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Atitudes e percepções na construção de territórios identitários : o bairro Bugio em Aracaju/SE

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA. RODRIGO SANTOS DE LIMA. ATITUDES E PERCEPÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS IDENTITÁRIOS: O BAIRRO BUGIO EM ARACAJU/SE. São Cristóvão (SE) 2011.

(2) RODRIGO SANTOS DE LIMA. ATITUDES E PERCEPÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS IDENTITÁRIOS: O BAIRRO BUGIO EM ARACAJU/SE. Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial à obtenção do Titulo de Mestre em Geografia.. Orientadora: Maria Augusta Mundim Vargas. São Cristóvão (SE) 2011.

(3) RODRIGO SANTOS DE LIMA. ATITUDES E PERCEPÇÕES NA CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS IDENTITÁRIOS: O BAIRRO BUGIO EM ARACAJU/SE. Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial à obtenção do Titulo de Mestre em Geografia.. Aprovada em ______/______/______.. Banca Examinadora. __________________________________________ Prof.ª Drª. Maria Augusta Mundim Vargas (Orientadora) Universidade Federal de Sergipe __________________________________________ Prof.ª Drª. Maria Geralda de Almeida (Examinador Interno) Universidade Federal de Goiás __________________________________________ Prof.ª Drª. Lurdes Bertol Rocha (Examinador Externo) Universidade Estadual de Santa Cruz. __________________________________________ Prof.ª Drª. Vera Lúcia Alves França (Suplente) Universidade Federal de Sergipe. __________________________________________ Prof.ª Drª. Sônia de Souza Mendonça Menezes (Suplente) Universidade Federal de Sergipe.

(4) DEDICATÓRIA. Dedico este trabalho à minha mãe. Ela me oportunizou o acesso ao ensino superior com muito esforço, além de todo amor e carinho despretencioso, o melhor sentimento que existe na face da Terra..

(5) AGRADECIMENTOS. Após a finalização de um trabalho desse porte, fica impossível não lembrar de seres humanos que com a sua presteza, amor e carinho contribuíram decisivamente para a concretização da nova etapa de minha profissional. Mas antes, agradeço à luz divina em nome de Deus. A nossa vida sem espiritualidade não é possível existir. Agradeço aos meus pais Manoel e Alda (Ninha), sem eles não teria chegado a lugar algum, desde cedo procurando dar as melhores condições possíveis para mim, para meu engrandecimento como ser humano, com amor, carinho e limites. Às minhas irmãs, Patrícia, Renata e Grasiela. Aos meus amigos, com bastante cuidado para não cometer deslizes de esquecer alguém e já pedindo perdão se acontecer. Aos amigos do Bugio, Sandro, Priscila, Alan e Aline e a nossa turma animada, sempre em momentos de descontração que me faziam alegria e desprender um pouco da rotina de elaboração deste trabalho. Bem como pela compreensão em momentos de ausência, por vezes aceitos, outra vezes não. Aos meus amigos e companheiros acadêmicos, incentivando, auxiliando no que fosse possível. A Ronilse, Denise, Laércio, Gleise, Alvanira, Rosana, Núbia, Emerson e Boni além de outros que ajudaram de alguma forma para que eu finalizasse esse trabalho, principalmente incentivando. Aos meus amigos companheiros do grupo Sociedade e Cultura, Solimar, Roseane, Aucéia, Angela e todos os outros que fazem parte. As discussões dos textos, as conversas e os momentos de descontração também foram importantes. Aos meus amigos companheiros de trabalho, Elissandra, (foram momentos cheios de adrenalina, hein?!), Dayse, sempre com seu jeito meio preocupada e pensativa, nas críticas, nos elogios, nas recomendações e na amizade desprendida. E a coordenadora do Colégio Gilson Amado, Ana Lina, pela compreensão e incentivo..

(6) 6. Aos meus amigos do voleibol UFS, João, Jefferson, Ézio, Bergson, o professor Marcelo Haiachi e aos demais que diziam que Geografia era só fazer mapas, na brincadeira é claro! Aos professores do NPGEO pelos quais passei, os seus ensinamentos foram importantes e os incorporei ao máximo. As professoras Vera França, Maria Geralda e Geísa por ler o meu projeto e dar contribuições fundamentais para a realização deste trabalho. Aos funcionários do NPGEO, Everton e Franci sempre nos auxiliando na parte burocrática. A Claryanne, pela disponibilização de informações sobre o Bugio da Secretaria de Planejamento de Aracaju. E jamais esqueceria da minha mais que orientadora Maria Augusta Mundim Vargas, ou simplesmente Guta. Uma orientadora como esta eu não conheço em lugar algum. Agradecê-la é sem dúvidas para mim, o ponto culminante deste trabalho. Sempre ajudando, nas broncas sutis, mas corretas, nos elogios, mas sem deixar-me subir à cabeça. Uma orientadora extremamente humana, compreensiva e dedicada ao trabalho. O meu muito obrigado Guta, não sei o que seria de mim sem a senhora como a minha orientadora!. Obrigado!.

(7) RESUMO. A identidade territorial é uma temática geográfica caracterizada pela existência de símbolos que lhe dão ancoragem. Estes podem ser concretos ou abstratos, podem ser uma rua, um rio, ou permeados pelo imaginário de determinadas populações. A partir desse pressuposto, perpassam os conceitos de território, identidade, cotidiano e representações sociais que, entrelaçados, desvelam a realidade analisada. Com base nesse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar a existência de territórios identitários no Bairro Bugio, cuja implantação confere-lhe características especiais: foi planejado e implantado na periferia de Aracaju circundada por canais e manguezais com apenas duas vias de acesso. Esse aparente “isolamento” fez-nos questionar o manguezal como símbolo identitário do bairro e, adentramos no cotidiano e na percepção de seus moradores. A pesquisa revelou uma dinâmica local de produção espacial através das práticas cotidianas permeadas de interações entre os indivíduos que ao mesmo tempo situando-se num contexto global de tendências homogeneizantes, trocam experiências em torno de algo familiar construído nas representações sociais determinando sua conduta. A percepção do bosque de mangue como símbolo não foi detectada e os moradores são indiferentes à sua presença. Apenas entre os pescadores, que extraem parte de seu sustento do manguezal, é que há um significado da paisagem em questão. A análise revelou a existência da identidade territorial tendo como um símbolo de maior expressão a igreja católica, mas como existe presença de outros com suas territorialidades, infere-se a existência de vários territórios identitários denotando as múltiplas identidades.. Palavras-chave: Identidade. Território. Representações Sociais..

