;IC95%: -0,03-0,38;p=0,09).

(4)

Tabela 1 Comparac¸ão dos dados demográficos entre os pacientesdoGrupo1(boa adesão ao CPAP)e doGrupo 2 (máadesãoaoCPAP),pelotestetdeStudent

Parâmetro (média±DP)

Grupo1 Grupo2 p

Idade 57,84±1,36 58,67±1,28 0,65 IMC 32,88±0,66 33,48±0,89 0,59 IAHao

diagnóstico

47,6±4,10 40,52±3,92 0,21

DP,desviopadrão;IAH,índicedeapneiaehipopneia;IMC,índice

demassacorpórea.

comdepressão usavamsignificativamente menoshorasde CPAPdoqueossemdepressão(4,05±0,27vs.2,24±0,33; p<0,0001). A diferenc¸a persistiu não significativa para outrasdoenc¸asassociadas.

O conhecimentodadoenc¸ae suas implicac¸õese possí-veiscomplicac¸õesforamestatisticamentediferentesentre os grupos. Entre os pacientes do Grupo 1, 56 dos 77 (72,7%) demonstraram conhecimento adequado sobre a SAOS,enquantoapenas34dos61(55,7%)doGrupo2 refe-riramomesmo(p<0,05;IC95%:0,99-2,03).Teradequado conhecimentosobreadoenc¸aaumentouaadesãoaoCPAP, comoddsratio(OR)de1,42.

Queixassobreaadesãoforamreportadaspor44dos61 pacientesnoGrupo2,epor38dos77noGrupo1(p<0,01; IC95%:0,49-0,89).ApesardeapressãomédiadoCPAPnão ser significativamente diferente entre os grupos (pressão médiade CPAP de8,95±0,34cm/H2Opara o Grupo 1vs. 9,46±0,27cm/H2OparaoGrupo2,p=0,25;IC95%: 0,36-1,38),onúmerodehorasdeusodoCPAPcorrelacionou-se positivamente com a pressão média do mesmo (R=0,04; p<0,05),o que sugere que quanto maiora pressão, mais aderenteaotratamentoseráopaciente(fig.1).

OtempodediagnósticoedeusoCPAPnãoinfluenciouna adesão:pacientesdoGrupo1tiveramdiagnósticodeSAOS por3,56±0,32anos,enquanto osdoGrupo2foram diag-nosticados havia 3,53±0,29 anos (p=0,94). Ospacientes doGrupo1receberamoCPAPejáfaziamusodeleporum

Tabela2 Comparac¸ãodosdadosdemográficose frequên-ciadasdoenc¸asassociadasentreosGrupo1(pacientescom boaadesãoaoCPAP)edoGrupo2(pacientescommáadesão aoCPAP),pelotesteexatodeFisher

Parâmetro Grupo1(%) Grupo2(%) p

Gênero 54,5 45,9 NS

HAS 62,3 63,9 NS

DM 29,8 26,2 NS

Depressão 18,2 27,4 NS

Hipotireoidismo 14,3 11,4 NS

IAM/AVCprévio 2,6 4,9 NS

Asma 9,0 9,8 NS

DRGE 9,0 9,8 NS

Tabagismo 24,6 29,5 NS

Etilismo 10,3 8,2 NS

AVC,acidentevascularcerebral; DM, diabetesmelito;DRGE,

doenc¸a do refluxo gastroesofágico; HAS, hipertensão arterial

sistêmica;IAM,infartoagudodomiocárdio.

Press

ã

o do CPAP (cm H

2

O)

Uso médio do CPAP (horas)

20

15

10

5

0

0 2 4 6 8 10

p < 0,05 r = 0,04

Figura 1 Correlac¸ão entremédia dehorasde usodo CPAP epressãodeCPAPusadanospacientesanalisados.Estudopor regressãolineardePearson.

períodomédiode2,90±0,21anos,contra2,91±0,24anos paraosdoGrupo2(p=0,99).

Oseguimentoregular(nomínimoacadaseismeses)foi referidopor64dos77(83,1%)pacientesdoGrupo1,contra 26dos61(42,6%)doGrupo2(p<0,0001;IC95%:1,62-4,25). O seguimento regular com um especialista esteve relaci-onado com a maior adesão ao CPAP, com OR=2,62. Essa informac¸ão é especialmente importante quando se consi-dera que osgrupos estavam em usodo CPAP pelomesmo período.

