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Estudo sincrônico e diacrônico da concordância verbal de terceira pessoa do plural no PB e no PE

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Academic year: 2021

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ISABEL DE OLIVEIRA E SILVA MONGUILHOTT

ESTUDO SINCRÔNICO E DIACRÔNICO DA CONCORDÂNCIA

VERBAL DE TERCEIRA PESSOA DO PLURAL

NO PB E NO PE

Tese de Doutorado

Curso de Pós-Graduação em Lingüística Universidade Federal de Santa Catarina

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ISABEL DE OLIVEIRA E SILVA MONGUILHOTT

ESTUDO SINCRÔNICO E DIACRÔNICO DA CONCORDÂNCIA

VERBAL DE TERCEIRA PESSOA DO PLURAL

NO PB E NO PE

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Lingüística da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Lingüística.

Orientadora: Profa Dra Izete Lehmkhul Coelho (Universidade Federal de Santa Catarina)

Co-orientadora no exterior: Profa Dra Ernestina Carrilho (Universidade de Lisboa)

FLORIANÓPOLIS 2009

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Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de

Doutor em Lingüística

E aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Lingüística pela Universidade Federal de Santa Catarina

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________ Profa. Dra. Izete Lehmkuhl Coelho (Universidade Federal de Santa Catarina) –

orientadora

______________________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Marta Pereira Scherre (Universidade Federal do Espírito

Santo/Universidade de Brasília)

______________________________________________________________________ Profa. Dra. Silvia Rodrigues Vieira (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

______________________________________________________________________ Dr. Paulino Vandresen (Universidade Federal de Santa Catarina/Universidade Católica

de Pelotas)

______________________________________________________________________ Dr. Felício Wessling Margotti (Universidade Federal de Santa Catarina)

______________________________________________________________________ Dra. Edair Maria Görski (Universidade Federal de Santa Catarina) – suplente

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BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Izete Lehmkuhl Coelho (Universidade Federal de Santa Catarina) Orientadora

Profa. Dra. Maria Marta Pereira Scherre (Universidade Federal do Espírito Santo)

Profa. Dra. Silvia Rodrigues Vieira (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Prof. Dr. Paulino Vandresen (Universidade Federal de Santa Catarina/Universidade Católica de Pelotas)

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À professora Izete Lehmkuhl Coelho, minha orientadora, pelo incentivo para fazer o doutorado, pela orientação mais do que exemplar, pela força para fazer o estágio no exterior, pela amizade, e, sobretudo, pelo exemplo de vida, tanto profissional, quanto pessoal.

À professora Ernestina Carrilho, co-orientadora no exterior, por ter oportunizado a realização de parte da pesquisa em Lisboa.

Aos professores Maria Marta Pereira Scherre, Silvia Rodrigues Vieira, Paulino Vandresen e Felício Wessling Margotti, por terem participado da minha Banca de Defesa, pelas sugestões e pelos olhares críticos, fundamentais para o crescimento da pesquisa.

Aos professores Fábio Lopes e Rosângela Hammes Rodrigues, coordenadores do Curso de Pós-Graduação em Lingüística, pelo incentivo e apoio para o estágio de doutorado no exterior.

Aos professores da Pós-Graduação em Lingüística – Izete Lehmkhul Coelho, Edair Görski, Felício Wessling Margotti, Rosângela Hammes Rodrigues, Ruth Lopes – pela contribuição na minha formação durante o curso

À professora Maria Lobo por ter me aceitado como aluna especial na sua disciplina ministrada na Universidade Nova de Lisboa.

Ao amigos do curso de Pós-Graduação em Lingüística – Cláudia Rost, Lucilene Lisboa de Liz, Marco Antônio Martins, Sueli Costa, Patrícia Rocha, Leandra Oliveira, Ana Kelly, Tatiana Pimpão – pelo apoio e convivência amiga.

À Cláudia Rost pela revisão cuidadosa e pela ajuda na formatação do meu texto.

À professora Maria Helena Mira Mateus pela acolhida em Lisboa.

Aos amigos em Lisboa – Marco, Lucrécio, George Cereça, Mirian Cerqueira, Daniela Fabrino, Bibhuti, Emili – pela parceria em terras lusitanas.

Aos meus entrevistados em Florianópolis e em Lisboa, por terem disponibilizado parte do seu tempo; sem eles, não teria realizado esta pesquisa.

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À professora Vera Collaço e ao dramaturgo Antônio Cunha, pela ajuda na recolha dos textos teatrais.

À Universidade Federal do Amazonas, por ter concedido licença integral das minhas atividades durante todo o curso.

Aos colegas do Departamento de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Amazonas, por terem ficado durante esse tempo com o quadro de professores ainda mais escasso.

À Capes, pelo suporte financeiro durante parte do curso e durante o doutorado sanduíche.

À Mirza, minha mãe, pelo incentivo aos estudos, pelo apoio, pela amizade, por ter me acompanhado na realização das entrevistas em Florianópolis e por ter cuidado da Carolina durante os “finalmentes” da tese.

Ao Cris pelo apoio incondicional, por ter me acompanhado na realização das entrevistas em Lisboa e pelo suporte nos mapas, figuras e gráficos.

À Carolina, que me tirou o tempo, mas me trouxe força e felicidade.

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RESUMO

Esta tese objetiva investigar a variação na concordância verbal de terceira pessoa do plural sincrônica e diacronicamente, a partir de amostras do PB e do PE. Baseando-nos teórico-metodologicamente na teoria da variação e mudança lingüística e na dialetologia pluridimensional, analisamos o condicionamento do fenômeno em questão correlacionando-o a grupos de fatores lingüísticos, geográficos e sociais. A amostra sincrônica constitui-se de trinta e duas entrevistas gravadas, dezesseis das quais realizadas com informantes de Florianópolis (PB) e dezesseis de Lisboa (PE), estratificadas de acordo com idade e escolaridade. A amostra diacrônica compõe-se de dez peças de teatro do século XIX e dezoito do século XX, sendo a metade escrita por autores catarinenses (PB) e a outra metade escrita por autores portugueses (PE). Em relação à amostra sincrônica, os resultados gerais mostram percentuais distintos de variação na concordância verbal de terceira pessoa do plural, com índices mais altos de marcação para o PE. A análise estatística evidencia, de um lado, os grupos de fatores saliência fônica e paralelismo formal como os mais relevantes no condicionamento da variação no PB, seguidos dos grupos posição do sujeito em relação ao verbo e traço humano no sujeito. Por outro lado, a análise mostra que, no PE, são os grupos traço humano no sujeito, posição do sujeito em relação ao verbo e tipo de verbo os que mais condicionam a variação da concordância. No que se refere aos grupos de fatores extralingüísticos, geográficos e sociais, a variável social idade/escolaridade foi selecionada para as duas amostras analisadas com o mesmo nível de relevância para o PB e para o PE e a variável geográfica diatopia foi selecionada somente para o PB como a menos relevante dentre as variáveis controladas. No que tange à análise diacrônica, nossos resultados evidenciam que, assim como para a amostra sincrônica, o PE se mostrou mais conservador preservando as marcas de concordância nos verbos. Os resultados mostram, ainda, que temos indícios de um sistema com concordância obrigatória com sujeito posposto no século XIX diferentemente do século XX em que já encontramos mais dados de não marcação da concordância verbal com sujeito posposto. Vale ressaltar que os dados desta investigação, tanto sincrônica quanto diacrônica, revelam semelhanças entre a sintaxe do PB e do PE no que se refere ao sujeito posposto, argumento interno de um verbo inacusativo, marcado preferencialmente com traço [-humano]. Esse contexto sintático leva à não marcação da concordância verbal de terceira pessoa do plural.

Palavras-chave: Sincronia; Diacronia; Concordância verbal; Variação lingüística; Dialetologia pluridimensional.