(8) ABSTRACT. Territorial identity is an area of geography characterized by the existence of symbols that give its support. These may be concrete or abstract, may be a street, a river, or permeated by the imagery of certain populations. From this assumption, pervades the concepts of territory, identity, everyday life and social representations, twisted, unveil the reality analyzed. So, the objective of the present study is to analyze the existence of identity territories at the Bugio neighborhood, whose implantation gives special characteristics: it was planned and deployed at the outskirts of Aracaju surrounded by canals and wetlands with only two access roads. This apparent "isolation" has made ask ourselves the mangroves as a symbol of neighborhood identity, and we enter in daily life and in the perception of its residents. The research revealed a local dynamic of spatial production through daily practices permeated by interactions among individuals at the same time standing in a global context of homogenizing tendencies exchange experiences around something familiar made in the social representations determining its conduct. The perception of the mangrove forest as the symbol was not detected and the residents are indifferent to its presence. Only among the fishermen, who derive part of their livelihood from the mangrove, is that there is a meaning of landscape in question.The analysis revealed the existence of territorial identity being the Catholic church as a symbol of greater expression, but for the presence of the others with territoriality, infer the existence of several identity territories denoting the multiple identities. Keywords: Identity, Territory, Social Representations..

(9) LISTA DE FIGURAS. Figura 01 -. Mapa de localização do bairro Bugio em Aracaju.................................. 41. Figura 02 -. Imagem de satélite do bairro Bugio........................................................ 43. Figura 03 -. Palafita sobre o canal do riacho Palame nas bordas do Loteamento Estrela do Oriente.................................................................................. 44. Figura 04 -. Localização de moradia dos entrevistados............................................ 50. Figura 05 -. Estrutura etária dos entrevistados.......................................................... 51. Figura 06 -. Correlação entre idade e tempo de moradia no bairro........................... 52. Figura 07 -. Ocupação dos entrevistados.................................................................. 53. Figura 08 -. Fotografia aérea da Bugio antes de sua edificação............................... 56. Figura 09 -. Evolução da ocupação urbana no Bugio................................................ 58. Figura 10 -. Aspecto das praças Dilton Jorge e Minervino Correia e Silva............... 64. Figura 11 -. Distribuição dos templos religiosos no bairro Bugio............................... Figura 12 -. Templos: Evangelho Quadrangular; Apostólica do Avivamento; Igreja Evangélica Nova Canaã......................................................................... 68. 70. Figura 13 -. Igreja Católica Nossa Senhora Aparecida............................................. 71. Figura 14 -. Aspecto do mercado antes e após a reforma....................................... 74. Figura 15 -. Espaços de convivência, comércio e serviços....................................... Figura 16 -. Fogos no final da procissão de Nossa Senhora Aparecida................... 83. Figura 17 -. Celebração de missa durante o dia 12 de outubro................................ 83. Figura 18 -. Desfile cívico do Bugio........................................................................... Figura 19 -. Percepção dos entrevistados sobre a presença do mangue no bairro. 75. 85. Bugio...................................................................................................... 88 Figura 20 -. Aspecto da degradação do mangue...................................................... 89. Figura 21 -. Rede e canoa – instrumentos de pesca................................................. 90. Figura 22 -. Casa de alvenaria ocupando o mangue e lixo despejado...................... 91. Figura 23 -. Lançamento de esgoto no mangue........................................................ 92. Figura 24 -. Percepção do bairro – aspectos relevantes para o morador................. 95. Figura 25 -. Percepção do símbolo do Bugio............................................................ 99.

(10) LISTA DE QUADROS. Quadro 01 -. Características de abordagem do território por Haesbaert, 2005........ 10. Quadro 02 -. Perspectivas dos estudos dos territórios vividos.................................. 16. Quadro 03 -. Praças do Bugio, seus equipamentos e serviços................................. 63. Quadro 04 -. Igrejas evangélicas no Bugio............................................................... 69. Quadro 05 -. Associações de moradores detectadas no Bugio................................ 78. Quadro 06 -. Manifestações culturais........................................................................ 82. Quadro07 -. Síntese sobre o que mais e menos gostam no Bugio.......................... 94. LISTA DE TABELAS. Tabela 01 -. Rotina dos entrevistados....................................................................... 62. Tabela 02 -. Percepção individual e coletiva dos entrevistados................................ 95. Tabela 03 -. Percepção dos entrevistados na elaboração de um quadro no Bugio..................................................................................................... 97.

(11) 2. SIGLAS. BNH. Banco Nacional de Habitação. COHAB. Companhia de Habitação. CSU. Centro Social Urbano. ECCO‟S. Espaço de Cultura e Convivência Social. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ICAJM. Instituto de Cultura e Arte João Mulungu. NAC. Núcleo de Ação Comunitária. NPGEO. Núcleo de Pós-Graduação em Geografia. PAC. Posto de Atendimento ao Cidadão. PACS. Programa de Agente Comunitário de Saúde. PMA. Prefeitura Municipal de Aracaju. PSF. Programa de Saúde da Família. SEIDES. Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento. Social SESI. Serviço Social da Indústria. SEPLAN. Secretaria de Estado do Planejamento. SFH. Sistema Financeiro de Habitação. SIT. Sistema Integrado de Transporte. UGI. União Geográfica Internacional. UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a. Cultura USES. União dos Estudantes Secundaristas.

(12) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO............................................................................................. 01. APRESENTAÇÃO....................................................................................... 05 1.. A IDENTIDADE TERRITORIAL NOS CAMINHOS DA GEOGRAFIA........ 07 1.1. Tramas do território na geografia................................................................. 08. 1.2. O território e o cotidiano............................................................................... 15. 1.3. Território e identidade, ou identidade territorial? ........................................ 23. 2.. QUESTÕES DE MÉTODO E METODOLOGIA NA OBTENÇÃO DAS ATITUDES E PERCEPÇÕES...................................................................... 31. 2.1. Sobre o método............................................................................................ 32. 2.2. A fenomenologia........................................................................................... 33. 2.3. A percepção................................................................................................. 37. 2.4. O lugar da pesquisa: o bairro Bugio............................................................. 2.5. Instrumental da pesquisa............................................................................. 45. 3.. 40. EM BUSCA DO TERRITÓRIO IDENTITÁRIO............................................. 54. 3.1. Evolução da paisagem do bairro Bugio........................................................ 55. 3.2. O espaço vivido........................................................................................... 60. 3.2.1 O cotidiano................................................................................................... 60. 3.2.2 O cotidiano das religiões.............................................................................. 66. 3.2.3 Aspectos do comércio e serviços................................................................. 72. 3.3.. As representações........................................................................................ 76. 3.3.1 As associações formais................................................................................ 76. 3.4. Festas e eventos ......................................................................................... 81. 3.5. Imagem, percepção e atitudes..................................................................... 86. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 103. APÊNDICES.............................................................................................................. 110. BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 122. Referências................................................................................................................ 123. Consultadas............................................................................................................... 129.

(13) 1. INTRODUÇÃO.

