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Comunicação O ARTISTA-DOCENTE E O ESPAÇO EDUCACIONAL. Palavras-chave: Teatro, Ensino de Teatro, Pedagogia do Teatro

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Academic year: 2021

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Comunicação

O ARTISTA-DOCENTE E O ESPAÇO EDUCACIONAL

LEITE, Vilma Campos dos Santos1

Palavras-chave: Teatro, Ensino de Teatro, Pedagogia do Teatro INTRODUÇÃO

Esta comunicação é um recorte no projeto de pesquisa docente “O Artista e o docente em um mesmo sujeito” desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia que tem aliado num mesmo sujeito os papéis do binômio “artista e docente” de maneira a contribuir com a formação teatral na dupla habilitação: licenciatura e bacharelado em Teatro, embasados particularmente no conceito de alteridade e dialogismo em Backtin.

Nesse fórum, o foco recairá sobre as ações realizadas até o presente momento neste projeto de Pesquisa que tem dialogado com programas de Ensino e Extensão; o primeiro, pelo Programa Institucional de Bolsa de Ensino (PIBEG) que está analisando os “Relatos de estágio: fontes, procedimentos e desdobramentos”

no período de 2001/2005 e o segundo, no âmbito da extensão, por meio do Programa de Extensão e Integração Comunidade (PEIC) com o Projeto Serelepe:

Histórias à Brasileira. Em função da mudança da matriz curricular o desafio tem sido trazer para tais ações e discussões para componentes ligados à Pedagogia do Teatro como o Projeto Interdisciplinar de Prática Educativa (PIPE) e os Estágios Supervisionados em Teatro.

Entre outras ações tais projetos têm aguçado a percepção do corpo docente e discente sobre como há espaço propício para abordagem na educação contemporânea para este tema, tanto para o professor quanto para o artista em formação e na sua atuação espetacular ou pedagógica na escola formal ou na educação não formal.

O ENCADEAMENTO DO PROJETO

1Universidade Federal de Uberlândia (MG)

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A década de noventa do século XX vai assistir a uma ampliação de cursos e oficinas das linguagens artísticas em diversos espaços de educação não formal, como centros culturais, casas de cultura, entre outros espaços, bem como a incursão de momentos de apreciação nesses espaços, seja a exibição de filmes, circulação de exposições de artes visuais e de espetáculos de dança, música e teatro.

Também houve uma ampliação de atuação artística na escola de educação formal independentemente de seu nível, seja lidando com crianças, adolescentes e adultos. O espaço garantido pela Lei de Diretrizes e Bases (9394/96) do ensino de Arte, independentemente da linguagem artística (Teatro, Artes Visuais, Dança e Música) é um momento importante dentro da educação brasileira.

Não há uma legislação para a atuação do artista dentro do contexto escolar, mas no que concerne ao âmbito das Artes Cênicas, é visível que muitas companhias de Teatro desenvolvem a sua ação dentro de estabelecimentos de Ensino com projetos que levam a escola ao teatro, ou em que as companhias se apresentam dentro da escola.

A constatação de que os espaços educacionais são lugares tanto para o artista quanto para o professor de Teatro num curso de graduação que tem a habilitação dupla para a licenciatura e obacharelado, levou-me a considerar esses espaços como possibilidades privilegiadas de experimentações que tivessem como foco a estética e a pedagogia.O primeiro investimento no âmbito dessa pesquisa aconteceu em atividades de ensino, no primeiro semestre de 2006, ao Ministrar a disciplina Prática de Ensino III. Os planos de trabalho dos estagiários tinham o desafio de incluir o tema “Nossa Cidade” dentro dos desejos iniciais de cada um deles.

Metodologicamente, para alimentar o trabalho desses estagiários, além de leituras de peças como a homônima de Thornton Wider, contou-se com adaptações dela como uma versão radiofônica da peça “Nossa Cidade” que foi realizada na Escola Livre de Teatro de Santo André em 1997, sob a supervisão dramaturgica de Luís Alberto de Abreu que com seu núcleo de dramaturgia havia desenvolvido uma pesquisa de trabalho a partir do histórico e da memória da cidade de Santo André.

A obra de Abreu dividida em 7 faixas, correspondendo a cada uma das “7 cartas para Pierina”, que é o sub-título da versão radiofônica, alimentou o imaginário dos estagiários no superar as dificuldades, uma vez que as turmas eram muito

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diversificadas em faixa etária e contextos sociais, assim como as propostas de cada um deles que precisaram ser construídas na interação entre os membros de cada grupo. Nesse sentido, o aporte teórico dado por Bakhtin, no conceito de alteridade e dialogismo, foi fundamental para a sustentação do trabalho no decorrer do semestre.