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ABSTRACT

This study investigates the variation in subject-verb agreement for the third-person plural, synchronically and diachronically, in samples of Brazilian Portuguese (BP) and European Portuguese (EP). Theoretically and methodologically based on the theory of variation and linguistic change and on pluridimensional dialectology, we analyze the conditioning of the phenomenon under examination by correlating it to groups of linguistic, geographical, and social factors. The synchronous sample consists of thirty-two recorded interviews, sixteen of which were carried out with informants of Florianópolis, Santa Catarina, Brazil (BP) and sixteen with informants of Lisbon, Portugal (EP), who were stratified according to age and educational level. The diachronic sample consists of ten plays of the 19th century and eighteen plays of the 20th century, half of which written by playwrights living in Santa Catarina (BP) and the other half written by Portuguese authors (EP). In what concerns the synchronic sample, the general results show different percentiles of variation in the subject-verb agreement for the third-person plural, with higher indexes of number marking for EP. The statistical analysis shows, on one hand, that the groups of factors phonic saliency and formal parallelism are the most relevant in the conditioning of variation in BP, followed by the groups subject position in relation to the verb and human trait in the subject. On the other hand, the analysis shows that in EP variation in agreement is more strongly conditioned by the groups human trait in the subject, position of the subject in relation to the verb and verb type. In what concerns the groups of extralinguistic, geographical, and social factors, age/educational level has been selected for the two samples under analysis with the same level of relevance for BP and EP, and the geographical variable diatopy has been selected only for BP as the less relevant among the variables under control. Concerning the diachronic analysis, our results show that, as well as for the synchronic sample, EP seems to be more conservative in preserving the agreement marking in verbs. Our results show, moreover, that we have indications of a system with obligatory agreement with a postponed subject in the 19th century, differently from the 20th century, for which we have found more data showing the absence of subject-verb agreement marking with a postponed subject. It is also worth to emphasize that the data of this investigation, both synchronically and diachronically, reveal similarities between the syntax of BP and EP in what refers to the postponed subject, functioning as the internal argument of an inaccusative verb, marked preferentially with the trait [-human]. This syntactic context leads to the non-marking of subject-verb agreement for the third-person plural.

Keywords: Synchrony. Diachrony. Subject-verb agreement. Linguistic variation. Pluridimensional dialectology.

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SUMÁRIO

LISTA DE MAPAS, QUADROS, FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS ... 11

INTRODUÇÃO ... 17

CAPÍTULO I – O FENÔMENO EM ESTUDO ... 19

1.1 Revisão Bibliográfica: alguns estudos sobre a concordância verbal de terceira pessoa do plural ... 19

1.1.1 No Português do Brasil... 19

1.1.1.1 Português urbano ... 20

1.1.1.2 Português não urbano... 29

1.1.2 No Português Europeu... 35

1.1.3 Síntese ... 38

1.2 Objetivos, questões e hipóteses da pesquisa ... 41

1.2.1 Objetivos geral e específicos ... 41

1.2.1.1 Objetivo Geral... 41

1.2.1.2 Objetivos Específicos... 41

1.2.2 Principais Questões ... 41

1.2.3 Hipóteses Gerais... 42

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA... 43

2.1 Teoria da Variação e Mudança ... 43

2.1.1 Pressupostos Básicos... 43

2.1.2 A variação na sintaxe ... 47

2.1.3 Comunidade de fala... 48

2.1.4 Redes sociais ... 50

2.1.5 Sobre mudança lingüística... 53

2.2 Dialetologia Pluridimensional... 57

2.2.1 Os estudos no Brasil ... 57

2.2.2 Os estudos em Portugal ... 58

2.2.3 Pressupostos da Dialetologia... 59

2.3 Axiomas metodológicos... 62

2.4 A amostra utilizada e a análise quantitativa ... 64

2.5 Perfil sócio-histórico de Florianópolis e de Lisboa ... 72

2.5.1 Florianópolis... 72

2.5.2 Lisboa ... 79

2.6 A variável dependente e as variáveis independentes ... 85

2.6.1 Contextos de Restrição... 86

2.6.2 Os grupos de fatores lingüísticos... 87

2.6.2.1 As hipóteses neogramática e difusionista ... 87

2.6.2.1.1 Saliência fônica... 88

2.6.2.1.2 Paralelismo Formal... 90

2.6.2.2 A hipótese da inacusatividade... 91

2.6.2.2.1 Tipo de verbo... 97

2.6.2.2.2 Posição do sujeito em relação ao verbo... 99

2.6.2.2.3 Traço humano no sujeito ... 100

(10)

2.6.3 Os grupos de fatores extralingüísticos... 102

2.6.3.1 Os grupos de fatores sociais... 103

2.6.3.1.1 Sexo ... 103

2.6.3.1.2 Idade/escolaridade ... 103

2.6.3.1.3 Redes sociais... 104

2.6.3.2 Os grupos de fatores geográficos:... 106

2.6.3.2.1 Diatopia ... 106

2.6.3.2.2 Diazonalidade ... 113

2.7 Síntese... 114

CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 115

3.1 Análise e discussão dos resultados sincrônicos do PB ... 115

3.1.1 Variáveis lingüísticas ... 117

3.1.1.1 Saliência Fônica ... 117

3.1.1.2 Paralelismo Formal ... 122

3.1.1.3 Posição do sujeito em relação ao verbo ... 124

3.1.1.4 Traço humano no sujeito... 126

3.1.1.5 Tipo de verbo ... 128 3.1.1.6 Tipo de sujeito... 130 3.1.2 Variáveis sociais... 132 3.1.2.1 Idade/escolaridade... 132 3.1.2.2 Sexo... 133 3.1.2.3 Redes Sociais ... 134 3.1.3 Variáveis geográficas ... 141 3.1.3.1 Diatopia... 141 3.1.3.2 Diazonalidade ... 142

3.2 Análise e discussão dos resultados sincrônicos do PE ... 143

3.2.1 Variáveis lingüísticas ... 144

3.2.1.1 Traço humano no sujeito... 145

3.2.1.2 Posição do sujeito em relação ao verbo ... 146

3.2.1.3 Tipo de verbo ... 147 3.2.1.4 Saliência Fônica ... 150 3.2.1.5 Paralelismo Formal ... 152 3.2.1.6 Tipo de sujeito... 154 3.2.2 Variáveis sociais... 155 3.2.2.1 Idade/escolaridade... 156 3.2.2.2 Sexo... 157 3.2.2.3 Redes Sociais ... 157 3.2.3 Variáveis geográficas ... 164 3.2.3.1 Diatopia... 165 3.2.3.2 Diazonalidade ... 166 3.3 Síntese... 166

CAPÍTULO IV – SOBRE CONDICIONAMENTOS SINCRÔNICOS E DIACRÔNICOS: ALGUMAS REFLEXÕES ... 168

4.1 Retomada das variáveis selecionadas no PB e no PE ... 168

4.1.1 Saliência Fônica ... 169

4.1.2 Paralelismo formal ... 174

4.1.3 Posição do sujeito em relação ao verbo... 175

(11)

4.1.5 Tipo de verbo... 176

4.1.6 Idade/escolaridade ... 179

4.1.7 Diatopia ... 180

4.1.8 Algumas considerações ... 181

4.2 Análise diacrônica do PB e do PE ... 183

4.3 Problemas empíricos para a mudança lingüística ... 189

4.4 Síntese... 201

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 202

BIBLIOGRAFIA ... 205

(12)

LISTA DE MAPAS, QUADROS, FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS

MAPAS

Mapa 2.1: Distribuição das localidades no PB... 65

Mapa 2.2: Distribuição das localidades no PE... 65

Mapa 3.1: Distribuição da marcação da concordância verbal no PB ... 116

Mapa 3.2: Distribuição da marcação da concordãncia verbal no PE ... 144

QUADROS Quadro 2.1: Estratificação dos informantes ... 67

Quadro 2.2: Perfil dos informantes do PB e do PE ... 217

Quadro 2.3: Questões realizadas para facilitar o reconhecimento das redes sociais ... 218