(14) 2. INTRODUÇÃO. O mundo pós-moderno possui características derivadas do processo de avanço no sistema político-econômico capitalista que ao criar e recriar, encontra maneiras de adaptar-se para a manutenção da sua reprodutibilidade. A globalização associa-se hoje, a um amplo conjunto de transformações, que configuram a passagem para um novo paradigma tecno-econômico. Esse novo padrão tecnológico e produtivo é centrado nas modernas tecnologias de informação e comunicação que anulam o espaço através do tempo (MASSEY, 2000), revolucionando as relações espaço-temporais e fazendo com que a informação passe a ser “o verdadeiro instrumento de união entre as diversas partes de um território” (SANTOS et al, 1994:17). As características mais marcantes desse período são a tendência à homogeneização, expansão das corporações transnacionais e de seu poder de influência, revolução comunicacional e científica, surgimento de blocos econômicos comerciais, hibridização entre culturas locais e de massa universal. São novas configurações, formas e lógicas espaciais que conduzem à superposição dos lugares pelos fluxos e acarretam alterações nos locais que ao mesmo tempo, redefinem-se pela densidade comunicativa, técnica e informacional. O fenômeno se apresenta dissimétrico no espaço, afeta com intensidades diferentes os lugares e provoca formas distintas de produção espacial. A globalização atinge a vida de todas as pessoas, países sob escala planetária e implica à transformação, não só dos sistemas mundiais, mas também da vida cotidiana social, prejudicando a forma de ver e relacionar-se uns aos outros e com o meio ambiente. Tal interferência é refletida nos modos de vida e comportamentos humanos influenciados por uma ideologia baseada no consumo e apreendida com base nos meios de comunicação, como disseminador das novas necessidades criadas pelas grandes corporações internacionais. Por essa lógica, parece certa a perda da identidade com consequente desenraizamento dos modos de vida pelas perdas de referências. Por vezes, para a.

(15) 3. existência de uma identidade é necessário ter uma referência no espaço concreto ou simbólico na paisagem, que é percebido e repassado através das práticas sociais exercidas no cotidiano, tendo a linguagem do senso comum como a principal forma de transmissão dos códigos que estarão associados às condutas e atitudes frente ao meio ambiente. Mesmo com o surgimento das novas funcionalidades apregoadas no local de vivência, este não perdeu totalmente seu invólucro tradicional de existência, pois estas não implicam no abandono total da referência identitária (ROLNIK, 1997, p. 1), e a partir dessa constatação, as identidades individuais e sociais se destacam delineando a força de permanência, mesmo com novas formas de subjetividade recebidas pelo meio técnico e das relações coletivas dos indivíduos. Apesar de toda a interferência da globalização no cotidiano dos locais alterando as identidades, é notável o surgimento da diferença como modeladora da produção do espaço geográfico. Ela é respaldada por movimentos de nacionalismos, separatismos em localidades do mundo, mas, pode ser notada na produção local dos espaços, configurando territórios identitários corroborados a partir de uma referência. A. análise. das. representações. sociais. possibilita. responder. mais. acuradamente o cotidiano das relações socioespaciais nas localidades e dão base para a confirmação da existência de uma referência do meio ambiente, e consequentemente da identidade presente. Nesse contexto, esta pesquisa nasceu da necessidade de se analisar as práticas sociais realizadas por representações sociais no cotidiano e seus rebatimentos na configuração de territórios identitários, apresentando como base empírica o Bairro Bugio na cidade de Aracaju-SE. Ao abordar essa temática surgiram indagações que nortearam a pesquisa: . A existência de mangues ao redor e próximo do local em que os. moradores fixaram residência contribuiu para a construção de identidade para com o bairro Bugio? . O manguezal se constitui num símbolo identitário?. . Existem outros símbolos identitários?. . As representações conduzem para a existência de territórios. identitários?.

(16) 4. . Quais as relações estabelecidas com o manguezal?. . O bairro Bugio se presta para minimizar a aceleração da entropia tendo. sido implantado numa área privilegiada, margeado por canais e manguezal? . Será que a população do bairro percebe essa situação privilegiada do. bairro por ser margeado por bosques de mangues? . Quais as atitudes da população para com a área amortecedora da. entropia do sistema urbano? Ao atuar como morador do Bugio há vinte e oito anos, a partir destas questões emanadas da observação cotidiana, houve o intuito em aprofundar reflexões acerca da construção do(s) território(s), adquirindo como abordagem delimitadora a existência ou não, de identidade com o meio físico do bairro citado como instrumento da presente pesquisa..

(17) 5. APRESENTAÇÃO. Essa pesquisa insere-se num contexto avaliativo da dinâmica ambiental do sistema urbano de Aracaju em que conste a importante função de espaços abertos, no caso, áreas de preservação ambiental dos canais e bosques de mangue. Porém à luz de uma abordagem cultural, ela busca avaliar o cotidiano dos moradores do Bugio, suas atitudes, percepções e representações para com o bairro e o ecossistema natural do seu entorno. Sendo assim, este trabalho constituiu o objetivo geral em analisar a existência de territórios identitários da região Norte de Aracaju, com destaque para o Bugio,. em. áreas. de. ecossistema. manguezal,. considerando. as. práticas. socioeconômicas, culturais e ambientais do cotidiano. Para a operacionalização da pesquisa, o objetivo principal foi desdobrado em vários outros específicos, quais sejam: . Levantar como se processam os laços de identidade individual e. coletiva com os manguezais do bairro Bugio; . Caracterizar o cotidiano do bairro Bugio;. . Identificar como se processam as relações e atitudes dos moradores. com o bairro e com o manguezal; . Obter os aspectos que marcam a percepção dos moradores com o. manguezal e o bairro; . Identificar as práticas sócio-culturais construtivas de território(s). identitário(s); . Avaliar a existência da construção do território identitário com o meio. físico de suporte do assentamento do bairro Bugio. Nesse intento, as áreas de manguezais da zona norte do município de Aracaju inserem-se na discussão proposta, visto que são bastante degradadas, apesar de configurarem uma proteção ambiental definitiva, como também da sociedade viver um momento histórico de grande preocupação com o ambiente. As áreas em destaque encontram-se em contraponto local no global e viceversa; retratando o embate presente de fenômenos compostos por localismos e.

(18) 6. globalização, resultando nas mudanças das territorialidades locais com variados desdobramentos nas formas de uso do solo e nas relações sócio-espaço-temporais. Assim, a análise do território a partir das representações sociais do cotidiano pode configurar na existência ou não da identidade local permanente nos espaços ocupados por manguezais da zona norte de Aracaju, com destaque para o bairro Bugio. Avaliar as atitudes e as percepções torna-se então, relevante pela importância das questões ambientais na capital Aracaju, já que existem ameaças severas ao futuro da humanidade tão em voga modernamente, em que ações realizadas no lugar definem-se e estabelecem uma reflexão global. Com base no exposto, a dissertação está estruturada em introdução e três capítulos. Na introdução é explanada a temática foco do trabalho situando-o no contexto da ciência atual, os motivos para a realização derivados de experiências sociais com o empírico em questão; os eixos teóricos desenvolvidos, os objetivos e uma breve abordagem sobre o método adotado na pesquisa. O primeiro capítulo é composto pelo arcabouço teórico da pesquisa sobre território, identidade, cotidiano e representações sociais, bem como sua importância e aplicação na Geografia contribuindo para as reflexões propostas nos objetivos. No segundo, estão colocados o método e a metodologia, partindo de uma breve revisão de método para melhores compreensões do empregado nesta pesquisa, o lugar onde foi elaborada, o Bugio; suas características, história, e sucinta análise da classificação e do instrumental de análise. E, para finalizar, no terceiro capítulo serão exibidos os resultados consistentes ao contexto teórico da pesquisa, destacando a análise da evolução de paisagem, as características do cotidiano como elo entre os indivíduos e o espaço, a imagem, a percepção e as atitudes relacionadas ao mangue e ao bairro. Finalizando, realizamos as considerações finais feitas com base em todo o transcurso da pesquisa, bem como os aspectos contribuintes deste trabalho para futuras análises sobre identidade territorial..