A taxa de adesão entre os pacientes que tiveram indicac¸ãopormédicosdoservic¸oprivadofoide51,3%eno servic¸o público foi de 60,6%. Nessa região, existe apenas umservic¸o públicoqueoferece umaterapiacom enfoque multidisciplinarparaseguimentodessespacientes(envolve otorrinolaringologistas,neurologistas,pneumologistas, fisi-oterapeutas,nutricionistas efonoaudiólogos).Issopoderia explicar o resultado superior obtido noservic¸o público. É importanteressaltarqueessadiferenc¸anãofoi estatistica-mentesignificativa.

Amédia da escalade sonolência de Epworth(ESE) foi significativamente menorno Grupo1 (4,74±0,57)do que noGrupo2(7,56±0,86)(p<0,01;IC95%:-4,86----0,75).Foi observada correlac¸ão negativa entreamédia dehoras de usodoCPAPpornoiteeESE(r=-0,19;p<0,05)(fig.2).Essa

Escala de sonolência de Epworth

Média de uso do CPAP (horas) r = –0,19

p < 0,05

30

20

10

0

0 2 4 6 8 10

(5)

informac¸ãoconfirma a teoriade que quantomais o paci-ente usa o CPAP durante a noite, menos ele apresentará sonolênciadiurna.

O tipodemáscaranãoesteve relacionado àadesãoao CPAP(p=0,161;IC95%:0,41---−1,18).Éimportante ressal-tarqueamaioriadospacientesusavamáscarasnasais(88,3% no Grupo 1 e 78,7% no Grupo 2), o que prejudicou con-sideravelmente a comparac¸ão estatísticaentre esses dois grupos.

Dentreos138pacientes,umestavaemusodeBiPAP(com médiadeusode0hora/noite),quatroemusodeautoCPAP (commédiadeusode0,27±0,48),54emusodeCPAPcom alívioexpiratório(médiadeusode4,38±0,36)e79emuso de CPAP básico (média de uso de 3,78±0,33). O compa-rativo entreasduas últimasmodalidadesde CPAP (alívios expiratórioe básico)nãofoisignificativo(p=0,22;IC95%: ---1,57−0,36).

Osparâmetrosclínicosotorrinolaringológicos(inclusiveo tamanhodastonsilas,aescaladeMallampatieaescalade Friedman)nãoinfluenciaramnaadesãoaoCPAP.

Discussão

EntreasdiferentesmodalidadesterapêuticasparaaSAOS,o impactopositivodoCPAPéinquestionável,sejapela melho-ria na qualidade de vida ou pela influência nas taxas de morbidadee mortalidade.16 Pacientes emtratamento têm

vidamaissaudávelemaisprodutivaesãomenosexpostos ariscoscardiovasculareseacidentes.Noentanto,a eficiên-ciadoCPAPemmelhoraraarquiteturadosonoereduzira sonolênciadiurnaéaltamenteinfluenciadapelaadesãodo paciente.

Nosestudosquedefiniramadequadaadesãocomoouso deCPAPporaomenosquatrohoraspornoite,ataxade ade-sãovarioude29a83%.17 Consequentemente,osprincipais

obstáculosnotratamentocomCPAPestãodiretamente rela-cionadosaessefator.Emestudorecente,18 demonstrou-se

queataxadeadesãoaoCPAP,comosmesmoscritériosdo presenteestudo,esteveemtornode65%entreos pacien-tesemseguimentoativo,valormaiordoqueoobservadono estudoatual.

OimpactopositivodoCPAPnareduc¸ãodasonolênciafoi confirmado nopresenteestudo pelos valores significativa-mente maioresnaESEnospacientesmal adaptados.Além disso,observou-secorrelac¸ãoinversasignificativaentreas horasdeusodeCPAPpornoiteeaESE,ouseja,areduc¸ão dasonolência.Essesresultadoscorroboramosdescritospor Pateletal.,19 que,emumestudodemetanálise,

demons-traramque otratamento foi capazdereduzir,em média, 2,9pontosnaESSE,quandocomparadocomoplacebo.

Emnossacoorte,ospacientescomdepressão apresenta-ram índicesmenoresdehoras deusodoque ospacientes semdepressão.EsseresultadotambémfoisugeridoporLaw etal.20 Paraasoutrasdoenc¸as associadas,nãofoi

eviden-ciadarelac¸ãoentretaxadeadesão.Éimportantesalientar que,foraaHAS,ascomorbidadesforampoucoprevalentes, oqueprejudicouaanáliseestatística.