Quadro 3.1: Avaliação da saliência fônica ... 219

Quadro 3.2: Critérios para estabelecer os graus de relação em rede ... 135

Quadro 4.1: Dados diacrônicos do PB ... 184

Quadro 4.2: Dados diacrônicos do PE ... 185

Quadro 4.3: Teste de atitude sobre a concordância verbal ... 197

FIGURAS Figura 3.1: Redes sociais no Ribeirão da Ilha... 136

Figura 3.2: Redes sociais na Costa da Lagoa ... 136

Figura 3.3: Redes sociais na região central de Florianópolis ... 136

Figura 3.4: Redes sociais nos Ingleses... 136

Figura 3.5: Redes sociais em Sintra ... 158

Figura 3.6: Redes sociais em Cascais ... 158

Figura 3.7: Redes sociais na região central de Lisboa ... 158

Figura 3.8: Redes sociais em Belém ... 158

TABELAS Tabela 1.1: Taxa de concordância verbo/sujeito em função da oposição singular/plural em oito textos portugueses medievais (NARO e SCHERRE, 2007, p.60)... 37

Tabela 1.2: Taxa de concordância verbo/sujeito em função do traço ‘humano’ do sujeito em oito textos portugueses medievais (NARO e SCHERRE, 2007, p.63) ... 37

Tabela 3.1: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável saliência fônica... 118

Tabela 3.2: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável saliência fônica com amálgama dos fatores do nível 1 e nível 2... 119

Tabela 3.3: Resultados de diferentes estudos sobre a CV de terceira pessoa do plural no PB em comparação com nossos resultados do PB, segundo a variável saliência fônica ... 120

Tabela 3.4: Comparação entre os resultados deste estudo com dados do PB, os de Scherre e Naro (1997) e Naro (1981), para a freqüência de CV no cruzamento entre as variáveis saliência fônica e escolaridade ... 122

(13)

Tabela 3.5: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável paralelismo formal... 123 Tabela 3.6: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável posição do sujeito em relação ao verbo ... 125 Tabela 3.7: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável traço humano no sujeito... 126 Tabela 3.8: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável tipo de verbo ... 128 Tabela 3.9: Freqüência de CV no PB, segundo a variável tipo de sujeito... 130 Tabela 3.10: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável idade/escolaridade ... 132 Tabela 3.11: Freqüência de CV no PB, segundo a variável sexo ... 134 Tabela 3.12: Freqüência de CV no PB, segundo a variável redes sociais (localismo)

... 137 Tabela 3.13: Freqüência de CV no PB, segundo a variável redes sociais (mobilidade) ... 137 Tabela 3.14: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis indivíduo e redes sociais (localismo) ... 139 Tabela 3.15: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis indivíduo e redes sociais (mobilidade) ... 141 Tabela 3.16: Freqüência e probabilidade de CV no PB, segundo a variável diatopia

... 142 Tabela 3.17: Freqüência de CV no PB, segundo a variável diazonalidade ... 142 Tabela 3.18: Freqüência e probabilidade de CV no PE, segundo a variável traço humano no sujeito... 145 Tabela 3.19: Freqüência e probabilidade de CV no PE, segundo a variável posição do sujeito em relação ao verbo ... 146 Tabela 3.20: Freqüência e probabilidade de CV no PE, segundo a variável tipo de verbo ... 148 Tabela 3.21: Freqüência de CV no PE, segundo a variável saliência fônica com amálgama dos fatores do nível 1 e nível 2 ... 150 Tabela 3.22: Freqüência de CV no PE, segundo a variável saliência fônica... 151 Tabela 3.23: Freqüência de CV no PE, segundo a variável paralelismo formal .. 153 Tabela 3.24: Freqüência de CV no PE, segundo a variável tipo de sujeito... 154 Tabela 3.25: Freqüência e probabilidade de CV no PE, segundo a variável idade/escolaridade ... 156 Tabela 3.26: Freqüência de CV no PE, segundo a variável sexo ... 157 Tabela 3.27: Freqüência de CV no PE, segundo a variável redes sociais (localismo)

... 159 Tabela 3.28: Freqüência de CV no PE, segundo a variável redes sociais (mobilidade) ... 159 Tabela 3.29: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis indivíduo e redes sociais (localismo) ... 163 Tabela 3.30: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis indivíduo e redes sociais (mobilidade) ... 164 Tabela 3.31: Freqüência de CV no PE, segundo a variável diatopia... 165 Tabela 3.32: Freqüência de CV no PE, segundo a variável diazonalidade ... 166 Tabela 3.33: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e diazonalidade ... 220

(14)

Tabela 3.34: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e escolaridade ... 220 Tabela 3.35: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis paralelismo formal e diazonalidade ... 220 Tabela 3.36: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e idade/escolaridade ... 221 Tabela 3.37: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e diazonalidade ... 221 Tabela 3.38: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis traço humano no sujeito e posição do sujeito em relação ao verbo ... 221 Tabela 3.39: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis traço humano no sujeito e diazonalidade ... 221 Tabela 3.40: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e posição do sujeito em relação ao verbo ... 221 Tabela 3.41: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e traço humano no sujeito ... 222 Tabela 3.42: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e diazonalidade ... 222 Tabela 3.43: Freqüência de posposição do sujeito no PB, segundo a variável tipo de sujeito... 222 Tabela 3.44: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de sujeito e diazonalidade... 223 Tabela 3.45: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis idade/escolaridade e diazonalidade... 223 Tabela 3.46: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis sexo e diazonalidade ... 223 Tabela 3.47: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (localismo) e diazonalidade... 223 Tabela 3.48: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (localismo) e diazonalidade... 223 Tabela 3.49: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis traço humano no sujeito e diazonalidade ... 224 Tabela 3.50: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis escolaridade e posição do sujeito em relação ao verbo... 224 Tabela 3.51: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e diazonalidade ... 224 Tabela 3.52: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e posição do sujeito em relação ao verbo ... 224 Tabela 3.53: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e traço humano no sujeito ... 225 Tabela 3.54: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e diazonalidade ... 225 Tabela 3.55: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e diazonalidade ... 225 Tabela 3.56: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e escolaridade ... 225 Tabela 3.57: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis paralelismo formal e diazonalidade ... 226 Tabela 3.58: Freqüência de posposição do sujeito no PE, segundo a variável tipo de sujeito... 226

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Tabela 3.59: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de sujeito e diazonalidade... 226 Tabela 3.60: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis idade/escolaridade e diazonalidade... 226 Tabela 3.61: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis sexo e diazonalidade ... 227 Tabela 3.62: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (localismo) e diazonalidade... 227 Tabela 3.63: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (mobilidade) e diazonalidade... 227 Tabela 4.1: Freqüência de CV no PB e no PE, segundo a variável saliência fônica com amálgama dos fatores do nível 1 e nível 2 ... 169 Tabela 4.2: Freqüência e probabilidade de CV no PB e no PE, segundo a variável saliência fônica na rodada sem verbos copulativos para a amostra do PE ... 173 Tabela 4.3: Freqüência de CV no PB e no PE, segundo a variável saliência fônica com amálgama dos fatores do nível 1 e nível 2 na rodada sem verbos copulativos para a amostra do PE... 173 Tabela 4.4: Freqüência de CV no PB e no PE, segundo a variável paralelismo formal... 174 Tabela 4.5: Freqüência e probabilidade de CV no PB e no PE, segundo a variável posição do sujeito em relação ao verbo... 175 Tabela 4.6: Freqüência e probabilidade de CV no PB e no PE, segundo a variável traço humano no sujeito... 176 Tabela 4.7: Freqüência e probabilidade de CV no PB e no PE, segundo a variável tipo de verbo... 177 Tabela 4.8: Freqüência e probabilidade de CV no PB e no PE, segundo a variável tipo de verbo na rodada sem verbos copulativos para ambas as amostras... 177 Tabela 4.9: Freqüência de CV no PB e no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e saliência fônica com verbos copulativos... 178 Tabela 4.9': Freqüência de CV no PB e no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e saliência fônica com verbos copulativos... 229 Tabela 4.10: Freqüência e probabilidade de CV no PB e no PE, segundo a variável idade/escolaridade ... 179 Tabela 4.11: Freqüência de CV no PB e no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis idade/escolaridade e diazonalidade ... 180 Tabela 4.12: Freqüência de CV no PB e no PE, segundo a variável diatopia... 180 Tabela 4.13: Resultados do teste de atitude sobre a concordância verbal ... 199