(19) 7. CAPÍTULO 1. A IDENTIDADE TERRITORIAL NOS CAMINHOS DA GEOGRAFIA.

(20) 8. 1 A IDENTIDADE TERRITORIAL NOS CAMINHOS DA GEOGRAFIA. 1.1 Tramas do território na Geografia. O conhecimento científico parte de princípios norteadores pelos quais o pesquisador envereda de acordo com as suas afinidades e preferências. Cada um possui olhar diferente sobre os fenômenos da realidade sem, contudo, responder à totalidade das questões e consideram as respostas como verdades absolutas. Nesse contexto, a geografia insere-se como uma estratégia para responder questões da sociedade atual a partir do desdobramento de suas categorias fundantes resguardadas as diversas formas de análise. A geografia contemporânea traz a necessidade de novas abordagens sobre as categorias geográficas, visto que nesse momento as ciências tomam contornos multifacetados, de análises complexas e diversificadas. Nesse entremeio o conceito de território é um dos que mais se tem discutido por conta das novas características do mundo no século XXI. A discussão do conceito surgiu na geografia política do século XIX definindo o território como espaço de poder fixo. Nesse momento ocorria no Ocidente a consolidação dos estados-nações com um sistema institucional organizado e com área de dominação fechada. Atualmente, a discussão sobre o território, associada à mobilidade das fronteiras referentes às ações realizadas por entidades internacionais mostram-nos as inúmeras fragmentações e enfoques interpretativos do território. Dessa forma, há que se considerar a polissemia do conceito de território. Segundo Machado (1997), geógrafos do início do século XX enfatizavam as relações de poder num determinado espaço que resultaria na concretude de uma nação e um Estado. Outros indicavam para uma apropriação coletiva de um espaço pelo grupo, em face da dificuldade de proteção nacional de fronteiras, por isso escolhiam pontos com maior facilidade de controle. Em 1952, Jean Gottman revelou a dimensão simbólica do território compreendida a partir de pesquisas sobre o.

(21) 9. espaço vivido e, na década de 1970, ele associou a concepção de território à soberania. Em 1986, Sack enfatizou que o território é oriundo das estratégias de controle necessárias à vida social. A origem da palavra território deriva-se do termo latino “terra” e corresponde ao termo “territorium”. Este se constroói pela adição à „terra‟ do sufixo „torium‟, que designa lugar de um substantivo qualquer: dormitório, lugar de dormir; território, lugar da terra, âmbito terrestre localizado (MACHADO 1997, p. 24/25). No campo científico, o conceito foi inicialmente abordado pelas ciências naturais, como sendo uma “área de disseminação de espécies vegetais ou animais” envolvendo área de dominação de gêneros de espécies. A abordagem geopolítica do território na Geografia foi marcada pela obra de Ratzel que o introduziu na geografia a partir da obra “Antropogeografia”, levando consigo a ideia de propriedade, identificando um território como sendo uma parcela do espaço terrestre, conhecida pela posse, uma área de domínio de uma comunidade ou Estado. E, até a década de 1960, o território foi mais abordado sob a égide de que seria apenas o estado-nação a única delimitação possível no campo de análise geográfica. Novas abordagem surgem com a contribuição de Raffestin na década de 1980, ao considerar o espaço como substrato onde se definem as outras categorias, a saber: território, paisagem, região, etc; pois: [...] o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator “territorializa” o espaço.(RAFFESTIN,1993, p.143). É notória a intenção do autor no sentido do apoio que o território possui no espaço, ora no campo concreto, ora no simbólico, denotando um território relacional, palco das relações sociais de poder permitindo aos grupos a interagir entre si e com as suas identidades. No campo concreto, o território está associado à propriedade, num sentido mais funcional vinculado ao valor de troca. No campo simbólico o território é estabelecido pelo valor de uso, pelo vivido, através da subjetividade, a identificação com o seu local de moradia, adquirindo a mesma força de realidade com as relações de poder abstratas..

(22) 10. [...] o espaço representado não é mais o espaço, mas a imagem do espaço, ou melhor, do território visto e/ou vivido. É, em suma, o espaço que se tornou o território de um ator, desde que tomado numa relação social de comunicação (RAFFESTIN, 1993, p. 147).. A acepção do território é concebida quando envolve então o ser humano como protagonista da sua espacialidade e está pautada na maneira como o mesmo atua no espaço concreta e simbolicamente. Portanto, todo território é, ao mesmo tempo e obrigatoriamente, em diferentes combinações, funcional e simbólico, pois exercemos domínio sobre o espaço tanto para realizar “funções” quanto para produzir “significados”. O território é funcional a começar pelo território como recurso, seja como proteção ou abrigo (“lar” para o nosso repouso), seja como fonte de “recursos naturais” – “matérias-primas” que variam em importância de acordo com o(s) modelo(s) de sociedade(s) vigente(s) (como é o caso do petróleo no atual modelo energético capitalista) (HAESBAERT, 2005, p.3).. As relações sociais no espaço acabam resultando em diferentes abordagens territoriais. Haesbaert, 2005, traz a ideia de um continuum entre funcionalidade e simbolismo e os caracteriza com os pontos mais aludidos nas teorias sobre território, conforme quadro 01.. Território funcional. Território simbólico. Processos de dominação.. Processos de apropriação (Lefebvre).. Territórios da desigualdade.. Territórios da diferença.. Território. sem. territorialidade Territorialidade sem território (Ex.:. (empiricamente impossível).. “terra prometida” para os judeus).. Princípio da exclusividade (no seu Princípio da multiplicidade (no seu extremo unifuncionalidade). extremo: múltiplas identidades).. Território como recurso, valor de troca Território (controle físico, produção, lucro).. como. símbolo,. valor. simbólico (“abrigo”, “lar”, segurança afetiva).. Quadro 01: Características de abordagem do território por HAESBAERT, 2005. Organização: Rodrigo Lima.