As principais ações resultantes daí foram possibilidades de aguçar uma sensibilidade para com a cidade em que se habita e também a realização do

“Primeiro Encontro entre as turmas de Prática de Ensino” que a partir desse momento passou a se realizar periodicamente, num intuito de fazer com que os diversos grupos pudessem dialogar seus anseios e trabalho. A apreciação de cenas dos próprios membros das turmas e entre as produções que os estagiários realizaram como atores em seus grupos e em trabalhos resultantes de disciplina do Curso de Graduação, levaram-nos a lançar um olhar a médio e em longo prazo, sobre a apreciação teatral.

Outro aspecto de relevância foi uma percepção da importância desse tempo de estágio para a construção da representação de professor e de artista de Teatro em formação, pois ao quotizar as dificuldades e descobertas advindas de um tema que margeou a criação, sem, contudo lhes pontuar qual caminho seguir, percebeu- se a importância de multiplicar os espaços de coletividade para a troca de experiência entre os estagiários. A realização de protocolos2 dos encontros com os estagiários e as leituras de relatórios uns dos outros contribuiu e trouxe importantes desdobramentos.

O primeiro desses desdobramentos consiste num projeto intitulado “Relatos de estágio – fontes, procedimentos e desdobramentos” que foi contemplado com o edital PIBEG 2006 (Programa Institucional de Bolsas de Ensino de Graduação) em que três bolsistas estão digitalizando e produzindo fichas de estágio de todos os relatórios de Prática de Ensino entregues no período de 2001 a 2005, para que estes se configurem num Banco de Dados para auxiliar futuramente na consulta dos alunos, professores e pesquisadores.

As duas ações descritas anteriormente foram fundamentais para o segundo semestre de 2006, pois prepararam o caminho no processo de implementação da

2Consiste na reflexão e avaliação coletiva de um encontro de trabalho que pode vir nas mais variadas linguagens O registro pode ser escrito, iconográfico, sensitivo, entre outras resoluções. Um ou mais participantes de um grupo ficam responsáveis por organizaren enunciados que tragam à tona o que foi experenciado por todos. O produto é apreciado no encontro seguinte suscitando debates. Esse procedimento de trabalho com essa nomenclatura foi utilizada por Brecht no trabalho com a peça didática e difundida no Brasil a partir do trabalho de Ingrid Koudela acerca da obra desse autor.

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mudança curricular e na inclusão da opção bacharelado, juntamente à licenciatura que já vinha sendo oferecida desde 1994 conforme o Projeto Político Pedagógico do curso.

Os cursos de Licenciatura da Universidade Federal de Uberlândia possuem um projeto institucional chamado PIPE (Projeto Integrado de Prática Educativa) que compõe desde o primeiro semestre da graduação a inserção do licenciando no universo da Educação e como forma de compor no decorrer de toda a formação a carga horária destinada à parte pedagógica, conforme a ampliação da carga horária regulamentada pelo Ministério de Educação e Cultura.

No curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia, o estudante só escolhe ao final do terceiro semestre a modalidade licenciatura e/ou bacharelado, porque se entende que ele precisa de um contato inicial com o curso para amadurecer os seus desejos e para que possa fazer uma opção consciente.

Como o espaço da escola não é restrito ao trabalho do professor e abarca também a atuação do artista, o PIPE está inserido também desde o primeiro semestre. No intuito de preparar o futuro o docente em formação e fazer com que também o artista em formação reconheça o espaço educacional como uma possibilidade de atuação, o PIPE1 que correspondente ao primeiro semestre do curso, solicita um trabalho de campo do universitário que deve ser realizado dentro de uma escola formal.

O universitário deve responder a pergunta: Escola e Teatro, espaço comuns?

Para realizar esse trabalho, cada estudante vai a uma escola e por meio de entrevistas com direção, professores, funcionários, alunos e consulta a acervos e acompanhamento de atividades culturais vai desenvolvendo o seu trabalho, registrando em port-folium textos escritos e iconográficos.

Até o presente momento, duas turmas de primeiro período já passaram pelo componente PIPE 1 e verificou-se que a entrada no espaço escolar, nesse período em que o estudante muitas vezes é recém saído do Ensino Médio dá a ele um olhar muito peculiar sobre o espaço da escola. Sensível ainda a esse universo, o estudante consegue se reconhecer nesse espaço para assumir nele futuros papéis, seja o de professor e/ ou artista.

Quando a entrada no espaço educacional acontecia na segunda metade do curso, os alunos que tinham restringido a sua ação ao espaço da Universidade, Festivais e Teatros não conseguia se ver dentro do espaço escolar e tal realidade

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muitas vezes observada no currículum antigo levou os alunos a vivenciarem crises dentro do período do estágio supervisionado, vendo a entrada no espaço escolar como um retrocesso em sua caminhada.