GRÁFICOS

Gráfico 3.1: Distribuição geral dos dados do PB... 116 Gráfico 3.2: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e diazonalidade ... 120 Gráfico 3.3: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e escolaridade ... 121 Gráfico 3.4: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis paralelismo formal e diazonalidade ... 124

(16)

Gráfico 3.5: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e idade/escolaridade ... 125 Gráfico 3.6: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e diazonalidade ... 126 Gráfico 3.7: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis traço humano no sujeito e posição do sujeito em relação ao verbo ... 127 Gráfico 3.8: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis traço humano no sujeito e diazonalidade ... 127 Gráfico 3.9: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e posição do sujeito em relação ao verbo ... 129 Gráfico 3.10: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e traço humano no sujeito ... 129 Gráfico 3.11: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e diazonalidade ... 130 Gráfico 3.12: Freqüência de posposição do sujeito no PB, segundo a variável tipo de sujeito... 131 Gráfico 3.13: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de sujeito e diazonalidade... 131 Gráfico 3.14: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis idade/escolaridade e diazonalidade... 133 Gráfico 3.15: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis sexo e diazonalidade ... 134 Gráfico 3.16: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (localismo) e diazonalidade... 138 Gráfico 3.17: Freqüência de CV no PB, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (mobilidade) e diazonalidade... 138 Gráfico 3.18: Distribuição geral dos dados do PE... 143 Gráfico 3.19: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis traço humano no sujeito e diazonalidade ... 145 Gráfico 3.20: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis escolaridade e posição do sujeito em relação ao verbo... 146 Gráfico 3.21: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis posição do sujeito em relação ao verbo e diazonalidade ... 147 Gráfico 3.22: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e posição do sujeito em relação ao verbo ... 149 Gráfico 3.23: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e traço humano no sujeito ... 149 Gráfico 3.24: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de verbo e diazonalidade ... 150 Gráfico 3.25: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e diazonalidade ... 152 Gráfico 3.26: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis saliência fônica e escolaridade ... 152 Gráfico 3.27: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis paralelismo formal e diazonalidade ... 153 Gráfico 3.28: Freqüência de posposição do sujeito no PE, segundo a variável tipo de sujeito... 155 Gráfico 3.29: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis tipo de sujeito e diazonalidade... 155

(17)

Gráfico 3.30: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis idade/escolaridade e diazonalidade... 156 Gráfico 3.31: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis sexo e diazonalidade ... 157 Gráfico 3.32: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (localismo) e diazonalidade... 160 Gráfico 3.33: Freqüência de CV no PE, segundo o cruzamento entre as variáveis redes sociais (mobilidade) e diazonalidade... 161

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INTRODUÇÃO

A variação na concordância verbal vem sendo estudada principalmente à luz da sociolingüística variacionista e num recorte sincrônico (Lemle e Naro, 1977; Naro e Scherre, 1991, 1996; Scherre e Naro, 1992, 1993, 1997; Monguilhott, 2001; Monguilhott e Coelho, 2002; Amaral, 2003; Cardoso, 2005). Neste estudo, com o intuito de contribuir com novos resultados acerca da concordância verbal de terceira pessoa do plural, tema central da nossa pesquisa, analisaremos uma amostra sincrônica e outra diacrônica, apoiando-nos teórico-metodologicamente na sociolingüística variacionista e na dialetologia pluridimensional.

A amostra sincrônica selecionada levará em conta diferentes localidades, tanto do Português do Brasil (PB), quanto do Português Europeu (PE), cada qual com sua história e cultura particulares, pertencentes não só à zona urbana, mas também à zona não urbana, a fim de controlar as dimensões diatópica e diazonal. O controle da diatopia e da diazonalidade no estudo da concordância verbal no sul do Brasil, assim como em Portugal, poderá comprovar a relevância destes parâmetros no uso variável da concordância verbal.

Pretendemos, também, investigar o percurso diacrônico da concordância verbal em peças de teatro de autores catarinenses e portugueses. Essa investigação objetivará primeiramente descrever o percurso histórico do fenômeno da variação da concordância verbal do século XIX até o século XX, bem como, testar a hipótese de que o fenômeno em estudo, por um lado, apresenta um sistema com concordância obrigatória com sujeito posposto no século XIX, por outro lado, um sistema com concordância variável com sujeito posposto no século XX, tanto no PB quanto no PE, embora nossa expectativa seja de que, em termos de freqüência, a variação se mostre mais evidente no PB.

Gostaríamos de evidenciar ainda que a nossa análise se dará também no PE, a fim de tecer comparações a respeito da variação da concordância verbal com o PB, no intuito de caracterizar o fenômeno nos dois países de língua portuguesa.

O quadro teórico da pesquisa se constituirá de um lado da Teoria da Variação e Mudança (cf. Weinreich, Labov e Herzog, 1968; Labov, 1972, 1994) e da Dialetologia Pluridimensional (cf. Radtke e Thun, 1996; Thun, 1998; Bellmann, 1999). Por outro

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lado, nos apoiaremos nos pressupostos da Teoria Gerativa (cf. Chomsky, 1981, 1986) para darmos conta de alguns dos grupos de fatores lingüísticos a serem controlados no nosso estudo.

Nosso trabalho está assim organizado. No primeiro capítulo, com base em trabalhos realizados sobre a concordância verbal de terceira pessoa do plural no PB e no PE, circunscrevemos os limites do fenômeno em estudo, definindo os objetivos geral e específicos e as hipóteses gerais da nossa pesquisa. No segundo capítulo, discutimos os pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança Lingüística (cf. Weinreich, Labov e Herzog, 1968; Labov, 1972, 1994) e da Dialetologia Pluridimensional (cf. Radtke e Thun, 1996; Thun, 1998; Bellmann, 1999), abordagem em que baseamos nosso trabalho. Definimos ainda neste capítulo, a amostra da pesquisa, o programa estatístico utilizado e a variável dependente do nosso estudo. Caracterizamos também as variáveis independentes e levantamos as hipóteses específicas para cada uma delas. Por fim, delineamos o perfil sócio-histórico das comunidades de fala a serem investigadas e indicamos os contextos de restrição do fenômeno em estudo. No terceiro capítulo, apresentamos e discutimos os resultados da análise sincrônica do PB e do PE. No quarto capítulo, retomamos as variáveis selecionadas nas amostras do PB e do PE, discutimos a correlação sintática entre os fenômenos da concordância verbal, da ordem e do preenchimento do sujeito, apresentamos e discutimos os resultados da análise diacrônica do PB e do PE e relacionamos os problemas para a mudança lingüística (Weinreich, Labov e Herzog, 1968) com o fenômeno da concordância verbal de terceira pessoa do plural.

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Capítulo I – O FENÔMENO EM ESTUDO

Neste capítulo, delimitamos o fenômeno em estudo, baseando-nos em trabalhos realizados sobre a concordância verbal de terceira pessoa do plural no PB e no PE. Apontamos, ainda, o objetivo geral e os objetivos específicos da nossa pesquisa, bem como delineamos as hipóteses gerais a serem testadas em nosso trabalho.