(23) 11. Das perspectivas apresentadas, aproximamos-nos daquela que envereda pela dimensão simbólico-cultural do território. Mesmo compreendendo a visão de todos os aspectos da análise, a busca pela construção da identidade é associada ao território simbólico. Numa análise simbólico-cultural Bonnemaison & Cambrezy apud Haesbaert (2004) enfatizam que: A lógica territorial cartesiana moderna dá pouca ênfase aos fluxos, ao movimento, e é suplantada hoje pela “lógica culturalista, ou se preferirmos (pós-moderna), que a geometria não permite medir e a cartografia, menos ainda, representar. Nesta (...) perspectiva o pertencimento ao território implica a representação da identidade cultural e não mais a posição num polígono. Ela supõe redes múltiplas, refere-se à geossímbolos mais que a fronteiras, inscreve-se nos lugares e caminhos que ultrapassam os blocos de espaço homogêneo e contínuo da ideologia geográfica”.. Nesse pensamento, o território sob o ponto de vista da abordagem proposta vincula-se ao território com a possibilidade da existência de um símbolo ou geossímbolo formador de identidade territorial através das relações sociais e representações do cotidiano. Bonnemaison (2002, p. 109), enfatiza que um geossímbolo pode ser definido como um lugar, um itinerário, uma extensão que, por razões religiosas, políticas ou culturais, aos olhos de certas pessoas e grupos étnicos assume uma dimensão simbólica que os fortalece em sua identidade. Contudo, a presença de aspectos funcionais não invalida a força simbólica do território, seria o continuum proposto por Haesbaert. Assim, a noção de território adquire formação nas relações sociais envolvendo inúmeros aspectos, comunicação, trabalho, relações afetivas, entre outras. O território se manifesta como “ [...] a prisão que os homens constroem para si” (RAFFESTIN, 1993, p.144). Raffestin op.cit. aborda também sobre a territorialidade, ressaltando que é um sistema relacionado ao “vivido” territorial pelas sociedades em geral (1993, p.159). Nesse sentido, as relações podem ser sígnicas, de delimitação física, etc. No conjunto, estabelece-se uma territorialidade, uma função cultural. A territorialidade se apoia nas ações realizadas pelos sujeitos ao longo do tempo, apoiando-se em referências materiais refletidas em símbolos, sendo que estes podem não ser fixos, e formam a existência dos sujeitos e a sua área de.

(24) 12. atuação. Logo, “a territorialidade se manifesta em todas as escalas espaciais e sociais” (RAFFESTIN, 1993, p. 161) e torna-se uma “face” do poder, cujo rosto só ganha visibilidade quando se exprime no “imaginário” (p. 162). Silva (2009), traz uma leitura da obra de Raffestin a esse respeito, reafirmando o território advindo das vivências e das relações simbólicas e significativas. [...] estas (as relações simbólicas-significativas) estabelecem um vínculo (positivo ou negativo) para com o território através de territorialidades específicas. A partir do momento em que diferentes grupos se encontram, estas territorialidades se confrontam e estabelecem, por causa das suas tensões de diversidade, um campo de forças. Este resulta de relações de poder entre elas. Ganhar nova visibilidade para novas relações sociais significa, por isso, adequar a situação em combinando os espaços de origem, em base de simbologias inovadoras, para uma nova coesão social e territorial (SILVA, 2009, p.110). Silva op.cit. traz ainda uma análise do território à luz do processo de globalização abordando as imposições dos modelos pré-definidos que resultam num território global. No entanto, a preocupação com as transformações decorrentes do processo de globalização emanada, sobretudo a partir dos anos 1970, trouxe a constatação de que não seria mais possível conceber um território global por si só, pois perceptivelmente ocorreram transformações em escalas locais importantes e não desprezíveis no mundo contemporâneo. Sobre esse aspecto, Machado (1997, p.26), é imprescindível a análise geográfica contemporânea considerar “as grandes transformações em termos mundiais dadas pelo desenvolvimento das redes técnicas, mas também o novo funcionamento do território que ocorre em níveis locais”. É então o retorno do território considerado domínio das localidades por aqueles que dele se apropriam e delimitam seu espaço de atuação, que renova e conduz à necessidade de novas escalas analíticas sem desprezar por completo as modificações em curso. Pelo embate entre o local e o global, o território é retomado sob novas abordagens metodológicas. Acontece uma revanche. Os locais criam novas estratégias em face das imposições globais. Como afirma Santos (1994, p.15), “[...] mesmo nos lugares onde os vetores da mundialização são mais operantes e eficazes, o território habitado cria novas sinergias e acaba por impor, ao mundo, uma revanche. (...) Daí essa metáfora do retorno”..

(25) 13. O reaparecimento da discussão territorial está associada ao simbólico. A análise “[...] prioriza a dimensão simbólica e mais subjetiva, em que território é visto, sobretudo, como produto da apropriação/valorização simbólica de um grupo em relação ao seu espaço vivido” (HAESBAERT, 2006, p.40). A definição do território em tempos modernos envolve o poder, mas a cultura e mesmo a economia são relevantes e devem ser consideradas na análise geográfica. É possível que, por vezes, um elemento pode ser mais forte que outro, ou até mesmo estar entrelaçados. Tal noção foi preconizada por Souza (2009, p. 59), para explicar que não negligencia as dimensões do território. Para isso cita uma passagem do seu texto escrito em 1995. O território (...) é fundamentalmente um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. A questão primordial, aqui, não é, na realidade, quais são as características geoecológicas e os recursos naturais de uma certa área, o que se produz ou quem produz em um dado espaço, ou ainda quais as ligações afetivas e de identidade entre um grupo social e seu espaço. Estes aspectos podem ser de crucial importância para a compreensão da gênese de um território ou do interesse por tomá-lo ou 1 mantê-lo (...), mas o verdadeiro Leitmotiv é o seguinte: quem domina ou influencia e como domina ou influencia esse espaço? Este Leitmotiv traz embutida, ao menos de um ponto de vista não interessado em escamotear conflitos e contradições sociais, a seguinte questão inseparável, uma vez que o território é essencialmente um instrumento de exercício de poder: quem domina ou influencia quem nesse espaço, e como? (SOUZA, 1995, p. 78-79).. O importante é perceber as várias dimensões para não se fazer uma análise parcial do fenômeno apresentado. No entanto, cabe ressaltar o olhar do pesquisador, permeado da teoria pela qual o mesmo acredita e irá empreender no significado do território mais próximo ao seu pensamento. A relevância das dimensões concreta e simbólicas é trabalhada também por Saquet (2009). Para ele, as mesmas podem ser sobrepostas e são controladas pelo “[...] domínio, pela apropriação e pela referência, pela circulação e pela comunicação, ou seja, por estratégias sociais que envolvem as relações de poder, materiais (concretas)2 e imateriais (simbólicas)3, historicamente constituídas” (SAQUET, 2009, p. 85). 1. SOUZA (2009, p.59), imprime tal palavra no intuito de desfazer mal-entendidos nas interpretações do texto escrito por ele em 1995. 2 Grifo nosso. 3 Grifo nosso..