Ainda em PIPE 1, há a escolha entre o grupo de alunos e o professor para a visita coletiva em uma das escolas no intuito de levarem um trabalho de intervenção ou cena.

Esse trabalho tem se mostrado muito frutífero, pois estando protegido pelo grupo e pela presença do professor, os alunos têm condições de dialogar com a escola a partir de um trabalho artístico, auxiliando na sua formação e ao mesmo tempo fortalecendo o espaço da escola como espaço de difusão e circulação cultural Esse investimento estético fomentou outras ações dentro do curso de Teatro, como o projeto “Serelepe: Histórias à Brasileira”, contemplado pelo Projeto PEIC (Projeto Extensão e Integração Comunidade) que constou da atuação de três bolsistas que experimentaram a teatralização do espaço escolar no período de maio a setembro de 2007.

Algumas das cenas desenvolvidas por esse grupo aconteceram dentro do espaço da sala de aula. O aparador de uma lousa vira um galho de árvore, um globo a coroa de um rei, a mesa do professor com duas cadeiras em cima, uma alta montanha de onde se destrói um gigante.

Outro grupo que tem se detido na apreciação para espaços educacionais é o grupo Camaleões do Teatro, grupo de estudantes e membros da comunidade que montaram sob a direção da pesquisadora um espetáculo de Comédia dell Arte direcionada aos jovens.

Atualmente o desafio da pesquisa tem consistido em como realizar as atividades prévias e de prolongamento (Desgranges, 2006) para configurar as apresentações teatrais a pertencerem não só à circulação teatral, mas também a uma abordagem de formação de espectador, entendendo que o teatro enquanto linguagem tem signos que podem ser apreendidos.

ARTISTA E DOCENTE

A partir da obra de encenadores como Stanislavski, Grotowski, Barba, Brecht é possível perceber o investimento de uma obra estética que não se desvincula de um projeto pedagógico.

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A citação a seguir é um exemplo da não desvinculação desses papéis:

“’A cena está cortada’. Anunciei ao elenco na noite anterior à estréia.

Se eu tivesse parado um instante poderia ter-me dado conta dos custos humanos que essa decisão acarretaria, mas foi somente na noite seguinte, quando vi buquês de flores chegarem para atrizes que não iriam mais atuar, que despertei para uma triste e diferente realidade. De uma vez por todas percebi que não é verdade que tudo deve ser sacrificado em nome do sucesso. Ao contrário, o perfeccionismo é freqüentemente uma arrogância e uma insensatez:

nada em um espetáculo é mais importante do que as pessoas das quais ele é composto. De repente eu reconheci que havia aceito uma meia verdade. ‘O espetáculo deve continuar’. Mas por que o espetáculo deve continuar?(BROOK, 2000, p. 151-152).

A função de um encenador não o impede de perceber a sua função pedagógica diante de um grupo sob a sua condução, sejam estes atores ou não. A análise pedagógica de um encenador foi objeto da pesquisa de Santos (2002) que trata de Meyerhold o encenador-pedagogo e Martins (2004) que considera o pedagogo-encenador vinculado ao papel de estar à frente de um grupo.

Considerando o primeiro momento exploratório, pretende-se chegar a teóricos que dêem sustentação para a análise tanto partindo-se da área do teatro, quanto da pedagogia, que podem ser distintas enquanto campo teórico de conhecimento, mas cuja prática queremos fundir como numa intersecção.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

BROOK, P.O teatro e seu espaço.Petrópolis: Vopzes, 1970.

DESGRANGES, F. Pedagogia do teatro: Provocação e dialogismo. São Paulo:

Hucitec, 2006.

_________________.A pedagogia do espectador.São Paulo: Hucitec, 2003.

GUÉNOUN, D.O teatro é necessário?. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2004.

KOUDELA, I.Um vôo brechtiano. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1992.

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MACHADO, M M. Cacos de infância teatro da solidão compartilhada.São Paulo:

Fapesp, 2004.

PAVIS, P.Dicionário de Teatro.Dão Paulo: Ed. Perspectiva, 1997.

PUPO, M L S B.Além das dicotomias.Anais do Seminário Nacional de Arte e Educação. Educação emancipatória e processos de inclusão sócio-cultural.

Montenegro, RS: Fundarte, 2001.

SALA PRETA. Dossiê Teatro e Educação. Revista da Escola de Comunicações e Artes.Universidade de São Paulo, n. 2, 2002, p.211-28.

SANTANA, A P. Teatro e formação de professores.São Luís: Edufma, 2000.

SANTO ANDRÉ (SP) Secretaria da Cultura, Esporte e Lazer. Os caminhos da criação: Escola Livre de Teatro, 10 anos.Prefeitura de Santo André, Secretaria da Cultura, Esporte e Lazer – Santo André: Departamento de Cultura, 2000.

Referências

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