1.1 Revisão Bibliográfica: alguns estudos sobre a concordância verbal de terceira pessoa do plural

A concordância verbal de terceira pessoa do plural no português brasileiro vem sendo estudada, à luz da sociolingüística variacionista, desde a década de 70, com o trabalho precursor de Lemle e Naro (1977). No português europeu, estudos nos moldes labovianos já não são tão recorrentes como no Português do Brasil, embora alguns estudos sobre a concordância verbal de terceira pessoa do plural já apontem variação, no que se refere a esse fenômeno, desde a década de 501. Os estudos do português europeu na área de sintaxe desenvolvidos por europeus situam-se, basicamente, na linha da lingüística formal. Vamos apresentar, a seguir, resultados de alguns estudos que investigaram o fenômeno nas variedades brasileira e européia.

1.1.1 No Português do Brasil

Como temos referência de vários trabalhos sobre a concordância verbal de terceira pessoa do plural no PB, achamos melhor subdividi-los em análises que investigaram o português urbano e análises que investigaram o português não urbano.

1

Alguns estudos realizados por portugueses indicam a variação na concordância verbal de terceira pessoa do plural como Mateus (1954), Cruz (1991) e Alves (1993 – realizado em 1965). Todos eles estão referidos em Naro e Scherre (2007).

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1.1.1.1 Português urbano

Em relação a trabalhos desenvolvidos com amostras do português urbano, apresentaremos resultados dos seguintes autores: Lemle e Naro (1977), Pontes (1986), Berlinck (1988), Scherre e Naro (1993), Scherre e Naro (1997), Scherre e Naro (1998), Monguilhott (2001), Scherre, Naro e Cardoso (2007)2 e Bortoni-Ricardo (2008).

Lemle e Naro (1977) analisaram em sua pesquisa os fatores condicionadores do uso da regra variável da concordância verbal na fala de mobralenses do Rio de Janeiro, seguindo a metodologia laboviana. Segundo os autores, a alternância da regra da concordância por um mesmo informante, às vezes na mesma sentença e até com o mesmo verbo, permitiu-lhes tratar a concordância verbal como regra variável.

O corpus do trabalho compreendeu sete entrevistas de uma hora de gravação com cada um dos 20 informantes. Foram extraídas todas as ocorrências de verbo com sujeito de terceira pessoa do plural. Os fatores controlados foram: variável estilística, variável morfológica, variável sintática e variável semântica.

No que tange à variável estilística3, os autores evidenciam que os resultados encontrados não se mostraram consistentes. De acordo com Lemle e Naro, os mobralenses, no que tange à concordância verbal, não levam em conta o fator formalidade, “os informantes exibiram as mais diversas reações a situações sociais semelhantes” (LEMLE e NARO, 1977, p.47).

No que se refere à variável morfológica, os resultados indicam que o uso da regra da concordância pelos informantes se relaciona diretamente com o grau de saliência fônica entre as formas singular e plural dos verbos. Os resultados obtidos, em termos de probabilidade4, foram os seguintes: para os pares menos salientes – come/comem (.06), fala/falam (.17), diz/dizem (.27); para os pares mais salientes – foi/foram (.69), é/são (.81).

Para a variável sintática, a posição em que o sujeito está imediatamente antes do verbo favoreceu a concordância no verbo (.70 de peso relativo), opondo-se à posição em que o sujeito está posposto ao verbo, em que houve maior índice de desfavorecimento da concordância verbal (.22 de peso relativo).

2

Com relação a este estudo, embora o situemos nesta subseção que trata de variedades urbanas, a análise se dá em duas amostras de variedades urbanas e em uma de variedade não urbana.

3

A variável estilística controlada por Lemle e Naro (1977) consiste nos diferentes estilos de formalidade, prevendo a variação de locais, entrevistadores e atitudes.

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Neste trabalho, usamos probabilidade e peso relativo com o mesmo sentido. Ambos referem-se aos resultados de uma análise multivariada.

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Os resultados, referentes à variável semântica, apontam para altos índices de concordância verbal quando o sujeito é do tipo indeterminado (.61 de peso relativo) e para baixos índices quando o sujeito é do tipo determinado (.39 de peso relativo). Para os autores, o fato de o sujeito do tipo indeterminado apresentar como único traço relevante do sujeito a pluralidade parece natural ao favorecimento da regra de concordância, em oposição ao sujeito determinado, já que esse reúne outras características além do traço plural.

Lemle e Naro estabelecem uma generalização a respeito das variáveis lingüísticas apresentadas: a realização da regra de concordância verbal depende do grau de impacto dos efeitos perceptuais com que ela se materializa. Para eles, são os fatores condicionadores que alicerçam a regra de concordância verbal.

Pontes (1986) investiga, em seu trabalho, a relação entre posição do sujeito e concordância verbal. A autora discute o estatuto de sujeito do sintagma nominal (SN) posposto evidenciando que as duas características superficiais mais marcantes do sujeito em português são a posição (anteposta ao verbo) e a concordância estabelecida entre o SN e o verbo (V). No entanto, existem casos em que o sujeito não apresenta nenhuma dessas características, como em (1) em que o SN dente está posposto e não apresenta marcas de concordância.

(1) A Sarinha tá nascendo dente (PONTES, op. cit., p.18)

A concordância entre V e o suposto sujeito posposto, no exemplo em (1), de acordo com a autora, é proibida. Para ilustrar temos o exemplo extraído de Pontes (op. cit., p.18), em (2).

(2) *A Sarinha tão nascendo dentes5

A autora conclui que esse SN posposto apresenta, então, características de objeto (posição V SN, [- concordância]). Entretanto, no que diz respeito à cliticização que todo objeto a princípio admite, esse SN é de natureza diferente, pois não permite assumir a forma de um pronome acusativo, assemelhando-se nesse caso a um sujeito. Assim sendo,

5

(23)

segundo Pontes, de acordo com o argumento da cliticização, embora questionável6, o SN posposto não pode ser objeto, como podemos observar em (3).

(3) *A Sarinha nasceu-o

Pontes ressalta, em seu livro, um teste realizado com alguns alunos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1984, para sondar conhecimentos e intuições desses estudantes, a respeito de sujeito e objeto. Os resultados do teste evidenciam que “os SNs pospostos não são considerados sujeitos por uma parcela significativa dos falantes; muitos falantes marcam como objeto os SNs pospostos, apesar de terem aprendido na escola o contrário; a concordância nos casos típicos não apresenta problemas para os alunos” [ou seja, nos casos em que o sujeito é aquele considerado prototípico: anteposto, com traços mais animados]. No entanto, nos casos em que o SN não é percebido como sujeito, a concordância passou a não ser marcada pelos estudantes. (PONTES, op. cit., p.144)

Berlinck (1988), ao investigar os condicionamentos da ordem VS no PB, leva em consideração a concordância verbal subdividida em três categorias, a saber: presença de concordância, ausência de concordância e não se aplica (para casos de formas homófonas entre singular e plural e para formas inaudíveis).

A autora investiga três corpora: dois diacrônicos, compostos por cartas de cunho pessoal (com 500 ocorrências cada um) dos séculos XVIII e XIX; e um sincrônico, composto por 20 falantes (com idade entre 20 e 30 anos, de ambos os sexos e com nível de escolaridade universitário, perfazendo um total de 1588 dados) do século XX, de 1987.

Os resultados sincrônicos indicam a concordância verbal como estatisticamente relevante, o que não ocorre nas amostras diacrônicas. A ordem VS relaciona-se quase categoricamente com a não marcação da concordância verbal (94%, 0.93 de aplicação da regra7), em contraste com a marcação da concordância verbal (20%, 0.17 de aplicação da regra).