(26) 14. Para o referido autor, o homem é central na formação do território, através das relações sociais, tornando os processos complexos e ao mesmo tempo relacionais. e. históricos,. materiais. e. imateriais. denotando. a. clara. multidimensionalidade do cotidiano vivenciado por nós. A todo o momento estamos concretizando as relações para com os outros e para com a natureza exterior. Contribuindo para análise, Claval (1999, p. 10), indica a importância do sentido do território imbuído de valor simbólico e representações. “A geografia novamente se inclina sobre o sentido de enraizamento, sobre os laços afetivos e morais que os grupos tecem com o solo onde nasceram e estão sepultados seus antepassados”. Nessa abordagem Claval destaca também a importância da presença do homem no espaço, por isso denota a necessidade de um olhar diferenciado para os lugares4, com mais profundidade buscando compreender a essência dos fenômenos e como os mesmos se manifestam. No território coexiste o homem e suas técnicas na produção do espaço que vivem tornando-o seu lar, moradia, aconchego, dando características que transformem o cotidiano comum permeado de representações altamente mutáveis, mas que de certa forma mantém laços de enraizamento e solidariedade, denotando, por vezes, uma unidade coesa. As consequências podem ser proteção, defesa, virtudes percebidas em determinadas áreas e que dão sustentação para a presença de identidades territoriais em qualquer lugar, em comunidades tradicionais bem como em cidades modernas, podendo ser o bairro, o ponto referencial da análise. Para tal, a base seria a dimensão territorial como afirma Claval (1999, p. 11): A consideração da dimensão territorial traduz uma mutação profunda na abordagem geográfica: falar em território em vez de espaço é evidenciar que os lugares nos quais estão inscritas as existências humanas foram construídos pelos homens, ao mesmo tempo pela sua ação técnica e pelo discurso que mantinham sobre ela. As relações que os grupos mantêm com o seu meio não são somente materiais, são também de ordem simbólica, o que os torna reflexivos. Os homens concebem seu ambiente como se houvesse um espelho que, refletindo suas imagens, os ajuda a tomar consciência daquilo que eles partilham.. O território, nesse sentido se estabelece em qualquer localidade onde estejam seres humanos e suas técnicas por sustentar a existência consciente ou 4. CLAVAL refere-se a lugar, mas é possível associar algumas ideias ao conceito de território..

(27) 15. inconscientemente no seu cotidiano por meio de características próprias, coesas e/ou híbridas percebidas através das representações do vivido. Uma pequena cidade, um vilarejo e até um bairro podem conter elementos conformadores. de. território.. Somente. símbolos,. referenciais,. relações. e. intercomunicações podem mostrar a realidade em que vivem. O território aparece, deste ponto de vista, como essencial, oferecendo àqueles que o habitam, condições fáceis de intercomunicação e fortes referências simbólicas. Ele constitui uma categoria fundamental de toda estrutura espacial vivida, a classe espacial. Como para todos os fenômenos de classe, as hierarquias existem: diz-se “nós” para o bairro, o vilarejo, a pequena região ou a nação, conforme o contexto no qual alguém se encontra ou o tipo de jogo ao qual se assiste (CLAVAL, 1973 in CLAVAL, 1999, p.12).. É no território do cotidiano que pode-se encontrar a resposta sobre identidades territoriais em qualquer lugar do planeta. Poderá haver locais com forte intensidade e coesão, e outros com pequena força e híbrido, ou ocorrer uma grande mescla com múltiplas territorialidades com ou sem uma clara definição identitária.. 1.2 O território e o cotidiano. A atual releitura do território pautada na análise simbólica está associada ao território cotidiano, este impregnado de características dos seres humanos que ali habitam, se reproduzem e atuam no espaço. Em face disto, nota-se o uso de variadas denominações como “territórios flexíveis”, “territórios da subjetividade”, “microterritórios”, entre outros; denotando os múltiplos focos dos trabalhos na área, o que por um lado dificulta de certo modo a compreensão sistematizada da categoria, e por outro, mostra também a riqueza. Não há consenso para ter nem tampouco sobre a relação entre território e cotidiano. Convém, para facilitar, compreender que [...] o território é perscrutado a partir da vivência dos indivíduos. O que funda estes territórios é a interação diária entre as pessoas e das relações destas com espaço; e deste ponto deriva a relevância da subjetividade, da.

(28) 16. intersubjetividade, do conhecimento experiencial e intuitivo dos indivíduos que passam a ser meio de compreensão destes territórios. Desta forma, propomos que (frente à pluralidade de termos), cabe denominar este fenômeno como território vivido, pois é a vivência que matricia estes territórios (DE PAULA, 2009, p. 3).. Reforçando as colocações de De Paula (2009) sobre a proximidade e imbricamento entre cotidiano e território vivido, tomamos ainda, a sistematização que ela realizou a respeito dos territórios vividos, mostrada no quadro 02.. Referências Morfologia, Agente. configuração territorial. Mote da territorialização. Indicação. bibliográficas. teórico-. (números de. metodológica. citações no conjunto dos textos). Grupo. social;. Áreas. da. Estratégia;. Subjetividade;. Claude Raffestin (4);. redes. expressão. apropriação. Robert. da. imaginário;. simbólica;. Marcelo L. Souza (3);. sentimento;. Rogério Haesbaert (3);. vínculo. Félix Guatari (2); Zilá. grupo. cidade;. sociocultural;. dentro. organizações. cidade; espaços. sobrevivência;. populares; tribos. públicos. satisfação. urbanas.. cidade;. da bairro;. de. afetivo;. Sack. necessidades;. representação. Mesquita. propriedade. “institucionalização”. social;. Bonnemaison (1); Gui. privada. de grupo.. comportamento e. Di Méo (1); Roberto L.. relações sociais.. Corrêa (1); Frederich. (campo).. (1);. (3);. Joel. Ratzel. (1);. Rosa. Moura. e. Clóvis. Ultramari. (1);. Paul. Claval (1). Quadro 02: Perspectivas dos estudos dos territórios vividos Fonte: DE PAULA, 2009.. Tomando por base esta sistematização é compreensível que o tema vem sendo trabalhado intensamente e sob diferentes agentes, morfologias, motes da territorialização e indicação teórico-metodológica. A autora sustenta tal análise dizendo que [...] ao atentar estes tipos de agentes que realizam territorialização, o estudo dos territórios vividos trata de como um grupo torna exclusiva uma porção do espaço. E, desta forma, entra no escopo do geógrafo: a compreensão das formas como o grupo se torna coeso, esteando sua articulação da territorialização, a apreensão da construção de uma identidade territorial e das consequências desta, o mote da territorialização, as formas como estes.

(29) 17. grupos realizam a manutenção do território, como exercem o poder, a compreensão das consequências destes territórios no quadro de um contexto socioespacial maior, ao qual pertencem (DE PAULA, 2009, p. 8).. Assim, o território vivido relacionado ao cotidiano em um bairro é corroborado por essa análise quando há sentimento, apropriação simbólica, etc, o que em certa medida indica a presença de identidade territorial. O território vivido diz respeito ao modo como os agentes territorializadores vivem e atuam neste espaço. Assim, é necessário fazer uma leitura do espaço, de como os grupos sociais agem no mesmo e tornam humanas as suas vidas. São inúmeros grupos sociais agindo no espaço, entre eles, grupos de moradores, principalmente atuando nos bairros. As ações realizadas rotineiramente podem ser destacadas. Dessa forma, partem e são gestadas no cotidiano, então, ganham particularidade graças a ele. Como exemplo, têm-se as relações de trabalho, a vida social, os discursos formadores de identidades, acontecimentos econômicos e as manifestações públicas. Tais atitudes cotidianas estão carregadas de influências percebidas pela experiência através do tempo e não “[...] seria apenas um grau inferior da reflexão do „vivido‟” (LEFEBVRE, 1991, p. 19). Seriam de extrema importância para a reflexão sobre as marcas identitárias no recorte espacial analisado. Para Lefebvre (1991), o cotidiano do homem moderno é caracterizado pela repetição e pela tendência à homogeneização. Esse fenômeno da vida cotidiana contribui na direção da normatização do viver, por exemplo, o bairro, que deixa de ser entendido como experiência vivida no tempo histórico e passa a ser foco de disseminação do consumo. Segundo Lefebvre (1991), o cotidiano é uma soma de insignificâncias, não de insignificantes. A banalidade é importante na vida, o levantar, abrir a janela, apreciar o tempo, sentir os sons e os cheiros do dia ao amanhecer. É o banal do diaa-dia que faz a vida ter significado nesse mundo. O autor faz a leitura da vida cotidiana sob uma ótica da racionalidade instrumental, ou seja, para ele o capitalismo colonizou a vida cotidiana, criando uma cotidianidade repleta de significações, de signos, cujo o consumo é dirigido e incentivado pela produção capitalista, o que fornece a base de sustento para constituição do capitalismo em sistema de reprodução das relações sociais de produção..