JáébemestabelecidoqueodiagnósticodaSAOSémais frequente em indivíduos obesos, do gênero masculino e idosos.21Poroutrolado,éimportanteidentificarquais

fato-res estão associados àadesão ao tratamento com CPAP e quaisgruposdepacientestêmmaiorriscodeabandonar a

terapia.Essainformac¸ãoéessencialparaquesejam progra-madasabordagensespecíficasquemelhoremaeficiênciada terapiacomCPAP.Woehrleetal.,22aoavaliar4.281

pacien-tes,referiramqueaadesãoaoCPAPémaiorempacientes maisvelhosedogêneromasculinoeconcluíramqueaidade e o gênero influenciam na adesão ao tratamento, apesar denãoconsideraremessesdadosclinicamenterelevantes. Alémdisso,Budhirajaetal.23 eQueirozetal.18não

obser-varam influênciado gênero na adesão ao tratamento. No presente estudo, idade e gênero não se correlacionaram estatisticamentecomataxadeadesão.Emrelac¸ãoaoIMC, aocontráriodoquefoimencionadoporShapiroetal.,24não

seobservourelac¸ãodesseparâmetrocomataxadeadesão. Nãoháestudosquecorrelacionemdiretamenteataxade adesãocomaescaladeMallampati.Zonatoetal.25

demons-traram correlac¸ão positiva entre a escala de Mallampati e o IAH. Queiroz et al.18 relataram que o maior IAH ao

diagnósticoesteveassociadoàmaiortaxadeadesão, prova-velmenteporqueospacientescomSAOSmaisgravesejam maissintomáticosoumaispreocupadoscomasrepercussões daSAOS.Apesardeessaassociac¸ãonãotersidoobservada nopresenteestudo,tivemoscomoachadoumacorrelac¸ão direta(porémdefracaintensidade)entreapressãodoCPAP queopaciente usae onúmeromédiode horasdeusodo mesmo.Essacorrelac¸ãosugerequepacientescomfatoresde obstruc¸ãomaisgravessejammaisaderentesaotratamento doCPAP.

Adicionalmente,otipodemáscara(nasaloufacial)não influenciounaadesão,napresentecoorte;essaanálise esta-tística,noentanto,esteveprejudicada,poisamaioriados pacientesfaziausodemáscarasnasais.Tambémnãotivemos diferenc¸aestatísticadehorasdeusoentreospacientesque usamCPAPbásicoouosqueusamCPAPcomalívio expirató-rio.Essesresultadosestãodeacordocomosapresentados porBakkeretal.26eporKushidaetal.,27porémcontradizem

osachadosdeChiharaetal.28

De acordo com os resultados do presente estudo, conhecer melhor a SAOSe suas implicac¸õesexerce papel fundamental na adesão ao CPAP. Essa informac¸ão é importante,umavezqueestimulaanecessidadede desen-volvimentodeestratégias quemelhorema percepc¸ão dos pacientessobreasuadoenc¸a,pormeiodeprogramas educa-cionaisparaessapopulac¸ão.LaPianaetal.29evidenciaram

que os programas educacionais aumentam significativa-menteaadesãoaoCPAP,principalmenteduranteoprimeiro ano.Apósesseperíodo,essataxatendeadiminuir.

O presente estudo sugere que o seguimento regular e multidisciplinarapós o diagnóstico e a indicac¸ão de tera-pia aumentam consideravelmente as chances de sucesso da adesão, provavelmente pelas medidas facilitadoras apresentadasaos pacientes,e também porque problemas temporáriospoderiamsermaisfacilmentesanadosquando prontamenteidentificadosecorretamenteconduzidos.

Considerando o tipo de sistema de saúde no qual o paciente estava inserido (público ouprivado), não houve diferenc¸a significativa, apesar de, sabidamente, haver adesão mais baixa entre pacientes de menor condic¸ão socioeconômica.10 Esse achado pode ser explicado pelo

(6)

Estaéumacoortetransversal,quenãoanalisou prospec-tivamenteospacientes,tampouco deformarandomizada. Isso nos inviabilizou a análise adequada de alguns parâ-metros, a exemplo do uso da máscara. Mesmo assim, informac¸ões importantes puderam ser obtidas com o presenteestudo,emespecialsobreaimportânciado segui-mentocontínuoesistemáticodepacientesqueestejamem usodeCPAP.

Conclusão

Osachadosdesteestudoapoiamfortementeque componen-teseducacionaisemotivacionaisinfluenciamnaadesãoao CPAP.Essesaspectospodemseralcanc¸adospelaassistência individualizadaemultidisciplinaraopaciente. Demonstrou--seaimportânciadeseguimentoativoeregulardosusuários de CPAP e sugere-se que a abordagem interdisciplinar facilitena identificac¸ãodas dificuldades enfrentadaspelo paciente.Essa abordagemcontínua parecefacilitar consi-deravelmenteaadesãoaoCPAP.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

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Figura 2 Correlac ¸ão entre média de horas de uso do CPAP e escala de sonolência de Epworth nos pacientes analisados.

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