De acordo com a autora, os resultados servem de “argumento favorável à tese do caráter ‘menos subjetivo’ do sujeito (ou SN) que ocorre em VSN, uma vez que a

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Para Pontes (1986) o argumento da cliticização é questionável pois “o uso de clíticos é um processo altamente artificial para nós brasileiros, porque hoje está praticamente restrito à língua escrita. [...] Daí, seus resultados [resultados sobre análise dos clíticos], a meu ver, nem sempre serem muito confiáveis, no sentido de não refletirem a nossa competência da língua hoje, que usamos no dia-a-dia.” (p.27)

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A aplicação da regra refere-se ao objeto que está em discussão, no caso do estudo de Berlinck, a ordem VS. No nosso estudo, refere-se ao uso da concordância verbal.

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concordância verbal sempre foi considerada uma das propriedades formais definidoras da função-sujeito” (op. cit., p.98).

Scherre e Naro (1993) apresentam resultados de um estudo da concordância verbo/sujeito numa amostra de 64 falantes cariocas, pertencentes ao Corpus Censo do Programa de Estudos sobre o Uso da Língua (PEUL).

A variável presença versus ausência da marca formal de plural nos verbos foi observada em relação aos grupos de fatores: (1) paralelismo formal no nível clausal (marcas do sujeito) e (2) paralelismo formal no nível discursivo (marcas do verbo).

Os resultados obtidos em relação ao grupo de fatores (1) apontam para o fato de que, quando o último elemento flexionável do sintagma nominal sujeito apresenta marca explícita de plural, independente de estar ou não inserido em um sintagma preposicional (ex.: os professores não perceberam isso), o verbo correspondente tende a exibir também marca explícita de plural (.61 e .56)8 e, quando o último elemento do sujeito, inserido ou não em um sintagma preposicional, apresenta um zero plural (ex.: tem umas pessoaØ que gostaØ de...), o verbo correspondente tende a exibir um zero plural (.24 e .17). Quando o último elemento do sujeito é um numeral, que não apresenta marca formal de plural depreensível, a concordância fica numa faixa intermediária, com .34 de peso relativo (ex.: os dois trabalham...). O sujeito com a última marca neutralizada (ex.: meus irmãos+são legal...) apresenta comportamento estatístico semelhante (.58) aos casos que apresentam a marca de plural explícita (.56 e .61).

Em relação ao grupo de fatores (2), os autores verificam que o mesmo efeito detectado no nível clausal se refletiu no nível discursivo: marcas conduzem a marcas, e zeros conduzem a zeros, evidenciando a tendência de formas gramaticais particulares ocorrerem juntas. Os resultados relacionados ao grupo de fatores (2) mostram forte correlação entre o aparecimento de um verbo marcado e a presença de marcas explícitas no verbo subseqüente (.66). Scherre e Naro verificam ainda que o surgimento de um verbo não marcado provoca a ausência de marca na ocorrência verbal seguinte (.18). O fato de um dado verbo ocorrer isolado ou ser o primeiro de uma série não provocou aumento ou diminuição de marcas em relação à média global da concordância, com o peso relativo ficando entre os dois extremos (.48).

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Em outro estudo, Scherre e Naro (1997) analisam a concordância verbo/sujeito, dentre outros fenômenos de concordância de número, focalizando as variáveis lingüísticas saliência fônica e posição do sujeito e também as sociais sexo, idade e escolaridade, em dados de fala do PEUL, com 4632 construções de concordância verbal.

A amostra da pesquisa constituiu-se de 64 informantes, sendo 32 do sexo masculino e 32 do sexo feminino, subdivididos de acordo com os seguintes anos de escolarização: 1 a 4; 5 a 8 e 9 a 11 anos.

Em relação ao grupo de fatores saliência fônica, os autores verificam que a oposição não-acentuada desfavorece a concordância, enquanto a oposição acentuada favorece a concordância independente dos anos de escolarização dos falantes. Entretanto, a diferença entre os anos de escolarização dos falantes é determinante na nitidez da escala da saliência na concordância verbal.

Para o grupo de fatores posição, os resultados de Scherre e Naro apontam para o fato de que, quando o sujeito está em uma posição mais à esquerda e mais próximo do verbo, existe maior probabilidade de favorecimento da ocorrência da variante explícita, enquanto a posição à direita e o distanciamento em relação ao verbo a desfavorecem, independentemente do grau de escolaridade dos falantes.

Dentre os grupos de fatores sociais analisados, os anos de escolarização, assim como o sexo, mostraram-se os mais relevantes. Os autores verificam que os falantes com mais anos de escolaridade e do sexo feminino apresentam maior tendência ao uso da variante explícita. Os resultados revelam as pressões que os falantes sofrem pelo fato de a variante zero ser estigmatizada pelos padrões sociais vigentes (cf. LABOV, 1975, 1981; CHAMBERS, J. K., 1995) e também que as mulheres estão mais expostas à correção gramatical, bem como são mais sensíveis às normas de prestígio. A variável faixa etária indicou que as pessoas mais pressionadas pela idade profissionalmente produtiva usam mais as formas prestigiadas.

Scherre e Naro (1998), em seu estudo a respeito das restrições sintáticas e semânticas no controle da concordância verbal em português, analisam o efeito do traço humano no sujeito sobre a concordância no português falado (64 horas de fala de informantes cariocas, pertencentes ao corpus do PEUL) e a interação entre o traço de número e o traço humano no controle da concordância em dados do PB escrito na década de 90 e em dados de documentos do português do século XIII ao XVI.

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Os autores constatam, através dos resultados estatísticos, que o traço humano exerce influência em dados da fala, em dados da escrita do PB moderno e em dados do português antigo. Em relação à língua falada, Scherre e Naro verificam que o verbo com sujeito [+humano] tende a uma maior concordância com seu sujeito (.53), diferentemente do verbo com sujeito [-humano] que apresenta menor probabilidade de concordância (.29).

Monguilhott (2001) analisa a concordância verbal em uma amostra de língua falada pertencente ao Projeto Varsul (Variação Lingüística Urbana na Região Sul) composta de 24 florianopolitanos estratificados de acordo com idade, sexo e escolaridade. De um total de 1583 ocorrências, 1251 (79%) apresentaram marcas explícitas de concordância nos verbos e 332 (21%) apresentaram a variante zero de plural nos verbos.

Os resultados do estudo apontaram os fatores lingüísticos: saliência fônica, posição do sujeito em relação ao verbo, paralelismo formal, traço humano no sujeito, tipo de verbo e tipo de sujeito, como mais relevantes em detrimento dos sociais, escolaridade e idade.

O grupo de fatores saliência fônica mostrou-se o mais relevante no controle da variação na concordância verbal, confirmando a hipótese de que as formas mais salientes favorecem as marcas explícitas de plural nos verbos (os resultados referem-se às três categorias do nível 1, oposição não acentuada: 25%, .02 de peso relativo – p.r.; 80%, .46 de p.r. e 66%, .13 de p.r de aplicação da regra de concordância verbal), diferentemente das formas menos salientes (resultados referentes às três categorias do nível 2, oposição acentuada: 96%, .88 de p.r.; 83%, .65 de p.r. e 90%, .75 de p.r).

A variável posição do sujeito em relação ao verbo foi a segunda a ser selecionada como mais significativa para o condicionamento da concordância verbal, confirmando a hipótese de que o sujeito posposto desfavorece a marcação da concordância, pois é encarado, muitas vezes, como objeto e não sujeito da sentença9. Os resultados apontam o sujeito anteposto ao verbo como favorecedor da concordância (84%, .78 de p.r., de aplicação da regra de concordância verbal), enquanto o sujeito posposto ao verbo como favorecedor da não concordância (52%, .17 de p.r., de aplicação da regra de concordância verbal).

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Pontes (1986) ressalta que o SN posposto é encarado por uma parcela significativa de falantes do português como objeto pelas características que apresenta (posição VSN, - concordância).