(30) 18. A leitura incorpora tal acepção e entende a importância do legado da teoria. Entretanto, é de se compreender a força das relações e práticas sociais na constituição de possíveis marcas identitárias com a formação de um território pela cultura não tão somente pelas imposições capitalistas, e sim por meio de experiência vivida no cotidiano no decorrer do tempo. Esta experiência vivida é, por vezes, desprovida da máxima capitalista contida na concepção lefebvriana. O cotidiano refere-se à maneira como os indivíduos realizam ações diariamente dentro de um convívio coletivo corroborado por ideias e símbolos que caracterizam distintamente os grupos ali contidos. É nele que se realizam todas as atividades relativas à vida, é a expressão da própria existência humana no mundo, pois se trata da realização dos afazeres diários, da repetição das atividades vitais, do desenvolvimento das emoções. Tais características estão presentes nas expressões culturais apreendidas em um determinado tempo e espaço. É na vida diária que o cotidiano se traduz, no acordar, ir ao trabalho, nas relações sociais como elucida De Certeau (1997, p. 31): O cotidiano é aquilo que nos é dado a cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presente. Todo dia pela manhã, aquilo que assumimos, ao despertar, é o peso da vida, a dificuldade de viver, ou de viver nesta ou noutra condição, com esta fadiga, com este desejo. O cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior. É uma história a meio-caminho de nós mesmos, quase em retirada, às vezes velados. Não se deve esquecer este "mundo memória", segundo a expressão Péguy. É um mundo que amamos profundamente, memória olfativa, memória dos lugares da infância, memória do corpo, dos gestos da infância, dos prazeres [...].. Segundo Agnes Heller (2008, p. 31): A vida cotidiana é a vida de todo homem. Todos a vivem, sem nenhuma exceção, qualquer que seja seu posto na divisão do trabalho intelectual e físico. Ninguém consegue identificar-se com sua atividade humano-genérica a ponto de poder desligar-se inteiramente da cotidianidade.. Nesse contexto, a contribuição das representações sociais a partir da análise do cotidiano é de suma importância para a elucidação da presença da identidade territorial nos espaços, pois todos os seres humanos possuem uma cotidianidade. A geografia, como ciência da relação Sociedade/Natureza se utiliza, por vezes, das representações sociais do cotidiano nas análises espaciais da.

(31) 19. abordagem cultural, principalmente quando se refere à compreensão da identidade territorial. A Teoria das Representações Sociais foi proposta por Serge Moscovici (1961) com a obra: “La psychanalyse, son image et son public”, baseada no estudo pioneiro da maneira como a psicanálise penetrou o pensamento popular na França. De acordo com Sá (1996, p.31), Moscovici define as representações sociais como “um conjunto de conceitos, proposições e explicações originados na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa sociedade, dos mitos e sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum”. Para Jodelet (1989), uma das principais difusoras das ideias de Moscovici, a representação social diz respeito à maneira como nós, sujeitos sociais, apreendemos os acontecimentos da vida cotidiana, as informações do nosso contexto, os acontecimentos, as pessoas, etc.; ou seja, diz respeito aos conhecimentos acumulados a partir de experiência, informações, saberes e modelos de pensamento recebidos e permeados pela tradição, educação e comunicação social. Para Almeida (2003, p.72) “o estudo e a análise das representações, caso estas estejam coladas ao real, são, pois, um dado sobre ele (o real), isto é, também informam sobre a base material na qual se move determinado grupo social”. Os conjuntos de imagens preenchidos de referências que permitem ao indivíduo interpretar sua vida, e a ela dar um sentido por meio do cotidiano, é o marco das representações sociais. Assim, Vala (1993), entende o estudo das representações como um campo de investigação vivo, orientado para a interrogação das interrogações de nossa contemporaneidade. Os aspectos das representações estão contidos no quadro da vida cotidiana, seja pela transmissão de conhecimento ou pela elaboração de comportamentos entre os seres pertencentes a um grupro, seja entre grupos. Esta seria a funcionalidade das representações baseada em Moscovici. Sob essa perspectiva, os fenômenos do cotidiano podem ser desvelados pelos conteúdos das funções de saber que permitem compreender e explicar a realidade; as funções que definem o processo identitário e permitem a salvaguarda da especificidade dos grupos; as funções de orientação que guiam os.

(32) 20. comportamentos e as práticas, e as funções justificatórias que permitem justificar a posteriori as tomadas de posição e os comportamentos Abric (1997). Para Lefebvre (1991), o espaço social inclui uma diversidade de objetos e de relações sociais que se transformam e se rearranjam “em contextos espaçotemporais”, imbricados pela percepção, concepção e vivência do espaço. A espacialidade estaria associada à forma como se deu a ocupação do espaço com a substituição dos símbolos da natureza (rios, vales, etc.) pelos símbolos arquitetônicos construídos (ruas, igrejas, etc.) que, segundo Lefebvre, seria o “domínio das forças políticas sobre a natureza a partir da mediação simbólica”. A decodificação do cotidiano para a geografia seria então baseada nas ideias das representações sociais, ou seja, o mundo próprio do universo banal, o do ser no espaço para o ser enquanto espaço, o “senso comum” (GIL FILHO, 2005, p.57). O espaço concebido é notadamente o da representação abstrata, distante do real. O espaço percebido posiciona-se intermediário entre conjuntos de valores e relações próximos e distantes, específicos de indivíduos e grupos sociais, desvelando seus atos e valores; constituindo assim, a lógica de percepção da produção e da reprodução social. O espaço vivido denota o cotidiano que, associado às múltiplas representações dos indivíduos e dos grupos, traduzem o modo de vida (SOUZA, M. 2009). O simbolismo dos objetos no espaço está no foco central da cotidianidade aqui proposta e compreendida através do espaço vivido, ou seja, das representações, e como tal corrobora para a existência de uma identidade territorial no espaço analisado. Sem perder de vista a tríade lefebvriana, Serpa (2005, p. 222) contribui dizendo que: A triplicidade ou tríade lefebvriana é uma característica subjacente a qualquer estrutura sócio-espacial constituindo-se a partir: a) das práticas espaciais, englobando produção e reprodução, lugares específicos e conjuntos espaciais característicos para cada formação social, assegurando continuidade em um quadro de relativa coesão; b) das representações do espaço, ligadas às relações de produção, à ordem imposta, ao conhecimento, aos signos e códigos, às relações “frontais”; c) dos espaços de representação, apresentando simbolismos complexos, expressão do lado clandestino e subterrâneo da vida social, mas também da arte.. Sá (1993) explica que a representação social se constrói e é feita na práxis cotidiana. Três elementos básicos entram na sua formação: o contexto (cenário onde as relações humanas se desenrolam), a linguagem (considerada a cena.

(33) 21. propriamente dita) e o código social do grupo. As representações sociais são repassadas nas sociedades, de geração em geração e construídas no dia-a-dia das relações pessoais, nas diversas fases da vida e incluem na sua formação, vários fatores ideológicos, históricos e culturais. A realidade é representada pelo ser individual ou pela coletividade integrada pelos sistemas de valores acrescidos durante o processo histórico e do contexto circundante. Tal representação permite interatividade dos objetos, das experiências dos sujeitos, das atitudes, permitindo ao indivíduo e/ou grupo dar sentidos às suas condutas por meio de apreensão da realidade vivida a partir do seu próprio sistema de referências, fazendo assim o indivíduo se adaptar e encontrar um lugar nesta realidade. As representações agem como um sistema de interpretação da realidade regendo as relações dos seres humanos com o seu meio físico e social e determinando seus comportamentos e práticas. Como diz Souza, W. (2005): Estudos sobre representações sociais relatam que estas, resgatam e valorizam o senso comum, sendo um elo de ligação entre esse e o saber oficial. Por um lado, o senso comum cresce como um meio imbatível, da herança boca a boca, dos mitos, preconceitos, crenças e atitudes que se originam e se multiplicam nesse meio. Por outro lado, a linguagem encerra representações, significados e valores necessários ao desenvolvimento do pensamento. [...] é uma forma intermediária entre conceito e percepção, contribuindo para a formação de condutas que levam aos processos de objetivação e ancoragem. Na objetificação, o conceito ganha sentido, adquire forma e transforma-se em imagem. Já a ancoragem, traz as representações às categorias e imagens do cotidiano, relacionando-as a um ponto de referência. O processo de ancoragem só se explicita, na medida em que o conhecimento concreto é repensado, reexperimentado, explicado, qualificado e existente no universo individual.. Portanto, o cotidiano é produzido pela experiência do senso comum fundida a discurso da ciência dominante em determinado lugar e tempo. As representações são como um prisma que regem o comportamento e as atitudes dos indivíduos para com o seu meio físico e social. Para Kozel, (2002, p. 216): As representações em geografia constituem-se em criações individuais ou sociais de esquemas mentais estabelecidos a partir da realidade espacial inerente a uma situação ideológica, abrangendo um campo que vai além da leitura aparente do espaço realizada pela observação, descrição e localização das paisagens e fluxos..

(34) 22. Kozel, (2002), faz um apanhado dos autores que trabalham a aplicação das representações na geografia. Cita o artigo de Audigier (1986) que aponta a representação como o resultado da apresentação e organização das informações, como leitura do que foi representado que estabelece paralelo entre o senso comum e o saber científico na construção do conhecimento. Ela enfatiza que a geografia se enriquece com essa premissa, com “novas problemáticas que a tornam mais atraente, principalmente em relação ao enfoque ambiental e sociocultural”. O estudo das representações na geografia também receberam contribuição de Gil Filho (2005), que a sintetiza como “Geografia do conhecimento simbólico”, ao propor as representações como ponto de partida para o desvelamento do “mundo banal, da cultura cotidiana, do universo consensual impactado pelo universo reificado da ciência e da política” (p. 57). No contexto de apreensão sobre as representações, Gil Filho, (op. cit.), elabora quatro instâncias analíticas e conclui explicitando duas linhas de argumentação de uma geografia das representações. A primeira é relacionada às identidades sociais como resultado da imposição dos universos reificados sobre os consensuais das representações. Apreende-se no escopo referencial desta pesquisa a segunda linha de argumentação, referente à uma Geografia do conhecimento banal em que cada comunidade produz a partir da representação que faz de si mesma; ou seja, a produção de uma Geografia Cultural do mundo banal, da cultura cotidiana, do universo consensual impactada pelo universo reificado da ciência e da política. Tal entendimento é reforçado por Serpa (2005, p. 230), ao abordar os procedimentos metodológicos e os conceitos chave de uma geografia das representações sociais que: [...] podem ser a chave para o entendimento dos complexos processos cognitivos que resultam da tensão entre percepção e cognição, vivência e experiência, espaços concebidos e vividos. Uma geografia assim pode, sobretudo, explicitar as relações entre cultura e poder nos processos de apropriação social e espacial em diferentes escalas e recortes espaciais, assim como as múltiplas estratégias cognitivas dos diferentes agentes e grupos produtores de “espaço”.. Na geografia, as representações são determinantes quando se analisam questões relacionadas ao comportamento humano cotidiano e à forma como o mesmo reflete na ação sobre o meio. As experiências vividas em espaços, temporal.

(35) 23. e socialmente, conduzem a uma explicação da realidade geográfica dando base para uma compreensão mais ampla das relações que envolvem o imbricamento entre os seres humanos e o ambiente. Os. aspectos. da. realidade. espacial. serão. os. conformadores. das. representações, por isso a geografia se enquadra nessa perspectiva analítica e pode contribuir com uma visão diferenciada e mais segura do espaço geográfico real. O entendimento obtido é de que a geografia das representações se forma numa abordagem que contribui com ricas análises sobre o espaço, facilitando compreender a lógica dos atores, desde as necessidades individuais aos complexos atributos valorativos dos grupos sociais, emergindo a teia da vida posta e vislumbrada nos territórios. É na subjetividade do banal que se encontram as representações identitárias pela forma como os homens agem no seu espaço. É na complexidade da vida cotidiana que se estabelecem as marcas identitárias no território apropriado pelas pessoas.. 1.3 Território e identidade ou identidade territorial?. No contexto apresentado, a identidade é apreendida na dimensão simbólica conotando um prestígio revelado a partir da mudança de análise do território, que antes era apenas pela delimitação do estado-nação, o que permitia análises com referências de cunho nacional renegando as peculiaridades individuais. Nesse sentido o território reúne características passíveis de serem analisadas no que diz respeito à conexão de grupos sociais e sua atuação no espaço por carregar conteúdo identitário em pequenas escalas analíticas. Sobre as identidades, foram realizados inúmeros trabalhos com análises de características psicológicas adquiridas em face dos territórios vividos. Em 1972, Erick Erikson abre o campo de compreensão do termo inserindo a ideia da personalidade com foco na crise da adolescência. É nela que os seres humanos definem seus conceitos, pois até então se esperava que eles aceitassem os.

Referências

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