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O outro grupo a ser selecionado foi o paralelismo formal que confirmou a expectativa de que, por um lado, quando o último ou único elemento do SN apresentasse marca explícita de plural, o verbo também apresentaria tendência à pluralização, assim como a presença de plural também influenciaria na marcação do plural e de que, por outro lado, quando houvesse presença de zero no último elemento, haveria o desfavorecimento da forma de plural no verbo. Os resultados confirmaram o princípio do paralelismo de “formas gramaticais particulares ocorrerem juntas” (SCHERRE, 1998, p.42) (84%, .54 de p.r. de aplicação da regra de concordância verbal quando havia presença da forma de plural explícita no último elemento e 61%, .32 de p.r. quando havia presença da forma zero de plural no último elemento).

Em seguida, o grupo de fatores traço humano no sujeito foi selecionado para o condicionamento da concordância verbal, confirmando a hipótese de que, quando o SN da sentença fosse [+humano], a probabilidade seria de marcação da concordância (85%, .55 p.r. de marcação da concordância) e quando o SN fosse [-humano] a tendência seria de não marcação da concordância no verbo (58%, .28 de p.r. de marcação da concordância).

No que se refere ao grupo de fatores tipo de verbo, o quinto grupo a ser selecionado, atestou-se a inacusatividade como ambiente favorecedor da não-marcação da concordância verbal de terceira pessoa do plural na fala florianopolitana (78%, .63 p.r. de marcação da concordância para os verbos do tipo cópula, 82%, .49 de p.r., para os verbos transitivos, 82%, .46 de p.r. para os verbos intransitivos e 71%, .37 de p.r. para os inacusativos).

O sexto grupo de fatores lingüísticos selecionado foi o tipo de sujeito. Foram controlados os seguintes tipos de SN: pleno simples, pleno nu, pleno composto, pronome pessoal, pronome indefinido, pronome demonstrativo, quantificador e SN+pronome relativo que. Alguns desses fatores foram amalgamados em função de seus índices de freqüência, bem como de seu comportamento uniforme quando da presença de outros fatores. Os resultados indicam que as categorias pronome pessoal + pronome demonstrativo (88%, .59 p.r. de aplicação da regra de concordância) e SN + pronome relativo (que) (83%, .47 de p.r de aplicação da regra) favorecem as marcas de concordância, enquanto as categorias SN pleno composto (40%, .18 de p.r. de aplicação da regra) e quantificador + pronome indefinido (60%, .22 de p.r. de aplicação da regra) desfavorecem tais marcas.

(28)

Em relação aos grupos de fatores sociais controlados no estudo de Monguilhott (2001), os resultados apontam que, para o fenômeno em estudo, se mostram menos decisivos que os fatores lingüísticos. A escolaridade, dentre os fatores sociais controlados, foi a variável que se mostrou mais relevante, confirmando a hipótese de que quanto maior o nível de escolaridade, maior a probabilidade de o falante utilizar a regra de concordância verbal (81%, .57 de p.r. de marcação da concordância para falantes com 11 anos de escolarização, 78%, .44 de p.r. de marcação da concordância para falantes com 4 anos de escolarização), já que a escola privilegia o uso dessa norma. O grupo de fatores idade, selecionado como último fator relevante neste estudo, apontou para uma tendência à marcação de concordância na fala dos mais velhos (52 a 76 anos) (81%, .55 de p.r de aplicação da regra de concordância) e dos mais jovens (15 a 24 anos) (81%, .52 de aplicação da regra) e para uma leve tendência à não-marcação na fala dos informantes de meia-idade (25 a 45 anos) (75%, .42 de p.r. de aplicação da regra). Os resultados indicam uma tendência questionável, já que o esperado, em função dos resultados de outros estudos que controlaram idade no fenômeno da concordância verbal de terceira pessoa do plural, era que os falantes mais jovens e mais velhos tendessem a não-marcação da concordância e os falantes de meia-idade tendessem ao uso das marcas de concordância.

A investigação de Monguilhott (2001) confirma resultados de estudos anteriores (LEMLE e NARO, 1977; NARO, 1981; PONTES, 1986; LIRA, 1986; BERLINCK, 1988; SCHERRE e NARO, 1993; SCHERRE e NARO, 1997; SCHERRE e NARO, 1998) que haviam controlado os mesmos grupos de fatores, alguns tendo a concordância verbal como variável dependente, outros a tendo como variável independente.

Scherre, Naro e Cardoso (2007) investigam o papel do tipo de verbo na concordância verbal de terceira pessoa no PB em três amostras distintas: (i) duas delas do Corpus Censo, uma com 64 falantes (dados coletados na década de 80), e outra com 16 falantes (recontactados na década de 90) e (ii) uma amostra de uma falante maranhense radicada em Brasília (dados de Cardoso, 2005).

Os dados da primeira amostra totalizam 5000 ocorrências e foram distribuídos em três categorias: verbos nocionais, auxiliares em estruturas ativas e passivas e verbos de ligação. Levando em consideração outros grupos de fatores, como saliência fônica, traço humano do sujeito, posição e distância do sujeito em relação ao verbo e paralelismo discursivo e oracional, a análise do grupo tipo de verbo não se mostrou relevante.

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A segunda amostra totalizou 1200 construções que foram categorizadas diferentemente dos dados da amostra anterior. Segundo os autores, foi levado em conta “além do aspecto semântico-lexical do verbo, a idéia de transitividade verbal como um fato dependente do contexto sintático, paralelamente à concepção de que os verbos apresentam uma transitividade preferencial” (op. cit., p.05). Essa análise também não revelou significância para o grupo de fatores tipo de verbo.

Em relação à amostra da falante maranhense, os 464 dados coletados foram categorizados, de acordo com Cardoso (2005), em: transitivos, intransitivos não-inacusativos, intransitivos não-inacusativos, auxiliares/não-inacusativos, ligação/não-inacusativos, existenciais/inacusativos e impessoais/inacusativos. A análise desta amostra também não se mostrou relevante estatisticamente, no entanto, em termos de freqüência observa-se a clasobserva-se dos inacusativos desfavorecendo levemente a marcação da concordância (50%), em contraste com os transitivos (53%) e com os intransitivos (60%).

Os autores fizeram ainda uma nova categorização com os dados dos 16 falantes do Corpus Censo seguindo a categorização de Cardoso (2005). Mesmo com a nova categorização, o grupo não foi selecionado como significativo, apresentando, em termos percentuais correspondência com os resultados da falante maranhense, ou seja, os inacusativos tendem levemente a não marcação da concordância (72%), comparativamente aos transitivos (84%) e aos intransitivos (76%).

Por fim, Scherre, Naro e Cardoso, analisam os dados da amostra com os 16 falantes do Corpus Censo e da falante maranhense em termos de uma oposição binária, de um lado os inacusativos, existenciais/inacusativos e impessoais/inacusativos, de outro os demais verbos. Também não houve seleção do grupo de fatores, mas em termos de percentuais, percebe-se que o grupo dos inacusativos tendeu a não aplicação da regra de concordância com 63% em relação aos demais verbos, com 84% de aplicação.

Diante dos resultados, os autores afirmam que “o efeito associado à categoria tipo de verbo é apenas aparente e que é, na realidade, o resultado da ação de outros fatores cuja presença se correlaciona aos fatores deste grupo” (p.17) [grifos dos autores].

Bortoni-Ricardo (2008) avalia, em seu estudo, reações subjetivas em relação à não marcação da concordância verbal em dois experimentos. O primeiro experimento

(30)

procurou identificar duas comunidades de fala10, de acordo com a definição de Labov (1966), em termos de suas reações ao traço em estudo. Já o segundo experimento avaliou as reações de universitários à concordância não-padrão em diversos ambientes morfossintáticos que provaram ser relevantes à aplicação da regra na pesquisa de Lemle e Naro (1977).

No que se refere ao primeiro experimento, a autora, ao investigar se a concordância não-padrão era percebida da mesma forma por falantes de diferentes graus de escolaridade (universitários e alunos de supletivo de 1º. grau), constatou que os falantes que têm acesso a curso superior estigmatizam a concordância não-padrão, o que não acontece com os falantes que freqüentam curso supletivo, mesmo aqueles que residem em área urbana e têm curso primário.

Bortoni-Ricardo evidencia que o fato de a não marcação da concordância verbal nas classes desfavorecidas ser maior do que nas classes escolarizadas corrobora a hipótese de Labov (1964, p.68) de que a “capacidade de perceber o significado social de diferenças dialetais precede a aquisição de estilos consistentes de prestígio” (BORTONI-RICARDO, 2008, p.370).

Em relação ao segundo experimento, a autora, partindo do estudo de Lemle e Naro (1976), testou, em uma amostra de 360 alunos universitários, a hipótese de que as formas verbais em que mais ocorre a concordância não-padrão são as formas menos estigmatizadas. Os seus resultados indicaram que a estigmatização do traço ocorre mais evidentemente nos ambientes em que a não marcação é menos freqüente e confirmaram também a hipótese de Lemle e Naro de que a concordância verbal em português é menos provável precisamente onde sua ausência é minimamente saliente.

1.1.1.2 Português não urbano

No que se refere a trabalhos desenvolvidos com amostras do português não urbano, destacaremos resultados das seguintes pesquisas: Rodrigues (1987), Silva (2003), Pereira (2004), Cardoso (2005) e Lucchesi (2006). 11

10

No capítulo II, seção 2.1.3, discutiremos mais detalhadamente o conceito de comunidade de fala. 11

Caracterizamos como português não urbano as amostras das pesquisas com informantes que vivem em áreas periféricas como as favelas de São Paulo (RODRIGUES, 1987), áreas periféricas do Distrito Federal (CARDOSO, 2005), comunidades rurais da Bahia, de São Paulo e Minas Gerais (SILVA, 2003; PEREIRA, 2004). Inserimos o estudo de Lucchesi nesta seção, pois embora retrate amostras do português urbano (PEUL, NURC e VARSUL), também traz resultados de amostras do português não urbano (SILVA, 2003; VIEIRA, 1997 e NINA, 1980).

(31)

Rodrigues (1987) descreve a realização da regra de concordância verbal no português popular de São Paulo. Para a autora, fala popular é aquela usada pelo falante que “não adquire a variedade de língua que Labov rotula standard ou padrão consistente” (p.96).

A amostra de sua pesquisa é composta por 40 informantes adultos, de ambos os sexos (16 homens e 24 mulheres), com baixo nível de escolaridade (escolaridade nula ou de 1ª. a 4ª. série do ensino fundamental), estratificados em três faixas etárias (20 a 35 anos, 36 a 50 anos, mais de 51 anos), procedentes da capital e do noroeste do Estado de São Paulo, do norte do Paraná, do norte de Minas Gerais, do sul da Bahia e da região nordeste do país (Pernambuco, Alagoas, Ceará e Paraíba), todos residentes das favelas dos jardins Carombé e Paulistano, na periferia paulistana.

A autora analisou a concordância verbal de primeira e terceira pessoa do plural. Evidenciaremos os resultados referentes à terceira pessoa que apresentaram uma freqüência geral de não-marcação da concordância de 71% de um total de 1356 dados. No que tange aos fatores lingüísticos, a autora controlou a posição do sujeito em relação ao verbo, a saliência fônica e a classe morfológica do sujeito. Os resultados evidenciam que os três fatores lingüísticos considerados na análise se mostraram relevantes.

Em relação ao grupo de fatores posição do sujeito, constatou-se que o sujeito posposto influenciou a não-concordância (97%12, .88), diferentemente do sujeito anteposto (76%, .31) e do sujeito distante do verbo (78%, .45). No grupo de fatores saliência fônica, atestou-se o que já era previsto em Naro (1981): formas mais salientes apresentam mais marcas de concordância padrão (ex. fez/fizeram 31% .20) do que formas menos salientes (ex.: fala/falam 94%, .93). No que se refere ao grupo de fatores classe morfológica do sujeito, os resultados indicam, por um lado, um menor uso da concordância padrão para o sujeito não-pronominal (82%, .67), seguido do sujeito explícito (72%, .45) e, por outro lado, o sujeito não explícito influenciando o uso de marcas de concordância (48%, .38).

Rodrigues (1987) analisou, em seu trabalho, os grupos de fatores sociais: sexo, idade, escolaridade e procedência. Em relação à marcação da concordância verbal de terceira pessoa do plural, os grupos sexo e escolaridade foram considerados irrelevantes na análise. O grupo de fatores idade indicou que “formas lingüísticas aceitas como padrão tendem a ocorrer, predominantemente, entre falantes mais velhos” (p.219). Os

12

Vale ressaltar que as freqüências e os pesos relativos desse estudo referem-se à não-marcação da concordância verbal.

(32)

falantes mais jovens (20 a 35 anos) são os que menos utilizam marcas de concordância em sua fala (80%, .66), em contraste com os falantes da faixa etária intermediária (36 a 50 anos – 70%, .39) e com os falantes mais velhos (mais de 51 anos – 65%, .44). No que se refere à procedência, grupo de fatores mais significativo entre os sociais, a autora constatou que os falantes de São Paulo (capital) são os que mais preservam as marcas de concordância verbal (63%, .39), e os falantes do Norte de Minas Gerais e sul da Bahia são os que menos preservam as marcas em sua fala (75%, .71).

Silva (2003) investiga a concordância verbal de terceira pessoa do plural em três comunidades rurais do estado da Bahia: Cinzento, Helvécia e Rio de Contas. Das 1706 ocorrências levantadas no corpus da pesquisa, 273 apresentaram marcas de concordância, 16% do total. Dentre as variáveis lingüísticas controladas, as seguintes foram selecionadas pelo programa Varbrul, por ordem de relevância: saliência fônica, indicação plural no SN sujeito, concordância nominal no sujeito, realização e posição do sujeito, tipos de verbo e caracterização semântica do sujeito. Já dentre as variáveis extralingüísticas selecionadas estão: faixa etária, comunidade e sexo.

Em relação à saliência fônica, seus resultados comprovaram que as formas mais salientes são aquelas que mais favorecem a marcação da concordância verbal (CV) (31% de freqüência e .78 de peso relativo, contra 6% de freqüência e .27 de peso relativo para as marcas menos salientes).

No que se refere à variável indicação plural no SN sujeito, foram controlados os fatores de indicação mórfica, quantificador e lexical13. Os resultados apontam para a indicação lexical como mais favorecedora da marcação da CV, com 80% de freqüência e .97 de peso relativo. Já a indicação mórfica apresentou 12% de freqüência e .47 de peso relativo e a indicação quantificador 17% de freqüência e .52 de peso relativo.

A outra variável selecionada foi a concordância nominal no sujeito. Os resultados indicam que, quando havia concordância nominal, as chances de haver concordância verbal eram maiores (24% de freqüência e .74 de peso relativo) do que quando a concordância nominal não ocorria (9% de freqüência e .48 de peso relativo).

A variável seguinte selecionada foi a realização e posição do sujeito. Os resultados para esta variável apontaram um favorecimento da concordância verbal para o sujeito não realizado (27% de freqüência e .61 de peso relativo), seguido do sujeito

13

Essa variável refere-se às estratégias de pluralização do sujeito: noção de plural indicada pelo morfema (indicação mórfica) “os minino tirô as calça”, noção de plural indicada pelo quantificador (quantificador) “muitos dele adoece” e noção de plural indicada pelo valor semântico do item lexical (lexical) “a nova geração tão animado”. Os exemplos foram extraídos do trabalho do autor.

Referências

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